Um
estudo realizado por pesquisadores da Escola de Engenharia de São
Carlos (EESC) da USP, em parceria com cientistas da Universidade Federal
de Viçosa (UFV), revelou que o cerconil, agrotóxico utilizado no Brasil
para matar fungos, também pode ser letal para abelhas. O trabalho
mostrou ainda que, mesmo aquelas que resistem inicialmente aos efeitos
do produto químico, passam a se comportar como se estivessem mais
velhas, indicando que não viverão por muito tempo.
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Abelhas também podem ser vítimas de fungicida – Foto: Myriams-Fotos via Pixabay / CC0…
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Os resultados foram obtidos a partir do
programa de computador desenvolvido por Jordão Natal durante seu
mestrado na USP. O sistema analisou, durante 10 dias, o comportamento de
200 abelhas contaminadas com o fungicida, que é muito comum no combate a
pragas de meloeiro e melancia. Elas foram colocadas junto a outras 800
abelhas saudáveis dentro de uma caixa cercada por vidros transparentes,
onde câmeras registravam seus movimentos. Para diferenciar as abelhas
saudáveis das contaminadas, uma marca com tinta foi feita nas costas das
que ingeriram o agrotóxico. “Até o décimo dia, 65% das abelhas
contaminadas haviam morrido. Já as que resistiram, tiveram seu
comportamento alterado, aparentando estarem idosas, já que faziam
atividades incompatíveis com a idade, como tarefas de limpeza e a
procura por alimentos”, relata Natal, que teve sua pesquisa financiada
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes). Vale ressaltar que as abelhas vivem, em média, 44 dias, ou
seja, a maioria delas estaria morrendo antes de completar um quarto de
suas vidas.
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Algo que ajudou o sistema a interpretar essa grande quantidade de
dados ao final do período analisado foi a localização das abelhas
contaminadas dentro da caixa. A posição das polinizadoras tende a
revelar em que fase da vida elas estão, pois, conforme elas envelhecem,
se aproximam das extremidades. “O software foi capaz de monitorar as
ações de cada uma das abelhas, o que é uma tarefa muito difícil, por
serem animais de tamanho semelhante, que estão quase sempre em movimento
e se cruzando rapidamente”, explica Carlos Maciel, professor do
Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação (SEL) da EESC e
orientador da pesquisa. Apesar do desafio, o programa, que levou cerca
de 10 meses para ser desenvolvido e captura até 30 fotos por segundo,
apresentou um índice de 99% de precisão.
Contaminadas com doses não letais de cerconil no apiário da UFV, as abelhas utilizadas no estudo são da espécie Apis mellífera,
a mais comum do mundo. “O que mais nos chocou foi descobrir que um
fungicida até então inofensivo para abelhas se mostrou mais tóxico que o
imidaclopride, inseticida considerado o grande vilão dos cultivos
agrícolas. Os dados são preocupantes”, afirma Eugênio de Oliveira,
professor de entomologia da UFV. Apesar de ainda não haver um
entendimento sobre o motivo de o fungicida ter levado as abelhas à
morte, o docente suspeita que o produto pode estar anulando os efeitos
de enzimas responsáveis pela desintoxicação desses insetos. . .
No trabalho, os pesquisadores também analisaram o comportamento de
abelhas que ingeriram o imidaclopride. Derivado da nicotina, o produto
normalmente é aplicado em pomares, plantações de arroz, algodão e batata
e, embora seja proibido em diversos países, seu uso ainda é permitido
no Brasil. O software da USP mostrou que aproximadamente 52% das abelhas
contaminadas com o agroquímico estavam mortas no décimo dia.
“A extinção das abelhas é uma preocupação global, pois se trata de um
problema que não afeta apenas o meio ambiente, mas também a economia.
Elas participam de boa parte da polinização de nossos alimentos, alguns
deles, inclusive, polinizados exclusivamente por elas”, alerta Maciel,
que também é pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Sistemas Autônomos Cooperativos (InSAC), sediado no SEL. Segundo o estudo realizado
pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos
(BPBES), em parceria com a Rede Brasileira de Interações
Planta-Polinizador (Rebipp), o valor do trabalho prestado pelos animais
polinizadores à agricultura brasileira gira em torno de R$ 43 bilhões
por ano. O levantamento considerou 67 cultivos, sendo que a soja,
primeira colocada, responde por 60% do valor estimado, seguida pelo café
(12%), laranja (5%) e maçã (4%).
Com a nova tecnologia criada na EESC, que já está pronta para ser
utilizada no mercado, a missão de compreender o comportamento de animais
que atuam de forma coletiva se tornou mais simples, pois toda interação
entre esses organismos e o meio ambiente poderá ser “ensinada” para o
computador em forma de algoritmos. “O que o sistema fez em semanas, nós
levaríamos alguns anos para mensurar”, comemora Eugênio. Combinando
técnicas de inteligência artificial e big data, o software
desenvolvido conseguiu analisar dezenas de horas de vídeo, totalizando
700 gigabytes de material. A partir de agora, os pesquisadores pretendem
estudar o comportamento de abelhas contaminadas com outros tipos de
agrotóxicos, a fim de ampliar o entendimento a respeito dos efeitos
desses produtos químicos.
Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do SEL/USP
O popular chal-chal na língua indígena Guarani é chamado de erembiú esignifica “comida de pomba”. Já seu nome científico, Allophylus edulis, vem do latim onde edulis
significa comestível. Confirmando a propriedade gastronômica da árvore
em questão, sabiás, sanhaçus, bem-te-vis e trinca-ferro-verdadeiros são
aves comumente encontradas apreciando seus frutos. Além das aves, quem
também faz do chal-chal uma parada obrigatória na hora das refeições são
os bugios, veja no vídeo abaixo um flagrante para lá de especial.
Apesar dos frutos terem pouca polpa, são produzidos em abundância e além
de muito apreciados pela fauna silvestre, são igualmente comestíveis
para os humanos.
O chal-chal (Allophylus edulis), também conhecido como
fruta-do-pombo, baga-de-morcego, vacum, vacunzeiro, murta-branca, é uma
espécie colonizadora de áreas abertas. No entanto, pode ser encontrada
no interior de matas primárias mais preservadas, em capoeiras,
capoeirões e em beiras de rio. Tem preferência por solos úmidos e tolera
bem o calor e o frio. Ocorre na maioria das formações florestais
brasileiras, desde a floresta Amazônica até a Mata Atlântica, bem como
em outras formações da América do Sul. Pode ser encontrado como árvore ou arbusto, geralmente tendo entre 6 e
10 metros de altura e até 45cm de diâmetro. É uma espécie de uso
ornamental e paisagístico e sua madeira tem valor econômico secundário,
sendo utilizada para lenha e também para confecção de cabos de
ferramentas. Apresenta tronco ereto, descamante em placas, casca fina de
coloração pardo-escura e ramos acinzentados com lenticelas. A copa
fechada tem formato piramidal. Suas folhas são compostas, trifoliadas, apresentando de 10 a 15
centímetros de comprimento, folíolos oblongo-lanceolados, glabros ou
pubescentes próximo às nervuras principais, margem serreada, ápice
acuminado, pecíolo com canal bem definido, de 3 a 5 centímetros de
comprimento. A infusão das folhas é utilizada na medicina popular contra
problemas hepáticos, febre, hipertensão, disenteria, icterícia,
inflamações da garganta e afecções digestivas e intestinais.
Externamente o decocto das folhas serve para limpeza de ferimentos. Inflorescência composta, com ramos centrais mais longos, terminais ou
na axila das folhas do ápice dos ramos vegetativos. As flores são
branco-esverdeadas, de 2 a 5 milímetros de comprimento, unissexuais e
hermafroditas, e fornecem néctar para as abelhas. Seus frutos são drupáceos, vermelhos, lisos e glabros e tem até 8mm
de comprimento. A frutificação é abundante e de fácil coleta. Como dito
anteriormente, embora com pouca polpa, os frutos são comestíveis, doces e
podem servir de base para o preparo de sucos, licores e também para a
produção de uma bebida indígena fermentada de aspecto vinoso conhecida
como “chicha”. Apesar da pequena dimensão dos frutos, a polpa
pura também pode ser consumida da mesma forma que o açaí. Algumas tribos
também consomen as sementes, após torradas e salgadas. A Apremavi utiliza esta espécie nos plantio de recuperação e restauração de áreas degradadas.
Além dos pássaros, os bugios também tem a árvore de chal-chal como restauante preferido. Filme: Arquivo Apremavi.
Chal-chal
Nome científico: Allophylus edulis (St.-Hill.) Radlk. Família: Sapindaceae Utilização: ornamental, paisagismo e plantios de recuperação de áreas degradadas Coleta de sementes: diretamente da árvore Época de coleta de sementes: novembro a dezembro Fruto: globosos, indeiscentes, pequenos e de cor vermelha Flor: branco-esverdeadas Crescimento da muda: rápido Germinação: normal Plantio: mata ciliar e áreas abertas
Fontes consultadas
Chal-chal. Disponível em: Ecoloja. Data de acesso: 08jan2019.
Chal-chal. Disponível em: Flora SBS. Data de acesso: 08jan2019.
Chal-chal. Disponível em: WikiAves. Data de acesso: 08jan2019.
D.C.A. ABREU et al. Caracterização morfológica de frutos,
sementes e germinação de Allophylus edulis (ST.-HIL.) Radlk. Revista
Brasileira de Sementes, vol. 27, no 2, p.59-66, 2005.
Fruta-de-faraó. Disponível em: ESALQ-USP. Data de acesso: 08jan2019.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo
de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992.
368p.
PROCHNOW. M. No Jardim das Florestas. Rio do Sul: Apremavi, 2007, 188p.
RESUMO Um dos grandes problemas das sociedades modernas é a grande produção de lixo. Várias soluções são apresentadas, sendo uma delas o tratamento dos resíduos na origem onde é produzido, ou seja, na própria residência por meio da compostagem, transformando o lixo orgânico residencial em adubo que pode ser utilizado na residência sem agredir o meio ambiente e diminuindo custos de tratamento pelo poder público. Em áreas urbanas, em que os espaços são reduzidos, a vermicompostagem tem se apresentado como solução simples, de baixo investimento, pouco trabalhosa e eficiente na transformação de resíduos orgânicos em húmus para reutilização em jardins e hortas domésticas.
Com o incentivo da agricultura urbana e a necessidade de tratamento adequado ao lixo orgânico, a criação de minhocas em pequenos espaços vem ganhando, a cada dia, novos adeptos. O uso de caixas plásticas, como instalações, permite inclusive o reaproveitamento de embalagens. Desta forma, o presente estudo objetivou quantificar o volume de lixo orgânico que pode ser reciclado em domicílio e possíveis ganhos econômicos com produção de compostagem para consumo doméstico através de sistema de minhocário. Através de técnicas de criação e desenvolvimento de minhocas em ambiente controlado e utilizando lixo doméstico, pode-se produzir um significativo volume de compostagem que pode ser reaproveitado no próprio domicílio como adubo, bem como a reciclagem de lixo orgânico que serve de matéria-prima evitando, assim, que seja encaminhado ao complexo processo de recolhimento e destinação do lixo do sistema público de coleta residencial, o que pode gerar dupla economia em termos ambientais e monetários. OBJETIVO Quantificar o volume de lixo orgânico que pode ser reciclado em domicílio e ganhos am- bientais e econômicos com produção de compostagem para consumo doméstico atra- vés de sistema de minhocário.
(Extraído do site Nó de Oito – autora: Lara Vascouto)
Em 1521 ficaram prontas o que é
considerado hoje o primeiro pedaço de legislação ambiental do Brasil: as
Ordenações Manuelinas (de D. Manuel I). O código versava sobre todas as
áreas do Direito, com as partes sobre meio ambiente espalhadas ao longo
do texto, sem uma seção específica. Ainda assim, é de se admirar
os pontos tratados no documento (para a época, claro) – como a proibição
da caça de determinados animais com instrumentos capazes de lhes causar
dor e sofrimento; a restrição da caça em determinadas áreas; e a
proibição do corte de árvores frutíferas, com a atribuição de severas
penalidades e multas para os infratores.
As coisas mudaram, obviamente. A Mata
Atlântica, que abrange toda a costa nordeste, sul e sudeste do Brasil e é
uma das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta, já teve cerca de
93% de suas extensão desmatada. Infelizmente, com a devastação, foi-se
também um conhecimento que deveria fazer parte da vida de mais de 70% da
população brasileira que habita a faixa de Mata Atlântica.
Conheça a seguir algumas das frutas mais
comuns da nossa incrível Mata Atlântica (e, se possível, empolgue-se o
bastante para cultivá-las!).
Cabeludinha
Também chamada de café cabeludo, fruta cabeluda, jabuticaba amarela, peludinha e vassourinha da praia. Doce, pode ser aproveitada in natura,
ou em sucos, sorvetes e doces entre o final do inverno e o começo da
primavera. Se você é de São Paulo e quiser ver uma árvore de cabeludinha
ao vivo, fique de olho no Parque do Ibirapuera e no jardim do Instituto
de Biociências da USP. A árvore é ornamental e ideal para arborização
urbana. E, olha só, é fácil encontrar mudas para cultivar!
Cereja-do-rio-grande
Também conhecida por cerejeira-da-terra, cerejeira-do-mato, guaibajaí, ibá-rapiroca, ibajaí, ibarapiroca, ivaí e ubajaí,
a cereja-do-rio-grande dá numa árvore absolutamente linda (que ficaria
mais linda ainda na sua calçada). O fruto é carnudo e docinho – muito
parecido com a cereja cara e importada que a gente compra no
supermercado em época de ano novo. Você a encontra no pé no começo da
primavera (e dá para caçar umas sementes na esquina do Palácio Nove de
Julho com a rua Abílio Soares, se você for de São Paulo).
Ameixa-da-mata
Mais encontrada na faixa de Mata
Atlântica litorânea entre o Rio de Janeiro e a Bahia, a ameixa-da-mata é
pequenininha, mas carnuda e com sabor agridoce. A árvore é um
espetáculo à parte, com tronco avermelhado e copa que alcança até 6
metros de altura. A ameixa-da-mata dá no verão, mas é bem rara. Você vai
ter que se empenhar para encontrá-la.
Pitangatuba
Típica da restinga do estado do Rio de
Janeiro, a pitangatuba é daquelas frutas docinhas e azedinhas ao mesmo
tempo, e dá em uma “árvore” tipo arbusto. O incrível da pitangatuba,
além do gosto excepcional (que não carrega aquele amarguinho
característico da pitanga), é o tamanho – algumas podem alcançar até 7
cm – e a sua suculência, dado que ela só tem uma semente bem
pequenininha no meio de um monte de polpa. Muito adaptável, pode ser
plantada em pomares, vasos e jardineiras, sem problemas. Infelizmente, a
pitangatuba é extremamente rara na natureza, mas se você encontrar uma
mudinha para cultivar, prepare-se para colher os frutos na primavera.
Araçá
Mais conhecido, o araçá dá também em um
arbusto – ideal para jardins residenciais. O fruto tem um sabor parecido
com o da goiaba (com a qual compartilha parentesco), mas um pouco mais
azedinho. É ideal para a recuperação de áreas degradadas, pois tem
crescimento rápido e atrai muitos passarinhos, que se encarregam de
espalhar suas sementes. É bastante comum no litoral de São Paulo, por
isso fique de olho durante as férias de fim de ano, pois ela frutifica
no verão.
Cambuci
Todo paulistano deveria conhecer o
cambuci, tão abundante na cidade antigamente que emprestou o nome a um
de seus bairros. Azedinha no nível do limão. é rica em vitamina C e pode
ser consumida in natura (para os fortes), ou em sucos,
compotas e doces. Sua árvore tem uma madeira de excelente qualidade –
fato que quase a levou à extinção. Sua presença em uma floresta é sinal
de que a mata está bem conservada. Aproveite no verão – que é a época
dela – para andar no bairro do Cambuci, em São Paulo, que ainda tem
alguns exemplares por lá espalhados.
Cambucá
Como a jabuticaba, o cambucá dá direto
no tronco da árvore e sua polpa também tem que ser sugada da casca. Há
quem diga que é uma das frutas mais saborosas do Brasil, mas, apesar de
ter sido muito comum em toda a faixa litorânea da Mata Atlântica até a
primeira metade do século XX, hoje em dia é uma árvore rara, limitada à
pequena faixa que restou de seu ambiente natural, jardins botânicos e
pomares de frutas raras. Se algum dia passar no verão pela cidade de
Santa Maria do Cambucá, em Pernambuco, dê uma paradinha para saboreá-la.
Uvaia
Encontrada principalmente nos estados de
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, a uvaia é uma
fruta azedinha que pode ser consumida in natura (para quem
gosta de coisas azedas) ou em sucos e compotas. Sua árvore é bastante
utilizada em projetos de reflorestamento, pois a uvaia atrai muitos
passarinhos, que espalham as suas sementes. Sua época vai de setembro a
janeiro.
Guabiroba ou guariroba
Natural da Mata Atlântica e do Cerrado, a guabiroba – ou gabiroba
– é encontrada principalmente nos estados de Santa Catarina, Minas
Gerais, Goiás, Paraná, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. É uma fruta
saborosa e azedinha, rica em vitamina C, que lota o pé entre os meses de
dezembro e maio. Além de consumida in natura, é bastante utilizada em sucos, sorvetes e licores.
Grumixama
Parecida com a cereja-do-rio-grande, a
grumixama é uma frutinha arroxeada e suculenta que dá na primavera. Sua
ocorrência vai do sul da Bahia até o estado de Santa Catarina e
seu gosto é um misto de pitanga com jabuticaba. Quem mora em São Paulo,
pode ver dois pés enormes na frente da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da USP.
Cambuí
Nome de bairro, em Campinas, SP, e de
cidade, em Minas Gerais, o cambuí é uma fruta roxa, vermelha ou amarela
saborosa e perfumada que lota os pés durante o mês de janeiro. Sua
árvore é muito bonita e bastante delicada, levando bastante tempo para
crescer – o que a coloca em risco.
Sabia que não só os animais que estão em risco de extinção? Plantas, frutas e diversos alimentos também: são cerca de 3,5 mil ingredientes em risco no mundo e, só no Brasil, 100 tipos de alimentos, dos quais 16 são frutas, como Cambuci, Butiá ou Maracujá-da-Catinga.
Este cenário foi apresentado ao público durante a segunda edição do Festival Arca do Gosto, realizada pelo movimento Slow Food no final de outubro. O encontro apresentou os alimentos brasileiros ameaçados de extinção e as causas de seu desaparecimento, entre elas o desmatamento e a falta de demanda por esses produtos.
Além desta iniciativa incrível, tem muita gente colocando a mão na massa para ajudar a recuperar e a reverter o risco de desaparecimento de ingredientes em diversas regiões do país, como na Mata Atlântica Sudeste, por exemplo. Com um detalhe: entre esses produtos, estão alguns dos mais valorizados em diversas partes do mundo.
Nessa região, existe um movimento forte de cerca de 60 produtores familiares que estão resgatando o cultivo de frutas nativas desse bioma. Organizados sob o nome de Arranjo Produtivo Sustentável, tal movimento acontece dentro da Rota do Cambuci, que é gerida pela ONG Instituto Auá em pequenas propriedades do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo. Nessa área (formada por 39 municípios da região metropolitana, e coordenado pelo Instituto Florestal da Secretaria do Meio Ambiente do Estado), às bordas da floresta remanescente, são produzidas espécies como Cambuci, Uvaia, Araçá e Grumixama.
O instituto compra, de produtores locais, produtos como Cambuci congelado e outros derivados de plantas nativas – como cachaças, geleias e licores – e os comercializa para o consumidor final, gerando um novo tipo de mercado que, além de implementar a conservação das espécies da Mata Atlântica, gera renda para os pequenos agricultores. Com um detalhe: os cultivos são agroecológicos, ou seja, sem agrotóxicos e com base no sistema agroflorestal, o que promove a recuperação do meio ambiente e da biodiversidade em geral.
Até agora, o balanço dessa iniciativa é muito inspirador, veja:
– cerca de 60 estabelecimentos gastronômicos e 35 lojas de varejo estão usando e comercializando o Cambuci e derivados de frutas nativas em São Paulo,
– três indústrias estão desenvolvendo produtos com esses ingredientes e
– duas prefeituras introduziram o Cambuci na alimentação escolar;
– há inúmeros espaços interessantes que comercializam e divulgam essas frutas tão saborosas e brasileiras junto ao público. Entre eles, destacam-se o Box Mata Atlântica e Amazônia no Mercado de Pinheiros – parceria do Instituto Auá com o Instituto ATÁ –, no famoso bairro paulistano de Pinheiros, e os Festivais do Cambuci que acontecem ao longo do ano em 13 municípios que compõem o Cinturão Verde, o que tem garantido renda média de 1 mil reais por produtor, a cada evento.
Além das quase 40 toneladas de Cambuci produzidas este ano, a diversidade de produtos artesanais à base de frutas nativas é enorme: são cerca de 400 itens, entre eles bebidas, doces, biscoitos, granolas e farinhas.
Todo esse trabalho com base em sistemas agroflorestais tem trazido resultados incríveis para a Mata Atlântica, como a conservação da paisagem, que inclui a recuperação de nascentes e mananciais. Atualmente, são cerca de 50 hectares de terras produzindo frutas nativas em 12 municípios do Cinturão Verde paulista.
Além disso, a parceria entre o Instituto Auá e a The Nature Conservancy (TNC) tornou possível o mapeamento de 80 hectares de APPs Hídricas (Áreas de Preservação Permanente) e de áreas agrícolas que têm grande potencial para a implantação de agroflorestas com espécies nativas, em Salesópolis. Também é importante salientar o trabalho de georreferenciamento dessas espécies realizado por pesquisadores da Esalq-USP, parceiros da Rede de Pesquisa da Rota do Cambuci.
Só boas notícias! São todas provas de que é possível fazer uso da terra de forma mais consciente, valorizando o que a natureza dá e incrementando a alimentação de paulistas e brasileiros. tomara que mais e mais iniciativas como esta se propaguem pelo país.
Frutas que até pouco tempo eram desconhecidas, como a lichia, o kiwi amarelo e a pitaya, caíram no gosto dos brasileiros. Se antes era difícil encontra-las, agora elas têm espaço em destaque nas feiras e supermercados. E além de chamar atenção pela beleza, as novidades são gostosas e cheias de nutrientes.
LEI 757 Art. 25. Os procedimentos de poda ou supressão, em espécimes ornamentais,estão isentos de laudo, autorização e comunicação à Smam, se forem constituídos de quaisquer das seguintes espécies: I – agave (Agave americana); II – amarelinho (Tecoma stans); III – areca-bambu (Dypsis lutescens); IV – cheflera (Scheff lera arboricola); V – espirradeira (Nerium oleander); VI – dracena (Dracaena spp.); VII – iuca (Yucca filamentosa e Yucca elephantipes); VIII – jasmim-do-cabo (Gardenia jasminoides); IX – malvavisco (Malvaviscus arboreus); X – mimo-de-vênus (Hibiscus rosa-sinensis); e XI – pingo-de-ouro (Duranta repens).
Planta decorativa rara na forma de arbusto muito vistoso de
folhas miudas que produz floração de cor branca na primavera/verão ao
mesmo tempo que apresenta grande quantidade de frutos de coloração
vermelha, comestível e apreciado pela fauna pelo seu doce sabor.
Inclusive por abelhas em busca do saboroso néctar.
É também conhecida por cerejeira anã além de pitanguinha.
Pode atingir facilmente 50 cm de altura formando touceiras. Não perde as folhas em nenhum mês do ano.
Aceita sol pleno e clima quente a temperado, e destinada
também a compor cercas vivas de porte baixo e de poda desnecessária já
que não costuma alastrar-se pelo terreno.
É resistente ao frio e também a períodos sem chuva. Aceita
plantio também em vasos e produz flores e frutos a partir dos dois anos
de idade sempre nos meses quentes do ano.
Aceita também condução artificial para formar “bonsai” oriental.
Multiplica-se por sementes que deverão ser semeadas
imediatamente após a colheita e mantidas em solo umido até notar a
germinação que ocorrerá entre dois a tres meses.
A muda que fornecemos é contida em torrão que deverá ser
plantado sob sol logo após a aquisição. Regar. Por ser de caracteristica
rústica não necessita de maiores cuidados além de manter o solo livre
de ervas daninhas.
Planta destinada unicamente para cultivo doméstico ornamental.
Algumas das Principais Características da Mini Pitanga
Planta cujo nome científico é Eugenia mattosi,
a mini pitanga tem forma de arbusto, sendo muito vistosa e com folhas
bem miúdas. Sua floração é essencialmente da cor branca, ocorrendo entre
a primavera e o verão. Durante essa floração, por sinal, ocorre também
uma intensa frutificação, cujos frutos possuem uma coloração avermelhada
característica, sendo comestível tanto para nós humanos, quanto para a
fauna das regiões onde habitam, especialmente, para pássaros. As abelhas
também são animais que apreciam muito a planta, em especial, por conta
de seu delicioso néctar.
Qual é o padrão de vida que pequenos agricultores familiares, produtores de cacau e/ou gado, podem alcançar em termos de bem-estar econômico? Essa é a pergunta que Daniel Braga procurou responder em sua tese, realizada no Programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.
O trabalho concluiu que produtores de cacau em sistemas agroflorestais (SAFs) podem ser tão bem-sucedidos quanto produtores de gado, considerando que o cacau gerou, no mínimo, seis vezes mais renda que o gado (por hectare). Mais que isso: os produtores de cacau também tendem a ocupar menores áreas e conservar mais florestas. “Quando as famílias adotaram cacau e gado na mesma propriedade a chance de sucesso aumentou, consequentemente ao custo de maior desmatamento pela pecuária extensiva. Entendendo a complementaridade econômica entre ambos os sistemas produtivos, a intensificação da pecuária em áreas menores é fundamental”, disse Braga.
A tese foi orientada pelo professor Edson Vidal (Esalq), com supervisão do professor Flávio Gandara (Esalq) e parceria com o professor Benno Pokorny, da Universidade de Freiburg, na Alemanha. A partir da abordagem conhecida como Meios de Vida Sustentáveis, aperfeiçoada pelo Laboratório de Silvicultura Tropical (Lastrop/Esalq), foram aplicadas 95 entrevistas ao longo de sete municípios do Pará (Uruará, Medicilândia, Brasil Novo, Anapu, Pacajá, Novo Repartimento e São Félix do Xingu). Com os dados, o pesquisador desenvolveu um indicador de sucesso baseado na renda e moradia familiar.
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Segundo o pesquisador, após quase meio século de ocupação da Transamazônica, ainda há problemas graves de infraestrutura, educação, saneamento básico, criminalidade, disputa pela terra, entre outros. “A preocupação com os problemas decorrentes da pobreza e desmatamento ilegal, diante do mercado do cacau em ascensão mundial, cada vez mais tem chamado atenção para os sistemas agroflorestais com cacau como potencial ferramenta de reabilitação de áreas degradadas/alteradas, capaz de conciliar a produção com a conservação florestal”, comentou.
Daniel sugere que o sistema agroflorestal com cacau, em condições favoráveis de solo, pode ser uma alternativa à pecuária extensiva. Segundo ele, além do cacau, os SAFs diversificam a renda familiar e, no melhor dos casos, podem incluir o uso de plantas nativas, adaptadas à menor fertilidade. “No entanto, para difundir tais sistemas produtivos mais complexos, é necessário reforçar políticas direcionadas às condições e populações locais, com suporte à agricultura familiar. Além disto, é fundamental consolidar mercados atrativos para uma diversa gama de produtos nativos, como castanha-do-brasil, açaí, babaçu, cajá, cupuaçu, bacaba, buriti e muitos outros. Portanto, é urgente estabelecer novas estratégias de desenvolvimento sustentável para a Amazônia”, finalizou o pesquisador.
O estudo recebeu bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e apoio de campo da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Solidaridad, Casa Familiar Rural de Anapu (CFR), Cooperativa de Produtos Orgânicos do Xingu (Coopoxin), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Medicilândia, bem como a colaboração da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e da Universidade Federal do Pará/campus de Altamira (UFPA).
Letícia Santin / Assessoria de Comunicação da Esalq
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Tomate é uma das primeiras plantas que vem à mente de
quem quer começar a cultivar uma horta em casa. Nos últimos tempos isso
se tornou até necessário, tamanho o aumento (absurdo) no preço deste
fruto. Plantar tomates é uma ótima ideia, principalmente em se tratando
de saúde.
Existem diversas variedades de tomates. Algumas podem passar de dois
metros de altura. Mas, de um modo geral a planta alcança 1 metro, 1
metro e meio.
Infelizmente os tomates que compramos na maioria das feiras e
mercados contêm uma grande quantidade de agrotóxicos; portanto, um
cultivo pessoal, se possível de forma orgânica – sem fertilizantes e
repelentes químicos – vai ajudar tanto o bolso quanto a saúde de sua
família.
Veja também: como plantar e cultivar Pepinos
Pensando nisso, baseado em minhas experiências pessoais (boas e
ruins) resolvi escrever este super guia com todos os detalhes para quem
quiser se aventurar a plantar e colher tomates em casa.
Como semear tomates
A forma mais fácil de plantar tomates é por meio de sementes. Você
pode encontrá-las em praticamente todos os supermercados, na seção de
hortifrúti.
Ou então ‘produzir’ suas próprias, utilizando um tomate que tenha na geladeira.
Basta cortar um tomate ao meio e separar algumas sementinhas. Não
precisa nem deixar secar, é só colocar na terra e cobrir com um
pouquinho de terra peneirada (para facilitar a brotação).
A germinação através deste processo pode ser até mais rápida que com as sementes compradas.
Se for plantar em vaso, que seja grande – 30 ou 40 cm de profundidade
é o ideal para ter uma boa produção. Aliás, recomendo ler em detalhes
nosso post especial sobre a maneira correta de plantar em vasos, para garantir o sucesso das suas plantas.
Mas vamos ao passo a passo para plantar tomates!
Qual a melhor época do ano para plantar tomates?
Antes de qualquer coisa, o solo não pode estar frio, senão o tomate
dificilmente vai crescer (o mesmo vale para outras culturas como o pepino).
Isso significa que primavera e verão são as melhores estações para o
plantio. Agora, se você mora numa região onde o outono e o inverno não
são muito diferentes do resto do ano, vá em frente. Para ter certeza,
basta olhar no verso do envelope de sementes. Normalmente existe um mapa
com as regiões do Brasil divididas por cores e meses, bem simples de
seguir.
Para produzir várias mudas, escolha uma sementeira ou copinho
plástico, embalagem de Danoninho etc (desde que se faça alguns furos
para escoar o excesso de água). Neste exemplo usei um copo de plástico e
com uma agulha fiz vários furos no fundo. Se você deixar água acumular
no fundo dos vasos, as raízes podem apodrecer e a planta,
consequentemente, morrer.
Preencha com terra de boa qualidade. O que seria essa terra? Simples:
terra vegetal, areia (ou vermiculita), húmus de minhoca e esterco de
aves. Misture quantidades iguais desses itens e terá um excelente
substrato para suas plantas. Se preferir, pode adquirir um substrato
específico para germinar sementes ou mudas em lojas de jardinagem.
Coloque as sementes. Pessoalmente uso duas ou três sementes por recipiente, já que nem todas brotam.
Cubra com um pouquinho de terra de modo que as sementes fiquem com
1cm de profundidade mais ou menos. Como regra geral a profundidade das
sementes deve ser de três vezes o seu próprio tamanho; então, quanto
maior a semente, mais fundo deve ser plantada.
Regue diariamente ou em dias alternados, dependendo da temperatura. O
importante é manter o solo úmido, sem encharcar. Recomendo usar um
borrifador para regar, até que a muda cresça e tenha raízes para se
sustentar. Usar regador pode afundar muito as sementes.
Feito isso deixe a sementeira (ou copinho) num local iluminado, mas que não receba sol direto.
Após uma semana mais ou menos, se as sementes não estiverem
estragadas (às vezes pode acontecer) você começará a ver os primeiros
brotos.
Diariamente mantenha o recipiente umedecido, usando o borrifador. Pode ser pela manhã ou final da tarde.
Quando atingirem uns 3cm escolha a que se desenvolveu melhor e corte
as outras com uma tesoura. Arrancar pode danificar o broto que você
pretende deixar.
Quando a planta atingir uns 5, 6 cm já pode ser levada para o sol
(mas sem chuva). A partir daí a rega pode ser um pouco maior, com
regador, ainda sem encharcar.
Quando transplantar as mudas de tomate?
O transplante para o local definitivo, seja vaso ou canteiro, deve
ser feito quando a planta tiver 4 ou 6 folhas ‘verdadeiras’. Se diz
verdadeiras, porque as duas folhinhas iniciais podem não vingar e também
porque são iguais a centenas de outras plantas.
Para transplantar o tomate da sementeira para o local definitivo,
seja cuidadoso para não machucar a raiz. Use uma colher ou faca para
retirar a muda inteira, mantendo a terra da sementeira ao invés de
sacudir para deixar apenas a raiz. Se não quiser mais utilizar a
embalagem, corte-a para facilitar a retirada, como eu fiz com meu copo
plástico (que depois foi lavado e separado para reciclagem):
A raiz do tomate é muito sensível e não é raro que as mudas fiquem
murchas após o transplante. O normal porém é que em uma semana, no
máximo, elas se recuperem. Caso a planta seque significa que a raiz foi
totalmente comprometida e infelizmente não conseguiu se recuperar. Daí a
importância de replantar com muito cuidado.
Uma vez plantado, regue com abundância, agora sim, muita água. Isso ajuda as raízes a se aclimatarem no novo ambiente.
Ah! Se quiser plantar várias mudas, uma distância boa entre elas
seria de 50 ou 60cm mais ou menos. Os galhos crescem bastante e pode ter
certeza que este espaço será totalmente ocupado.
Onde plantar tomates
Já comentei mais acima que o local ideal é onde podemos controlar o
máximo possível a quantidade de água recebida, ou seja, que não receba
muita chuva. Mas não é sempre que podemos fazer isso, então se você
tiver de plantar o tomate em local desprotegido, numa região com muita
chuva, certifique-se de que o solo tenha uma ótima drenagem.
Para se certificar disso, recomendo abrir uma cova grande, com mais
ou menos 40 ou 50cm de diâmetro e profundidade e preencher com: terra vegetal, esterco de aves, húmus de minhoca. Se preferir usar a terra do seu próprio jardim, e ela for mais pesada/argilosa, misture uma ou duas partes de areia, além dos demais “ingredientes”.
Preparar o solo para os tomateiros
As dicas abaixo são o que costumo fazer bem antes de plantar meus tomates.
Melhor adubação para tomates
A preparação do solo antes do plantio é importantíssima. Ela vai
garantir plantas mais saudáveis e resistentes. Partindo do princípio que
você vai plantar o tomate num quintal, é preciso retirar capim, grama
ou qualquer outra planta. Retire também um pouco da terra, se for
argilosa. Com ajuda de uma enxada, revolva bem o solo para que fique
solto. Agora vamos preparar um bom substrato para o melhor
desenvolvimento de nossos tomates.
A primeira coisa é ter Terra Vegetal, já citada acima. Além dela, vamos acrescentar:
Calcário
Em resumo o calcário serve para corrigir a acidez do solo, além de
fornecer cálcio e magnésio colaborando com a nutrição das plantas.
É importantíssimo também para ajudar na absorção dos demais
nutrientes. Ele deve ser incorporado ao solo uns dois meses antes do
plantio para que tenha tempo de começar a agir. E só reage com água. Ou
seja, é preciso ser incorporado (ou espalhado) ao solo e receber uma
generosa quantidade de água. A medida varia muito, mas eu costumo usar
uma generosa pá de calcário misturado na terra. Depois de algumas
semanas o solo já estará bem melhor.
O correto é espalhar calcário, e revolver bem o solo. Cubra com
folhas secas. Depois de dois meses, mais ou menos, revolva bem esse solo
e misture os demais itens, já que a acidez do seu solo, após a ação do
calcário, já estará corrigido.
Caso já tenha tomateiros plantadas em solo sem calcário, o jeito é
espalhar na superfície mesmo, e regar. Se possível, e se não for
machucar as raízes, cave um pouquinho ao redor e incorpore. Não se
preocupe com relação ao contato do calcário com raízes e caules, pois
ele não ‘queima’ as plantas, como pode acontecer no excesso de esterco,
por exemplo.
Junto da terra revolvida, acrescente:
Esterco de aves (ou de gado)
Adquirido em agropecuárias ou lojas de jardinagem, o esterco é
importantíssimo não apenas para tomates. Ele enriquece demais o solo,
fornecendo nutrientes vitais para o bom desenvolvimento das plantas.
Se a escolha for o esterco de aves, use pouco. Ele é bem mais forte
que o de gado. Uma medida segura seria uma parte de esterco de aves para
cada cinco ou seis de terra. Se for de gado pode dobrar a quantidade.
Misture bem ao solo e sempre cubra com terra para que o cheiro não
atraia animais de estimação ou moscas.
Lembrando que o esterco deve estar completamente curtido, como os que estão disponíveis nas lojas do ramo.
Húmus de minhoca
Húmus é como uma vitamina sempre bem-vinda. Todas as plantas o
adoram! E o melhor é que o excesso não fará mal nenhum, caso exagere na
quantidade.
Só um pouco já fornece nutrientes para as plantas. Se quiser uma
recomendação exata eu diria que cinco colheres de sopa para plantas
pequenas já é o suficiente. Pode ser colocado na superfície ou misturado
no momento do plantio. Basta afofar um pouquinho a terra, adicionar o
húmus e misturar.
Tomates: problemas mais comuns
Apesar do tomateiro não ser a planta preferida de pulgões, vaquinhas,
lagartas etc, é muito sensível. Veja alguns dos problemas que podem
surgir e como tratá-los:
Manchas brancas ou furos
Cuidado com tomates que tenham pontos brancos ou furos. Pode indicar
presença de moscas brancas, lagartas ou percevejos. Melhor colher e
descartar para que não contaminem outros frutos. Basta girar o tomate
até ele se soltar (não precisa puxar).
As manchas no tomate podem ser causadas também por excesso de calor e
água (muita chuva). De qualquer modo, melhor retirar os tomates
afetados para não correr o risco de uma contaminação generalizada.
Folhas murchas e caules ressecados
Se os pés de tomate estiverem murchos, as folhas continuarem verdes e
a parte de baixo do caule começar a secar, pode ter sido atingido por
alguns fungos muito comuns em regiões quentes onde tenha havido excesso
de rega (ou de chuva). A combinação de clima quente e solo encharcado é
um prato cheio para muitos fungos que podem acabar com seu tomateiro.
Para prevenir, cuidado com a quantidade de água. Ao regar, não molhe
as folhas e interrompa antes de a água começar a formar uma poça na
superfície. Outra dica importante é limpar sempre as ferramentas de poda
para não transmitir fungos de uma planta para outra; os tomates em
especial são facilmente contamináveis. Pode limpar com vinagre ou
passando a lâmina da tesoura no fogo de um isqueiro por alguns segundos.
Evite que o solo fique muito duro. Para isso, use uma cobertura;
isso ajudar a manter a umidade e a terra mais fofa. Pode usar chips
(lascas) de madeira, palha, bagaço de cana seco, argila expandida,
aparas de grama já secas, folhas secas etc. Cuidado quando pegar folhas
secas para que não tenham formigas. Caso aviste formiga, espalhe um
pouco de talco; além de conter boro, que é um adubo para as plantas, ele
afasta formigas.
Folhas amareladas
Semanas após o plantio das sementes, pouco depois de surgirem os
primeiros pares de folhas, elas podem começar a amarelar. Isso aconteceu
uma vez comigo. A primeira coisa que pensei era que eu estava
exagerando na rega. O controle melhor da rega não adiantou nada e fui
atrás de informações; descobri então o melhor remédio para os tomateiros: o leite!
É incrível a eficiência do leite nos tomates. Em menos de uma semana
as folhas voltaram ao tom de verde. Mas é preciso cuidado. Em excesso o
efeito pode ser desastroso. Mais abaixo explicarei as formas corretas de
usá-lo.
Manchas brancas nas folhas
Em geral as manchas brancas (ou pontinhos brancos) são causados por
fungos e bactérias. Se não forem combatidos logo, podem acabar com sua
plantação.
Você tem duas opções: se dirigir a uma agropecuária ou floricultura
para adquirir algum “remédio” químico, ou adotar um cultivo orgânico e
usar leite. O melhor (e mais fácil) remédio. Pode usar Leite de Magnésia
se tiver! Confira a seguir como fazer isso:
A forma correta de usar leite nos tomateiros
Opção 1: Regar
Este é o método mais recomendado, por ser mais seguro. Coloque um
pouquinho de leite ou Leite de Magnésia num copo e complete com água. A
proporção é de 1 parte de leite para 9 de água, ou seja, 100 ml de leite
e 900 ml de água. Regue seus tomateiros. Se os amarelamentos e fungos
já estiverem em estado avançado, ou seja, “tomando conta” da planta,
repita essa rega de 3 em 3 dias até o desaparecimento dos sintomas. Não
exagere na quantidade. Regue normalmente com água nos outros dias,
também em pequenas quantidades, caso estiver muito calor.
Opção 2: Borrifar
Tomates não gostam de água nas folhas, por isso evito ao máximo
borrifar essa mistura de água e leite (ou Leite de Magnésia). A não ser
que a situação esteja complicada, com as folhas bem infectadas.
A forma correta de borrifar leite nos tomateiros é usar a mesma
proporção de uma parte de leite para nove de água (a mesma que a mistura
usada para regar, descrita anteriormente).
Preparada a mistura, coloque num borrifador e pulverize as folhas
delicadamente. ATENÇÃO: NÃO PRECISA ENCHARCAR. Pulverize a uma distância
de 20, 30 cm e caso alguma folha fique muito molhada, tire o excesso de
líquido dela. Repita essa operação de acordo com a gravidade do seu
caso.
Ainda sobre a pulverização, recomendo que ela seja feita logo no
começo da manhã (das 7h às 9h), assim a planta terá o dia inteiro para
absorver e secar. Se fizer no final da tarde pode ser que o efeito seja
até pior. Lembre-se: tomates não gostam de folhas molhadas.
Dependendo da situação, algumas folhas podem secar e cair em alguns
dias, mas outras devem se recuperar e novas folhas nascerão. Cada caso é
um caso, mas no geral sempre consegui reverter problemas nos tomateiros
dessa forma.
Tomates apodrecendo
No meu primeiro tomateiro que vingou e deu frutos, a alegria inicial
deu lugar a uma grande frustração: os tomates começaram a apodrecer!
Não é nada agradável ver aquela planta que você semeou, cuidou e protegeu começar a produzir frutas podres!
Tirei imediatamente o tomate que estava apodrecendo (com medo de que
isso se alastrasse para os demais que estavam crescendo). Dias depois
veio o desânimo ao ver outro tomate, já grandinho, apresentar o mesmo
problema. A forma correta de colher o tomate é girá-lo até que ele se
solte, para não danificar o galho; ou então use uma tesoura afiada e
corte preservando o cabinho, o que fará com que seu tomate dure mais
tempo na geladeira. Aliás, vi outro dia num programa de um médico
norte-americano, “Dr. Oz”, a dica de que para conservar por mais tempo é
bom guardar os tomates com o umbigo para baixo. Parece que funciona…
Foi aí que descobri que infelizmente isso é muito comum, e se chama “podridão apical”.
Geralmente acontece na primeira produção da planta, que ainda não está
totalmente desenvolvida e forte para lutar contra o problema, que
geralmente é a falta de cálcio (resolvida com calcário, que na época eu não tinha utilizado com antecedência).
Raízes danificadas (por transplantes ou ao extrair ervas daninhas
próximas do caule, por exemplo) dificultam que a planta absorva cálcio
suficiente do solo.
Podas excessivas também podem ser responsáveis por esse problema, mas geralmente a questão é a deficiência de cálcio mesmo.
Regas excessivas ou escassas também podem contribuir para o enfraquecimento do tomateiro.
Sobre a falta de cálcio é bom salientar que grande parte do solo de
São Paulo e estados da região Sul são muito ácidos. Para corrigir isso,
também se usa o calcário.
O uso de Cobre nos Tomates
Um outro aliado importante no cultivo de tomate é o cobre. Se você
regar seu tomateiro com leite/água uma vez por semana e borrifar um
fertilizante/defensivo à base de cobre nas folhas a cada 15 dias, as
chance de ter problemas diminuem muito.
Recomendo os produtos da Dimy e Forth. São marcas confiáveis. E funciona não apenas em tomates, mas em pepinos, uvas, maçãs, pêssegos… É excelente.
Como e onde plantar tomates
É possível cultivar tomates em vasos? Sim. Mas não é o ideal. As raízes são fininhas, mas precisam de bastante espaço.
No meu caso, testei em dois vasos: um pequeno com apenas 10 cm de altura e outro maior, com cerca de 20 cm.
Quase dois meses depois percebi que as plantas estagnaram; passavam
dias sem crescimento aparente e as raízes saíram (e muito) pelos furos
dos recipientes. ATENÇÃO: Minha intenção foi testar o plantio em vasos, e
por isso não coloquei pedras/argila expandida e manta bidim, apenas
terra, húmus e esterco de aves.
O que fiz então foi cortar com um estilete o fundo dos vasos e os
coloquei sobre um canteiro onde eu previamente já tinha retirado grama e
afofado a terra para facilitar o crescimento dessas raízes.
Dito e feito. Semanas depois de fazer isso os tomates voltaram a
crescer. Portanto a dica que posso dar é que sim, é possível plantar
tomates em vasos, desde que sejam grandes o suficiente para permitirem o
crescimento adequado da planta. Ou cultive tomate cereja, que é bem
menor.
Outras dicas para o cultivo de tomates:
Já falei sobre essas dicas mais acima, mas não custa relembrar: Prenda os tomateiros. Finque uma estaca qualquer ao
lado da muda de tomate. O melhor momento para fazer isso é quando
plantamos a muda, para não ter risco de machucar as raízes. Feito isso
use fitilho (ou barbante, nylon…) e prenda a planta para que ela fique o
mais firme possível e resista a rajadas de vento mais fortes. Eu já
perdi um lindo tomateiro por descuidar disso. Cubra a terra. Pode ser com lascas de madeira,
palha, seixos. Isso protege contra o endurecimento do solo pela ação do
sol direto e também ajuda a reter a umidade, diminuindo assim a
necessidade de se regar demais. Evite plantar nos meses mais frios. O solo frio
contribui para o aparecimento da podridão apical. Aqui em Santa Catarina
a terra costuma “esquentar” só do meio de outubro em diante, quando as
temperaturas mínimas noturnas aumentam gradativamente. Se a mínima ainda
está na casa de 10 graus é melhor esperar. Cuidado com a rega. Use um palito ou o dedo para ver
se pelo menos os primeiros 2 cm do solo estão secos. Se o palito sair
muito sujo não precisa regar ainda.
Como podar tomateiros
Sim, você pode podar seus tomateiros, mas tenha muita cautela. Além
de não gostar de água nas folhas, tomateiros não são muito fãs de podas
radicais.
Pessoalmente já testei podar galhos inúteis que cresciam para baixo e
que não tinham flores, por exemplo, mas o resultado não agradou: vários
tomates apresentaram podridão e a produção diminuiu bastante.
A única poda realmente necessária é a de limpeza, retirando pequenos
galhos que se formam nas axilas da planta, bem na diagonal do cause
principal (foto abaixo). Eles devem ser retirados com as mãos mesmo, com cuidado para não machucar o caule principal.
Galhos que brotam muito perto do solo (a pouco mais de um palmo de
altura, na parte inferior da planta) também tiram a força do caule e
podem ser retirados. Tente se limitar a essa poda de limpeza, que é a
mais segura.
Repelentes para tomateiros
Não use fumo em tomates! O fumo é o repelente natural mais comum, mas detestado pelo tomateiro.
Os melhores repelentes que já usei no cultivo de tomates foram o leite e o óleo de neem.
O leite pode ser usado nas regas e pulverizado em pequenas
quantidades nas folhas, como orientei antes. Ele fortalece e trata a
planta contra diversos fungos.
Já o óleo de neem (se pronuncia ‘nim’) deve ser pulverizado
preferencialmente no final da tarde, quando o sol já estiver bem fraco,
para não correr o risco de queimar das folhas. Adicione um pouquinho de detergente neutro ou sabão de côco dissolvido em água, para ajudar a fixar o produto nas folhas.
De forma preventiva eu costumo aplicar uma vez a cada duas semanas,
mas se você mora em regiões muito quentes, com histórico de ataque de
pragas, pode aumentar para uma ou duas vezes na semana.
Ah! Tem também o alho. Vale plantar um ou dois dentes de alho perto
do tomateiro. É só enterrar os dentes. Ele também ajuda a repelir
naturalmente algumas pragas que atacam os tomates.
As próprias folhas do tomateiro funcionam como repelente para grande
parte dos inimigos do jardim, mas sempre aparece algum problema, não tem
jeito.
Polinização do tomateiro
As plantas precisam ser polinizadas para que possam dar frutos. É
como se fosse o ato sexual das plantas. Geralmente isso é feito por
abelhas, pássaros…
No caso dos tomates, o próprio vento já ajuda no processo. Ou então, nós mesmos podemos dar uma mãozinha, literalmente.
Assim que surgirem as florzinhas amarelas já podemos ‘polinizar’.
Para isso, basta sacudir levemente os galhos e/ou dar leves petelecos
nas flores. Obviamente devem ser bem leves mesmo, senão elas vão cair!
Em breve os tomatinhos começarão a surgir, pode esperar.
Em quanto tempo conseguirei colher tomates?
O que muitos querem saber é quando, de fato, poderemos saborear
nossos tomates plantados em casa? Em minhas experiências de cultivo, no
interior de Santa Catarina, numa cidade de clima temperado, o tempo desde a plantação da semente até a colheita do tomate maduro tem sido de 3 meses em média. Em regiões mais quentes este tempo pode ser menor. Depende de cada local e forma de cultivo.
O melhor é deixar que os tomates amadureçam no pé. Se colher antes, o
sabor poderá ser comprometido. Mas ‘o ponto’ depende do gosto de cada
um, claro.
É isso. E você, já plantou tomates?