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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Porque os solos encharcados prejudicam o crescimento das ÁRVORES ?

Devido ao fenômeno El Nino, estamos tendo um inverno e primavera chuvosa no RS. O que ocasiona o aumento do lençol freático prejudicando o crescimento dos vegetais, principalmente as mudas de frutíferas, pois falta oxigênio nas raízes devido a ocupação dos poros por água.


 O QUE É LENÇOL FREÁTICO? 

De toda a água que cai numa chuva, uma parte infiltra no terreno e o resto escoa pela superfície. A parte que corre pela superfície vai formar a enxurrada e a parte que infiltra vai formar o lençol freático.

A água que infiltra não fica parada dentro do terreno. Ela escoa, flui, formando uma rede de percolação até encontrar um barranco ou a beira de um rio onde a água aflora (sai) na forma de mina, também conhecida como bica. 
A análise da crosta terrestre, em relação à água da chuva que se infiltra permite distinguir duas zonas: saturada e não saturada.














A zona não saturada, também denominada zona de aeração, ou zona de infiltração, possui água e ar que preenchem poros e fissuras das rochas. Por baixo encontra-se a zona saturada, que constitui o aquífero, e onde todos os poros e fissuras das rochas estão preenchidos com água. A zona não saturada situa-se entre a superfície do solo e o topo da zona saturada.
Na zona não saturada, ou edáfica (que significa solo), a água pode comportar-se de forma gravitativa (ou seja, escoando verticalmente no sub-solo após infiltração na sequência da precipitação); pelicular (quando a água adere-se às partículas do solo por força da absorvição); e capilar (quando a água preenche parcialmente os poros da rocha através de forças capilares, podendo ainda ser distinguida a água capilar isolada da água capilar contínua). Neste último caso a água chega a ter um comportamento de deslocação vertical ascendente a partir da zona saturada, que é tanto mais importante quanto mais finos forem os poros ou fissuras da rocha.
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quarta-feira, 11 de setembro de 2024

àrvores com risco, como reconhecer!!

 


Aprenda a identificar os defeitos comuns que ocorrem nas árvores que podem indicar riscos, e a compreender como riscos oferecidos por árvores podem ser gerenciados. As árvores proporcionam benefícios significativos às nossas casas e à nossa cidade, mas quando caem podem machucar pessoas ou causar danos a propriedades, e por isso podem implicar em responsabilidade legal para seu proprietário. 

Compreender e gerenciar os riscos associados às árvores trará uma segurança maior à propriedade e prolongará a vida da árvore. As árvores são uma parte importante do nosso mundo. Elas oferecem uma ampla gama de benefícios ao ambiente e proporcionam uma beleza incrível. Todavia, elas podem ser perigosas. As árvores (ou partes delas) podem cair e machucar pessoas ou causar danos a propriedades. 

É importante avaliar as árvores em relação ao risco que possam oferecer. Apesar de todas as árvores apresentarem um risco potencial de queda, apenas uma pequena quantidade delas realmente atinge uma pessoa ou alguma coisa – um alvo. Não existe uma árvore completamente “segura”. O proprietário deve ser responsável pela segurança da árvore que está localizada em sua propriedade. Este folder fornece algumas indicações para se identificar os defeitos comuns relacionados ao risco de queda de árvores. 

De qualquer modo, a avaliação da complexidade do defeito será mais bem realizada por um arborista profissional. Os cuidados regulares com as árvores ajudarão a identificar as árvores com níveis de risco inaceitáveis. Uma vez que o risco é identificado, alguns passos deverão ser seguidos para se reduzir a probabilidade de queda da árvore, o que poderá machucar alguma pessoa.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Esta árvore pode ajudar São Paulo a suportar o futuro climático!!!

 FONTE JORNAL DA USP


Comum na urbanização de cidades brasileiras desde a década de 1950, a Tipuana se mostrou resiliente em períodos críticos e pode ajudar a mitigar desafios climáticos nas cidades. Para pesquisadores, ela “não é a árvore do futuro, mas definitivamente deve fazer parte dele”

  Publicado: 02/09/2024

Texto: Pedro Morani*

Arte: Beatriz Haddad**

As cidades devem fazer adaptações com urgência para as mudanças climáticas em curso. Ambientes urbanos sofrem especialmente com os extremos de temperatura, com secas e ondas de calor devido à aglomeração populacional e ao declínio dos espaços verdes permeáveis. O reflorestamento urbano é uma das principais ferramentas das chamadas Soluções Baseadas na Natureza para atenuar estas condições, mas isso tem que ser muito bem planejado. Uma das variáveis são as espécies escolhidas, que precisam ter resistência ao estresse fisiológico imposto em grandes centros.

Tipuana tipu é uma árvore típica do norte da Argentina e sul da Bolívia, que foi introduzida em cidades brasileiras a partir da metade do século 20 e foi analisada por um grupo de pesquisa do Instituto de Biociências (IB) da USP. A espécie demonstrou alta tolerância ao estresse e pode ser bem-sucedida em promover a resiliência na cidade de São Paulo diante do aquecimento global. No estudo, foram observados os anéis de crescimento da árvore, que mostram cada ano de sua vida. No período de 2013 e 2014, marcado por uma seca extrema e até mesmo racionamento de recursos hídricos, o esperado seria um atraso no crescimento, mas a espécie mostrou um aumento na taxa.

“Queremos compreender como podemos usar a arborização da melhor forma possível para adaptar a cidade às mudanças climáticas. Como a gente pode construir florestas urbanas que sejam resilientes”, explica o biólogo Giuliano Locosselli, primeiro autor do trabalho. A espécie está entre as três mais comuns na cidade e região metropolitana. A equipe analisou unidades do polo petroquímico Capuava, em Santo André e Mauá, e em São Paulo, do Parque Santa Amélia. Em ambos, o crescimento foi comprovado pela maior taxa de fotossíntese, processo de produção de energia necessária para a sobrevivência das plantas, resultando na maior concentração de carbono, um dos benefícios que ela proporciona.

Foto de um homem de cabelos curtos e barba cerrada, de olhos escuros e camista marrom. Ele fala ao microfone.
Giuliano Locosselli - Foto: IEA/USP

A análise foi feita de forma não destrutiva, evitando que alguma árvore tivesse que ser derrubada. Por meio de um trado de incremento, um tipo de sonda, foram retiradas amostras de 5 mm do tecido. “Sabe quando estamos doentes e temos que fazer uma biópsia, tirar um pedacinho do tecido para analisar? Foi isso que fizemos com a planta”, explica Giuliano. Além do impacto da seca, também foi possível analisar o comportamento interno da espécie, incluindo os isótopos estáveis de carbono, usados para acessar a contribuição relativa de plantas que realizam a fotossíntese.

“O trabalho que o Giuliano desenvolveu trouxe coisas incríveis”, ressalta o professor Marcos Buckeridge. Foi possível constatar mudanças históricas, como na composição da poluição do ar após a proibição de adição de chumbo na gasolina, em 1989. Ainda mais específico, também constatou-se as diferenças que a mudança da direção dos ventos, ocorrida em 2006, causou na Tipuana. “Todas as variações nos anéis de crescimento de árvores são fundamentais para a gente entender o passado, e aprender com as lições para olhar para o futuro”, completa o professor.

Em espaços tombados, como o Parque da Independência, há Tipuanas que florescem em verde e amarelo – Foto: Webysther/Wikimedia Commons – CC BY-SA 4.0

Foto aérea do Parque da Independência, repleto de árvores e verde em volta, cercado de prédios.

A inserção da Tipuana na urbanização

Atualmente, a espécie não está autorizada amplamente para arborização, mas a legislação, que antes proibia o plantio de espécies estrangeiras, aumentou as possibilidades, permitindo sua presença em espaços tombados, enquanto no restante do espaço público ainda se dá prioridade para as nativas. Um desses locais, o Parque da Independência, contém Tipuanas que florescem em verde e amarelo. Essa restrição foi definida por causa da altura que essa espécie pode chegar e danificar a rede elétrica.

Em parceria com o Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, foi desenvolvido um software que determina até que altura a árvore vai crescer. Em paralelo, com a Escola Politécnica (Poli) da USP, uma metodologia que baseia-se no centro de gravidade de cada unidade, permitindo um maior controle. Mesmo assim, o recomendado é que o crescimento da espécie aconteça em espaços grandes para não afetar nenhuma estrutura ou causar riscos para a vida das pessoas caso caiam. “Essa abertura na lei foi muito comemorada, assim nós conseguimos estudar melhor e dar o devido valor pelo histórico de serviços prestados por ela”, completa o professor.

Ainda que venha de fora, outra vantagem da Tipuana é não ser invasora para a vegetação nativa, mas também adepta ao clima. “Isso é muito importante quando se pensa em implementar uma espécie numa cidade, ver se ela não pode ser predatória para outras”, ressalta Giuliano. Além disso, os benefícios que ela traz para a cidade são expressivos; sua longa trajetória dentro do município, o benefício estético da urbanização por aumentar a área verde, a quantidade de água produzida por evapotranspiração, e, principalmente, a redução da temperatura que ela causa na superfície, imprescindível para os próximos anos de aumentos da temperatura terrestre.

A Tipuana não é a árvore do futuro, mas definitivamente deve fazer parte dele. “Não é possível apostarmos todas as nossas fichas nela, mas, sabendo dos benefícios que ela traz, o mínimo que podemos fazer é continuar plantando”, afirma Giuliano. Ela já faz parte da paisagem de São Paulo, e que bom que alguém no passado tomou essa decisão, mas não deve ser a única. O aumento da biodiversidade é o caminho para um futuro minimamente confortável para a permanência humana. “Eu concordo, acho que mais espécies são o caminho, mas não muitas porque não haverá força-tarefa científica para cuidar”, alerta Buckeridge.

O artigo foi publicado na revista Urban Climate.

Mais informações com Giuliano Locosselli em locosselli@cena.usp.br

*Estagiário com orientação de Luiza Caires

*Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado

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