terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sonho que se sonha junto é realidade!

Belo exemplo de luta do Marcos Palmeira! Pretendo trabalhar em um projeto semelhante, graças ao meu amigo Roberto.
alexandre

A fazenda Vale das Palmeiras surgiu de um sonho de criança, no interior da Bahia, quando eu e o meu amigo Rildo, debaixo dos nossos 13 anos, firmamos um pacto: um dia teríamos um pedaço de chão juntos para que pudéssemos criar gado e cavalo. Em 1987, depois de muito procurarmos, me deparei com uma fazenda produtora de hortaliças em Teresópolis.


Decidi que ali seria o lugar para começarmos o sonho. Adquiri a propriedade com todas as minhas economias e iniciamos ali o aprendizado sobre a importância de se produzir alimentos. Depois de um período inicial totalmente nos moldes convencionais, descobri que os produtores não comiam o que plantavam.....

http://www.fazendavaledaspalmeiras.com.br/index.php/a-fazenda/



Continuamos sonhando que um dia viveremos num mundo sustentável.



Que a agroecologia se multiplique e que o Brasil se torne o maior celeiro de produtos orgânicos do mundo.

O problema da fome é parecido com o do dinheiro. Não falta comida. Ela esta é mal distribuída, assim como o dinheiro.

Estamos às ordens para dividirmos conhecimento e aprendermos mais com a vida e com as pessoas!

Como diz o poeta: sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade!



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A mentira sobre os agrotóxicos

Por: Tini Schoenmaker Stoltenborg


A revista “Veja” publicou uma reportagem com o título “A verdade sobre os agrotóxicos” saindo em defesa dos mesmos. A fabricação e venda de agrotóxicos é um negócio bilionário no mundo e mais ainda no Brasil, campeão de uso.

A publicação dos resultados das análises de hortifruti pela Anvisa, apontando produtos com excesso de resíduos de agrotóxicos e resíduos de agrotóxicos proibidos, incomoda, e muito, este setor. A maior preocupação passou a ser como minimizar os efeitos dos dados da pesquisa e evitar que consumidores conscientes se tornem adeptos dos orgânicos. O caminho que escolheram foi encontrar pessoas e uma revista de opinião dispostas a servirem de porta-voz.

O artigo diz que agrotóxicos levam erroneamente a palavra 'tóxico'. O nome correto seria 'defensivos agrícolas'. Esta afirmação não bate com a caveira presente nas embalagens dos mesmos e a necessidade de aplicar estes 'defensivos' com EPIs: as pessoas usam botas, luvas e máscaras e roupas de calça e manga compridas que devem ser lavadas isoladamente após cada uso. E ainda bem que a lei de segurança no trabalho exige isto, pois se trata de veneno mesmo. Porém o artigo diz que não fazem nenhum mal comprovado à saúde, mesmo com um resíduo excedente. Logo esta mentira foi desmascarada com a notícia nos jornais e TVs de que os EUA poderiam proibir a entrada de suco de laranja brasileira caso comprovasse conter excesso do fungicida 'Carbendazim', que provoca infertilidade e diminuição de testículos em testes com animais e por isso mesmo tem seu uso proibido nos pomares dos EUA.

A estratégia foi também diminuir os benefícios dos orgânicos chegando a esta frase anticientífica: “de modo geral, não há diferenças significativas entre os hidropônicos e os alimentos convencionais ou orgânicos”. No nosso site há muitos artigos com dados científicos que comprovam o contrário. Os próprios agricultores convencionais têm consciência da toxicidade dos produtos que usam. Temos clientes, eles mesmos produtores convencionais de batatas, que fazem questão de comprar nossas batatas orgânicas e demais hortifrutis orgânicos. Conheço uma fazenda produtora de laranjas convencionais. As laranjeiras perto da colônia de casas são bem menos pulverizadas, pois são destinadas para o consumo das famílias moradoras. Joop visitou um sitiante esta semana que arrendou parte da sua terra para o plantio de jiló. Joop perguntou se comia muito jiló e recebeu esta resposta: “Não. Dá até desgosto de ver o quanto é pulverizado”.

E o que há de especial nos orgânicos? Uma cliente nossa disse que o marido tinha câncer na língua. Fez tratamento, mas ela acha que o que mais contribuiu para a cura foi a mudança para a alimentação orgânica. Uma das verdades sobre os agrotóxicos é que é impossível fazerem bem à saúde das pessoas e do planeta. Precisamos de um mutirão gigante para diminuir o seu uso. O mundo será melhor no dia em que não forem mais usados e todo alimento for orgânico!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Em defesa do aguapé

Purificando a água, o aguapé contribui para a sua reoxigenação. Ele faz gratuitamente este trabalho. É apenas lógico que alguns o considerem subversivo.

 
Dupla surpresa me causou a leitura de um artigo de jornal, assinado por um professor de botânica. Surpresa agradável pela coragem que o professor demonstra ao denunciar a tecnobur(r)ocracia que é a desgraça deste sofrido País, desagradável na demonstração de pensamento reducionista. Não esperava uma afirmação tão ecologicamente absurda como esta: "o aguapé causa total desequilíbrio ecológico onde quer que apareça".


Já estou vendo os tecnocratas em campanha de erradiacação do aguapé, aplicando herbicidas, provavelmente 2,4-D, nos corpos d'água. Aliás, pelas informações que tenho, isto já foi várias vezes feito em represas de São Paulo. Sei dos desastres ecológicos causados pelo combate ao aguapé no Sudão. Os resultados são os piores possíveis. O aguapé morto acaba indo ao fundo. Ali agrava os problemas da poluição. Sua decomposição consome ainda mais oxigênio do que já é consumido pela carga poluente. Longe de constituir desequilíbrio ecológico, a proliferação violenta do aguapé em água poluída tende, justamente, a eliminar a causa do desequilíbrio. Purificando a água, ele contribui para a sua reoxigenação.

 
As altas cargas orgânicas provenientes dos esgotos domésticos aumentam o que os sanitaristas chamam DBO, ou seja, a demanda biológica de oxigênio. Trata-se do consumo de oxigênio requerido pelas bactérias que fazem a decomposição da matéria orgânica. Um DBO elevado acaba matando todos os organismos que precisam de oxigênio, desde o protozoário até o peixe. No estágio final de uma elevada poluição orgânica sobram apenas bactérias anaeróbias, bactérias que vivem em condições de ausência de oxigênio. Estas bactérias produzem substâncias tóxicas e gases mal-cheirosos.




Nos estágios secundários das estações de tratamento de esgotos, quando concebidas em esquema tecnocrático, o efluente costuma ser violentamente agitado, ou se faz injeção de ar para que surja o "lodo ativado" que está constituído de bactérias aeróbias, bactérias que só proliferam na presença de oxigênio, de algas e de protozoários. Estas instalações são extremamente caras e as potentes máquinas de agitação ou injeção de ar têm enorme consumo de energia. Ora, o aguapé faz gratuitamente este trabalho. É apenas lógico que alguns o considerem subversivo, assim como para outros são subversivas as bactérias que, num solo vivo, fixam gratuitamente o nitrogênio no ar. A tecnocracia prefere fixar este nitrogênio com imensos gastos de energia, em suas gigantescas usinas de síntese do amoníaco, para vendê-lo a preço de ouro ao agricultor, em vez de ensinar-lhe como manejar ecologicamente o solo e fazer as bactérias trabalharem para ele.


 


Voltando ao aguapé, ele propicia em suas raízes a proliferação de toda uma comunidade viva, constituída de bactérias aeróbias, algas, protozoários ou pequenos crustáceos e larvas de insetos ou moluscos, que fazem trabalho equivalente ao do lodo ativado das estações secundárias convencionais. Ele vai além, ele faz também o serviço das estações terciárias que, em geral, não são implantadas devido a seu alto custo. Além de absorver diretamente parte da matéria orgânica solúvel, o aguapé absorve os sais minerais resultantes da decomposição da matéria orgânica pela microvida que ele abriga.




Aqueles que consideram o aguapé como uma praga queixam-se de sua rápida proliferação. Mal sabem eles que em águas puras ele não tem vez, não consegue crescer, fica parado. Nos rios de águas claras e nos rios de águas negras do Amazonas o aguapé não prolifera como o faz nos rios da Flórida, Mississipi, Louisiana ou em nossos rios poluídos. No Amazonas ele só cresce com força nos rios barrentos, como o Solimões. Conheço banhados bem equilibrados onde ele mal sobrevive; noutros, bem poluídos, ele cobre tudo. Em minhas lagoas de purificação de esgotos, no verão, ele consegue crescer até oito por cento ao dia. Não há planta mais eficiente que o aguapé em aproveitamento de energia solar e nutrientes. Mas é nisso que está sua grande utilidade. Sua taxa de crescimento é indicação biológica do grau de poluição. Ele é um termômetro de poluição, ao mesmo tempo em que constitui magnífico instrumento para purificação de águas.



Se a proliferação do aguapé constitui problema, a solução não está na simples eliminação ou não introdução, está no manejo.



Pessoalmente, há mais de dez anos venho trabalhando com plantas aquáticas. O aguapé comum, a Eichhornia crassipes, é apenas uma entre dúzias de plantas extremamente interessantes. Aqui no Sul, em nosso clima subtropical, a Eichhornia não cresce no inverno, quando as temperaturas baixam de 20 graus. Para trabalho intensivo em lagoa de purificação pode-se usar outras espécies, nativas da região, como algumas Heterântheras, Hidrocótiles ou Enhydras, ou mesmo Pistias e Salvínias. Para efeitos especiais, pode-se introduzir plantas menores, como Lemnas, Spirodela e mesmo Wolffias. Estas últimas são indicadores biológicos mais precisos que a Eichhornia. A presença ou ausência destas plantas aquáticas minúsculas em certas partes das lagoas me dizem mais sobre a qualidade da água do que muita análise. Os melhores resultados se obtém com consorciações, não com monoculturas de plantas aquáticas.



Por isso, onde posso, trabalho com banhados naturais. Em Pelotas, numa fábrica de óleo de soja, há quatro anos funciona um esquema de purificação do efluente em um pequeno banhado natural. Havia e continua havendo mais de 50 espécies de plantas aquáticas. Pouco a pouco, a comunidade vai se estratificando dentro do lago, ficando cada espécie naquela parte do lago em que a qualidade da água mais corresponde às suas exigências. O aspecto mais gratificante neste tipo de trabalho é ver como aumenta a fauna aquática: sapos, rãs, pererecas, cobras, peixes, aves e mamíferos. Iniciamos outro esquema, também em Pelotas, há pouco tempo: desta vez, trata-se de purificar os efluentes cloacais de todo um bairro, ainda em banhado natural.



É claro que uma purificação eficiente só se consegue em lagoas ou banhados bem dimensionados e manejados. Mas isso não quer dizer que seja desprezível o efeito benéfico do aguapé que prolifera livremente em rios e lagos poluídos. Também nesses casos o aguapé pode ser manejado para não chegar a ser "praga". O excesso deve ser colhido sistematicamente, para manter constante a área coberta. Também se pode mantê-lo afastado de pontos sensíveis, como turbinas, bastando fazer barreiras flutuantes. Nunca se deve deixar que prolifere a ponto de cobrir completamente um corpo d'água. Quando ele se aperta demais, parte da massa vegetal afunda e temos o efeito que mencionamos anteriormente.



E o que fazer com a biomassa colhida?



Num país com tantos solos exaurido, desestruturados, sem vida, sem húmus, erodidos, nada melhor do que este tipo de biomassa. Só a falta de imaginação limita seu uso.



O aguapé pode ser aplicado, simplesmente, como cobertura orgânica morta (mulching), em pomares, vinhedos, hortas, jardins e praças. Aliás, em São Paulo, por que não usar o "desfrute" do aguapé da Billings para recultivar algumas das grandes e feias chagas de terraplenagem especialmente ao longo das estradas, ou nos terrenos dos BNHs que hoje, não sei por qual perversão mental de seus planejadores e arquitetos, só se levantam depois que maquinária pesada tiver transformado a terra em paisagem lunar.



A biomassa colhida permite também fazer um excelente composto, um dos melhores. O material se decompõe rapidamente, devido a seu alto conteúdo de água, e forma medas bem arejadas, que não precisam ser revolvidas até amadurecerem, O composto resultante é rico também em macro e micronutrientes.


Em floricultura descobri que aguapé seco e compactado, especialmente quando se trata das variedades gigantes da Salvínia, é excelente substrato para orquídeas. Muito melhor que o xaxim - e o crime que hoje se comete com o xaxim é gritante.

Mas muitas das espécies aquáticas, entre elas a Eichhornia, a Heteranthera, a Enhydra, são boa forragem. O caboclo na Amazônia, que vive em casas flutuantes nas margens dos rios, costuma colher Eichornia para seus porcos. Muares também aceitam muito bem esta planta. A vaca gosta muito da Enhydra, mas só aceita a Eichhornia se for seca, picada e introduzida na ração. Mas o búfalo gosta do aguapé. O porco também gosta da Heteranthera.



Na China faz-se um bom papel de Eichhornia. Sua celulose está livre de lignina. Uma fábrica de celulose de aguapé não teria o problema da poluição com a lixívia negra. Ao separar a celulose, sobra proteína, mais de 20% da massa seca. As fábricas de celulose deveriam investigar esta planta. Enquanto que numa monocultura de eucalipto, em condições propícias, a produção de biomassa dificilmente alcança 30 toneladas / hectare/ ano, a Eichhornia, em clima tropical e em água bem poluída, pode facilmente produzir entre 150 a 300 to/ha/ano, em base de matéria seca, com mais uma vantagem: a primeira colheira no eucalipto se faz aos sete ou oito anos, na Eichhornia podemos começar a colher em dois ou três meses. A celulose seria subproduto da purificação de águas cloacais ou efluentes industriais, como os de laticínios, frigoríficos e alguns outros. Esta purificação por si só já justifica o custo das lagoas.



Há os que propõem utilizar o aguapé para retirar metais pesados de águas poluídas. De fato, o aguapé pode retirar metais da água. Mas este é outro enfoque reducionista, é varrer lixo para baixo do tapete. Os metais devem ser retidos na fonte, na própria fábrica. No caso do cromo, em curtumes, por exemplo, a reciclagem na fonte significa renda adicional. A instalação se paga em poucos meses. Se usarmos o aguapé para captar metais pesados, o que fazer com a biomassa colhida? Ela estará contaminada. Teremos de levá-la para um aterro "sanitário". Que absurdo!



Quem sabe, a atual crise nos faça repensar muita coisa. Por que não trabalhar com a Natureza, em vez de combatê-la sempre? Quanto emprego estaríamos criando. Quanto jovem biólogo, agrônomo, engenheiro, químico, teria trabalho fascinante pela frente. Que pena que estejamos fechando horizontes, quando o que precisamos é abri-los.

José Lutzenberger
Ecologia - Do Jardim ao Poder. L&PM Editores Ltda. Porto Alegre 1985
Texto recopiado em 1998 por Carla, secretária de Claudia Steiner (Fundação Gaia de Manaus)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Bayer continua matando abelhas em todo o planeta




Enquanto a companhia alemã Bayer continuar fabricando e vendendo agrotóxicos neonicotinóides, populações de abelhas no mundo todo serão mortas.

É responsabilidade da Bayer o fenômeno conhecido como transtorno do colapso de colônias (CCD) – problema da mortalidade de colônias de abelhas – e está inserido entre os casos que serão apresentados de 3 a 6 de dezembro, no Tribunal Permanente dos Povos (TPP), em Bangalore (Índia) durante a sessão que processará as seis maiores multinacionais agroquímicas por violações dos direitos humanos.

“A morte das abelhas é um problema global e é fundamental discutir este tema e encontrar soluções internacionalmente. É um bom sinal que o TPP, como uma iniciativa global, aborde este tema, que é um problema ambiental e uma ameaça econômica”, disse Philipp Mimkes, porta-voz da Coalizão contra os perigos da Bayer, um grupo com sede na Alemanha.

Mimkes revelou que os imidaclopride (Gaucho) e clotianidina (Poncho) são os pesticidas mais vendidos da Bayer, apesar destes produtos, conhecidos como neonicotinóides, estarem ligados à morte de colônias de abelhas.

Em 2010, as vendas do Gaucho alcançaram a cifra de US$ 820 milhões e do Poncho US$ 260 milhões. Gaucho ocupa o primeiro lugar entre os agrotóxicos vendidos pela Bayer, enquanto o Pancho está em sétimo lugar. “Esta é a razão da Bayer, apesar dos graves prejuízos ambientais, lutar com unhas e dentes contra qualquer proibição na aplicação dos neonicotinóides”, afirma Mimkes.

Na Europa, em vários países o uso dos neonicotinóides foram proibidos. Na Alemanha, Itália, França e Eslovênia o Gaucho foi proibido no tratamento das sementes de milho, que é sua principal aplicação. No entanto, sua utilização é livre em vários países, incluindo os EUA, onde desde 2006, um terço da população de abelha já morreu.

As abelhas polinizam mais de 70, entre 100, culturas que fornecem 90% de alimentos do mundo. Entre frutas e vegetais, estão, por exemplo, as maçãs, laranjas, morangos, cebolas e cenouras. O declínio na população de abelhas tem efeitos devastadores para a segurança alimentar e é meio de subsistência dos agricultores. Além disso, pode afetar o valor nutricional e a variedade de nossos alimentos.

Diminuição das populações de abelhas

O termo CCD é utilizado para descrever a drástica diminuição das populações de abelha no mundo, que começou na década de 1990 – mesmo período em que os neonicotinóides entraram no mercado. Em 1994, a população de abelhas começou a morrer na França e mais tarde na Itália, Espanha, Suíça, Alemanha, Áustria, Polônia, Inglaterra, Eslovênia, Grécia, Bélgica, Canadá, EUA, Brasil, Japão e Índia.

Os neonicotinóides são uma classe de pesticidas que estão quimicamente relacionados com a nicotina. Eles são absorvidos pelo sistema vascular da planta e são liberados através das gotas de pólen, néctar e água que as abelhas se alimentam.

Embora o CCD seja causado, provavelmente, por vários fatores, incluindo estresse em função da apicultura industrial e a perda de seu habitat natural, muitos cientistas acreditam que a exposição aos pesticidas é um dos fatores mais críticos. Os neonicotinóides são de interesse particular por ter efeito cumulativo e subletais sobre as abelhas e outros insetos polinizadores. Estes efeitos incluem transtornos do sistema neurológico e imunológico refletidos aos sintomas observados nas mortes de abelhas.

O CCD tem um sério impacto sobre a economia dos apicultores de todo o mundo. Nos EUA, o volume dos negócios ligados a abelhas é de US$ 15 bilhões e as perdas em função do CCD são estimadas em 29 a 36% por ano.

Em 1991, a Bayer começou a produzir o imidadoprid, que é o mais utilizado em culturas de hortaliças, girassol e, especialmente, em milho. Em 1999, no entanto, a França proibiu o imidadoprid, após constatar que um terço das abelhas morreu após sua utilização. Cinco anos depois, também foi proibido no tratamento do milho.

A Bayer agora produz a clotiadina, uma sucessora do imidadoprid. Entrou no mercado americano em 2003 e no alemão em 2006. A clotiadina também é um neonicotinóides e altamente tóxico às abelhas.

Um estudo recente das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) descreveu que os pesticidas da Bayer imidacloprid e clotiadina colocam em risco diversos animais como gatos, peixes, ratos, coelhos, pássaros e minhocas. “Os estudos de laboratório demonstraram que estes produtos químicos podem causar a perda de direção, afetar a memória e o metabolismo cerebral e levar à mortandade”, revela o informe da Pnuma.

Devido ao seu alto grau de persistência, os neonicotinóides podem permanecer no solo durante vários anos. Os cultivos onde foram utilizados agrotóxicos anteriormente podem levar as toxinas para o solo através de suas raízes.

Em 2008 em Baden-Wuerttemberg, sul da Alemanha, morreram dois terços da população de abelhas após a clotianidina ser aplicada no tratamento de sementes de milho. Isto levou a uma perda de 17 mil euros. Foi comprovado que 99% das abelhas mortas continham clotianidina. As mariposas e outros insetos também morreram.

Pressão para deter os neonicotinóides

Segundo Mimkes, o grupo “está fazendo campanha contra os neonicotinóides desde 1997, quando os riscos ainda eram praticamente desconhecidos pelo grande público. É preciso pressionar para que a Bayer pare a fabricação e comercialização desses pesticidas, que são responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente e por prejuízos econômicos.

A novidade mais importante é que hoje em dia há milhares de informações, artigos e estudos do mundo todo sobre a correlação da exposição aos agrotóxicos, tais como os imidacloprid e clotiadina, e o declínio geral das abelhas. Apicultores e os grupos ecologistas em muitos países estão ativos e pressionando os governos e as autoridades para protegerem as abelhas”, disse.

Os ativistas recolheram 1,2 milhões de assinaturas para exigir que a clotianidina fosse retirada do mercado e elas foram apresentadas ao diretor geral da Bayer durante uma reunião de acionistas. O abaixo-assinado foi em função de uma nota interna dos EUA – agência de proteção ambiental (EPA) – que confirmou o risco que o agrotóxico representa para as abelhas e descreve que a Bayer apresentou estudos insuficientes.

Em 2003 a EPA solicitou que a Bayer apresentasse um estudo do ciclo de vida e os efeitos da clotianidina sobre as abelhas. A Bayer pediu mais tempo para terminar a pesquisa, continuou vendendo o produto e somente em 2007 apresentou o estudo.

Um memorando vazado diz que a EPA concedeu permissão a Bayer para realizar estudo sobre o óleo de canola, em vez do milho, uma distinção crucial já que a canola é um cultivo menor em comparação ao milho. Os testes foram realizados em terrenos pequenos e próximos uns aos outros.

A próxima reunião do TPP incluirá em sua acusação os governos e instituições que, em alguns casos, foram coniventes com as empresas transnacionais de agrotóxicos, violando o direito à vida, à saúde, entre outros direitos básicos.

Segundo Mimkes, “os PPT anteriores ajudaram a pressionar as empresas e esperamos que o próximo impulsione à campanha para deter a morte massiva de abelhas”.


O TPP tem raízes históricas nos tribunais sobre a guerra do Vietnã e nas ditaduras da América Latina. Em época mais recente à globalização corporativa, tem abordado e denunciado as multinacionais que operam acima das leis nacionais e cometem violações dos direitos humanos impunemente.

A próxima reunião do TPP terá como meta denunciar as transnacionais de agrotóxicos como Monsanto, Syngenta, Bayer, Dow Chemical, DuPont, Basf e mais seis empresas ligadas ao controle de alimentos e do sistema agrícola.

Tradução: Sandra Luiz Alves

Informação adicional: Permanent Peoples´ Tribunal www.agricorporateaccountability.net/en/page/general/20

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