O Brasil tem uma vasta área geográfica, ladeado por diversos ecossistemas muito diferentes e cada um com seu potencial.
O crescimento anual do uso de fertilizantes quimicos/convencionais, segundo a Associação Nacional de Difusores de Adubo (ANDA), é de 4,6% ao ano. A agricultura, cuidados com as plantas, pecuária e jardins necessitam de nutrientes diferentes daqueles “NPK” que estamos acostumados a aplicar nos nossos jardins e lavouras.
Neste artigo vamos procurar mostrar uma outra linha de adubação, que é a não convencional. Ressaltamos que estamos longe de demonizar ou de desestimular o adubo químico tradicional, queremos trazer aqui uma visão diferente e alternativa para poder reaproveitar importantes recursos que podem ser encontrados na sua propriedade ou mesmo em sua casa.
Assim como qualquer outro adubo orgânico, ou seja, proveniente de fontes vivas (estercos, palhas, cinzas, folhas) tem a função de alimentar e principalmente, proteger a planta, pois plantas bem nutridas são plantas saudáveis.
O equilibrio de nutrientes é essencial para o desenvolvimento de qualquer planta.
A Lei de Liebig, também conhecida por “teoria do barril” é um princípio utilizado principalmente na agricultura que estabelece que o desenvolvimento de uma planta será limitado pelo nutrientes faltoso ou deficitário, mesmo que todos os outros elementos ou fatores estejam presentes.
Foi desenvolvida pelos estudos em agricultura convencional no século XX, decorrente dos avanços científicos produzidos por Carl Sprengel, no início do século XIX, posteriormente popularizados por Justus von Liebig em seu livro Aplicações da química orgânica na agricultura e fisiologia, de 1840
O biofertilizante pode ser uma importante fonte de nutrientes
Bio = vida, logo, BIOFERTILIZANTE é todo adubo de origem orgânica. Os biofertilizantes líquidos passam por processos de fermentação ou seja, em um processo de decomposição.
Mas não se trata simplesmente de um processo ao acaso, o equilíbrio das matérias primas, a fonte de água e a técnica utilizada são essenciais para que tenhamos atingidos nossos objetivos!
Quais fontes podemos usar para fazer os biofertilizantes:
- Estercos bovinos.
- Cama de aviário.
- Estercos suínos.
- Composto orgânico
- Estercos avícolas.
- Fontes químicas (rochas, pós, minerais).
- Restos de plantas.
Como fazer o biofertilizante
Após misturar as matérias primas em um recipiente (vamos falar um pouco mais adiante), há basicamente duas maneiras de fazer:
- Usar um mecanismo de forçar o ar a entrar na mistura (mexendo frequentemente ou soprando ar dentro da mistura)
- Fazer em um recipiente ou tanque de grande superfície de contato com a atmosfera, ou seja, com grande superfície, com relação ao seu volume.
O ar ajuda as bactérias a se reproduzirem. Ao forçar o contato com o ar, estamos estimulando o crescimento de bactérias aeróbicas e bactérias anaeróbicas.
Regras de ouro para fazer seu biofertilizante
Use uma parte de esterco (ou de outra matéria prima) para 1,5 a 2 partes de água, mexa bem essa mistura. Se estiver disponível, convém adicionar soro de leite ou caldo de cana. Estes ajudam a nutrir os microorganismos da sua mistura.
A água a ser utilizada não pode ter cloro. É necessário tirar o cloro da água. O cloro pode ser retirado se deixar água descansar por 3 dias em um recipiente aberto.
A temperatura ideal para reprodução dos microorganismos é de 38oC. Se você estiver numa região fria, seu biofertilizante pode demorar até 90 dias para ficar pronto.
Como saber se o biofertilizante está pronto?
A mistura deve ter um odor agradável e você deve notar a separação entre a parte sólida e líquida da mistura inicial!
Após pronto, você pode guardar seu biofertilizante em um recipiente não hermético, pois como existem microorganismos na mistura, existe também a liberação de gases.
Como age o biofertilizante? Ele é igual a um defensivo?
Não! A ação é diferente! Enquanto o defensivo mata algum organismo que está parasitando ou fazendo nossas plantas sofrerem, o biofertilizante estimula as defesas da planta, pois ao nutrir adequadamente e de uma forma mais completa, a planta tem “armas” biodisponíveis para atacar as pragas!
Receita de biofertilizante: super-magro.
O super-magro é talvez o biofertilizante mais conhecido, começou a ser usado nas lavouras de maçã, em Ipê/RS.
As quantias abaixo são para fazer 250 litros. Você pode adaptar essa receita ao volume que quer (basta fazer uma regra de 3):
Material básico necessário:
- 30 litros de esterco fresco de vaca
- 60 litros de água não tratada
- 2kg de sulfato de zinco
- 1kg de cal hidratado
- 3kg de fosfato natural
- 1,3 kg de cinzas
- 300g de sulfato de manganês
- 300g de sulfato de ferro
- 50g de sulfato de cobalto
- 50g de molibdato de sódio
- 1,5kg de bórax
- 300g de sulfato de cobre.
- 28litros de leite ou soro de queijo sem sal (opcional)
- 14 litros de melado ou 28 de caldo de cana
Modo de preparo:
Misture os ingredientes 3 a 12, dividir em 7 porções iguais. Guarde estas porções para uso posterior.
- Num tonel de 250litros misture os 30 litros de esterco + 60 litros de água + 2 litros de leite + 1 litro de melado (ou 2 de caldo de cana)
- após 2 a 3 dias adicione 1 porção da mistura dos pós + 2 litros de melado (ou 4 de caldo de cana) + 10 litros de água, misture com o material do tonel.
- Repetir esta etapa a cada 2 a 3 dias, até consumir as 7 porções dos pós.
- Após misturar tudo (+- 21 dias) complete o tonel com água. Deixe 20cm para a emissão dos gases da fermentação.
- Deixar o tonel preferencialmente em local que pegue sol o dia todo. Não impeça a saída de ar do tonel.
Como usar o super-magro ou biofertilizante
Dilua a calda pronta. Use 30mL para cada 1 litro de água. Pulverize a cada 10 a 15 dias.