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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Dia de campo na tv - Sistema integrado de produção agroecológica


A produção vegetal é baseada no cultivo de hortaliças, fruteiras tropicais, café, cereais e leguminosas (utilizadas como adubos verdes), totalizando cerca de 50 espécies vegetais. Priorizam-se pesquisas nas áreas de manejo conservacionista do solo, consórcios e rotações de culturas, sistemas agroflorestais e controle alternativo de fitoparasitas. Com a produção animal, busca-se viabilizar a integração desse sistema de produção. Atualmente, tais atividades estão relacionadas ao manejo orgânico de pequenos rebanhos de bovinos de leite e de aves poedeiras.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Adubação com Pó de Rocha - Universídade de Brasília




Pesquisas em desenvolvimento no país buscam aprimorar a técnica de rochagem, que utiliza o pó de rochas como substituto dos fertilizantes químicos nas plantações

Quando ouve falar em rocha, a maioria das pessoas imagina um obstáculo, um objeto de estudo geológico ou mesmo ornamental. O que poucos sabem, no entanto, é que essa "pedra no caminho" pode ser também um potente fertilizante para a agricultura, rico em nutrientes capazes de desenvolver plantas mais fortes e saudáveis para o consumo humano. E isso tudo a um custo bem mais baixo que o dos produtos usados atualmente.

O Brasil precisa importar 90% dos fertilizantes utilizados na agroindústria, todos químicos. Isso porque o solo tropical é muito antigo e, por conta do processo dinâmico e natural do tempo, acabou perdendo importantes nutrientes, como potássio, fósforo, cálcio e magnésio, considerados a "base alimentar" das plantas. Uma alternativa para essa escassez e ótimo substituto para os produtos importados é a rochagem, técnica que utiliza o pó de rochas - especialmente das vulcânicas - para fortalecer o solo (veja arte).

As vantagens do método são muitas. Além de dispensar o uso de produtos químicos, a rochagem exige uma recarga de nutrientes do solo a cada quatro anos apenas, enquanto na adubação tradicional ela é feita anualmente. "É a fertilização da terra pela terra", resume Suzi Maria Córdova, pesquisadora da Universidade de Brasília (UNB). Segundo ela, o Brasil tem uma geodiversidade imensa, que pode suprir a demanda de fertilizantes importados.

O grande desafio está em identificar as rochas que contenham os principais nutrientes necessários à agricultura, assim como apontar aquelas com metais que possam contaminar o meio ambiente e, por isso, precisam ser evitadas no processo. "As rochas utilizadas devem ser fontes naturais de fósforo, potássio, cálcio e magnésio, além de possuir uma série de micronutrientes indispensáveis à nutrição vegetal", explica Suzi.

As que apresentam maior potencial para virarem fertilizante são as ricas em minerais silicáticos de solubilidade moderada. De acordo com Éder Martins, pesquisador da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, se o pó de rocha for muito solúvel seus nutrientes se espalham pelo solo e a planta não consegue absorvê-los. "Esse é um dos problemas dos fertilizantes químicos. Eles são tão solúveis que os nutrientes se perdem na terra." Entre as rochas mais utilizadas na rochagem estão a biotita, flogopita, feldspatoides e zeólitas, encontradas em abundância nos estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia e Tocantins.

Investimento

Segundo Martins, os estudos sobre a rochagem são uma demanda do governo federal, preocupado em reduzir os gastos com a importação de fertilizantes. Em 2008, o país gastou US$ 10 milhões com esses produtos. A adoção da nova técnica pode representar uma economia de até US$ 7 milhões por ano para os agricultores brasileiros. "A intenção não é acabar com a importação, mas diminuí-la", informa o cientista.

A rochagem ainda consegue aliar dois setores que, tradicionalmente, não possuem interação e são considerados grandes vilões ambientais: mineração e agricultura. O problema do primeiro (excesso de resíduos) pode se transformar em solução para uma necessidade do segundo (fertilizantes). "Os subprodutos ou rejeitos gerados em muitas minerações já se encontram, em sua maioria, triturados ou moídos, o que facilita a incorporação desses materiais aos solos", explica Martins.

Suzi Córdova ressalta que a técnica incorpora vários princípios da agroecologia, uma vez que não tem um foco exclusivo na produção, mas, também, na sustentabilidade ecológica e socioeconômica do sistema de produção. "A rochagem é uma técnica de baixo custo e acessível ao pequeno agricultor, o que viabiliza sua inclusão no mercado."

O Sul do país é a região que mais utiliza o método, por conta da diversidade de rochas ricas em nutrientes na região. Para Martins, é importante analisar a viabilidade econômica de transporte dessas rochas. "A utilização dessa técnica só é vantajosa se as rochas estiverem a uma distância de, no máximo, 200km da fazenda." Isso porque, para cada hectare de plantação, são usadas 2t de pó de rocha. Os cientistas esperam ainda a normatização da tecnologia pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. "É preciso estabelecer uma regulamentação comercial e classificatória dessas rochas, além da criação de créditos para financiar o uso da rochagem", diz Suzi.

O número

US$ 7 milhões

Valor da economia que a disseminação da rochagem pode representar por ano ao país.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Como fazer adubo com o lixo orgânico que você produz em casa

Casca de fruta, casca de ovos, borra de café, erva mate,resto de verduras e legumes, iogurte… tudo isso pode virar adubo
O nome desse processo é compostagem. Quando você transforma seu lixo em adubo, pode oferecer ao solo um material rico em nutrientes (no caso de uma horta ou mesmo para as plantas do seu jardim) e, principalmente, ajuda a reduzir a quantidade de lixo que vai diariamente para os aterros e lixões do Brasil. Aprenda a fazer a compostagem doméstica e mãos à obra!
PASSO 1 – O recipienteVocê deve ter um recipiente para colocar o material orgânico. Pode ser um pote de sorvete, uma lata de tinta ou um balde. Vale usar a criatividade com o que estiver ao seu alcance. Se der para reaproveitar algum recipiente, melhor ainda. É importante furar o fundo. Você pode fazer isso manualmente, variando o tamanho dos buracos. É por eles que o chorume (líquido eliminado pelo material orgânico em decomposição) vai passar.
Um detalhe importante é que o chorume pode ser reaproveitado, pois, neste caso, é um fertilizante de alto potencial (já que é originado apenas de matéria orgânica). Você pode recolhê-lo e devolver à mistura da sua compostagem ou ainda jogar em plantas, diluído (anote a proporção: 1 copo de chorume para 9 copos de água).
PASSO 2 – A composteiraEmbaixo do recipiente no qual você vai colocar o material orgânico, deve haver outro que vai “recolher” o chorume. Pode ser uma bacia mais rasa, por exemplo. Ela não pode ficar em contato direto com a lata ou o pote, pois o chorume deve ter um espaço para escorrer. Use um calço – como pedaços de tijolo – para colocar em baixo da lata e deixá-la um pouco mais “alta” em relação à bacia. (A compostagem até pode ser feita em contato direto com o solo, mas neste caso o terreno deve ter boa drenagem e ser inclinado, para que o chorume não acumule em um local só).
PASSO 3 – Hora de colocar o lixoFazer compostagem em casa não é só jogar o lixo orgânico de qualquer jeito e deixar que a natureza faça “o resto sozinha”. Existe um método para viabilizar, facilitar e acelerar a decomposição do material orgânico. O segredo é sobrepor os tipos de resíduos orgânicos, ou seja, o processo é feito em camadas.
O que regula a ação dos microorganismos que vão decompor o material é a proporção de nitrogênio e carbono. Essa relação deve ser de três para um. Ou seja, uma camada de nitrogênio para três camadas de carbono. O que é nitrogênio? É o material úmido (o lixo, em si). O que é o carbono? É matéria seca, como papelão, cascalho de árvore, serragem, folhas secas, aparas de grama e palha de milho. (Se a relação for diferente desta, não significa que não ocorrerá o processo de compostagem, apenas que vai levar mais tempo).
E… pique, pique, pique! Quanto menor estiver o material que você colocar (tanto o seco quanto o úmido), melhor. Comece com uma camada de material seco, depois coloque o material úmido. Depois coloque outra camada de material seco, umedeça-o um pouco e continue o processo. É importante que a última camada (a que vai ficar exposta) seja sempre seca, para evitar mau cheiro. Uma opção é colocar cal virgem por cima. Outro detalhe essencial é: não tampe a composteira. O material orgânico não pode ficar abafado.  Ah, procure sempre manusear a sua composteira com luvas.
O que você pode usar:– Resto de leite;
– Filtro de café usado;
– Borra de café;
– Cascas de frutas;
– Sobras de verduras e legumes;
– Iogurte;
O que você não pode usar:– Restos de comida temperada com sal, óleo, azeite… qualquer tipo de tempero;
– Frutas cítricas em excesso, por causa da acidez;
– Esterco de animais domésticos, como gato e cachorro;
– Madeiras envernizadas, vidro, metal, óleo, tinta, plásticos, papel plastificado;
– Cinzas de cigarro e carvão;
– Gorduras animais (como restos de carnes);
– Papel de revista e impressos coloridos, por causa da tinta.
PASSO 4– Espere, mas cuideDepois que você montou toda a estrutura, é hora de dar tempo ao tempo. A primeira fase é de decomposição, quando a temperatura interna do material que está na composteira pode chegar a 70°C. Isso dura cerca de 15 dias, no caso da compostagem doméstica. Nesse período, o ideal é não mexer. Depois, revolver o material é super importante para fornecer oxigênio ao processo. Essas “mexidas” podem ser feitas de diversas formas: com um “garfo de jardim” ou trocando o material de lugar –  para uma outra lata, por exemplo.
Nesse ponto, você pode se perguntar: mas eu gero lixo orgânico todo dia. Posso jogá-lo na composteira diariamente? Melhor não. Você tem algumas alternativas. O ideal é acrescentar matéria orgânica cada vez que for “mexer” na sua composteira, ou seja, a cada 15 dias, mais ou menos. Nesse intervalo, guarde as suas cascas de frutas, verduras e o resto que for reaproveitável em um potinho na geladeira.
O tempo para ter o adubo final varia em função da quantidade de lixo usado e pela forma como a compostagem é feita. É possível chegar ao final do processo em 2 ou 3 meses. O indicativo de que o húmus (adubo) está pronto é quando a temperatura do composto se estabiliza com a temperatura ambiente. Para saber, use os sentidos: a cor é escura, o cheiro é de terra. E , quando o esfregamos nas mãos, elas não ficam sujas.
(Fonte: Escola de Jardinagem do Parque do Ibirapuera, em São Paulo/SP)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Lixo orgânico vira fertilizante natural - EPAGRI


Epagri/Escritório Municipal de Ouro Verde.


Resíduos orgânicos, como restos de comida, cascas de frutas e legumes e até as folhas que caem no jardim, não são lixo, mas matéria prima para a fabricação de fertilizante.

Esse material pode ser reciclado por meio da compostagem, um processo biológico em que os microrganismos o transformam em adubo orgânico. O fertilizante natural pode ser feito em casa para ser usado na agricultura, em hortas, jardins e até em plantas cultivadas em vasos.
Em Santa Catarina, um modelo de biodecompositor prático, barato, fácil de fazer e que ocupa pouco espaço tem chamado a atenção no campo e até na cidade. Nesse sistema, a compostagem é realizada dentro de uma bombona plástica tampada. “A principal vantagem é que todo o processo acontece em ambiente fechado, o que evita o mau cheiro e a propagação de parasitas e insetos. A ideia é válida tanto no interior quanto para quem vive na cidade”, explica Luciana Mees, extensionista da Epagri.

Como fazer

Para construir o biodecompositor são necessários uma bombona plástica de 200L com tampa com roscas, a metade inferior de outra bombona, uma torneira com flange, um pedaço de cano de 20” com aproximadamente 30cm e pedaços de sombrite. O equipamento custa cerca de R$ 75,00 se for necessário comprar todos os materiais. “O valor compensa pelo benefício que o biodecompositor traz do ponto de vista ambiental e também pela economia gerada na propriedade”, aponta Luciana.


A montagem é fácil e pode ser feita por qualquer pessoa. Com o auxílio de uma furadeira, são feitos vários furos no fundo da bombona inteira, como se fosse uma peneira. Em seguida, essa bombona é encaixada dentro da outra metade. No fundo da bombona furada são colocados pedaços de sombrite.

“O chorume, líquido que escorre do material orgânico, passa pelos furos da bombona inteira e fica armazenado no recipiente de baixo. O sombrite impede que o material entupa os furos”, explica a extensionista.
O passo seguinte é instalar uma torneira com flange na parte inferior da meia bombona, que é por onde o chorume será retirado. Perto da tampa da bombona superior, instala-se um pedaço de cano por onde sairão os gases do processo de compostagem.
Para evitar a entrada de insetos, é importante fixar um pedaço de sombrite ou outro tipo de tela na extremidade desse cano.

Praticidade

O manuseio do biodecompositor é simples. Os materiais orgânicos são colocados na bombona, que deve ser mantida tampada, e dentro dela acontece o processo de compostagem.
É importante revolver a massa com o auxílio de uma pá a cada adição de material. Deve-se evitar colocar carnes cruas e ossos, que tornam o processo muito lento e podem provocar o apodrecimento do composto e a proliferação de insetos.
O tempo de compostagem depende dos materiais colocados no biodecompositor, da temperatura ambiente e do manejo, mas geralmente varia de 90 a 180 dias. A qualidade do adubo também pode variar de acordo
com os materiais utilizados, mas é a mesma de qualquer composto orgânico produzido de outras formas. “O adubo está pronto quando está praticamente sem cheiro, com aparência de húmus.
Ele deve ser incorporado à terra dos canteiros”, explica Luciana.

Para mais detalhes sobre o biodecompositor, entre em contato com a extensionista Luciana Mees pelo
e-mail lucianas@epagri.sc.gov.br ou
pelo fone (49) 3447-0007.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Manual de Sobrevivência para o Século XXI - Floresta Comestível - Ep. 7


“Floresta Comestível” Até 2050, a população mundial deve chegar a 9 bilhões.
Para alimentar a todos, precisamos ter um novo olhar sobre
a produção agrícola e mudar a maneira de produzir, distribuir
e consumir o alimento. Nesse episódio, Marcos Palmeira
conhece alternativas reais ao sistema de plantio tradicional.
Na fazenda Olhos D ́água, no sul da Bahia, ele é recebido
pelo agricultor e pesquisador suíço Ernst Gotsch e conhece
os princípios da agrofloresta colocados em prática.
No interior de São Paulo, Marcos encontra Pedro Paulo Diniz,
pupilo de Ernst. Ele mostra como adaptou a agrofloresta para
a agricultura em larga escala.

sábado, 10 de outubro de 2020

Uso de caldas bioativas na agricultura orgânica - Programa Rio Grande Rural





A agricultura orgânica dispensa o uso de inseticidas e adubos químicos. A fertilização do solo e o controle de pragas e doenças é feito através de métodos não-venenosos. Como algumas caldas bioativas. No município de Arroio do Padre, os agricultores participaram de uma reunião, onde viram como preparar estas caldas.
Jornalista Gabriela Guido
Cinegrafista Fernando Veríssimo
Pelotas - RS

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Emater responde - DICAS Controle da formiga cortadeira - Programa Rio Grande R...



Homeopatia, agroecologia, controle biológico

I n f o r m a ç õ e s : Entre em contato com o Plantão Técnico pelo site www.emater.tche.br ou Escritório da Emater/RS-Ascar

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Morre, aos 99 anos, Ana Maria Primavesi, pioneira da agroecologia no Brasil!

Ao compreender o solo como um organismo vivo, a autora foi responsável por avanços no manejo ecológico na agricultura

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

A engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi, referência mundial em agroecologia e pioneira do tema no Brasil, morreu neste domingo (5) em decorrência de problemas cardíacos. O centenário da pesquisadora, nascida em 3 de outubro, seria celebrado em 2020. Ela defende a compreensão do solo como um organismo vivo e foi responsável por avanços nos estudos sobre o manejo ecológico do solo.

O velório e o enterro ocorrem a partir das 10h no Cemitério de Congonhas, no Jardim Marajoara, em São Paulo. O sepultamento será às 16h30.
Ao participar da segunda edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, em 2017, na capital paulista, a autora defendeu a relação entre homem e meio ambiente. "Sem a natureza não existimos mais, ela é a base da nossa vida. Lutar pela terra, lutar pelas plantas, lutar pela agricultura, porque se não vivermos dentro da agricultora, vamos acabar. Não tem vida que continue sem terra, sem agricultura", declarou enquanto autografava livros.

Trajetória 
Primavesi nasceu e cresceu na Áustria, onde adquiriu os primeiros conhecimentos no tema com os pais agricultores. Perseguida pelo nazismo, ela foi presa em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. 
Nos anos 50, veio para o Brasil, onde iniciou a carreira acadêmica e a atuação militante. Nessa época, a chamada 'Revolução Verde' disseminava novas práticas agrícolas que levaram ao crescimento desenfreado do agronegócio nos Estados Unidos e na Europa. 
No Brasil, Primavesi foi professora da Universidade Federal de Santa Maria, onde contribuiu para a organização do primeiro curso de pós-graduação em agricultura orgânica.
Foi também fundadora da Associação da Agricultora Orgânica (AOO) e ao longo de sua carreira recebeu uma série de prêmios, como o One World Award, da Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica (IFOAM).
Em entrevista ao Brasil de Fato em 2017, Carin Primavesi Silveira, filha da escritora, falou sobre a resistência da mãe ao longo da história ao desafiar a lógica do capital na agricultura.
“Teve muita resistência. Ela foi muito atacada. Agora, o que acontece? A evidência é o que a natureza está mostrando, porque a gente não pode ser contra a natureza, nós dependemos dela. Temos que trabalhar em comunhão com a natureza”, disse à reportagem.


Obras
Entre as obras de Primavesi, estão "A Convenção dos Ventos - Agroecologia em contos", "Manual do Solo Vivo", e "Manual Ecológico de Pragas e Doenças", as quais fazem parte de coleção da editora Expressão Popular. 
A biografia da agrônoma, "Ana Maria Primavesi - Histórias de Vida e Agroecologia", escrito pela também agrônoma Virgínia Mendonça Knabben, também foi publicado pela editora.
Em 2018, a Knabben lançou, no dia 3 de outubro, um site dedicado à autora: anamariaprimavesi.com.br.

Homenagens
Nas redes sociais, o deputado federal João Daniel (PT-SE) declarou: "Uma grande estudiosa, amou a natureza, cuidou da vida, estará presente sempre e merece todas as homenagens. Sempre estará presente". 
João Paulo Rodrigues, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), lamentou a morte da escritora. "É com muita tristeza que nós, do MST, recebemos a notícia do falecimento de nossa querida Ana Maria Primavesi, nossa maior estudiosa em solos e Agroecologia, a maior especialista em solos do mundo. Vai em paz e o MST continuará a defender o seu legado, cuidando da nossa terra."
Em nota, o MST afirmou que em frases como “não existe solo rico ou pobre; existe solo vivo ou morto”, a pesquisadora "ensinou ao homem e a mulher do campo e, com isso, plantou sementes em cada canto deste chão". O movimento diz ainda que "seguirá seu legado e seus ensinamentos na luta pela Reforma Agrária Popular e pela agroecologia".
Edição: Camila Maciel

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Prefeitura de BH começa a distribuir joaninhas para controle de pragas em hortas e jardins

Prefeitura de BH começa a distribuir joaninhas para controle de pragas em hortas e jardins
Coloridas e delicadas, as joaninhas são mais do que “insetos fofos”. Assim como outras espécies da natureza, elas prestam um importante serviço ambiental, que pouca gente sabe: elas fazem o combate biológico em hortas e jardins, ou seja, elas comem pragas e parasitas, como pulgões e cochonilhas, por exemplo.
Com a disseminação do uso de pesticidas, herbicidas e inseticidas no passado, muita gente deixou de usar esses aliados naturais. Mas nos últimos tempos, os efeitos nocivos da utilização de agrotóxicos começaram a ficar mais evidentes e conhecidos, com comprovação científica, inclusive (leia mais aqui).
Em Belo Horizonte, a prefeitura quer estimular o combate biológico entre aqueles que cultivam plantas e hortaliças em casa.
Em uma biofábrica no Parque das Mangabeiras estão sendo ‘produzidas’ joaninhas e crisopídios (outros tipos de insetos que fazem o controle de pragas).
Numa fase de testes, no ano passado, as joaninhas foram distribuídas gratuitamente em  hortas comunitárias e projetos de agricultura urbana na capital mineira.
Agora, começará a doação para os moradores da cidade, interessados em utilizar os insetos para combater pragas em seus jardins e hortas.
Cada ‘kit joaninha’ contem dez larvas do inseto. “O inseto adulto se alimenta menos e também pode voar, portanto, entregar as joaninhas na fase larval foi a melhor opção para um controle de pragas mais eficaz, já que é nesta fase que ela se alimenta mais para se desenvolver”, explicou Dany Amaral, gerente de Ações para Sustentabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em entrevista ao jornal Hoje Em Dia.
Junto com as larvas, também vão algumas sementes, que servem como alimento. “São sementes de plantas atrativas para elas, porque além de comer pulgões e outros insetos, elas também gostam de pólen e néctar. É como se fosse uma vitamina”, diz. 
A distribuição dos kits é feita pela Secretaria de Meio Ambiente, mediante cadastro e disponibilidade de insetos.
Quem quiser receber, deve mandar um e-mail para biofabrica@pbh.gov.br Após o envio, o interessado recebe um formulário para preencher com informações sobre o tamanho da sua horta ou jardim e explica qual é o problema.
Baseada nessas informações, a secretaria decidirá quantos insetos são necessários para cada caso. O prazo para a disponibilização do kit, que deve ser retirado no lugar a ser definido, varia entre 10 e 30 dias.

Pragas: exterminando o inimigo de maneira natural

Como explicou a paisagista e educadora ambiental Liliana Alodi, neste outro post, no blog Mãos à Horta, as pragas existem e competem conosco pela sobrevivência. Cada qual com seu universo, insetos, ácaros, fungos, vermes, anfíbios, aracnídeos ou moluscos.
Dependendo do lugar onde você vive, podem ser de tipos diversos ou muito específicas. Muitas vezes não as vemos diretamente, mas acabam deixando marcas que se caracterizam e nos ajudam a descobrir o que está acontecendo com nossas plantas.
Para controlar é necessário compreender o mecanismo de vida destas pragas: olhar, estudar, experimentar.
O fato é que limpeza e ordem funcionam muito bem, e em geral, quando a praga persiste é sinal de desequilíbrio no jardim. Falta de sol e excesso de água trazem fungos. Falta de adubo ou terra pobre favorecem a presença de insetos.
Além do uso de insetos, veja aqui quais são as outras dicas que a Liliana dá para fazer o controle biológico no seu jardim!
Foto: domínio público/pixabay

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Agroecologia: "É hora de pensar em outras maneiras"

FONTE:   http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/565320-agroecologia-e-hora-de-pensar-em-outras-maneiras
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Engenheiro agrônomo especializado em agroecologia, Eduardo Cerdá defende a necessidade de desenvolvimento de outro modelo agropecuário, menos dependente de insumos e sem consequências para a saúde ou para o meio ambiente.
Eduardo Cerdá é vice-presidente do Centro de Graduados da Faculdade de Agronomia da Universidade de La Plata, conselheiro de campo e uma referência na produção agroecológica com participação em casos emblemáticos (como na fazenda La Aurora, em Benito Juárez, Buenos Aires). Também é membro da Sociedade Científica Latino-Americana de Agroecologia (SOCLA) e um ativista de um outro modelo agropecuário. Nesta entrevista ele fala sobre a necessidade de implementar a agroecologia, alguns exemplos concretos, as consequências do agronegócio, o papel da universidade e as potencialidades do setor.
A entrevista é de Darío Aranda, publicada por ALAI, 24-02-2017.  A tradução é de Henrique Denis Lucas.
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Eis a entrevista.
O que é agroecologia?
É tornar os conceitos de ecologia e de produção agropecuária compatíveis.
Em uma nova prática?
Na agronomia há muitas ramificações, como na medicina. A agroecologia é um desses ramos, uma especialização, uma forma profunda de compreender a produção agropecuária. É um ramo relativamente novo para os agrônomos formados com muito pouca base ecológica. Infelizmente a agronomia e a veterinária sempre estiveram mais voltadas para a produção, sempre em busca de rendimento, e isso nos fez ter um olhar muito baseado nos insumos agrícolas. O engenheiro agrônomo acaba preocupado com este ou aquele produto e com suas doses. Perdeu-se de vista tudo o que está relacionado com a ecologia, a relação entre vegetais, solos, animais. Esse olhar é muito necessário e nos deparamos com a falta de profissionais para projetar, desenvolver e acompanhar o produtor em sua produção tratando de alterar o meio ambiente o menos possível.


Isso está relacionado com o uso de agroquímicos?



Muitas vezes as pessoas dizem que não querem pulverizar suas plantações, pois as doenças nas áreas pulverizadas são muito notórias. E, geralmente, as instituições dizem que não é possível produzir sem agrotóxicos. Isso é a falta de informação. Quem sabe eles não saibam como produzir. Mas existem estratégias para fazê-lo.



Algum exemplo concreto?



Em quinze anos, na região sudeste de Buenos Aires, obtivemos uma média de mais de 3.300 quilos de trigo, mais de 5.000 quilos agora (entre 2014 e 2015), e em comparação com os vizinhos, estamos em situação muito parecida. Com a diferença de que, na medida em que os solos e as plantas são favorecidos, não usamos fertilizantes químicos ou herbicidas. Mantemos um custo de 150 dólares por hectare e os vizinhos foram subindo, pois já estão quase entre 350 e 420 dólares de custo (safras de 2014/15 e 2015/16). Mantivemos o nível dos custos e os rendimentos foram subindo.



O que dizem os produtores vizinhos?



Eles ficam interessados, mas não estão informados de que existem tais alternativas. É um processo a ser feito com os produtores. Mostrar que a tecnologia proposta (transgênicos) prometia um excesso de otimismo, pois acreditava-se que com um herbicida tudo poderia ser controlado, mas a natureza não funciona dessa forma. As plantas tornaram-se resistentes, antes os gastos com herbicidas custavam oito dólares e agora custam 30, anteriormente eram usados dois litros por hectare e agora são necessários mais de dez litros. Onde isso vai parar? O produtor está vendo que essas linhas de raciocínio estão levando-o a um alto uso de agroquímicos, com alto risco tanto para o seu bolso quanto para a sua saúde. É um beco sem saída.



Quais são suas opções?



Há uma outra maneira de fazer isso. A agroecologia é uma ferramenta para pensar e se colocar a favor da vida. Em vez de controlar os insetos e plantas através de venenos, é possível fazê-lo de outra maneira, que funciona bem. É hora de pensar em outras maneiras. A agroecologia vem para trazer elementos da ecologia, que são princípios universais de gestão de estabelecimentos agropecuários com um olhar sistêmico, para trabalhar em equilíbrio e usar muito poucos insumos externos.



O que falta para fomentar este modelo?



Requer um olhar diferente para o campo, para protegê-lo, e ao mesmo tempo, isso irá favorecer o produtor. Há de se ter bem claro que nenhum pesticida é necessário para produzir alimentos. Trata-se de pensar em outro tipo de agricultura e isso não significa voltar 60 anos atrás, como alguns costumam dizer. Também é necessário esclarecer que não existem receitas, pois não se trata de copiar, porque cada região tem sua particularidade e é necessário tentar e ir adaptando.



Qual é o papel da universidade?



Muito importante. Nem todos os profissionais querem produzir para o modelo atual e há produtores que querem um outro tipo de agricultura. Os cidadãos não querem pulverização perto de suas casas, por isso é fundamental que seja feita uma outra agronomia nessas áreas. E esta é uma oportunidade para os profissionais ao deixarem um modelo de agronomia química que prejudica a saúde.



Em muitos lugares são solicitadas regiões livres de produtos químicos, cinturões agroecológicos.

Os cidadãos têm o direito de não serem pulverizados. Agrônomos e veterinários tomam isso como ofensa, acreditam que não é possível produzir. Ao invés de ofensa para os profissionais, haveria de ser uma oportunidade. A universidade, o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (INTA), as faculdades de engenheiros agrônomos, todas as entidades devem se aprofundar na agroecologia. É imprescindível produzir sem deteriorar os recursos.
Qual é o seu balanço do modelo de agronegócios, com transgênicos e produtos químicos?


Há vários aspectos. Um deles é a sociedade e a saúde, onde são percebidas doenças, câncer, más formações e desequilíbrios físicos. É uma agricultura com muitos insumos e custos. Relacionando com a farmacologia, a maioria das pessoas usam mais medicamentos e o mesmo acontece na agricultura. É um processo que exige cada vez mais insumos.



Na década de 90 custava 100 dólares para fazer um hectare de trigo, há dez anos custava 200 e hoje custa mais de 300 dólares. Aumentaram os insumos e aumentaram as doses. Você vai ao médico e ele te prescreve um remédio. E então você volta e ele te dá o dobro: é óbvio que a sua saúde não está melhorando. No campo do agronegócio acontece o mesmo. Outro fator é que este modelo repele as pessoas. Em suma, tem consequências para a saúde, para os solos, plantas, animais e para a sociedade. A agroecologia é uma alternativa para evitar essas consequências.

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