Agricultores familiares lançam loja virtual com produtos do Cerrado e da Caatinga Posted: 18 May 2020 01:40 PM PDT A loja virtual da Central do Cerrado reúne mais de 30 associações e cooperativas de diferentes pontos do paísBaru, jatobá, pequi, umbu. Ingredientes regionais que simbolizam a biodiversidade encontrada nos sabores brasileiros. A safra do Cerrado e da Caatinga inspira agricultores que residem em alguns territórios desses biomas — Minas Gerais, Distrito Federal, Tocantins, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Maranhão, Piauí, Pará e Goiás — a beneficiarem produtos alimentícios e a produzirem artesanato com riqueza cultural que garante autonomia e renda. Comunidades de agricultores familiares extrativistas protagonizam esse trabalho, que raramente ocupa as prateleiras dos supermercados. Juntas elas formam a Central do Cerrado: uma cooperativa formada por mais de 30 organizações comunitárias (entre cooperativas e associações) e funciona como uma ponte entre quem produz e quem consome. Em tempos de fortalecimento do serviço de entregas, a Central inaugura uma nova plataforma onde o internauta de qualquer lugar do país encontra mais de 200 itens e pode recebê-los sem sair de casa. “Com a situação do COVID19 e isolamento social, muitas dessas comunidades tiveram o escoamento de sua produção comprometidos. A venda pela loja virtual é uma forma de escoar os produtos dessas comunidades e garantir renda para as famílias agroextrativistas. A comercialização ajuda a manter o Cerrado e Caatinga em pé, conservar a biodiversidade nativa, incentiva a permanência no campo, valoriza a cultura local e o modo de vida tradicional”, ressalta o secretário executivo da Central do Cerrado, Luis Roberto Carrazza. As agroindústrias das comunidades de produtores da Central do Cerrado operam observando os cuidados básicos de distanciamento social, uso de máscaras, cuidados redobrados de higienização pessoal, esterilização das estruturas de equipamento e insumos: detalhes também observados pela equipe da Central do Cerrado no preparo e envio dos pedidos da loja virtual. Produtos da sociobiodiversidadeEntre as opções de compra estão alimentos como farinhas especiais com destaque para o mesocarpo de babaçu (500g, R$ 15) da Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Esperantinópolis (Coopaesp) da comunidade tradicional das quebradeiras, de Esperantinópolis, no Maranhão; as farinha de buriti (1 kg, R$ 50) da cooperativa Grande Sertão de Montes Claros, Norte de Minas Gerais — além do flocão de milho não-transgênico (500g, R$ 7) (matéria-prima para o cuscuz nordestino) da Cooperativa Agropecuária Mista Regional de Irecê (Copirecê), de Irecê, na Bahia. As castanhas brasileiras também ganham destaque no novo site, entre elas a castanha-de-baru da cooperativa Copabase (300g, R$35), super proteica e energética, um dos grandes ícones do Cerrado. Pouco utilizada pelos chefs de cozinha, a castanha-de-pequi (100g, R$15) também figura entre as oleaginosas oferecidas pela Central do Cerrado lado a lado da amêndoa de licuri torrada (100g, R$7), da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), também chamado de coquinho na Bahia e rico em proteínas. Na categoria bebidas a página apresenta o licor de pequi da marca familiar Savana Brasil (700ml, R$70) e a cerveja de coquinho azedo fruit beer (600ml, R$ 25) da cooperativa Grande Sertão, de Montes Claros, Minas Gerais. Além dos produtos, o internauta encontra informações sobre a origem social e territorial das comunidades produtoras. Entre os conteúdos da plataforma estão receitas, fichas técnicas e dicas de uso. Saiba mais sobre a Central do CerradoA Central do Cerrado é uma cooperativa formada por diversas organizações comunitárias de agricultores familiares extrativistas do Cerrado e da Caatinga. Nossa missão é manter os modos de vida tradicionais e conservação dos territórios onde vivem esses povos a partir da comercialização de produtos desenvolvidos através do uso sustentável da biodiversidade nativa. Entregas em todo o Brasil pelo site: |
Dizem por aqui em Pirenópolis que o baru, fruto nativo do Cerrado, está para o goiano assim como a castanha-do-brasil está para o paraense. Dele, tudo se aproveita… Se usa a polpa doce para o preparo de licores, geleias e o consumo in natura, e também a amêndoa, forma mais difundida do fruto que rende farofas, farinhas e os usos mais diferentes na culinária, e dela se extrai, ainda, o óleo.
Conversando com o guia turístico Maurício, ele me disse que a castanha de baru é famosa pelo sabor, obviamente, mas também por suas propriedades afrodisíacas. A riqueza energética dos nutrientes levou os moradores a chamarem de viagra do Cerrado. “A mãe nem deixava a gente comer muito para não ter problema”, brinca ele.
Um dos preparos mais curiosos que encontrei por aqui é o do mousse salgado de baru, feito na pousada Mandala. A receita é de Dione Simoneli Ruiz, esposa de José Carlos Ruiz, o seu Zé. Dione morreu há dois anos, mas as coisas boas que ela fazia permanecem no paladar do seu Zé. O mousse leve é servido nocafé da manhã, para ser acompanhamento de pães e torradas, mas pode ser servido a qualquer hora do dia, em uma festa em casa, como entrada de um jantar ou no café da tarde.
Seu Zé vez ou outra compartilha uma receita da esposa. Uma das formas que encontrou para manter dona Dione viva na memória e matar a saudade.
Mousse de baru
Ingredientes
500 g de ricota
1 lata de creme de leite com soro
1 pote de cream cheese
1 gelatina sem sabor, incolor e hidratada
1 xícara de água
1 colher (café) de noz-moscada
1 colher (sopa) de farofa de baru (baru torrado e moído – pode ser batido no liquidificador)
Sal a gosto
Preparo
Na batedeira, bata a ricota e o cream cheese até obter um creme leve e fofo. Acrescente o creme de leite e os demais ingredientes, mexendo levemente. Coloque em uma forma untada com azeite e leve para gelar. Desenforme e sirva com torradas.