Como o próprio nome indica, as hortaliças orgânicas não podem ser adubadas com fertilizantes minerais.
A matéria-prima a ser utilizada é o adubo orgânico, cuja recomendação vai depender de uma coleta de amostra de solo e a análise desta amostra será a base para recomendar uma correta adubação orgânica. É necessária a reposição de nutrientes exigidos pelas plantas para crescerem e produzirem. A adubação orgânica pode ser de origem vegetal ou animal, e a
matéria orgânica presente contribui para melhoria da estrutura do solo,
aumento da atividade dos microrganismos e nutrientes essenciais às plantas.
Os tipos de adubos orgânicas são: composto, húmus de minhoca, esterco curtido e
adubação verde pelo plantio de leguminosas que cobrem e protegem o solo, mantendo a umidade. O esterco de animais só deve ser aplicado quando
curtido. O
composto é uma mistura de materiais existentes na propriedade. No composto bem feito, a matéria orgânica é transformada em húmus. O húmus melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, armazenando água, ar e nutrientes. O plantio continuado de uma mesma hortaliça e da mesma família, no mesmo canteiro, deve ser evitado. Há necessidade de fazer-se a
rotação de culturas que ajuda no aproveitamento dos nutrientes e oferece maior resistência ao aparecimento de doenças e pragas. Uma sequencia de rotação é: folha, raiz, flor e fruto.
O plantio de leguminosas, chamada adubação verde, junto ou antes da cultura a ser instalada, melhora o solo, melhora a
reciclagem de nutrientes que consiste no aporte de nutrientes das camadas profundas para a camada superficial,
elimina nematoides, funciona como cobertura do solo e incorpora nitrogênio ao solo. As leguminosas mais usadas são o guandu, mucuna-preta, feijão de porco, leucena, etc. Nos solos compactados, as leguminosas devem ser utilizadas antes do plantio das hortaliças. As leguminosas são recomendadas para a
descompactação de solos.
O Site Agrosoft Brasil publica um interessante vídeo sobre cultivo de hortaliças orgânica, que poderá ser visto, acessando o link abaixo:
Na adubação orgânica, a quantidade de nitrogênio (N), presente no adubo orgânico, deve ser considerada, pois o excesso de N pode causar desequilíbrios para a cultura e problemas ao meio ambiente pela lixiviação dos nitratos. A aplicação do adubo orgânico deve ser feita, no mínimo, 15 dias antes da semeadura ou transplante das mudas.
Os fertilizantes organominerais, que são a mistura de fertilizantes orgânicos com minerais, não podem ser utilizados no cultivo orgânico. Somente é permitido fertilizantes minerais naturais, que não sofram tratamento químico e térmicos, como acontece com os fosfatos naturais (escolher os reativos), os pós de rocha, como o pó de basalto, o calcário. Com autorização da certificadora poderão ser utilizados os termofosfatos, sulfato de potássio, sulfato de magnésio, micronutrientes, com restrição.
Calagem da área:
Num solo com características de acidez, deve-se proceder a calagem conforme a recomendação preconizada pela análise do solo. A quantidade de calcário deve ser limitada a 2 t/ha/ano.
Cáculo da adubação:
A adubação também deve seguir a recomendação da análise do solo e as quantidades de NPK serão aquelas previstas para a cultura no sistema convencional, cuidando, apenas, para que não sejam empregados fertilizantes minerais.
Por hipótese, a análise do solo recomenda para uma hortaliça de folhas a aplicação de 180 kg/ha de N, 280 kg/ha de P2O5 e 240 kg/ha de K2O
No quadro abaixo, os teores de NPK contidos na cama de frango e nas cinzas e mais um fertilizante fosfatado natural, através dos quais calcularemos a quantidade de cada um.
Vamos primeiro calcular em termos de kg/ha, e como as adubações na maior parte são feitas por m² de canteiro, no final converteremos os resultados para g/m².
a) calcular a quantidade de cama de frango para fornecer os 180 kg/ha de N
Em 100 kg cama de frango temos ....... 3,5 kg N
Em X kg cama de frango teremos ....... 180 kg N/ha
X= (180x100) / 3,5
X = 5.150 kg/ha de cama de frango
b) os 5.150 kg/ha de cama de frango fornecem também P2O5 e K2O
Em 100 kg cama de frango temos .................. 3,8 kg P2O5
Em 5.150 kg/ha cama de frango teremos........ X kg P2O5/ha
X = (5.150x3,8) / 100
X = 195 kg P2O5/ha
Por outro lado:
100 kg cama de frango temos ......................... 3 kg K2O
Em 5.150 kg/ha cama de frango teremos ........ X kg K2O/ha
X = (5.150x3) / 100
X = 155 kg K2O/ha
c) reposição das deficiências de P2O5 e K2O em relação à recomendação
Vamos usar as cinzas para completar as faltas de fósforo (280-195=85) e potássio (240-155=85).
Em 100 kg cinzas temos .......10 kg de K2O
Em X kg cinzas teremos .......85 kg K2O/ha
X = (85x100) / 10
X = 850 kg/ha de cinzas
Em 100 kg cinzas temos ........ 2,5 kg P2O5
Em 850 kg cinzas teremos ........ X kg P2O5/ha
X = (850x2,5) / 100
X = 21 kg P2O5/ha
Há, ainda uma deficiência de fósforo igual a 64 kg/ha (280-195-21). Valos repor com fosfato natural reativo.
Em 100 kg fosfato natural temos ........ 24 kg P2O5
Em X kg fosfato natural teremos ........ 64 kg P2O5/ha
X = (64x100) / 24
X = 270 kg/ha de fosfato natural
Concluindo temos a seguinte composição de matérias-primas para fornecerem os nutrientes recomendados:
5.150 kg/ha de cama de frango
850 kg/ha
270 kg/ha de fosfato natural reativo.
No caso de utilizar a adubação em g/m² de canteiro, basta dividir as quantidades por 10, ou seja: 515 g/m² de cama de frango, 85 g/m² de cinzas e 27 g/m² de fosfato natural.
No caso de se aplicar o adubo na linha de semeadura e quisermos saber a quantidade em g/m linear, o cálculo é o seguinte:
g/m linear de sulco = kg/ha x espaçamento (m) / 10.
No caso da cama de frango é usando um espaçamento de 30 cm (0,3 m):
g/m liner = (5.150 x 0,30) / 10 = 155 g/m linear