Fonte: globo ecologia
Rede Cerrado centraliza produção de 35 organizações comunitárias
Raspagem artesanal do fruto do buriti para secagem (Foto: Divulgação/Luis Carrazza)
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O gosto amargo do pequi, a doçura da gariroba, o perfume da curriola, o
mel do araticum, os poderes da cagaita, a energia das castanhas, a
delícia da mangaba, a força do bauru (o viagra do cerrado), o cheiro
forte do jatobá, o óleo santo do buriti são apenas algumas das
maravilhas do Cerrado. Sua variada flora e fauna, bem como suas
paisagens, escondem mistérios para a saúde do corpo e da mente, mas
também surpreendem o paladar. São frutos de gosto marcante, com tons
marrom-avermelhados da terra e laranja-amarelados do Sol. O difícil é
encontrar esses produtos em redes de supermercado ou grandes cidades.Como não há demanda para plantação comercial da maioria dessas espécies regionais, não há volume suficiente para justificar o transporte. "Quando você vai conseguir uma carga de caminhão para produtos que não são cultivados comercialmente. Temos um pé aqui, outro ali. As pessoas querem comer, por uma questão histórica da colonização, frutas européias: maçã, pera, pêssego. Quantas frutas brasileiras você encontra no supermercado?", pergunta Álvaro Juarez, conhecedor prático das plantas do Cerrado.
Um pé para quem pode plantar
Eugênia sem Nome, da família da pitanga
(Foto: Divulgação/Álvaro Juarez)
A procura pelas mudas de Álvaro é mensal no inverno e, na época das
chuvas, entre novembro e janeiro, é semanal. São mudas de R$ 15, as mais
comuns, e de R$ 45, as mais raras. Entre seus compradores está o médico
aposentado Luís Carlos Pires, que tem um sítio de cinco alqueires no
município de Taquaritinga, no interior de São Paulo, onde reúne árvores
de todos os cantos do mundo. Já são mais de 270 pés de frutos nativos.
"Quem pode comer do pé, tem que comer do pé. A gariroba e a mangaba, por
exemplo, quando maduram no pé tem um gosto único", garante Álvaro.(Foto: Divulgação/Álvaro Juarez)
Em busca do tesouro brasileiro
Para quem não pode plantar ou mesmo viajar até a região para comprar essas maravilhas da natureza diretamente da produtor, há organizações trabalhando para fazer a comercialização dessas espécies de maneira sustentável, reunindo a produção de diversos pequenos produtores e centralizando a distribuição. "Com a crescente demanda de mercado por produtos com apelo social e ambiental, muito se tem avançado na estruturação de empreendimentos comunitários com base produtiva a partir dos produtos da biodiversidade nativa", explica Luis Carrazza, secretário executivo da cooperativa Central do Cerrado, em Brasília.
Geleias do Cerrado e picles agroecológicos na
agroindústria artesanal de Pirenópolis
(Foto: Divulgação/Luis Carrazza)
Foi com esse propósito que em 2005 nasceu a Central do Cerrado, braço
comercial da Rede do Cerrado, que articula produtores e artesãos do
Tocantins ao Mato Grosso do Sul. Na Central, podemos encontrar produtos
dos sete estados do bioma, de 35 organizações espalhadas. "A gente
começou a perceber que essas comunidades produziam, mas tinham
dificuldade para comercializar e distribuir. Eram iniciativas muito
locais de pessoas que se juntavam pra colher um fruto, por exemplo, mas
eram comunidades excluídas", conta Luis.agroindústria artesanal de Pirenópolis
(Foto: Divulgação/Luis Carrazza)
A procura pelas frutas do Cerrado começou com a tendência de alimentos funcionais por um grupo preocupado com saúde. "Os alimentos nutracêuticos, que incrementam saúde na vida das pessoas, entraram na moda. Por exemplo, começamos a ouvir que consumir um alimento rico em fibras pode diminuir doenças do trato digestivos. No Cerrado a biodiversidade é enorme e esses alimentos ricos em saúde ainda são pouquíssimos estudados", explica Luis.
Outro grupo que motivou o interesse pelos sabores do Cerrado foi o da gastronomia contemporânea. Chefs de cozinha, como Alex Atala, apresentaram para o Sudeste e Sul preciosidades do interior do Brasil. "Não deixo de ter na memória outros tantos sabores do Cerrado, como o marolo, a mangaba, a jurubeba, o palmito guariroba, a fruta gabiroba. Acho que o Cerrado tem um dos biomas mais fascinantes quando falamos de sabor. Em sua simplicidade visual, paisagem levemente desértica, seca e monótona, reside um potencial gastronômico gigantesco que não se resume somente a frutas", defende Alex Atala.
Detalhes sementes utilizadas na tecelagem
produzidas pelo CEPPEC-MS
(Foto: Divulgação/Luis Carrazza)
A Central do Cerrado convidou os pequenos produtores locais mais
preparados para atuarem no mercado e criou uma estrutura única de
comercialização e distribuição, como uma grande cooperativa. "Seria mais
factível criar uma única cooperativa, do que imaginar que todos esses
pequenos produtores conseguiriam dar nota e cumprir os requisitos legais
para comercialização", explica Luis. A partir de encontros de formação,
a Central definiu com os cooperativados qual seria a identidade comum
no conceito de responsabilidade, comércio justo, sustentabilidade e
participação.produzidas pelo CEPPEC-MS
(Foto: Divulgação/Luis Carrazza)
Hoje, a cooperativa é o principal fornecedor para todo o Brasil, para restaurantes, uma marca de sorvete com proposta sustentável que só trabalha com frutas brasileiras, e grupos de consumidores que compram através do site.
Confira abaixo uma lista de lugares onde se encontra os produtos do Cerrado:
Plantas do Cerrado - mudas Álvaro Juarez
http://plantasdocerrado.wordpress.com
Tel: + 55 (34) 3351-6013
Cel: + 55 (34) 9938-2585
Email: vinicius_btm@hotmail.com
Central do Cerrado – produtos ecossociais
http://www.centraldocerrado.org.br/
Tel: +55 (61) 3327-8489
Email: centraldocerrado@centraldocerrado.org.br
Rede de Sementes do Cerrado
http://rededesementesdocerrado.com.br/
Tel: +55 (61) 3348-0423
Email: redecerrado@finatec.org.br
Frutas do Cerrado
http://www.frutosdobrasil.com.br/
Flor do Cerrado - artesanato
http://flordocerrado.net/
Tel: +55 (61) 3879-9870 | Cel: (61) 9215-9870
atendimentoflordocerrado@gmail.com
Associação Capim Dourado Vila Mumbuca
http://www.centraldocerrado.org.br/
Tel: (63) 3576-1092