O
projeto da Horta Comunitária iniciou no ano de 2011, com a integração
da comunidade local, instituições públicas e religiosa. O projeto
permeia aspectos ambientais, pedagógicos, de saúde e sociais, com
objetivos de estimular a alimentação saudável, a multiplicação de
conhecimentos, o resgate da história local e a inclusão social. Em 2012,
integraram-se mais setores públicos, e o projeto atendeu basicamente
grupos de crianças e adolescentes de locais que acolhem esta clientela
perto da horta, assim como foram feitas várias parcerias na própria
comunidade e outros órgãos públicos para a contribuição de mudas, adubo,
instalação de água e outros. Em setembro de 2013, devido à baixa adesão
dos adultos no projeto a saúde, insere-se como parceiro da Horta
Comunitária. Inicialmente, os usuários dos posto de saúde da região
foram convidados através de suas equipes dando preferência para pessoas
cadastradas no Programa Bolsa Família e pertencentes aos atendimentos de
saúde mental dos postos. Em dezembro, iniciou-se o grupo da saúde, com
foi chamado inicialmente, ocorrendo semanalmente, mas devido o período
de final de ano e férias e o calor intenso, poucos foram os usuários que
compareceram para conhecer o projeto. Os agentes comunitários de saúde
(ACSs) representando quatro postos de saúde engajaram-se no espaço e no
fazer das capinas, das regas e rodas.
O grupo Amigos da Horta, como atualmente é
chamado, construiu uma coordenação compartilhada onde existem duas
pessoas responsáveis pela horta, sendo um deles um agrônomo e outra uma
líder comunitária que orientam a organização das tarefas a serem
realizadas, e os responsáveis da saúde que auxiliam a comunidade nas
tarefas sugeridas e “puxam” a roda. Os diversos profissionais que
compõem os responsáveis da saúde são os agentes comunitários da saúde, a
terapeuta ocupacional do NASF e os residentes de diversas áreas
profissionais das ESFs e do NASF, esta diversidade de olhares contribui
para a visão integral sobre o grupo e consequentemente para o
participante. Estes ao chegarem no local, recebem orientações com
relação às tarefas que necessitam ser executadas: preparação da terra
para o plantio, semeadura, irrigação, colheita e divisão igualitária das
plantas, manutenção e ampliação do espaço. Esse espaço, além da troca
de saberes, é um local onde há o encontro de diferentes gerações,
filhos, mães/pais, avôs/avós, todos se reúnem em torno de um mesmo
objetivo; onde as diferentes culturas convivem. Ao final das tarefas com
a horta, o grupo se reúne em uma roda para troca de conhecimentos, de
experiências, de receitas e de sentimentos. Esse é um momento em que o
conhecimento científico e popular se misturam, se complementam, se
integram, e onde se valoriza o conhecimento e os saberes de todos. A
horizontalidade nas relações está presente nos diversos momentos dos
encontros. Por fim, é proposta a realização de atividades de práticas
corporais como alongamentos, relaxamento, aromaterapia, onde todos têm a
oportunidade de sugerir algum exercício, se empoderando destas práticas
e sendo estimulados a levarem as idéias de exercícios para o seu
dia-a-dia.
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foto ilustrativa alexandre apanerai |
A importância do movimento físico está
constantemente nas falas do grupo, inicialmente pelo próprio fazer que a
horta proporciona e pelas práticas corporais contribuindo para a
melhora das condições físicas dos idosos e trabalhadores, fomentando no
dia –a –dia autonomia e independência na realização de seus desejos e
necessidades. Cada participante sai com uma sacola contendo a verdura,
legume ou tempero disponível no momento, a sacola é montada por alguns
participantes que fazem a colheita e repartem nas sacolas, quando alguém
acha que é demais para si divide com quem tem mais familiares. Assim
todos levam alimentos orgânicos para a refeição do dia. Desde o mês de
março até o momento o grupo vem se desenvolvendo de forma progressiva e
consistente, a maioria dos participantes são idosos que vêem em busca do
convívio social e resgatar suas histórias com a terra e o plantio.
Estima-se a participação em torno de 25 pessoas no
grupo, entre profissionais, pessoas da comunidade, responsáveis pela
horta e em alguns grupos se conta com a participação de um médico
veterinário, professor de instituição universitária, o qual é profundo
conhecedor das plantas e seus efeitos e uma das referências técnicas do
projeto Horta Comunitária. Fala-se da potência deste espaço físico
quanto produção de alimentos sem agrotóxicos, de multiplicação de
conhecimentos, de trocas de idéias e da potência do grupo de pessoas que
ali estão como seres desejantes de saúde, de amizades, de conhecimento,
e de resgates de suas histórias particulares e da história daquela
região chamada Lomba do Pinheiro. Foi através do “cultivo” da formação
de grupo e das relações horizontais que ao longo destes oito meses o
mesmo construiu uma autonomia coletiva para realizar as atividades na
horta e na roda, isto é, algumas pessoas estão apropriadas do andamento
do grupo para auxiliarem os demais a tocarem as tarefas da manhã.
Instituição Responsável:
Prefeitura Municipal de Porto Alegre
Coordenador da experiência:
Cristiana Lindemayer; Flávio Burg; Lurdes Guiconi
Categoria da experiência:
Promoção
da saúde da pessoa idosa (práticas corporais e atividades físicas,
alimentação e nutrição, experiências inovadoras de educação em saúde
etc.)