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sábado, 8 de julho de 2023

Produção de cogumelos comestíveis: investimento simples, mas cultivo delicado!!

Champinhom, shitake e shimeje, tipos mais cultivados, exigem temperaturas abaixo de 20ºC e umidade do ar acima de 80%

TV Cursos CPT | Curso Cultivo de Cogumelo Shiitake em Substratos ...
Fonte: jornal dia de campo 
Juliana Royo

O mercado de cogumelos comestíveis está em plena expansão no país por diversos motivos, entre eles o boom da comida japonesa em várias cidades. O champinhom francês, velho conhecido dos brasileiros, ainda é o mais consumido e produzido em território nacional, mas o shitake e o shimeje estão ganhando bastante espaço e podem ser uma boa aposta dos produtores. Estes dois cogumelos não exigem grandes investimentos e são fáceis de serem cultivados por pequenos produtores. De um modo geral, um galpão da fazenda pode ser facilmente adequado, precisa garantir apenas a temperatura abaixo dos 20º e a umidade do ar acima de 80%.

—  A maneira mais simples de cultivo do shitake é o uso de toras de eucalipto. Em São Paulo, está sendo muito comum também o cultivo de shitake em blocos de serragem, mas este método exige uma estrutura maior. No caso do shimeje, é possível fazer o cultivo no processo de compostagem curta e também conseguimos a compostagem a vapor, que é um sistema que pode ser montado sem grandes investimentos, mas requer um controle maior de temperatura e de umidade do ar para que haja a frutificação — explica  Eustáquio Souza Dias, professor da Universidade Federal de Lavras.

O manejo do shitake é tão simples que ele pode ser cultivado até em casa, apenas para consumo próprio, desde que se obedeçam as exigências de temperatura e umidade. Segundo o pesquisador, o primeiro passo para o cultivo de shitake é adquirir toras de eucalipto frescas com as cascas completas,. Ele lembra que é preciso observar se as toras estão verdes, ou seja, não podem ter sinal de ressecamento. O produtor deve fazer uma série de furos ao longo da tora e colocar as “sementes” de cogumelo dentro dos furos. Estas “sementes” são o fungo que vai gerar o cogumelo e devem ser compradas em empresas de qualidade. Depois, estes fungos devem ser tapados com uma mistura, que é uma espécie de cera, e ficarem protegidos do sol em um ambiente bem fresco em condições controladas durante toda a etapa de produção. 

"A maneira mais
 simples de cultivo
 do shitake é o uso
 de toras de eucalipto"


 Eustáquio Dias,
 da UFLA

A única limitação da técnica é que as toras devem ficar em descanso durante seis meses para começar a frutificação, um processo demorado. Após os seis meses, o produtor precisa mergulhar as toras de eucalipto durante 12 horas seguidas em água muito fria. Depois é só esperar a frutificação. No entanto, apesar da aparente simplicidade na produção, Eustáquio Dias chama a atenção para a delicadeza do processo.

— Todas as etapas requerem cuidado. Algumas pessoas pensam que podem cultivar cogumelos indo visitar a plantação só nos fins de semana ou feriados, mas é preciso verificar constantemente as condições de temperatura e umidade do ar. Há produtores que perdem tudo porque não cuidam desta etapa, aí as cascas acabam secando e se soltando.  O ponto de colheita também é muito importante, não pode permitir que o cogumelo passe do ponto ideal senão todo o processo é perdido e o tempo de prateleira diminuído — alerta o professor. 

No caso do champinhom, é preciso que o produtor tenha uma infraestrutura maior. Dias explica que este cogumelo depende de um processo de compostagem para se obter o substrato de cultivo, para se fazer a inoculação do composto. Depois é preciso colocar uma camada de cobertura, que normalmente é feita de terra e deixar a plantação descansando em temperatura controlada. Os custos, variam muito de acordo com o local, a estrutura do produtor e a estratégia de produção, mas o champinhom exige mais gastos do que o shitake e o shimeje.

"O mercado de cogu-
 melos comestíveis
 está em plena ex-
 pansão no país por
 diversos motivos, um
 deles é o boom da 
 comida japonesa" 

Clique aqui, ouça a íntegra da entrevista concedida com exclusividade ao Jornal Dia de Campo e saiba mais detalhes da tecnologia.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Doença na mangueira, a antracnose

Evitar pragas e frutas podres: curso na Casa de Agricultura ensina práticas  corretas


Fonte:  

Marcio N. Oliveira


INTRODUÇÃO

A produção de manga (Mangifera indica L.) no Brasil apresenta grande potencial de crescimento para exportação. A manga representou 20% do volume total de frutas exportadas pelo Brasil, perdendo apenas para a laranja. O crescimento maior verifica-se em pomares formados para explorar o mercado externo. Das regras irrigadas do Vale do São Francisco, já saem quase 10% da redução nacional. Os Estados Unidos e a Europa absorvem mais de 30% da produção de manga irrigada do Vale do São Francisco.

Na cultura da manga, no Brasil, já foram descritas 56 patógenos associados a cultura (Cenargen, 2010), provocando danos ao seu desenvolvimento e rendimento potencial, o que nos traz a necessidade de um controle eficiente dos patógenos na cultura, diminuindo as injúrias provocadas pelos mesmos.

As doenças mais importantes da mangueira, são a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), oídio (Oidium mangiferae), podridão peduncular do fruto e podridão-seca-dos-ramos (Lasiodiplodia theobromae), podridão-parda-do-fruto (Dothiorella dominicana), seca da mangueira (Ceratocystis fimbriata), verrugose (Elsinoe mangifera), mancha angular (Xanthomonas campestris pv. mangiferaindica), malformação da mangueira (Fusarium subglutinans) e colapso interno do fruto (distúrbio fisiológico). Além destas doenças, destacam-se as podridões em pós-colheita causadas por Diplodia sp., Lasiodiplodia theobromaeColletotrichum gloeosporioidesDothiorella ribis e Hendersonula toruloidea (Junqueira et al.,2002).

A antracnose se destaca, é uma doença de importância em todas as regiões produtoras de manga. É um dos maiores problemas fitosanitários, principalmente na exportação de mangas, exigindo pulverizações periódicas com fungicidas nos pomares e tratamentos pós-colheita eficientes.

Além de reduzir a produtividade e desqualificar comercialmente os frutos, a antracnose provoca ferimentos ou lesões nos frutos que beneficiam a infestação de fungos oportunistas e insetos (pragas), os quais podem provocar rapidamente a morte da planta ou parte desta que foi afetada (Cunha et al., 2000).

MATERIAIS E MÉTODOS

No Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí, foram coletados amostras de folhas e frutos apresentando sintomas para análise no Laboratório de Microbiologia.

No laboratório, foram inicialmente observados e fotografados os sintomas da doença em folhas e frutos da mangueira, em microscópio estereoscópico observou e fotografou os sinais do fungo na parte abaxial da folha e no fruto. Posteriormente foi preparada uma lâmina semi-permanente da amostra do fungo. Para coleta, foi utilizada uma pinça e uma seringa, onde utilizando o método de “pescagem direta” e com o auxílio de um microscópio estereoscópico depositou fragmentos do fungo sobre uma lâmina contendo gotas do corante azul-de-metileno. Logo após homogeneização dos fragmentos depositados, adicionou-se uma lamínula sobre a gota e os propágulos. A vedação foi realizada com esmalte de unha incolor. Os sintomas nos frutos e folhas foram isolados em meio de cultura agar-ágar (AA) permanecendo incubado por um período de 48 horas. Posteriormente realizou-se a repicagem do fungo em meio AA para o meio batata-dextrose-ágar (BDA). Com isso realizou-se a confecção de lâminas para a observação das estruturas fúngicas.

Para a avaliação morfométrica do fungo utilizou-se um microscópio optico, onde o fungo foi visualizado a partir de uma lámina semipermanente, anteriormente preparada, e na lente de aumento de 40 vezes foi realizado a medição. Foram utilizadas 50 estruturas fúngicas para medição, depois da valor adquirido pela visualização direta, esse valor foi submetido a um fator de correção (x 2,5 μm), devido a variações do aparelho utilizado para a visualização do fungo. Então esses valores foram foram comparados com aqueles encontrados por outros autores.

Os sintomas da planta foram fotografados, primeiramente utilizando microscópio estereoscópio (lupa) e os sinais foram microfotografados utilizando câmera digital Power shot.Maco Canon ®, 750,7.1 mega Pixels.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Hospedeiro/cultura: Manga (Mangifera indica L.)

Família Botânica: Anacardiaceae

Doença: Antracnose-da-mangueira

Agente Causal: Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) (anamorfo), Glomerella cingulata Stoneman (teleomorfo).

Local de Coleta: Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí

Data de Coleta: 18/10/2010

Taxonomia: A fase anamórfica pertence ao Reino Fungi, grupo incerto dos Fungos Mitospóricos, subgrupo Coeleomicetes. A fase teleomórfica pertence ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Classe Pyrenomycetes, Ordem Phyllachorales, Família Phyllachoraceae.

Sintomatologia: Nas folhas novas, a doença causa numerosas e pequenas manchas salientes, arredondadas ou irregulares, e salientes, de tamanho variável e coloração marrom. Estas lesões podem aparecer no ápice, nas margens ou mesmo no centro do limbo foliar (Fig. 1 AC). Em condições favoráveis evoluem rapidamente, tornando a folha retorcida, necrosada e crestada, com rupturas na área lesionada. Na raque da inflorescência aparecem manchas de coloração marrom-escuras, destruindo grande número de flores. As raques e ramificações danificadas quebram facilmente, causando a queda dos frutos antes da maturação (Kimati et al, 2005).

Em ramos novos observa-se manchas necróticas escuras, seguida da seca da ponta para a haste causando desfolha. Os frutos são suscetíveis em qualquer estádio, quando a infecção se dá no início ocorre à queda dos frutos. Em frutos maiores o patógeno pode ficar latente, e quando os frutos amadurecem ocorre a quebra da latência, causando manchas negras e deprimidas (Fig. 1 BD), podendo ser encontradas rachaduras, no centro das lesões observa-se sinais de coloração salmão a laranja (Kimati et al, 2005).

Etiologia (Sinais): Colletotrichum gloeosporioides cuja sinonímia é conhecida como Ascochyta rufomaculans (Berk.) apresenta como formae specialis as seguintes variações: Colletotrichum gloeosporioides f.sp. alatae R.D., C. gloeosporioides f.sp. gloeosporioides (Penz.), C. gloeosporioides f.sp. heveae Petch, C. gloeosporioides f.sp. melongenae Fournet, C. gloeosporioides f.sp. nectrioides Gonz., C. gloeosporioides f.sp. aeschynomenes J.T., C. gloeosporioides f.sp. clidemiae E.E., C. gloeosporioides f.sp. cucurbitae Menten, C. gloeosporioides f.sp. cuscutae T.Y., C. gloeosporioides f.sp. manihotis Chevaug., C. gloeosporioides f.sp. pilosae U.P. e C. gloeosporioides f.sp. uredinicola U.P.. Em relação as variedades do patógeno são descritas as seguintes: C. gloeosporioides var. aleuritis Saccas & Drouillon, C. gloeosporioides var. cephalosporioides A.S. Costa, C. gloeosporioides var. gloeosporioides Penz., C. gloeosporioides var. gomphrenae Perera, C. gloeosporioides var. hederae Pass., C. gloeosporioides var. minus J.H., C. gloeosporioides var. minus J.H. C. gloeosporioides var. nectrioidea Gonz (Index Fungorun, 2010).

Trata-se de um fungo que produz acérvulos subepidérmicos, dispostos em círculos. Os conídios são liberados dos acérvulos através de uma massa viscosa de coloração rosada a salmão. Os conídios são hialinos e gutulados, uninucleados, com 12-19 µm de comprimento por 1-6 µm de largura, arredondados na extremidade e levemente curvos (Fig. 1 FG). Os peritécios são subesféricos, ascos são subclavados, medindo 42-60 x 10-12 µm, os ascósporos são hialinos, unicelulares e curvados, medindo 12-24 x 4-6 µm (Kimati et al, 2005).

Na tabela 01 encontra-se os valores das medidas das estruturas morfológicas de C. gloeosporioides comparadas com outros autores que avaliaram os mesmos caracteres morfológicos do fungo. Os valores encontrados mostram os conídios possuindo uma média de 4,36 x 17,93 μm e o apressório com dimensões de 13,75 x 17,5 μm. Os dados encontrados possuem diferença considerável comparadas com os dados encontrados po Pimenta (2009), fato que deve ser atrelado a fatores ambientais e do hospedeiro que o patógeno incide, influenciando assim a relação de patogenicidade entre o agente etiológico e o hospedeiro o que promove um desenvolvimento e crescimento do fungo variável.

Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e de Colletotrichum gloesporioides Penz. com os elementos morfológicos descritos por outros autores.

Descrição morfológica

Diâmetro (µm)

Pimenta, 2009

Ribeiro, 2010

Conídio

5 – (4,36) – 3,75 x 22,75 – (17,93) - 15

5,21 – (3,69) – 4,69 x 22,95 – (18,75) - 15, 62

5 - (4,95) – 4, 75 x 20 - (16,75) -15

Apressório

20 – (13,75) – 10 x 32,5 – (17,5) – 12,5

4,17 – (3,87) – 3,12 x 14,58 – (12,47) - 11,46

22,5 – (15,75) – 10 x 37,5 – (22,5) - 15

Epidemiologia: Apresentam uma forma parasitária, que ocorre na planta hospedeira, e uma fase saprofítica, que ocorre na matéria orgânica. A fase saprofítica corresponde à estrutura de sobrevivência do patógeno na ausência de seu hospedeiro. Nessa fase os patógenos sobrevivem em restos de cultura ou em matéria orgânica do solo, na forma de micélio, escleródio. Estes fungos têm a capacidade de persistir no solo durante longos períodos, pois, sob condições normais, crescem na matéria orgânica, e em ambientes favoráveis, mantêm-se viáveis.

A partir da fonte de inoculo, representadas por restos de cultura e matéria orgânica, pode ocorrer à disseminação das estruturas fúngicas. A disseminação é realizada através da água (enxurrada ou respingos), do movimento do solo (aração e gradagem) e do transporte de material infectado (mudas e sementes), promovendo a disseminação dos propágulos a longas distâncias. Colletotrichum gloeosporioides associado à cultura da manga (Mangifera indica L.) tem ampla distribuição, já sendo descrito em vários países no mundo como a Austrália, Brasil, Camboja, China, Colômbia, Costa do Marfim, Cuba, Republica Dominicana, El Salvador, Etiópia, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Miamar, Nepal, Paquistão, Peru, Filipinas, Porto Rico, Serra Leoa, Somália, África do Sul, Tailândia, Venezuela e Ilhas Virgínias. Mostrando a distribuição da antracnose-da-mangueira em todos os continentes do mundo (Farr e Rossman, 2010).

São conhecidos os seguintes hospedeiros do fungo Colletotrichum gloeosporioides no Brasil: Abelmoschus esculentus Moench (quiabo), chinensis Planch. (kiwi), Allium cepa L. (cebola), Anacardium occidentale L. (cajueiro), Annona muricata L. (graviola), Annona pygmaea W. Bartram., Annona reticulata L. , Annona squamosa L. (frua-do-conde), Anthurium sp. Schott, Arachis hypogaea L. (amendoim), Artocarpus incisus (Thunb.) L.f. (fruta-pão), Artocarpus integrifolia L. f. (jaca), Averrhoa carambola L. (carambola), Bombax aquaticum (Aubl.) K. Schum. (mamorana), Capsicum annuum L. (pimentão), Capsicum frutescens Willd., Carica papaya L. (mamoeiro), Caryocar brasiliense Cambess. (pequi), Citrus limon (L.) Burn. F. (limão-siliciano), Citrus sp. L., Coriandrum sativum L. (coentro), persicum Mill. (ciclame), Elaeis guineensis Jacq. (dendê), Ficus carica L. (figueira), Fragaria ananassa Duchesne (morango), Fragaria sp. L., Fragaria vesca L. (mmorango-silvestre), Hancornia speciosa Gomez (mangaba), Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) Müll. Arg. (seringueira), Hevea sp. Aubl., Hovenia dulcis Thunb. (uva-do-japão), Ilex paraguayensis Hook. (erva-mate), Ipomoea batatas (L.) Lam. (batata-doce), Jatropha curcas L. (pinhão-manso), Lupinus albus L. (tremoço), Lycopersicon esculentum Mill. (tomateiro), Malpighia glabra L. (aceroleira), Malus domestica Borkh. (macieira), Mangifera indica L. (manga), Manihot esculenta Crantz (mandioca), Moquilea tomentosa Benth. (oiti), Musa paradisiaca L. (bananeira), Nephrolepis duffii Moore, Opuntia ficus-indica Mill. (figo-da-índia), Passiflora edulis Sims (maracujá), Passiflora sp. L., Persea americana Mill. (abacate-roxo), Pisum sativum L. (ervilha), Prunus persica (L.) Batsch (pêssego), Psidium guajava L. (goiabeira), Ravenala sp. Adans. , Ricinus communis L. (mamona), Sapindus esculentus A. St.-Hil., Simmondsia chinensis C.K. Schneider (jojoba), Solanum melongena L. (berinjela), Spondias dulcis G. Forst. (cajá-manga), Spondias lutea L. (cajá), Spondias purpurea L. (siriguela), Spondias tuberosa Arruda (umbuzeiro), Strelitzia sp. Ait., Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. (capim-meladinho), Syngonium angustatum Schott (singõnio), Theobroma cacao L. (cacau), Vitis sp. L., Vitis vinifera L. (uva).

Conídios são disseminados na planta pela água da chuva e produzidos durante todo o ano em lesões novas ou velhas de folhas, ramos verdes e secos, inflorescências mumificadas e nas raques desenvolvidas. A maior produção de conídios ocorre nas lesões das folhas novas em condições de alta umidade relativa, acima de 95%, ou em água livre e numa larga faixa de temperatura que vai de 10 °C a 30 °C, sendo a ideal para a formação de apressório acima de 25 °C (Kimati et al, 2005).

A disseminação dos esporos de C. gloeosporioides dá-se principalmente pelo vento e por respingos de chuva, estando totalmente relacionado a sua incidência com a presença de molhamento foliar. Períodos chuvosos e encobertos como também orvalhos intensos durante o período noturno favorecem muito o desenvolvimento do patógeno. Em condições de elevada umidade relativa (superior a 90%) e temperaturas superiores a 22 °C é possível observar no centro das lesões pontuações pardo-amareladas que são as frutificações do patógeno (Tavares, 1995).

Controle: O controle deve ser feito por meio de uma associação de métodos culturais e químicos e genéticos, para aumentar a eficiência do manejo da doença.

Com relação ao controle químico, ate o aparecimento dos fungicidas orgânicos, os cúpricos eram usados exclusivamente com variáveis graus de sucesso como a calda bordalesa, óxido cuproso, oxicloreto de cobre e sulfato básico de cobre. Os fungicidas orgânicos zineb, maneb e captan, em pulverizações semanais durante o florescimento, são eficientes no controle da antracnose. Nenhum deles, porém, se iguala aos cúpricos nas pulverizações pós-florescimento. Apesar de menos instáveis que os cúpricos, os fungicidas orgânicos tem algumas vantagens, pois não causam desequilíbrio na população de insetos com aumento de cochonilhas, causam menos injurias as flores abertas e não interferem nas atividades de insetos polinizadores (Kimati et al, 2005).

Os pomares devem ser instalados em regiões com baixa umidade e promovida a indução de floração, de forma que ocorra produção em épocas desfavoráveis ao fungo. Nas regiões onde ocorrem, durante o ano, períodos de elevada umidade relativa, sugere-se realizar o plantio com maior espaçamento, para favorecer a ventilação e a insolação entre as plantas, bem como podas leves, para abrir a copa e aumentar a aeração e a penetração dos raios solares (Junqueira et al., 2002).

Existem diversos produtos químicos indicados para o controle da antracnose-da-mangueira, o produtor deve seguir a indicação de um técnico qualificado para a indicação do produto, dosagem e método de controle. Os fungicidas para o controle da antracnose-da-mangueira e seus respectivos ingredientes ativos, registrados no Ministério da agricultura e Pecuária e Abastecimento, são os seguintes: Amistar Top ® (azoxistrobina + triazol), Amistar WG ® (azoxistrobina), Cercobin 500 SC ® (tiofanato-metílico), Cobox ® (oxicloreto de cobre), Cobre Atar BR ® (óxido cuproso), Cobre Atar MZ ® (óxido cuproso), Comet ® (estrobilurina), Constant ® (tebuconazol), Contact ® (hidróxido de cobre), Copsuper ® (oxicloreto de cobre), Cupravit Azul BR ® (oxicloreto de cobre), Cuprozeb ® (mancozebe), Difere ® (oxicloreto de cobre), Dithane NT ® (mancozebe), Domark 100 EC ® (triazol), Elite ® (triazol), Flare ® (triazol), Folicur 200 EC ® (triazol), Garant ® (hidróxido de cobre), Magnate 500 EC ® (imidazol), Mancozeb Sipcam ® (mancozebe), Manzate WG ® (mancozebe), Manzate 800 ® (mancozebe), Mofotil ® (tiofanato-metílico), Nativo ® (triazol + estrobilurina), Pomme ® (tiofanato-metílico), Propose ® (oxicloreto de cobre), Protectin ® (tiofanato-metílico), Ramexane 850 PM ® (oxicloreto de cobre), Reconil ® (oxicloreto de cobre), Score ® (triazol), Sportak 450 EC ® (procloraz), Status ® (oxicloreto de cobre), Tecto SC ® (benzimidazol), Triade ® (triazol) e Vantigo ® (azoxistrobina) (Agrofit, 2010).

Costa et al. (2004), avaliando a eficiência do fungicida azoxistrobina em diferentes doses, concluiu que os tratamentos com azoxistrobina nas dosagens de 75 e 100 mg L-1 i.a. acrescidos do espalhante adesivo nonilfenol etoxilado a 0,05% e azoxistrobina (75 mg L-1 i.a.) acrescidos de óleo mineral parafínico a 0,2 e 0,5%, podem ser usados como alternativa eficiente de controle da antracnose em frutos de mangueira, sempre que acompanhados de um tratamento pós-colheita.

O uso de variedades tolerantes é uma prática indicada no manejo da doença. Dentre as cultivares plantadas com vistas ao mercado externo, a Tommy Atkins e Van Dyke são consideradas as menos suscetíveis à antracnose. As cultivares Haden, Bourbon e Palmer, de grande aceitação comercial, são consideradas como bastante suscetíveis. ‘Malikka’, ‘Amrapalli’ e ‘Alfa Embrapa 141’ vêm se comportando como resistentes (Junqueira et al., 2002).

Em relação aos frutos em pós-colheita para o aumento da aceitação dos mesmos no mercado de exportação é necessário realizar um controle eficaz, para evitar ou minimizar a podridão das mangas destinadas ao mercado. Atualmente, poucos fungicidas são registrados para esse fim, entre eles encontra-se o thiabendazole. Recentemente, pesquisas revelaram que a severidade da antracnose nas mangas imersas, por 10 minutos, em água aquecida a 50ºC em combinação com 0,15% de thiabendazole foi reduzida em 94,6%, em relação às mangas não tratadas (Choudhury et al., 2003).







Figura 01: Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides (Penz.)) incidente em manga (Mangifera indica L.) A. Sintomas nas folhas, B. Sintomas nos frutos, C. Sinais do fungo em microscópio estereoscópico das folhas D. Sinais do fungo em microscópio estereoscópico do fruto, E. Hifas e conídios (barr = 54 µm). F. Conídios hialinos, uninucleados, arredondados na extremidade e levemente curvos de C. gloeosporioides (barr = 18 µm).



LITERATURA CITADA:


AGROFIT Sistema Agrofit – sistema de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em:< http://agrofit.agricultura.gov.br/ agrofit_cons/principal_agrofit_cons>, acessado em 18 de outubro de 2010.

CUNHA, M.M., SANTOS FILHO, H.P. & NASCIMENTO, A.S. do. Manga. Fitossanidade. Brasilia: EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas-BA.Brasília – EMBRAPA Comunicação para Transferência de Tecnologia, Frutas do Brasil, 6, 2000.

COSTA R, SALES JÚNIOR, F.M., MARINHO, R.E.M., NUNES, G.H.S., AMARO FILHO, J. & MIRANDA, V.S. Utilização de azoxistrobina no controle da antracnose da mangueira. Fitopatologia Brasileira 29:193-196. 2004.

CHOUDHURY M. M., COSTA T. S., ANJOS J. B.. Controle da antracnose pós-colheita da manga causada por Colletotrichum gloeosporioides. Comunicado técnico 116. ISSN 1516-1609 Petrolina, PE Dezembro, 2003.

EMBRAPA Banco de Dados Brasileiro de Micologia. Disponível em: Acessado em: 18 de outubro de 2010.

FARR D. F. & ROSSMAN A. Y., SBML Systematic Botany of Mycological Resources. Disponível em: . Acessado em: 18 de outubro de 2010.

INDEX FUNGORUM. Disponível em: . Acesso em: 18 de outubro de 2010.

JUNQUEIRA, N. T. V., PINTO, A. C. Q., CUNHA, M. M., RAMOS, V. H. V. Controle das doenças da mangueira. In: Controle de doenças de plantas de fruteiras tropicais. ZAMBOLIM, L. et al. (ed.), cap. 6, p.323403. 2002.

KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manual de fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas;. 4ª Ed.vol. 2, p. 340-341 – São Paulo: Agronômica Ceres, 2005.

PIMENTA, A. A.. Caracterização morfométrica, patogenica e genética de isolados de Colletotrichum gloeosporioides, agente causal da antracnose da Manga (Mangifera indica L.). Jaboticabal – São Paulo. 2009.

PIZZOL, S. J.; FILHO MARTINES, J. G.; SILVA, T. H. S.; GONÇALVES, G. O mercado da manga no Brasil: aspectos gerais. Preços Agrícolas, Piracicaba, v.12, n.142, p. 34, 1998.

RIBEIRO, W. R.. Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) no fruto-do-conde (Annona muricata L.). IF Goiano – Campus urutaí. 2010.

TAVARES, S.C.C. H. Principais doenças e alternativas de controle. In: EMBRAPA (CPATSA, Petrolina-PE). Informações Técnicas sobre a Cultura da manga no Semi-árido Brasileiro. Brasília: EMBRAPA-SPI,Cap. V, pp.123-156. 1995.

terça-feira, 12 de março de 2019

Saúde das árvores de S.Paulo - IPT

FONTE: SITE IPT

Resultado de imagem para TIPUANAS

Pesquisador do IPT estuda ação de fungos e cupins em tipuanas. 

Sete bairros paulistanos foram analisados


A ocorrência de fungos apodrecedores em tipuanas na cidade de São Paulo foi mais significativa em comparação à presença de cupins subterrâneos na amostragem de 1.109 árvores avaliadas nos bairros de Alto da Boa Vista, Alto da Lapa, Alto de Pinheiros, Cerqueira César, Paraíso, Pacaembu/Sumaré e Vila Nova Conceição: essa é uma das informações contidas na tese de doutorado de Sergio Brazolin, pesquisador do Laboratório de Preservação de Madeiras e Biodeterioração de Materiais do CT-Floresta. “O cupim aproveita o lenho previamente apodrecido pelos fungos para se alojar nas árvores. Podemos então dizer que o problema está nesses organismos, que deixam o lenho em um estado que pode ser classificado como “pré-digerido” para a alimentação dos cupins”, completa o biólogo.
A avaliação da biodeterioração do lenho das tipuanas em passeios públicos e a sua relação com o risco de queda foi o objetivo principal do estudo. A escolha da tipuana foi feita em função de a árvore ser a mais frequente em seis das sete regiões a serem avaliadas: os projetos de arborização urbana na maior parte destes bairros foram executados na década de 1930 pela incorporadora City, que escolheu a espécie pela sua robustez e resistência a stress urbano, além da questão estética (grande quantidade de flores amarelas).

Para a avaliação dos 1.109 exemplares de tipuanas, o pesquisador partiu de uma abordagem macroscópica baseada em conceitos de biomecânica (biologia e engenharia) onde foram observadas as condições de entorno, posições de inserção, execução de poda de galhos e raízes, presença de barreiras e injúrias. O próximo passo do pesquisador envolveu os exames microscópicos do lenho das árvores.
 
  • Risco de queda em árvores
 

Foram estudadas em lâminas as alterações causadas pela atuação de fungos, cupins e brocas na anatomia do lenho e nas propriedades físico-mecânicas das tipuanas, com o intuito de mensurar modificações no grau de resistência das árvores provocadas pelos organismos xilófagos (que se alimentam de madeira). Em seguida à quantificação e qualificação dos estragos, o pesquisador simulou matematicamente pelo Método de Elementos Finitos (MEF) apodrecimentos em uma árvore hipotética para verificar a distribuição de forças frente a intempéries como ventos e chuvas.

No final do estudo, o pesquisador compilou todos os conhecimentos e criou parâmetros para um técnico responsável pela arborização de uma cidade tomar decisões em campo quanto ao risco de queda da árvore. As conclusões apontaram que uma tipuana com diâmetro à altura do peito (DAP) acima de 70 cm tem uma probabilidade de deterioração externa comprometedora de 67%. Isso torna necessário priorizar esse exemplar em situações de avaliação de risco, assim como a presença externa de fungos e cupins simultaneamente, que trazem uma probabilidade de 42% da árvore apresentar risco máximo de queda.

Morte da árvore

O estudo mostrou ainda que uma quantidade significativa (79%) das tipuanas está plantada em canteiros inadequados dos passeios públicos, em áreas inferiores a três metros quadrados – espaço reduzido para uma espécie cuja altura média na cidade é de 12 a 14 metros, mas pode alcançar 40 metros – e 57% delas encontram-se em vias de tráfego intenso. No entanto, do total de 1.109 árvores estudadas, nenhuma delas apresentou características de declínio, ou seja, sinais de que estava morrendo em razão da presença de fungos, despejo de produto químico ou falta de espaço para crescimento da raiz. Segundo o pesquisador, isso confirma a ideia de que a tipuana é uma espécie robusta, mas ele chama a atenção para a constatação de um estado crítico em relação aos cupins e fungos.

“Esses organismos não afetam a saúde da árvore porque crescem no cerne, que é uma área morta. A parte viva é somente a externa”, explica Brazolin. “Apesar de as árvores analisadas estarem repletas de folhas e flores, o estado delas era crítico. Assim, é bom ressaltar que os organismos estudados podem ocasionar a queda, mas não a morte da árvore”.

O cupim subterrâneo Coptotermes gestroi e o fungo apodrecedor Ganoderma sp foram os gêneros mais encontrados nas árvores estudadas. O primeiro, relatado como praga há pelo menos 40 anos, chegou ao Brasil da Ásia provavelmente pelo Porto de Santos e não encontrou seus predadores naturais, enquanto o segundo está normalmente associado a injúrias causadas pelo homem às árvores, o que traz a questão da necessidade de programas de educação ambiental, acredita o pesquisador.

Brazolin ressalta que o trabalho não buscou avaliar as diferenças entre bairros, mas sim transformar conceitos complexos em algo útil: “Espero que a tese auxilie os responsáveis pela arborização urbana a tomar decisões por meio de parâmetros simples, mas com todo um conhecimento acadêmico incorporado. Com parâmetros visuais e outros de prospecção, será possível inferir o risco de queda da árvore”.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Leite cru e água: fungicida simples e barato


 Buscando a utilização de práticas alternativas para reduzir o uso de agrotóxicos, a Embrapa demonstra que o leite de vaca controla o oídio de forma simples, mais barata e com menos danos ao homem e ao meio ambiente. A mistura de leite com água foi testada em diversas culturas como as do pepino, abobrinha, tomate, rosa, soja, eucalipto e alface, mostrando-se eficiente no combate da doença. 
Doença provocada por um fungo, o oídio se parece com um pó branco e é encontrado nas folhas das plantas. Se não for controlado, pode tomar toda a plantação atrapalhando o crescimento das plantas, reduzindo a produção e, conseqüentemente, os ganhos do produtor. A produção de culturas como a da abobrinha pode cair em até 60% quando atacada pela doença.
A receita para uso do leite no combate do oídio é bem simples: basta preparar uma solução de 5% de leite de vaca cru e 95% de água e pulverizá-la sobre a plantação. Os estudos que chegaram a essa mistura foram feitos pelo pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Wagner Bettiol, que participa do programa. “A solução é totalmente inócua ao meio ambiente, não causando nenhum impacto ambiental, diferentemente dos fungicidas utilizados para o controle da doença”, enfatiza o pesquisador. Além disso, os produtos químicos indicados para o combate ao oídio são caros, custando em média, R$ 135,00 o litro.

2007/06/18
15'
Maria Cristina Tordin
Email: cris@cnpma.embrapa.br
Telefone: (19) 3869-2481
Embrapa Meio Ambiente

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