Champinhom, shitake e shimeje, tipos mais cultivados, exigem temperaturas abaixo de 20ºC e umidade do ar acima de 80% | |||||||||||||||||
O mercado de cogumelos comestíveis está em plena expansão no país por diversos motivos, entre eles o boom da comida japonesa em várias cidades. O champinhom francês, velho conhecido dos brasileiros, ainda é o mais consumido e produzido em território nacional, mas o shitake e o shimeje estão ganhando bastante espaço e podem ser uma boa aposta dos produtores. Estes dois cogumelos não exigem grandes investimentos e são fáceis de serem cultivados por pequenos produtores. De um modo geral, um galpão da fazenda pode ser facilmente adequado, precisa garantir apenas a temperatura abaixo dos 20º e a umidade do ar acima de 80%. — A maneira mais simples de cultivo do shitake é o uso de toras de eucalipto. Em São Paulo, está sendo muito comum também o cultivo de shitake em blocos de serragem, mas este método exige uma estrutura maior. No caso do shimeje, é possível fazer o cultivo no processo de compostagem curta e também conseguimos a compostagem a vapor, que é um sistema que pode ser montado sem grandes investimentos, mas requer um controle maior de temperatura e de umidade do ar para que haja a frutificação — explica Eustáquio Souza Dias, professor da Universidade Federal de Lavras. O manejo do shitake é tão simples que ele pode ser cultivado até em casa, apenas para consumo próprio, desde que se obedeçam as exigências de temperatura e umidade. Segundo o pesquisador, o primeiro passo para o cultivo de shitake é adquirir toras de eucalipto frescas com as cascas completas,. Ele lembra que é preciso observar se as toras estão verdes, ou seja, não podem ter sinal de ressecamento. O produtor deve fazer uma série de furos ao longo da tora e colocar as “sementes” de cogumelo dentro dos furos. Estas “sementes” são o fungo que vai gerar o cogumelo e devem ser compradas em empresas de qualidade. Depois, estes fungos devem ser tapados com uma mistura, que é uma espécie de cera, e ficarem protegidos do sol em um ambiente bem fresco em condições controladas durante toda a etapa de produção.
A única limitação da técnica é que as toras devem ficar em descanso durante seis meses para começar a frutificação, um processo demorado. Após os seis meses, o produtor precisa mergulhar as toras de eucalipto durante 12 horas seguidas em água muito fria. Depois é só esperar a frutificação. No entanto, apesar da aparente simplicidade na produção, Eustáquio Dias chama a atenção para a delicadeza do processo. — Todas as etapas requerem cuidado. Algumas pessoas pensam que podem cultivar cogumelos indo visitar a plantação só nos fins de semana ou feriados, mas é preciso verificar constantemente as condições de temperatura e umidade do ar. Há produtores que perdem tudo porque não cuidam desta etapa, aí as cascas acabam secando e se soltando. O ponto de colheita também é muito importante, não pode permitir que o cogumelo passe do ponto ideal senão todo o processo é perdido e o tempo de prateleira diminuído — alerta o professor. No caso do champinhom, é preciso que o produtor tenha uma infraestrutura maior. Dias explica que este cogumelo depende de um processo de compostagem para se obter o substrato de cultivo, para se fazer a inoculação do composto. Depois é preciso colocar uma camada de cobertura, que normalmente é feita de terra e deixar a plantação descansando em temperatura controlada. Os custos, variam muito de acordo com o local, a estrutura do produtor e a estratégia de produção, mas o champinhom exige mais gastos do que o shitake e o shimeje.
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sábado, 8 de julho de 2023
Produção de cogumelos comestíveis: investimento simples, mas cultivo delicado!!
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