Blog dedicado a AGROECOLOGIA, ARBORIZAÇÃO URBANA, ORGÂNICOS E AGRICULTURA SEM VENENOS. Composting, vermicomposting, biofiltration, and biofertilizer production... Alexandre Panerai Eng. Agrônomo UFRGS - RS - Brasil - agropanerai@gmail.com WHAST 51 3407-4813
sábado, 5 de outubro de 2019
Bananeira orgânica é bom negócio para pequeno produtor
Se existe uma cultura fácil de ser adaptada ao sistema orgânico de
produção é a bananeira. "Cerca de dois terços de toda a fitomassa da
bananeira retorna para o solo, ou seja, ela restitui quase 70% do que
produz", afirma Ana Lúcia Borges, pesquisadora da Embrapa Mandioca e
Fruticultura (BA) e representante da Empresa na Comissão de Produção
Orgânica da Bahia, fórum composto por membros de entidades
governamentais e não governamentais.
No
Brasil, estima-se que apenas 0,5% da área colhida de banana esteja sob
monocultivo orgânico, ou seja, em torno de 2.400 hectares. De acordo com
dados de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), dentre todas as frutas produzidas no Brasil, a banana ocupa o
segundo lugar em área colhida (aproximadamente 485 mil hectares),
produção (cerca de 6,9 milhões de toneladas) e consumo aparente por
habitante (30 kg/ano).
Para ser considerado
orgânico, o produtor deve usar técnicas ambientalmente sustentáveis e
não pode utilizar agrotóxicos nem adubos químicos solúveis, que devem
ser aplicados rigorosamente de acordo com as instruções para que não
haja excesso em relação à capacidade de absorção das plantas e, a longo
prazo, não tragam danos ao ecossistema.
Para
ser regularizado, existem três opções: certificação por um Organismo da
Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC) credenciado pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), organização em grupo ou
cadastramento no Mapa para realizar a venda direta sem certificação.
Além disso, pode seguir o sistema orgânico de produção para a cultura da
banana, organizado pela Embrapa, que está na segunda edição. A
publicação reúne informações técnicas sobre estabelecimento da cultura,
preparo da área, seleção de variedades e mudas, práticas culturais,
manejos de doenças, nematoides, insetos e ácaros, além dos manejos na
colheita e pós-colheita, com base nos regulamentos aprovados para a
produção orgânica.
Mercado
Por ter princípios bem definidos pelas certificadoras, o mercado de
banana orgânica diferencia-se do convencional devido às peculiaridades
dos processos ‘antes da porteira' e ‘depois da porteira'. "Os cuidados
nas fases de comercialização são maiores e, por isso, o percentual de
perda do produto é menor que os cerca de 40% encontrados para as bananas
convencionais, embora não haja estudos com dados percentuais mais
próximos da realidade", declara a pesquisadora Áurea Albuquerque,
doutora em Economia Agrícola.
No momento sob
forte expansão, o mercado brasileiro de banana orgânica está concentrado
em centros de distribuição especializados (atacados), redes de
supermercados com processos de logística que englobam produtos orgânicos
e feiras livres especializadas – com vendedores cadastrados em
associações ou cooperativas. "Tanto nas feiras especializadas quanto nas
redes de economia solidária a rentabilidade do produtor, que muitas
vezes é o próprio vendedor, é maior, pois a maximização do lucro é
relegada a segundo plano", salienta Áurea.
Segundo a pesquisadora, a exportação de banana orgânica brasileira vem
crescendo nos últimos anos. O destaque fica para produtos processados,
como a banana passa proveniente do Projeto Jaíba, em Minas Gerais, e
exportada, principalmente para a União Europeia e os Estados Unidos.
"Além das exigências que os agricultores devem atender para exportação,
somam-se os requisitos para certificação orgânica, institucionalizados
por órgãos internacionais, o que confere garantia adequada ao
produto".
Para o consumidor, a certificação é
a garantia da procedência e da qualidade orgânica de um alimento
natural ou processado. Para o produtor certificado, agregação de valor
ao seu produto é um diferencial de mercado que estabelece uma relação de
confiança com o consumidor. Além disso, por não utilizar agrotóxicos, a
saúde dos próprios agricultores é preservada.
Nutrientes
Fertilizantes, corretivos e inoculantes somente podem ser usados se
permitidos pela Instrução Normativa 17, de 18 de junho de 2014, do Mapa.
Os nutrientes podem ser supridos por meio de fontes orgânicas (adubo
verde, esterco animal, torta vegetal ou cinza) ou minerais naturais
(calcário, fosfato natural e pó de rocha) ou da mistura das duas fontes.
O ideal é que o produtor aproveite resíduos da sua propriedade
(fitomassa da bananeira e outras culturas), para reduzir custos com
transporte, e utilize coberturas vegetais apropriadas para o ecossistema
da região. "A agricultura orgânica é mais adequada e viável ao pequeno
agricultor porque ele pode usar tudo da sua área. Se ele tem um animal,
até mesmo uma galinha, pode usar o esterco, fazer o composto e colocar
na bananeira", exemplifica a pesquisadora. Outros resíduos que podem ser
usados no composto são bagaço de laranja ou de cana-de-açúcar, cinzas
de madeira, polpa de sisal, raspa de mandioca, torta de algodão, cacau
ou mamona. Também existem no mercado produtos certificados.
O composto orgânico demora cerca de três meses para liberar os
nutrientes. "No sistema orgânico o fruto realmente cresce menos. Como o
nutriente não está prontamente disponível, a liberação é lenta, mas
observamos que isso tem uma vantagem. O fruto cresce devagar, concentra o
brix [a doçura], fica com tamanho adequado, em torno de 90 a 100g, e
mais saboroso. Para o consumidor, isso pode ser importante", informa.
"Particularmente, a bananeira é uma planta muito fácil de produzir de
forma orgânica porque anualmente não é necessário colocar tanto adubo já
que ela restitui ao solo dois terços da sua fitomassa. Da bananeira, só
saem os frutos. Então, tem que se repor os nutrientes que saíram com o
cacho. Tudo volta, até o engaço [estrutura que segura os frutos]'.
crotalária |
Conservação do solo
Uma preocupação constante do produtor orgânico precisa ser com a
conservação do solo, que deve ser mantido sempre coberto. Por isso, na
fase de formação do bananal é recomendável o plantio de leguminosas e
não leguminosas nas entrelinhas do bananal. "As plantas utilizadas como
adubo verde devem ter crescimento inicial rápido, para abafar as plantas
espontâneas e produzir grande quantidade de massa verde", explica José
Egídio Flori, pesquisador da Embrapa Semiárido (PE). Ao serem cortadas,
as plantas de cobertura devem ser deixadas sobre a terra. Esse material
orgânico se decompõe, liberando nitrogênio – principalmente as
leguminosas – e outros nutrientes.
Nos experimentos em área de produtor, as leguminosas que trouxeram melhor resultado foram feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), crotalária (Crotalaria juncea), guandu ou feijão-de-corda (Cajanus cajan) e cudzu tropical (Pueraria phaseoloides). Perene e tolerante à sombra, o amendoim forrageiro (Arachis pintoi)
deve ser usado apenas em regiões de boa pluviosidade ou em bananais
irrigados. "O produtor pode consorciar a bananeira com uma cultura que
ele pode vender também e ter uma renda a mais, como o guandu", salienta
Ana Lúcia.
Pragas e doenças
De acordo com a Instrução Normativa 17 do Mapa, nos sistemas orgânicos,
deve-se priorizar a utilização de material adaptado às condições locais
e tolerantes a pragas e doenças. "O grande problema do sistema orgânico
é a mão de obra. No sistema convencional, o monitoramento é feito para
avaliar se precisa fazer o controle. No orgânico, tem que ser o tempo
todo. Quando aparecer uma praga, o produtor tem que retirar antes que se
alastre. A vistoria precisa ser constante", alerta Ana Lúcia. Por isso,
a melhor alternativa para o controle é a utilização de estratégias de
manejo integrado de pragas (MIP).
"Não existem
variedades de bananeira desenvolvidas especificamente para plantio em
sistemas orgânicos de produção, mas as variedades utilizadas para o
sistema convencional vêm sendo cultivadas com sucesso, adotando-se as
práticas recomendadas para o sistema orgânico. A Embrapa tem uma série
de variedades resistentes, que permitem o cultivo sem a utilização de
agrotóxicos", esclarece. Para verificar o comportamento de oito
variedades de bananeira no sistema orgânico, dois experimentos foram
implantados em locais com condições e climas distintos: no Perímetro
Irrigado Pedra Branca, localizado nos municípios de Curaçá e Abaré (BA),
e outro na Unidade de Pesquisa de Produção Orgânica (UPPO), na área da
Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas (BA). As variedades
foram Prata Anã, Pacovan, BRS Platina, BRS Princesa, BRS Japira, BRS
Preciosa, BRS Vitória e Galil-18. No primeiro ciclo, destacaram-se, no
ecossistema Semiárido, a bananeira BRS Preciosa e, no ecossistema Mata
Atlântica, a BRS Platina. No segundo ciclo, destacou-se a BRS Princesa
no Semiárido e a ‘Galil 18' na Mata Atlântica.
"A resistência a doenças importantes e a rusticidade, em especial, das
variedades BRS Platina e BRS Princesa facilitam a adoção e o cultivo em
áreas onde o uso de tecnologia ainda é incipiente", confirma o
pesquisador Edson Perito Amorim, líder do Programa de Melhoramento
Genético de Bananas e Plátanos da Embrapa.
Em
Pedra Branca, além do experimento de competição de variedades de
bananeira na área do produtor João Conceição, foi conduzida, de 2010 a
2013, uma área com a cultivar Pacovan orgânica, cujo acompanhamento foi
feito por técnicos da assistência técnica Projetec, contratada pela
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
(Codevasf). "Na área de Pacovan obtivemos bom resultado de produção, que
foi em média de 23 t/ha. O desempenho de produção e qualidade dos
frutos da bananeira orgânica foi bom", completa José Egídio Flori.
O agricultor João Conceição, que já cultivava hortaliças orgânicas,
teve bons resultados com a banana orgânica. "A produtividade foi muito
boa. Eu segui todas as recomendações do pessoal da Embrapa e da
assistência técnica porque acho que o produtor não pode fazer as coisas
só da cabeça dele. Fiz até análise do solo. Só não pude ganhar mais
porque não sou certificado e precisei vender as bananas para o
atravessador junto com as convencionais", salienta.
Léa Cunha (MTb 1633/BA)
Embrapa Mandioca e Fruticultura
mandioca-e-fruticultura.imprensa@embrapa.br
Telefone: (75) 3312-8076
Embrapa Mandioca e Fruticultura
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sexta-feira, 4 de outubro de 2019
Capim elefante: energia renovável e fonte de nutrição animal
Em períodos de grandes discussões sobre os cuidados e a preservação do meio ambiente, novas fontes de energia renovável ganham destaques e são alvos de pesquisa. O capim-elefante, além da aplicação na nutrição para bovinos , principalmente para vacas em período de lactação, é também uma opção de fonte alternativa de energia. Originário da África, ele possui grande variabilidade genética e o seu alto rendimento e qualidade são um dos aspectos mais estudados na cultura.
Nutrição animal
De acordo com a Embrapa Gado de Leite, com sede em Minas Gerais, o capim-elefante é utilizado como base da alimentação de vacas leiteiras mantidas a pasto durante o período de menor crescimento do capim, pois há necessidade de suplementação com volumosos, como o capim-elefante verde picado.
Devido ao alto potencial de produção de matéria seca, o capim-elefante é a forrageira mais utilizada em sistemas de produção de leite e na produção de capineiras. O produtor pode produzir silagens de média a boa qualidade com o uso deste tipo de cultura. Depois do milho e o sorgo, o capim-elefante se encaixa no grupo de forrageiras tropicais com melhores características para ensilar por conta da alta produtividade, do elevado número de variedades, grande adaptabilidade, facilidade de cultivo, além da boa palatabilidade e aceitabilidade pelos animais.
Fonte de energia renovável
Por ser uma espécie de rápido crescimento e de alta produção de biomassa vegetal, o capim elefante apresenta um alto potencial para uso como fonte alternativa de energia. Além disso, deve-se destacar que o capim elefante, por apresentar um sistema radicular bem desenvolvido, poderia contribuir de forma eficiente para aumentar o conteúdo de matéria orgânica do solo, além de aumentar o sequestro de carbono.
O pesquisador e entusiasta do uso de capim-elefante como fonte de energia renovável, Vicente Mazzarella, afirma que a gramínea semelhante à cana-de-açúcar foi trazida da África há cerca de um século e, desde então, tem sido usada como alimento para o gado. O interesse energético surgiu depois que sua alta produtividade tornou-se uma característica reconhecida por pesquisadores mundo afora.
“Enquanto que para produzir celulose e carvão vegetal o eucalipto fornece 7,5 toneladas de biomassa seca por hectare ao ano, em média, e até 20 toneladas nas melhores condições, o capim alcança de 30 a 40 toneladas”, afirmou o técnico que estuda a espécie desde 1991 no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do governo do Estado de São Paulo.
De acordo com Mazzarella, o cultivo da planta ainda é muito incipiente no Brasil, mesmo sendo o país que possui as melhores condições climáticas e geográficas para o plantio da espécie. “A produção em nosso país ainda é muito tímida, por inúmeras razões. Uma delas é que ninguém quer correr o risco. Além disso, as agências de fomento não completaram o ciclo, mas não tenho dúvidas de que a implantação vai levantar voo, minimizando erros e atuando de forma planejada”, garante o especialista.
Existem mais de 200 variedades de capim elefante e as plantações variam de lugar para lugar. O ideal é que o interessado procure saber quais são as variáveis mais adequadas a cada microrregião do país para só então iniciar o plantio. “As variedades dependem muito das condições edafoclimáticas. Para essas e outras análises existem pequenos projetos-piloto que estudam a variedade aconselhável para determinada região”, esclareceu Vicente.
Cultivo
Normalmente a primeira colheita pode ser feita seis meses após o plantio – o que permite duas colheitas anuais - mas também pode ser feita somente após um ano. “Ainda não existem dados práticos e econômicos em uma escala maior que comprovem qual o tempo ideal para colheita. Se são colheitas semestrais ou anuais, mais uma vez vai depender da região e respectivas condições climáticas e resposta do solo”, explicou Mazzarella.
Como pesquisador, Vicente desenvolveu trabalhos em parceria com a Embrapa Seropédica e o Instituto de Zootecnia do Estado de São Paulo, todos voltados a estudos sobre bioenergia. “Creio que em 2013 a questão do capim elefante deve deslanchar, pois não dá pra esperar que os outros avancem, temos que entrar nesse barco agora e fazer um trabalho bem feito”, pontuou.
Promissor
O pesquisador garante que essa fonte renovável tem o potencial de suprir entre 5% e 10% do consumo energético brasileiro nos próximos dez anos. Segundo pesquisas desenvolvidas por Mazzarella e as instituições parceiras, a produtividade energética do capim elefante - que cresce 5 metros ao ano – é muito superior ao da cana-de-açúcar e tem um bônus: capta ainda mais carbono da natureza.
E não para por aí, o futuro do capim-elefante mostra-se tão promissor a ponto de a planta poder competir com o eucalipto no segmento de carvão. “Já existem projetos em andamento para sua utilização como lenha em fábricas de cerâmica e como substituto do carvão mineral”, afirma. Para finalizar, Mazzarella aponta mais uma vertente para o uso da espécie. “Ele [capim] pode ser usado ainda em usinas termelétricas, em indústrias e o bagaço serve para a produção de álcool”, conclui.
Outro lado da moeda
De olho nos benefícios da espécie, o proprietário Sérgio Fernandes, da Cerâmica União, localizada em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, começou a cultivar o capim elefante há quatro anos, na queima de biomassa vegetal para produção de tijolos. Ele conta que viu no capim uma alternativa à queima de carvão e fonte de energia renovável. Por outro lado, no meio do caminho o empresário descobriu uma grande dificuldade no cultivo da planta. “Aqui ainda estamos em processo de implantação, pois descobrimos que a densidade do capim elefante é muito baixa e como o calor é gerado a partir do peso, a baixa densidade não ajuda muito. Por isso aqui na minha cerâmica eu misturo o capim elefante com o cavaco de madeira”, esclarece.
Densidade baixa e a dificuldade no cultivo
Ainda de acordo com o produtor é necessário que um trabalho mais intenso seja feito e pesquisas apontem o caminho do êxito na utilização do capim elefante. “Hoje nossa maior dificuldade em relação ao plantio é a densidade muito baixa que a planta possui. Outro ponto negativo é a falta de equipamentos adequados para colher o capim. Para isso é imprescindível o uso de maquinário agrícola adequado que faça a colheita de maneira que facilite o trabalho de secagem”, pontuou.
O capim elefante também possui alto teor de umidade e por essa razão precisa de um trabalho de desidratação muito bem elaborado – o que pode gerar gastos excessivos. “Se for gerar energia para tirar toda a água dele o custo pode ficar muito alto”, analisa Fernandes em referência aos aspectos da espécie que ainda precisam ser estudados com certa cautela.
O empresário é dono de uma propriedade no interior do Rio de Janeiro com cerca de 30 hectares plantados com capim elefante. “Precisamos de uma área maior plantada, mas também tenho necessidade que os estudos em torno da espécie se multipliquem e que as conclusões sejam positivas para quem tem interesse em cultivar. Precisamos de uma segurança maior”, afirma.
Plantio recomendável?
Questionado se recomenda o plantio de capim elefante, apesar de todos os aspetos positivos apresentados ao longo da matéria e do futuro um tanto quanto promissor que ele apresenta, Sérgio é enfático. “O plantio ainda não é aconselhável, pois é necessário calcular os riscos. Eu acredito que se conseguirmos aumentar a densidade da espécie o resultado será rentável, pois eu já investi muito dinheiro no cultivo e até agora minhas experiências não tiveram resultados tão lucrativos”, garante.
O produtor deixa claro que, apesar das características positivas e sustentáveis que o capim elefante oferece, os estudos são recentes e as formas de plantio ainda não apresentaram nenhuma descoberta sobre o ganho de densidade – isso tornaria o plantio extremamente recomendável – pois é a densidade que produz o calor necessário para gerar a energia que se espera da gramínea.
Em suma, tanto o pesquisador Vicente Mazzarella quanto o produtor Sérgio Fernandes, concordam em um aspecto: O Brasil ainda levará algum tempo para aprimorar a cultura e viabilizar o plantio.
quinta-feira, 3 de outubro de 2019
Ana maria Primavesi completa hoje 99 anos
terça-feira, 1 de outubro de 2019
Jardim filtrante saneamento básico na área rural
Em São Carlos, interior de São Paulo, uma iniciativa da Embrapa Instrumentação se apresenta como o caminho ideal para a promoção do saneamento básico na área rural e a destinação correta dos resíduos sólidos, de origem domiciliar. A proposta é evitar as chamadas fossas negras, transformar o esgoto doméstico da área rural em adubo orgânico, promover o saneamento básico e proteger o meio ambiente. Para isso, foi desenvolvido o jardim filtrante, uma tecnologia complementar ao saneamento básico na zona rural, que inclui a fossa séptica biodigestora e o clorador Embrapa.
Como a fossa trata apenas o esgoto humano, o jardim filtrante surgiu como uma alternativa para dar um destino adequado à água cinza da residência, constituída de efluentes provenientes de pias, tanques, chuveiros e o efluente tratado da fossa. Apesar do seu poder contaminante ser bem menor que a água negra, a água cinza também merece atenção, já que vem impregnada de sabões e detergentes, bem como de restos de alimentos e gorduras.
A fossa séptica biodigestora é um sistema que o próprio produtor rural pode fazer. O esgoto doméstico é desviado do vaso sanitário por meio de uma tubulação que vai até caixas de fibra de vidro praticamente enterradas no chão. O adubo orgânico gerado pela fossa séptica biodigestora deve ser aplicado somente no solo, em pomares e outras plantas onde o biofertilizante não entre em contato direto com alimentos que sejam ingeridos crus.
O clorador Embrapa é um complemento do sistema de saneamento básico na área rural. fácil de ser montado e de baixo custo. Com peças e conexões encontradas em casas de material de construção, o produtor pode montar o clorador, que é instalado entre a captação de água e o reservatório. Para clorar a água é preciso colocar uma colher rasa de café, de hipoclorito de cálcio, no receptor de cloro. Depois de 30 minutos, a água já está clorada, livre de germes e pronta para beber.
Assista outros vídeos na nossa Rede de Pesquisa e Inovação em Leite, www.repileite.com.br
Produção: Embrapa Informação Tecnológica e Embrapa Instrumentação Agropecuária
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
Tamarilho ou Tamarillo ou tomate de árvore
O Tamarilho por vezes escrito tamarillo, tomate japonês, tomate inglês ou tomate arbóreo (estes dois últimos nomes usados na Madeira), é o fruto da espécie Solanum betaceum, pertencente à família Solanaceae.
Nativa dos Andes na América do Sul, é rica em vitamina A, sendo indicada para controlar o colesterol[carece de fontes]. É apreciada ao natural e seu sabor agridoce também pode ser explorado com sucesso no preparo de sucos, geleias ou compotas, salada de frutas e molhos para acompanhar carnes.
É comercialmente cultivada na Nova Zelândia, Califórnia e Portugal. No Brasil, a fruta é cultivada em quintais, principalmente nos estados da Bahia, de Minas Gerais e de São Paulo. Na Bahia recebe o nome de "tomatão" e em São Paulo de "tomate francês". Na região sul de Minas Gerais é popularmente conhecida como "tomate de árvore". Em Portugal também é conhecida como "tomate brasileiro".
Nasce em uma árvore de pequeno porte, que não requer cuidados especiais, mas que sofre bastante com as geadas pelo que necessita de ser protegida no Inverno. Propaga-se por semente e por estacas dos ramos.
Descasquei com uma faquinha de legumes e fiz esta salada com catalonha, laranja, cebola, pimenta, tomatinho, hortelã, temperada com sal, azeite e um mínimo de suco de limão rosa e de laranja (só o sal, o azeite e a cebola não são do sítio).
Às vezes acontece, de uma hora pra outra, de a gente passar a gostar de alguma coisa a que nunca deu valor. Pois desta vez me encantei com os tamarillos ou tomates de árvore (Cyphomandra betacea) de um pé que tenho plantado em Fartura-SP. Comprei a mudinha no Posto Frango Assado da Rodovia Anhanguera, já com fruto, e levei para o sitio há uns 4 anos. A planta cresceu rápido, tem hoje uns 4 metros, e desde então não parou de frutificar. Frutos como ovos alaranjados. Tem também o vermelho sanguíneo, meu atual objeto do desejo. Acontece que, embora tenha tentado algumas receitas com ele, não me apeteceu logo no começo. E a ninguém da família. Então, durante todo este tempo os tomates laranjas ficaram para as galinhas, o chão forrado deles sempre. Muitos, e na porta de casa.
Há alguns dias, Nina Horta me mostrou dois deles, que alguém lhe deu e me perguntou o nome. O desprezo era tanto que os chamei displicentemente de tomatillos, fazendo confusão com o nome das physalis mexicanas. Mas também, são todos parentes do tomate e da berinjela, família das Solanáceas. Só sei que desta vez cheguei lá olhando diferente para o tal tree tomato ou tomate francês (é originário da América do Sul, provavelmente do Peru).
Descasquei, polvilhei sal e comi. Como não havia descoberto aquele sabor antes? Meio tomate, meio goiaba, meio maracujá, meio camapu, um blend, um corte dos bons. O hummm foi tão convincente que contaminou a família e logo todos estavam festejando a fartura deles a qualquer tempo, ao nosso alcance. A pele é mais firme e amarguinha que a do tomate e deve ser tirada. Já as sementes são mais duras, mas não atrapalham.
E a polpa é mais cremosa e densa que a do tomate. É ainda mais perfumado, ácido e doce, sendo, portanto, mais versátil. Vai bem como legume em molhos, sopas, cremes, chutneys e saladas. Ou como fruta em sucos, compotas, sorvetes ou simples, cru, de colherinha. Mais uma coisa boa? A planta é resistente, não dá praga alguma (pelo menos a nossa é assim).
São bons quando maduros, macios.
Pode ser despelado como o tomate. Faça um corte em cruz na casca e mergulhe por 1 minuto na água fervente. Ou descascado com faquinha.
Grelhado com azeite, flor de sal, pimenta-do-reino e folhas de manjericão. Foi um teste rápido para ver se ficava bom. Nem preciso comentar. Entradinha perfeita.
fonte:http://come-se.blogspot.com.br/2008/03/tamarillo-ou-tomate-de-rbore.html
Nativa dos Andes na América do Sul, é rica em vitamina A, sendo indicada para controlar o colesterol[carece de fontes]. É apreciada ao natural e seu sabor agridoce também pode ser explorado com sucesso no preparo de sucos, geleias ou compotas, salada de frutas e molhos para acompanhar carnes.
É comercialmente cultivada na Nova Zelândia, Califórnia e Portugal. No Brasil, a fruta é cultivada em quintais, principalmente nos estados da Bahia, de Minas Gerais e de São Paulo. Na Bahia recebe o nome de "tomatão" e em São Paulo de "tomate francês". Na região sul de Minas Gerais é popularmente conhecida como "tomate de árvore". Em Portugal também é conhecida como "tomate brasileiro".
Nasce em uma árvore de pequeno porte, que não requer cuidados especiais, mas que sofre bastante com as geadas pelo que necessita de ser protegida no Inverno. Propaga-se por semente e por estacas dos ramos.
Descasquei com uma faquinha de legumes e fiz esta salada com catalonha, laranja, cebola, pimenta, tomatinho, hortelã, temperada com sal, azeite e um mínimo de suco de limão rosa e de laranja (só o sal, o azeite e a cebola não são do sítio).
Às vezes acontece, de uma hora pra outra, de a gente passar a gostar de alguma coisa a que nunca deu valor. Pois desta vez me encantei com os tamarillos ou tomates de árvore (Cyphomandra betacea) de um pé que tenho plantado em Fartura-SP. Comprei a mudinha no Posto Frango Assado da Rodovia Anhanguera, já com fruto, e levei para o sitio há uns 4 anos. A planta cresceu rápido, tem hoje uns 4 metros, e desde então não parou de frutificar. Frutos como ovos alaranjados. Tem também o vermelho sanguíneo, meu atual objeto do desejo. Acontece que, embora tenha tentado algumas receitas com ele, não me apeteceu logo no começo. E a ninguém da família. Então, durante todo este tempo os tomates laranjas ficaram para as galinhas, o chão forrado deles sempre. Muitos, e na porta de casa.
Há alguns dias, Nina Horta me mostrou dois deles, que alguém lhe deu e me perguntou o nome. O desprezo era tanto que os chamei displicentemente de tomatillos, fazendo confusão com o nome das physalis mexicanas. Mas também, são todos parentes do tomate e da berinjela, família das Solanáceas. Só sei que desta vez cheguei lá olhando diferente para o tal tree tomato ou tomate francês (é originário da América do Sul, provavelmente do Peru).
Descasquei, polvilhei sal e comi. Como não havia descoberto aquele sabor antes? Meio tomate, meio goiaba, meio maracujá, meio camapu, um blend, um corte dos bons. O hummm foi tão convincente que contaminou a família e logo todos estavam festejando a fartura deles a qualquer tempo, ao nosso alcance. A pele é mais firme e amarguinha que a do tomate e deve ser tirada. Já as sementes são mais duras, mas não atrapalham.
E a polpa é mais cremosa e densa que a do tomate. É ainda mais perfumado, ácido e doce, sendo, portanto, mais versátil. Vai bem como legume em molhos, sopas, cremes, chutneys e saladas. Ou como fruta em sucos, compotas, sorvetes ou simples, cru, de colherinha. Mais uma coisa boa? A planta é resistente, não dá praga alguma (pelo menos a nossa é assim).
São bons quando maduros, macios.
Pode ser despelado como o tomate. Faça um corte em cruz na casca e mergulhe por 1 minuto na água fervente. Ou descascado com faquinha.
Grelhado com azeite, flor de sal, pimenta-do-reino e folhas de manjericão. Foi um teste rápido para ver se ficava bom. Nem preciso comentar. Entradinha perfeita.
fonte:http://come-se.blogspot.com.br/2008/03/tamarillo-ou-tomate-de-rbore.html
Espalhando minhocas pelo Rio Grande do Sul
Potes com húmus e muitas minhocas composteiras |
É muito fácil!!
Agroecologia: "É hora de pensar em outras maneiras"
FONTE: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/565320-agroecologia-e-hora-de-pensar-em-outras-maneiras
Engenheiro agrônomo especializado em agroecologia, Eduardo Cerdá defende a necessidade de desenvolvimento de outro modelo agropecuário, menos dependente de insumos e sem consequências para a saúde ou para o meio ambiente.
Eduardo Cerdá é vice-presidente do Centro de Graduados da Faculdade de Agronomia da Universidade de La Plata, conselheiro de campo e uma referência na produção agroecológica com participação em casos emblemáticos (como na fazenda La Aurora, em Benito Juárez, Buenos Aires). Também é membro da Sociedade Científica Latino-Americana de Agroecologia (SOCLA) e um ativista de um outro modelo agropecuário. Nesta entrevista ele fala sobre a necessidade de implementar a agroecologia, alguns exemplos concretos, as consequências do agronegócio, o papel da universidade e as potencialidades do setor.
A entrevista é de Darío Aranda, publicada por ALAI, 24-02-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Eis a entrevista.
O que é agroecologia?
É tornar os conceitos de ecologia e de produção agropecuária compatíveis.
Em uma nova prática?
Na agronomia há muitas ramificações, como na medicina. A agroecologia é um desses ramos, uma especialização, uma forma profunda de compreender a produção agropecuária. É um ramo relativamente novo para os agrônomos formados com muito pouca base ecológica. Infelizmente a agronomia e a veterinária sempre estiveram mais voltadas para a produção, sempre em busca de rendimento, e isso nos fez ter um olhar muito baseado nos insumos agrícolas. O engenheiro agrônomo acaba preocupado com este ou aquele produto e com suas doses. Perdeu-se de vista tudo o que está relacionado com a ecologia, a relação entre vegetais, solos, animais. Esse olhar é muito necessário e nos deparamos com a falta de profissionais para projetar, desenvolver e acompanhar o produtor em sua produção tratando de alterar o meio ambiente o menos possível.
Isso está relacionado com o uso de agroquímicos?
Muitas vezes as pessoas dizem que não querem pulverizar suas plantações, pois as doenças nas áreas pulverizadas são muito notórias. E, geralmente, as instituições dizem que não é possível produzir sem agrotóxicos. Isso é a falta de informação. Quem sabe eles não saibam como produzir. Mas existem estratégias para fazê-lo.
Algum exemplo concreto?
Em quinze anos, na região sudeste de Buenos Aires, obtivemos uma média de mais de 3.300 quilos de trigo, mais de 5.000 quilos agora (entre 2014 e 2015), e em comparação com os vizinhos, estamos em situação muito parecida. Com a diferença de que, na medida em que os solos e as plantas são favorecidos, não usamos fertilizantes químicos ou herbicidas. Mantemos um custo de 150 dólares por hectare e os vizinhos foram subindo, pois já estão quase entre 350 e 420 dólares de custo (safras de 2014/15 e 2015/16). Mantivemos o nível dos custos e os rendimentos foram subindo.
O que dizem os produtores vizinhos?
Eles ficam interessados, mas não estão informados de que existem tais alternativas. É um processo a ser feito com os produtores. Mostrar que a tecnologia proposta (transgênicos) prometia um excesso de otimismo, pois acreditava-se que com um herbicida tudo poderia ser controlado, mas a natureza não funciona dessa forma. As plantas tornaram-se resistentes, antes os gastos com herbicidas custavam oito dólares e agora custam 30, anteriormente eram usados dois litros por hectare e agora são necessários mais de dez litros. Onde isso vai parar? O produtor está vendo que essas linhas de raciocínio estão levando-o a um alto uso de agroquímicos, com alto risco tanto para o seu bolso quanto para a sua saúde. É um beco sem saída.
Quais são suas opções?
Há uma outra maneira de fazer isso. A agroecologia é uma ferramenta para pensar e se colocar a favor da vida. Em vez de controlar os insetos e plantas através de venenos, é possível fazê-lo de outra maneira, que funciona bem. É hora de pensar em outras maneiras. A agroecologia vem para trazer elementos da ecologia, que são princípios universais de gestão de estabelecimentos agropecuários com um olhar sistêmico, para trabalhar em equilíbrio e usar muito poucos insumos externos.
O que falta para fomentar este modelo?
Requer um olhar diferente para o campo, para protegê-lo, e ao mesmo tempo, isso irá favorecer o produtor. Há de se ter bem claro que nenhum pesticida é necessário para produzir alimentos. Trata-se de pensar em outro tipo de agricultura e isso não significa voltar 60 anos atrás, como alguns costumam dizer. Também é necessário esclarecer que não existem receitas, pois não se trata de copiar, porque cada região tem sua particularidade e é necessário tentar e ir adaptando.
Qual é o papel da universidade?
Muito importante. Nem todos os profissionais querem produzir para o modelo atual e há produtores que querem um outro tipo de agricultura. Os cidadãos não querem pulverização perto de suas casas, por isso é fundamental que seja feita uma outra agronomia nessas áreas. E esta é uma oportunidade para os profissionais ao deixarem um modelo de agronomia química que prejudica a saúde.
Em muitos lugares são solicitadas regiões livres de produtos químicos, cinturões agroecológicos.
Os cidadãos têm o direito de não serem pulverizados. Agrônomos e veterinários tomam isso como ofensa, acreditam que não é possível produzir. Ao invés de ofensa para os profissionais, haveria de ser uma oportunidade. A universidade, o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (INTA), as faculdades de engenheiros agrônomos, todas as entidades devem se aprofundar na agroecologia. É imprescindível produzir sem deteriorar os recursos.
Qual é o seu balanço do modelo de agronegócios, com transgênicos e produtos químicos?
Há vários aspectos. Um deles é a sociedade e a saúde, onde são percebidas doenças, câncer, más formações e desequilíbrios físicos. É uma agricultura com muitos insumos e custos. Relacionando com a farmacologia, a maioria das pessoas usam mais medicamentos e o mesmo acontece na agricultura. É um processo que exige cada vez mais insumos.
Na década de 90 custava 100 dólares para fazer um hectare de trigo, há dez anos custava 200 e hoje custa mais de 300 dólares. Aumentaram os insumos e aumentaram as doses. Você vai ao médico e ele te prescreve um remédio. E então você volta e ele te dá o dobro: é óbvio que a sua saúde não está melhorando. No campo do agronegócio acontece o mesmo. Outro fator é que este modelo repele as pessoas. Em suma, tem consequências para a saúde, para os solos, plantas, animais e para a sociedade. A agroecologia é uma alternativa para evitar essas consequências.
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Fossa Séptica sustentável com pneus reaproveitados
A fossa séptica desenvolvida pela Prefeitura de Uberlândia é uma alternativa interessante para reaproveitar materiais que seriam descartados, ao mesmo tempo em que soluciona parte do problema de saneamento básico, comum em várias cidades brasileiras.
O Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) é o órgão responsável pela criação do sistema e pela fabricação das fossas sustentáveis entregues na cidade mineira. Mas, para não limitar o conhecimento, eles criaram um manual que dá o passo a passo para que a ideia seja replicada em qualquer lugar.
A base para a fabricação dessa fossa são pneus de caminhão, conseguidos muitas vezes sem custo algum. De acordo com a DMAE, este modelo de fossa tem atraído muitos produtores rurais e pessoas que moram em sítios e chácaras em áreas afastadas e pouco atendidas pelas redes de coleta de esgoto.
Cada fossa utiliza dez pneus, divididos em dois módulos. A conexão é feita diretamente no vaso sanitário. No primeiro módulo ocorre a decomposição dos rejeitos através de bactérias. A matéria orgânica se deposita no mundo do recipiente, enquanto o líquido gerado segue para o segundo módulo, onde as bactérias continuam atuando, removendo até 95% da matéria orgânica contaminante.
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
terça-feira, 24 de setembro de 2019
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