Globo Rural reapresenta as melhores matérias do ano de 2011.
Em São Paulo, tecnologia simples é adotada por pequenos agricultores.
O som de uma descarga é tão comum no dia-a-dia de uma casa que muitas
vezes a gente nem se dá conta do destino dos dejetos. Mas você sabe para
onde segue o encanamento do esgoto em uma pequena propriedade rural?
Muitas vezes, a não mais do que 30, 40 metros do banheiro, a chamada
fossa negra - que nada mais é do que um buraco na terra - recebe todo o
material, sem nenhum tratamento.
No lugar, o acesso é quase proibido, como conta José Amarante, técnico
em desenvolvimento agrário do Instituto de Terras do Estado de São
Paulo, o Itesp. “Os próprios produtores rurais consideram o local
perigoso, onde eles orientam as crianças a não chegarem perto. Visitas
também, este é o primeiro alerta que o produtor faz. Além do perigo da
contaminação, existe o perigo de cair, pois são estruturas totalmente
precárias”.
Para o buraco não ficar exposto, os produtores improvisam uma cobertura
com pau e folha de zinco. O fato dos dejetos irem direto para o solo
compromete a qualidade de vida da população.
O veterinário Luiz Augusto do Amaral, professor da Unesp de
Jaboticabal, trabalha com saúde pública há 30 anos e diz que 80% dos
leitos hospitalares são ocupados por pessoas que estão doentes em
decorrência da falta de saneamento. “Quando se investe um dólar em
saneamento, economizam-se quatro em saúde. E a área rural é onde se
produz água, então tudo o que for feito para preservar ou impedir a
contaminação, superficial ou subterrânea, protege-se inclusive
populações distantes. Quem tem uma fossa negra, tem cinco vezes mais
chance de ter a água contaminada, do que aquele que tem uma fossa
correta”, alerta.
Uma fossa correta pode ser uma estrutura simples, como a que mudou a
saúde das 47 famílias do assentamento Córrego Rico, em Jaboticabal, no
norte paulista.
Em Ibitiúva, no município de Pitangueiras, a 50 quilômetros de
Jaboticabal, na propriedade de Jaime Fagundes dos Santos, o trabalho
conta com a experiência do agricultor Oscar Dias da Silva, que fez 47
das 66 fossas construídas na região sob coordenação do Itesp. “Em 20, 30
dias a fossa está pronta para funcionar. Eu gosto do trabalho, porque
isso é para o futuro. Se as pessoas não cuidarem, o planeta acaba. A
gente tem que lutar para isso”, afirma.
Sheilla Bolonhezi Verdade é bióloga da Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral, a Cati, e acompanha o trabalho de saneamento rural nos
assentamentos da região.
Estrutura da fossa séptica composta por três caixas
(Foto: Reprodução TV Globo)
Na estrutura da fossa séptica, composta por três caixas, a primeira dá
início à fermentação dos dejetos, processo que vai decompor o material e
eliminar o maior dos causadores de doenças. Conforme vai enchendo, o
líquido passa para a segunda caixa, que completa a fermentação até
chegar à terceira. “A terceira caixa já está com o efluente livre de
patógenos. O líquido pode ser utilizado para irrigação de culturas, como
frutíferas ou de consumo indireto. O produtor vai gastar
aproximadamente de R$ 1.000 a R$ 1.200 para montar a estrutura,
dependendo do material utilizado”, explica a bióloga.
Uma estrutura com três caixas de mil litros cada uma dá conta de atender uma família de cinco pessoas.
Assista ao vídeo com a reportagem completa e veja mais sobre o funcionamento da fossa séptica.
Há 12 anos, a primeira fossa séptica, no modelo desenvolvido pela
Embrapa,
foi instalada em Jaboticabal. Ela serviu de base para que o sistema
fosse adotado nas pequenas propriedades da região e continua
funcionamento perfeitamente.
A fossa séptica deve ser instalada a uma distância de pelo menos 30 metros da casa e longe de onde se faz a captação da água.
Para mais informações sobre a construção de fossas sépticas, escreva para a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.
Cati
Avenida Treze de Maio, 946
Jaboticabal, São Paulo
Cep: 14870-160