Fonte: site globo rural
Alternativas aos fertilizantes industrializados, todas as receitas podem ser feitas em casa e aplicadas em pequenas hortas
Por Lucas Alencar | Edição: Vinicius Galera
Boa parte dos hortelões que decide começar a plantar seus próprios vegetais tem como objetivo escapar do fertilizante industrial acrescentado ao alimento comprado em feiras e supermercados.
Mas como adubar a terra e melhorar desenvolvimento da planta sem
os tradicionais fertilizantes? A reportagem de GLOBO RURAL conversou
com diversos hortelões urbanos, que nos contaram os métodos, técnicas e
receitas de adubos orgânicos que aplicam em suas hortas:
Minhocas
Um dos principais animais amigos da horta, as minhocas são essenciais na formação de um solo saudável e rico em nutrientes. Numa reportagem da seção Cidades Verdes, mostramos como o jornalista Alex Branco, hortelão urbano há 35 anos, montou um minhocário para produzir húmus e biofertilizante líquido natural. O viveiro de minhocas
é dividido em três andares: no primeiro, as minhocas se misturam à
terra e a restos de plantas e folhas; no segundo, ficam represados os
compostos depositados pelos animais; o terceiro andar armazena o líquido
que escorre dos três primeiros, usados por Branco como biofertilizante
líquido.
+ Veja também: 6 animais amigos da horta
Urtigas
A dica de fertilizante natural do hortelão Cauê Azeredo é uma solução à base de urtigas. Ele recomenda colher as folhas da planta e deixá-las de molho em um balde com água
por cerca de uma semana, longe do sol ou expostas a temperaturas muito
baixas ou muito altas. Depois de sete dias, Azeredo explica que é
preciso retirar as folhas da água e dispensá-las, armazenando somente o
líquido, que pode ser borrifado semanalmente no solo e nos vegetais da
horta. Por fim, ele lembra que é importante não se esquecer de calçar
luvas quando for colher as urtigas!
Crustáceos
Não dispense cascas de caranguejo, camarão ou lagosta, quando o almoço ou o jantar terminar. A recomendação é da hortelã Sílvia Salles, que utiliza cascas de crustáceos como adubo para o seu jardim há
quase cinco anos. Ela recomenda abrir um buraco com mais de 40 cm de
profundidade no solo e deixar que os restos dos crustáceos permaneçam na
terra por cerca de um mês. Depois, é possível retirá-los do buraco e
colocá-los em outro pedaço do solo, repetindo o processo e obtendo os mesmos resultados. A adubagem com cascas de crustáceos beneficia a terra com grande quantidade de fósforo e nitrogênio.
Restos de peixes
Sílvia também recomenda que as partes de peixes não utilizadas em refeições, como rabos, cabeças e entranhas, sejam usadas para adubar a terra, principalmente aquela em que serão plantados vegetais que precisam de muito nitrogênio, a exemplo do milho e do tomate.
As instruções são as mesmas dos crustáceos: cavar um buraco com, no
mínimo, 40 cm de profundidade e colocar os restos de peixe ali, tapando o
espaço e plantando em cima.
Borras de café
A ideia do hortelão Adalberto Ferrara é aproveitar tudo o que puder em sua horta caseira,
composta de vasos feitos com garrafas pet e um canteiro cercado com
madeira reaproveitada de pallets. O fertilizante que utiliza também está
de acordo com e esse pensamento. Depois de coar café, Ferrara dispõe as borras no entorno das plantas e mudas de sua horta. Além de afastar lesmas e caracóis, as borras de café são ricas em fósforo, potássio e nitrogênio. Outra opção, segundo o hortelão, é diluir os restos dos grãos de café e criar um fertilizante líquido, que pode ser borrifado uma vez por dia na horta.
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Grama
Quando capinar o quintal, não dispense a grama cortada. Recolha uns bons punhados e distribua sobre a terra. Além de deixar o ambiente mais verde, as ervas são fonte riquíssima de nitrogênio. Quando se decompõe, a grama recém cortada enriquece o solo em que foi colocada com diversos nutrientes benéficos ao desenvolvimento de qualquer vegetal.
Consólidas
Também conhecida como confrei ou consolda-maior, a Symphytum officinale é rica em magnésio, potássio, fósforo e vitaminas e sais minerais diversos. Cultivar a erva foi a alternativa que a hortelã Viviana Frezarinni encontrou para produzir seu próprio fertilizante orgânico.
Depois de colhidas, ela recomenda que as folhas sejam misturadas à água
- na proporção de meio copo d’água para cada folha - e deixadas ao sol
entre um e três dias. Depois, escoa-se a água e aplica-se as folhas
diretamente na terra.
Cascas de ovos
Outro produto que vai para o lixo, mas pode virar um importante fertilizante orgânico, já que é rico em cálcio e potássio, é a casca do ovo. O hortelão Cláudio Poletto utiliza a técnica há cerca de três anos e afirma que o método aumentou drasticamente a resistência das plantas e diminuiu a quantidade de larvas maléficas ao desenvolvimento dos vegetais. Ele recomenda que as casas sejam lavadas, trituradas em diminutos grãos e adicionados no entorno de cada muda.
A hortelã Maria de Lurdes Goulart disse que também usa a técnica, mas
adiciona as cascas de ovo à terra antes de plantar as mudas.
Cinzas de madeira
Ricas em potássio, fosfato e microminerais, as cinzas de madeiras podem ser efetivas no aumento do resistência das plantas, além de combate a pragas. A dica da hortelã Camila Flôr é misturar as cinzas - cerca de um quarto de uma xícara - com um litro de água e borrifar na horta uma vez por mês.
Compostagem
Método mais comum entre os hortelões urbanos, a compostagem é uma mistura de restos de comida e de substância ricas em nitrogênio, como palha, grama e folhas secas.
A hortelã Fabiana Mendes costuma triturar restos de comida e misturá-lo
às substância já citadas, adicionando e misturando tudo à terra, antes
de plantar uma nova muda. O hortelão Leandro Castelli prefere colocar a
compostagem sobre o solo, não dentro dele, e disse obter bons resultados
com o método.
Esterco animal
Outro tipo de abudo orgânico já utilizado amplamente por hortelões urbanos é o esterco de animais herbívoros, como vacas, ovelhas e cavalos.
O que muita gente não sabe é que os dejetos dos animais não podem ser
depositados na terra de imediato. É preciso que permaneçam misturados e
diluídos na água por, pelo menos, duas semanas, expostos ao sol durante a
maior parte do dia, explica a hortelã Samantha Kusniaruk, que também é
formada em botânica. Depois do tempo citado acima, você pode usar o líquido gerado no processo para borrifar sobre as plantas, além de usar o estrume curtido para adubar a terra. Caso o hortelão adicione o esterco assim que produzido pelo animal, sem deixá-lo exposto ao sol e diluído, os dejetos podem queimar e quebrar as raízes das plantas.
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