Qual é o padrão de vida que pequenos agricultores familiares, produtores de cacau e/ou gado, podem alcançar em termos de bem-estar econômico? Essa é a pergunta que Daniel Braga procurou responder em sua tese, realizada no Programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.
O trabalho concluiu que produtores de cacau em sistemas agroflorestais (SAFs) podem ser tão bem-sucedidos quanto produtores de gado, considerando que o cacau gerou, no mínimo, seis vezes mais renda que o gado (por hectare). Mais que isso: os produtores de cacau também tendem a ocupar menores áreas e conservar mais florestas. “Quando as famílias adotaram cacau e gado na mesma propriedade a chance de sucesso aumentou, consequentemente ao custo de maior desmatamento pela pecuária extensiva. Entendendo a complementaridade econômica entre ambos os sistemas produtivos, a intensificação da pecuária em áreas menores é fundamental”, disse Braga.
A tese foi orientada pelo professor Edson Vidal (Esalq), com supervisão do professor Flávio Gandara (Esalq) e parceria com o professor Benno Pokorny, da Universidade de Freiburg, na Alemanha. A partir da abordagem conhecida como Meios de Vida Sustentáveis, aperfeiçoada pelo Laboratório de Silvicultura Tropical (Lastrop/Esalq), foram aplicadas 95 entrevistas ao longo de sete municípios do Pará (Uruará, Medicilândia, Brasil Novo, Anapu, Pacajá, Novo Repartimento e São Félix do Xingu). Com os dados, o pesquisador desenvolveu um indicador de sucesso baseado na renda e moradia familiar.
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Segundo o pesquisador, após quase meio século de ocupação da Transamazônica, ainda há problemas graves de infraestrutura, educação, saneamento básico, criminalidade, disputa pela terra, entre outros. “A preocupação com os problemas decorrentes da pobreza e desmatamento ilegal, diante do mercado do cacau em ascensão mundial, cada vez mais tem chamado atenção para os sistemas agroflorestais com cacau como potencial ferramenta de reabilitação de áreas degradadas/alteradas, capaz de conciliar a produção com a conservação florestal”, comentou.
Daniel sugere que o sistema agroflorestal com cacau, em condições favoráveis de solo, pode ser uma alternativa à pecuária extensiva. Segundo ele, além do cacau, os SAFs diversificam a renda familiar e, no melhor dos casos, podem incluir o uso de plantas nativas, adaptadas à menor fertilidade. “No entanto, para difundir tais sistemas produtivos mais complexos, é necessário reforçar políticas direcionadas às condições e populações locais, com suporte à agricultura familiar. Além disto, é fundamental consolidar mercados atrativos para uma diversa gama de produtos nativos, como castanha-do-brasil, açaí, babaçu, cajá, cupuaçu, bacaba, buriti e muitos outros. Portanto, é urgente estabelecer novas estratégias de desenvolvimento sustentável para a Amazônia”, finalizou o pesquisador.
O estudo recebeu bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e apoio de campo da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Solidaridad, Casa Familiar Rural de Anapu (CFR), Cooperativa de Produtos Orgânicos do Xingu (Coopoxin), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Medicilândia, bem como a colaboração da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e da Universidade Federal do Pará/campus de Altamira (UFPA).
Letícia Santin / Assessoria de Comunicação da Esalq
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Tomate é uma das primeiras plantas que vem à mente de
quem quer começar a cultivar uma horta em casa. Nos últimos tempos isso
se tornou até necessário, tamanho o aumento (absurdo) no preço deste
fruto. Plantar tomates é uma ótima ideia, principalmente em se tratando
de saúde.
Existem diversas variedades de tomates. Algumas podem passar de dois
metros de altura. Mas, de um modo geral a planta alcança 1 metro, 1
metro e meio.
Infelizmente os tomates que compramos na maioria das feiras e
mercados contêm uma grande quantidade de agrotóxicos; portanto, um
cultivo pessoal, se possível de forma orgânica – sem fertilizantes e
repelentes químicos – vai ajudar tanto o bolso quanto a saúde de sua
família.
Veja também: como plantar e cultivar Pepinos
Pensando nisso, baseado em minhas experiências pessoais (boas e
ruins) resolvi escrever este super guia com todos os detalhes para quem
quiser se aventurar a plantar e colher tomates em casa.
Como semear tomates
A forma mais fácil de plantar tomates é por meio de sementes. Você
pode encontrá-las em praticamente todos os supermercados, na seção de
hortifrúti.
Ou então ‘produzir’ suas próprias, utilizando um tomate que tenha na geladeira.
Basta cortar um tomate ao meio e separar algumas sementinhas. Não
precisa nem deixar secar, é só colocar na terra e cobrir com um
pouquinho de terra peneirada (para facilitar a brotação).
A germinação através deste processo pode ser até mais rápida que com as sementes compradas.
Se for plantar em vaso, que seja grande – 30 ou 40 cm de profundidade
é o ideal para ter uma boa produção. Aliás, recomendo ler em detalhes
nosso post especial sobre a maneira correta de plantar em vasos, para garantir o sucesso das suas plantas.
Mas vamos ao passo a passo para plantar tomates!
Qual a melhor época do ano para plantar tomates?
Antes de qualquer coisa, o solo não pode estar frio, senão o tomate
dificilmente vai crescer (o mesmo vale para outras culturas como o pepino).
Isso significa que primavera e verão são as melhores estações para o
plantio. Agora, se você mora numa região onde o outono e o inverno não
são muito diferentes do resto do ano, vá em frente. Para ter certeza,
basta olhar no verso do envelope de sementes. Normalmente existe um mapa
com as regiões do Brasil divididas por cores e meses, bem simples de
seguir.
Para produzir várias mudas, escolha uma sementeira ou copinho
plástico, embalagem de Danoninho etc (desde que se faça alguns furos
para escoar o excesso de água). Neste exemplo usei um copo de plástico e
com uma agulha fiz vários furos no fundo. Se você deixar água acumular
no fundo dos vasos, as raízes podem apodrecer e a planta,
consequentemente, morrer.
Preencha com terra de boa qualidade. O que seria essa terra? Simples:
terra vegetal, areia (ou vermiculita), húmus de minhoca e esterco de
aves. Misture quantidades iguais desses itens e terá um excelente
substrato para suas plantas. Se preferir, pode adquirir um substrato
específico para germinar sementes ou mudas em lojas de jardinagem.
Coloque as sementes. Pessoalmente uso duas ou três sementes por recipiente, já que nem todas brotam.
Cubra com um pouquinho de terra de modo que as sementes fiquem com
1cm de profundidade mais ou menos. Como regra geral a profundidade das
sementes deve ser de três vezes o seu próprio tamanho; então, quanto
maior a semente, mais fundo deve ser plantada.
Regue diariamente ou em dias alternados, dependendo da temperatura. O
importante é manter o solo úmido, sem encharcar. Recomendo usar um
borrifador para regar, até que a muda cresça e tenha raízes para se
sustentar. Usar regador pode afundar muito as sementes.
Feito isso deixe a sementeira (ou copinho) num local iluminado, mas que não receba sol direto.
Após uma semana mais ou menos, se as sementes não estiverem
estragadas (às vezes pode acontecer) você começará a ver os primeiros
brotos.
Diariamente mantenha o recipiente umedecido, usando o borrifador. Pode ser pela manhã ou final da tarde.
Quando atingirem uns 3cm escolha a que se desenvolveu melhor e corte
as outras com uma tesoura. Arrancar pode danificar o broto que você
pretende deixar.
Quando a planta atingir uns 5, 6 cm já pode ser levada para o sol
(mas sem chuva). A partir daí a rega pode ser um pouco maior, com
regador, ainda sem encharcar.
Quando transplantar as mudas de tomate?
O transplante para o local definitivo, seja vaso ou canteiro, deve
ser feito quando a planta tiver 4 ou 6 folhas ‘verdadeiras’. Se diz
verdadeiras, porque as duas folhinhas iniciais podem não vingar e também
porque são iguais a centenas de outras plantas.
Para transplantar o tomate da sementeira para o local definitivo,
seja cuidadoso para não machucar a raiz. Use uma colher ou faca para
retirar a muda inteira, mantendo a terra da sementeira ao invés de
sacudir para deixar apenas a raiz. Se não quiser mais utilizar a
embalagem, corte-a para facilitar a retirada, como eu fiz com meu copo
plástico (que depois foi lavado e separado para reciclagem):
A raiz do tomate é muito sensível e não é raro que as mudas fiquem
murchas após o transplante. O normal porém é que em uma semana, no
máximo, elas se recuperem. Caso a planta seque significa que a raiz foi
totalmente comprometida e infelizmente não conseguiu se recuperar. Daí a
importância de replantar com muito cuidado.
Uma vez plantado, regue com abundância, agora sim, muita água. Isso ajuda as raízes a se aclimatarem no novo ambiente.
Ah! Se quiser plantar várias mudas, uma distância boa entre elas
seria de 50 ou 60cm mais ou menos. Os galhos crescem bastante e pode ter
certeza que este espaço será totalmente ocupado.
Onde plantar tomates
Já comentei mais acima que o local ideal é onde podemos controlar o
máximo possível a quantidade de água recebida, ou seja, que não receba
muita chuva. Mas não é sempre que podemos fazer isso, então se você
tiver de plantar o tomate em local desprotegido, numa região com muita
chuva, certifique-se de que o solo tenha uma ótima drenagem.
Para se certificar disso, recomendo abrir uma cova grande, com mais
ou menos 40 ou 50cm de diâmetro e profundidade e preencher com: terra vegetal, esterco de aves, húmus de minhoca. Se preferir usar a terra do seu próprio jardim, e ela for mais pesada/argilosa, misture uma ou duas partes de areia, além dos demais “ingredientes”.
Preparar o solo para os tomateiros
As dicas abaixo são o que costumo fazer bem antes de plantar meus tomates.
Melhor adubação para tomates
A preparação do solo antes do plantio é importantíssima. Ela vai
garantir plantas mais saudáveis e resistentes. Partindo do princípio que
você vai plantar o tomate num quintal, é preciso retirar capim, grama
ou qualquer outra planta. Retire também um pouco da terra, se for
argilosa. Com ajuda de uma enxada, revolva bem o solo para que fique
solto. Agora vamos preparar um bom substrato para o melhor
desenvolvimento de nossos tomates.
A primeira coisa é ter Terra Vegetal, já citada acima. Além dela, vamos acrescentar:
Calcário
Em resumo o calcário serve para corrigir a acidez do solo, além de
fornecer cálcio e magnésio colaborando com a nutrição das plantas.
É importantíssimo também para ajudar na absorção dos demais
nutrientes. Ele deve ser incorporado ao solo uns dois meses antes do
plantio para que tenha tempo de começar a agir. E só reage com água. Ou
seja, é preciso ser incorporado (ou espalhado) ao solo e receber uma
generosa quantidade de água. A medida varia muito, mas eu costumo usar
uma generosa pá de calcário misturado na terra. Depois de algumas
semanas o solo já estará bem melhor.
O correto é espalhar calcário, e revolver bem o solo. Cubra com
folhas secas. Depois de dois meses, mais ou menos, revolva bem esse solo
e misture os demais itens, já que a acidez do seu solo, após a ação do
calcário, já estará corrigido.
Caso já tenha tomateiros plantadas em solo sem calcário, o jeito é
espalhar na superfície mesmo, e regar. Se possível, e se não for
machucar as raízes, cave um pouquinho ao redor e incorpore. Não se
preocupe com relação ao contato do calcário com raízes e caules, pois
ele não ‘queima’ as plantas, como pode acontecer no excesso de esterco,
por exemplo.
Junto da terra revolvida, acrescente:
Esterco de aves (ou de gado)
Adquirido em agropecuárias ou lojas de jardinagem, o esterco é
importantíssimo não apenas para tomates. Ele enriquece demais o solo,
fornecendo nutrientes vitais para o bom desenvolvimento das plantas.
Se a escolha for o esterco de aves, use pouco. Ele é bem mais forte
que o de gado. Uma medida segura seria uma parte de esterco de aves para
cada cinco ou seis de terra. Se for de gado pode dobrar a quantidade.
Misture bem ao solo e sempre cubra com terra para que o cheiro não
atraia animais de estimação ou moscas.
Lembrando que o esterco deve estar completamente curtido, como os que estão disponíveis nas lojas do ramo.
Húmus de minhoca
Húmus é como uma vitamina sempre bem-vinda. Todas as plantas o
adoram! E o melhor é que o excesso não fará mal nenhum, caso exagere na
quantidade.
Só um pouco já fornece nutrientes para as plantas. Se quiser uma
recomendação exata eu diria que cinco colheres de sopa para plantas
pequenas já é o suficiente. Pode ser colocado na superfície ou misturado
no momento do plantio. Basta afofar um pouquinho a terra, adicionar o
húmus e misturar.
Tomates: problemas mais comuns
Apesar do tomateiro não ser a planta preferida de pulgões, vaquinhas,
lagartas etc, é muito sensível. Veja alguns dos problemas que podem
surgir e como tratá-los:
Manchas brancas ou furos
Cuidado com tomates que tenham pontos brancos ou furos. Pode indicar
presença de moscas brancas, lagartas ou percevejos. Melhor colher e
descartar para que não contaminem outros frutos. Basta girar o tomate
até ele se soltar (não precisa puxar).
As manchas no tomate podem ser causadas também por excesso de calor e
água (muita chuva). De qualquer modo, melhor retirar os tomates
afetados para não correr o risco de uma contaminação generalizada.
Folhas murchas e caules ressecados
Se os pés de tomate estiverem murchos, as folhas continuarem verdes e
a parte de baixo do caule começar a secar, pode ter sido atingido por
alguns fungos muito comuns em regiões quentes onde tenha havido excesso
de rega (ou de chuva). A combinação de clima quente e solo encharcado é
um prato cheio para muitos fungos que podem acabar com seu tomateiro.
Para prevenir, cuidado com a quantidade de água. Ao regar, não molhe
as folhas e interrompa antes de a água começar a formar uma poça na
superfície. Outra dica importante é limpar sempre as ferramentas de poda
para não transmitir fungos de uma planta para outra; os tomates em
especial são facilmente contamináveis. Pode limpar com vinagre ou
passando a lâmina da tesoura no fogo de um isqueiro por alguns segundos.
Evite que o solo fique muito duro. Para isso, use uma cobertura;
isso ajudar a manter a umidade e a terra mais fofa. Pode usar chips
(lascas) de madeira, palha, bagaço de cana seco, argila expandida,
aparas de grama já secas, folhas secas etc. Cuidado quando pegar folhas
secas para que não tenham formigas. Caso aviste formiga, espalhe um
pouco de talco; além de conter boro, que é um adubo para as plantas, ele
afasta formigas.
Folhas amareladas
Semanas após o plantio das sementes, pouco depois de surgirem os
primeiros pares de folhas, elas podem começar a amarelar. Isso aconteceu
uma vez comigo. A primeira coisa que pensei era que eu estava
exagerando na rega. O controle melhor da rega não adiantou nada e fui
atrás de informações; descobri então o melhor remédio para os tomateiros: o leite!
É incrível a eficiência do leite nos tomates. Em menos de uma semana
as folhas voltaram ao tom de verde. Mas é preciso cuidado. Em excesso o
efeito pode ser desastroso. Mais abaixo explicarei as formas corretas de
usá-lo.
Manchas brancas nas folhas
Em geral as manchas brancas (ou pontinhos brancos) são causados por
fungos e bactérias. Se não forem combatidos logo, podem acabar com sua
plantação.
Você tem duas opções: se dirigir a uma agropecuária ou floricultura
para adquirir algum “remédio” químico, ou adotar um cultivo orgânico e
usar leite. O melhor (e mais fácil) remédio. Pode usar Leite de Magnésia
se tiver! Confira a seguir como fazer isso:
A forma correta de usar leite nos tomateiros
Opção 1: Regar
Este é o método mais recomendado, por ser mais seguro. Coloque um
pouquinho de leite ou Leite de Magnésia num copo e complete com água. A
proporção é de 1 parte de leite para 9 de água, ou seja, 100 ml de leite
e 900 ml de água. Regue seus tomateiros. Se os amarelamentos e fungos
já estiverem em estado avançado, ou seja, “tomando conta” da planta,
repita essa rega de 3 em 3 dias até o desaparecimento dos sintomas. Não
exagere na quantidade. Regue normalmente com água nos outros dias,
também em pequenas quantidades, caso estiver muito calor.
Opção 2: Borrifar
Tomates não gostam de água nas folhas, por isso evito ao máximo
borrifar essa mistura de água e leite (ou Leite de Magnésia). A não ser
que a situação esteja complicada, com as folhas bem infectadas.
A forma correta de borrifar leite nos tomateiros é usar a mesma
proporção de uma parte de leite para nove de água (a mesma que a mistura
usada para regar, descrita anteriormente).
Preparada a mistura, coloque num borrifador e pulverize as folhas
delicadamente. ATENÇÃO: NÃO PRECISA ENCHARCAR. Pulverize a uma distância
de 20, 30 cm e caso alguma folha fique muito molhada, tire o excesso de
líquido dela. Repita essa operação de acordo com a gravidade do seu
caso.
Ainda sobre a pulverização, recomendo que ela seja feita logo no
começo da manhã (das 7h às 9h), assim a planta terá o dia inteiro para
absorver e secar. Se fizer no final da tarde pode ser que o efeito seja
até pior. Lembre-se: tomates não gostam de folhas molhadas.
Dependendo da situação, algumas folhas podem secar e cair em alguns
dias, mas outras devem se recuperar e novas folhas nascerão. Cada caso é
um caso, mas no geral sempre consegui reverter problemas nos tomateiros
dessa forma.
Tomates apodrecendo
No meu primeiro tomateiro que vingou e deu frutos, a alegria inicial
deu lugar a uma grande frustração: os tomates começaram a apodrecer!
Não é nada agradável ver aquela planta que você semeou, cuidou e protegeu começar a produzir frutas podres!
Tirei imediatamente o tomate que estava apodrecendo (com medo de que
isso se alastrasse para os demais que estavam crescendo). Dias depois
veio o desânimo ao ver outro tomate, já grandinho, apresentar o mesmo
problema. A forma correta de colher o tomate é girá-lo até que ele se
solte, para não danificar o galho; ou então use uma tesoura afiada e
corte preservando o cabinho, o que fará com que seu tomate dure mais
tempo na geladeira. Aliás, vi outro dia num programa de um médico
norte-americano, “Dr. Oz”, a dica de que para conservar por mais tempo é
bom guardar os tomates com o umbigo para baixo. Parece que funciona…
Foi aí que descobri que infelizmente isso é muito comum, e se chama “podridão apical”.
Geralmente acontece na primeira produção da planta, que ainda não está
totalmente desenvolvida e forte para lutar contra o problema, que
geralmente é a falta de cálcio (resolvida com calcário, que na época eu não tinha utilizado com antecedência).
Raízes danificadas (por transplantes ou ao extrair ervas daninhas
próximas do caule, por exemplo) dificultam que a planta absorva cálcio
suficiente do solo.
Podas excessivas também podem ser responsáveis por esse problema, mas geralmente a questão é a deficiência de cálcio mesmo.
Regas excessivas ou escassas também podem contribuir para o enfraquecimento do tomateiro.
Sobre a falta de cálcio é bom salientar que grande parte do solo de
São Paulo e estados da região Sul são muito ácidos. Para corrigir isso,
também se usa o calcário.
O uso de Cobre nos Tomates
Um outro aliado importante no cultivo de tomate é o cobre. Se você
regar seu tomateiro com leite/água uma vez por semana e borrifar um
fertilizante/defensivo à base de cobre nas folhas a cada 15 dias, as
chance de ter problemas diminuem muito.
Recomendo os produtos da Dimy e Forth. São marcas confiáveis. E funciona não apenas em tomates, mas em pepinos, uvas, maçãs, pêssegos… É excelente.
Como e onde plantar tomates
É possível cultivar tomates em vasos? Sim. Mas não é o ideal. As raízes são fininhas, mas precisam de bastante espaço.
No meu caso, testei em dois vasos: um pequeno com apenas 10 cm de altura e outro maior, com cerca de 20 cm.
Quase dois meses depois percebi que as plantas estagnaram; passavam
dias sem crescimento aparente e as raízes saíram (e muito) pelos furos
dos recipientes. ATENÇÃO: Minha intenção foi testar o plantio em vasos, e
por isso não coloquei pedras/argila expandida e manta bidim, apenas
terra, húmus e esterco de aves.
O que fiz então foi cortar com um estilete o fundo dos vasos e os
coloquei sobre um canteiro onde eu previamente já tinha retirado grama e
afofado a terra para facilitar o crescimento dessas raízes.
Dito e feito. Semanas depois de fazer isso os tomates voltaram a
crescer. Portanto a dica que posso dar é que sim, é possível plantar
tomates em vasos, desde que sejam grandes o suficiente para permitirem o
crescimento adequado da planta. Ou cultive tomate cereja, que é bem
menor.
Outras dicas para o cultivo de tomates:
Já falei sobre essas dicas mais acima, mas não custa relembrar: Prenda os tomateiros. Finque uma estaca qualquer ao
lado da muda de tomate. O melhor momento para fazer isso é quando
plantamos a muda, para não ter risco de machucar as raízes. Feito isso
use fitilho (ou barbante, nylon…) e prenda a planta para que ela fique o
mais firme possível e resista a rajadas de vento mais fortes. Eu já
perdi um lindo tomateiro por descuidar disso. Cubra a terra. Pode ser com lascas de madeira,
palha, seixos. Isso protege contra o endurecimento do solo pela ação do
sol direto e também ajuda a reter a umidade, diminuindo assim a
necessidade de se regar demais. Evite plantar nos meses mais frios. O solo frio
contribui para o aparecimento da podridão apical. Aqui em Santa Catarina
a terra costuma “esquentar” só do meio de outubro em diante, quando as
temperaturas mínimas noturnas aumentam gradativamente. Se a mínima ainda
está na casa de 10 graus é melhor esperar. Cuidado com a rega. Use um palito ou o dedo para ver
se pelo menos os primeiros 2 cm do solo estão secos. Se o palito sair
muito sujo não precisa regar ainda.
Como podar tomateiros
Sim, você pode podar seus tomateiros, mas tenha muita cautela. Além
de não gostar de água nas folhas, tomateiros não são muito fãs de podas
radicais.
Pessoalmente já testei podar galhos inúteis que cresciam para baixo e
que não tinham flores, por exemplo, mas o resultado não agradou: vários
tomates apresentaram podridão e a produção diminuiu bastante.
A única poda realmente necessária é a de limpeza, retirando pequenos
galhos que se formam nas axilas da planta, bem na diagonal do cause
principal (foto abaixo). Eles devem ser retirados com as mãos mesmo, com cuidado para não machucar o caule principal.
Galhos que brotam muito perto do solo (a pouco mais de um palmo de
altura, na parte inferior da planta) também tiram a força do caule e
podem ser retirados. Tente se limitar a essa poda de limpeza, que é a
mais segura.
Repelentes para tomateiros
Não use fumo em tomates! O fumo é o repelente natural mais comum, mas detestado pelo tomateiro.
Os melhores repelentes que já usei no cultivo de tomates foram o leite e o óleo de neem.
O leite pode ser usado nas regas e pulverizado em pequenas
quantidades nas folhas, como orientei antes. Ele fortalece e trata a
planta contra diversos fungos.
Já o óleo de neem (se pronuncia ‘nim’) deve ser pulverizado
preferencialmente no final da tarde, quando o sol já estiver bem fraco,
para não correr o risco de queimar das folhas. Adicione um pouquinho de detergente neutro ou sabão de côco dissolvido em água, para ajudar a fixar o produto nas folhas.
De forma preventiva eu costumo aplicar uma vez a cada duas semanas,
mas se você mora em regiões muito quentes, com histórico de ataque de
pragas, pode aumentar para uma ou duas vezes na semana.
Ah! Tem também o alho. Vale plantar um ou dois dentes de alho perto
do tomateiro. É só enterrar os dentes. Ele também ajuda a repelir
naturalmente algumas pragas que atacam os tomates.
As próprias folhas do tomateiro funcionam como repelente para grande
parte dos inimigos do jardim, mas sempre aparece algum problema, não tem
jeito.
Polinização do tomateiro
As plantas precisam ser polinizadas para que possam dar frutos. É
como se fosse o ato sexual das plantas. Geralmente isso é feito por
abelhas, pássaros…
No caso dos tomates, o próprio vento já ajuda no processo. Ou então, nós mesmos podemos dar uma mãozinha, literalmente.
Assim que surgirem as florzinhas amarelas já podemos ‘polinizar’.
Para isso, basta sacudir levemente os galhos e/ou dar leves petelecos
nas flores. Obviamente devem ser bem leves mesmo, senão elas vão cair!
Em breve os tomatinhos começarão a surgir, pode esperar.
Em quanto tempo conseguirei colher tomates?
O que muitos querem saber é quando, de fato, poderemos saborear
nossos tomates plantados em casa? Em minhas experiências de cultivo, no
interior de Santa Catarina, numa cidade de clima temperado, o tempo desde a plantação da semente até a colheita do tomate maduro tem sido de 3 meses em média. Em regiões mais quentes este tempo pode ser menor. Depende de cada local e forma de cultivo.
O melhor é deixar que os tomates amadureçam no pé. Se colher antes, o
sabor poderá ser comprometido. Mas ‘o ponto’ depende do gosto de cada
um, claro.
É isso. E você, já plantou tomates?
A pesquisadora Maria das Graças, da Universidade Federal de Minas,
buscou nos livros de história o mapa para encontrar as frutas nativas do
Brasil! Tesouros que brotam no mato.
O bacupari é uma grande esperança nas pesquisas contra o câncer. Essa
fruta da região amazônia apresenta um potencial três vezes maior do que o
blueberry, fruta americana conhecida por pesquisadores como tendo um
alto potencial antioxidante.
Do mato para o laboratório: é esse o caminho para descobrir o poder das
frutas nativas.
Bacupari
E tem gente com essas preciosidades no quintal de casa.
Uma outra fruta é quente: pimenta de macaco. Para quem é do Cerrado o
uso há gerações vem comprovando os benefícios da pimenta de macaco.
Nome botânico: Xylopia aromatica Nome popular: pimenta-de-macaco Angiospermae – Família Annonaceae Origem: nativa brasileira, ocorrendo em Minas Gerais e Centro-Oeste até São Paulo.
Descrição
Árvore de folhagem semidecídua (isto é, que perde parcialmente as
folhas no inverno), de copa estreita e altura em torno de quatro a seis
metros.
Folhas ovais acuminadas simples opostas nos ramos e flores brancas pequenas surgindo ao longo dos ramos na axila das folhas.
Floresce na primavera, produzindo sementes esporadicamente . Pode ser cultivada em todo o país, principalmente na região do Cerrado Brasileiro.
Como Plantar a Pimenta-de-Macaco
Xylopia aromatica, ou pimenta-de-macaco
Excelente para plantio de árvore de sombra em ruas estreitas por conta de sua copa ovalada. Deve ficar em local com sol e não sujeito a inundações, pois tem característica xerófita.
Para cultivar, adquirir mudas em viveiro com o tamanho padrão de 1,80 a 2,20 metros.
Abrir uma cova maior que o torrão e colocar no fundo e nas laterais
descompactadas a mistura feita com composto orgânico, dois a três kgs de
adubo animal de curral bem curtido e 200 gramas de fosfato natural de
rocha ou farinha de ossos.
Colocar um tutor amarrado com corda de algodão em formato
de oito, que poderá ser retirado quando a muda estiver desenvolvida.
Regar bem até que a muda demonstre que está aclimatada. Depois, espaçar
as regas.
Mudas e Propagação da Xylopia Aromatica
Frutos da pimenta-de-macaco
A propagação é feita por sementes que são colhidas diretamente da
árvore quando maduras, sendo facilmente visíveis pela coloração vermelha
do invólucro.
Escarificar as sementes passando-as em lixa de madeira para facilitar a germinação.
Colocar em caixotes com substrato de terra de canteiro e areia, mantendo-os sempre úmidos.
Transplantar para sacos individuais quando tiverem de 15 a 20
centímetros, já com o substrato semelhante ao do plantio em local
definitivo.
Seu plantio em local definitivo poderá ocorrer em aproximadamente uma
dois anos, pois seu desenvolvimento é mais lento que o de outras
espécies.
A farinha de ossos é um fertilizante natural rico em fósforo, cálcio e nitrogênio, elementos essenciais ao crescimento, floração e frutificação das plantas. É um adubo orgânico muito seguro, não queima as plantas. Além disso é um forte estimulante da floração e frutificação.
Sempre em minhas respostas sobre problemas nutricionais de plantas, recomendo a farinha de ossos. Trata-se de um produto rico em fósforo (P), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), muitas vezes em falta nos nossos solos. Porém, a farinha de ossos comprada pronta é relativamente cara. Dependendo da quantidade necessária, torna-se impraticável. Vou então, passar uma receita simples para você mesmo fazer sua própria farinha de ossos em casa.
Existem três tipos de farinha de ossos no mercado: a crua, a desengordurada e a desgelatinizada. A crua é de coloração amarela e exala mau cheiro. A grande vantagem deste produto é que possui de 2 a 5% de nitrogênio, além de 25% de fósforo. Na desengordurada é feita uma limpeza em água quente. Ela possui as mesmas concentrações de nutrientes desta última. Finalmente a desgelatinizada é submetida ao vapor de água. Ela possui 1% de nitrogênio e 35% de fósforo.
Para fabricar qualquer um destes tipos há a necessidade de equipamentos especiais, como auto-clave e um triturador específico. Mas a receita que vou passar é muito simples e dispensa o maquinário industrial, trata-se da farinha de 0ssos calcinada.
Uma boa porção de ossos você pode conseguir com o açogueiro
Para faze-la, basta conseguir com seu açogueiro uma porção de ossos. Submeta estes ossos a alta temperatura, de forma que queimem completamente. Inicialmente este tratamento poderá ser na forma de uma pequena fogueira. Mas, uma churrasqueira em desuso presta-se perfeitamente para este trabalho. Os ossos quando começam a queimar mudam de cor. Inicialmente ficam pretos, e depois completamente brancos. Isto significa que calcinaram.
Ossos bem queimados ficam brancos e quebradiços
Quando esfriarem, você notará que se quebram facilmente. Se você tiver um triturador simples, use peneiras finas (como as peneiras de fubá). Caso não tenha um triturador, poderá utilizar um moinho ou pilão. Em último caso, utilize um martelo. Uma porção de 10 quilos de ossos rende aproximadamente 5 a 6 quilos de farinha de ossos. Este produto contem até 35% de fósforo, além de ser rico em cálcio e magnésio. Porém, devido à queima, é pobre em nitrogênio.
Dicas: *Não estoque os ossos crus. O mau-cheiro produzido pela putrefação será insuportável, além de atrair animais indesejados. **Ao utilizar a churrasqueira, certifique-se de limpá-la antes, evitando assim que o sal contamine os seus ossos calcinados. O sal faz mal à maioria das plantas.
Importante: Certifique-se de queimar completamente os ossos, evitando assim a contaminação do meio ambiente e os riscos sanitários que possam advir da utilização indevida do produto mal tratado.
Coloridas e delicadas, asjoaninhassão mais do que “insetos fofos”. Assim como outras espécies da natureza, elas prestam um importante serviço ambiental, que pouca gente sabe: elas fazem ocombate biológicoem hortas e jardins, ou seja, elas comempragas e parasitas, como pulgões e cochonilhas, por exemplo.
Com a disseminação do uso de pesticidas, herbicidas e inseticidas no passado, muita gente deixou de usar essesaliados naturais. Mas nos últimos tempos, os efeitos nocivos da utilização de agrotóxicos começaram a ficar mais evidentes e conhecidos, com comprovação científica, inclusive(leia maisaqui).
Em Belo Horizonte, a prefeitura quer estimular o combate biológico entre aqueles que cultivam plantas e hortaliças em casa.
Em uma biofábrica no Parque das Mangabeiras estão sendo ‘produzidas’ joaninhas e crisopídios (outros tipos de insetos que fazem o controle de pragas).
Numa fase de testes, no ano passado, as joaninhas foram distribuídas gratuitamente em hortas comunitárias e projetos de agricultura urbana na capital mineira.
Agora, começará a doação para os moradores da cidade, interessados em utilizar os insetos para combater pragas em seus jardins e hortas.
Cada ‘kit joaninha’ contem dez larvas do inseto. “O inseto adulto se alimenta menos e também pode voar, portanto, entregar as joaninhas na fase larval foi a melhor opção para um controle de pragas mais eficaz, já que é nesta fase que ela se alimenta mais para se desenvolver”, explicou Dany Amaral, gerente de Ações para Sustentabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, ementrevista ao jornalHoje Em Dia.
Junto com as larvas, também vão algumas sementes, que servem como alimento. “São sementes de plantas atrativas para elas, porque além de comer pulgões e outros insetos, elas também gostam de pólen e néctar. É como se fosse uma vitamina”, diz.
A distribuição dos kits é feita pela Secretaria de Meio Ambiente, mediante cadastro e disponibilidade de insetos.
Quem quiser receber, deve mandar um e-mail parabiofabrica@pbh.gov.brApós o envio, o interessado recebe um formulário para preencher com informações sobre o tamanho da sua horta ou jardim e explica qual é o problema.
Baseada nessas informações, a secretaria decidirá quantos insetos são necessários para cada caso. O prazo para a disponibilização do kit, que deve ser retirado no lugar a ser definido, varia entre 10 e 30 dias.
Pragas: exterminando o inimigo de maneira natural
Como explicou a paisagista e educadora ambiental Liliana Alodi,neste outro post, no blog Mãos à Horta, as pragas existem e competem conosco pela sobrevivência. Cada qual com seu universo, insetos, ácaros, fungos, vermes, anfíbios, aracnídeos ou moluscos.
Dependendo do lugar onde você vive, podem ser de tipos diversos ou muito específicas. Muitas vezes não as vemos diretamente, mas acabam deixando marcas que se caracterizam e nos ajudam a descobrir o que está acontecendo com nossasplantas.
Para controlar é necessário compreender o mecanismo de vida destas pragas: olhar, estudar, experimentar.
O fato é que limpeza e ordem funcionam muito bem, e em geral, quando a praga persiste é sinal dedesequilíbriono jardim. Falta de sol e excesso de água trazem fungos. Falta de adubo ou terra pobre favorecem a presença de insetos.
Além do uso de insetos, vejaaquiquais são as outras dicas que a Liliana dá para fazer o controle biológico no seu jardim!
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
Grumixama, uma planta nativa melitófila em risco de extinção
A grumixama (Eugenia brasiliensis) também é conhecida como
cereja-do-brasil. É uma árvore exclusiva da Mata Atlântica, ocorrendo
desde o sul da Bahia até Santa Catarina.
Fui apresentada a essa frutinha saborosa no fim de 2016, por uma
amiga mineirinha que ama a flora brasileira e as abelhas nativas, assim
como eu! Foram longas conversas ao pé da grumixameira em floração.
O pé, com cerca de oito anos, fica na calçada, para que os vizinhos
que passam por ali possam comer e parar para um minuto de prosa, que
atualmente gira em torno de abelhas nativas e sustentabilidade… kkkkkkk
Os pássaros também fazem a festa com os frutos caídos na calçada.
De crescimento lento, a grumixameira pode alcançar de 8 a 15 m de
altura. Seu tronco é curto e descamante e suas folhas simples. As flores
são brancas, solitárias, vistosas e aromáticas e ocorrem em setembro e
outubro com frutificação em novembro e dezembro. Para abelhas mirins
como as jataís, suas flores constituem fonte de pólen.
Flores da grumixameira no Jardim Botânico de São Paulo.
Seus frutos são globosos, negro-violáceos, vermelhos ou amarelos,
lisos e brilhantes, muito atrativos para a avifauna. Sua polpa é
espessa, branco-amarelada de sabor doce e levemente ácido. Cada fruto
possui de 1 a 3 sementes que se soltam facilmente da polpa.
Grumixama (Eugenia brasiliensis) ou cereja-do-brasil. Foto: B.navez – 22/02/2006
A grumixama (Eugenia brasiliensis) pertence à família das
mirtáceas, assim como a pitanga, a cereja-do-rio-grande, a araçarana, o
araçá-boi, a jabuticaba, a gabiroba, a uvaia, a feijoa ou
goiaba-da-serra e a goiaba, todas nativas.
As variedades vermelha e amarela são pouco cultivadas em pomares
domésticos, sobretudo na região Sudeste, além de serem raras em seu
habitat natural.
O pesquisador, escritor e médico Sérgio Sartori,
da cidade de Rio Claro, juntamente com duas universidades têm
desenvolvido trabalhos científicos para estudar as propriedades
farmacológicas dessa fruta que pode ser consumida in natura ou na forma
de geléias e licores.
Muda de grumixama (Eugenia brasiliensis).
A grumixama foi incluída pelo Slow Food Brasil na Arca do Gosto como
uma das espécies frutíferas brasileiras em extinção. Por isso é
importante que, além de divulgar a existência dessa espécie nativa,
façamos como minha vizinha e amiga Sônia, que produz mudas de sua
grumixameira e as distribui. Eu mesma já plantei duas dessas mudas na
escola na qual leciono e espero em breve plantar a minha!
Elevação
da temperatura média pode fazer com que as forrageiras fiquem mais
fibrosas e menos proteicas, quando o gado precisará de mais alimento e
produzirá mais metano
O aumento das temperaturas médias esperado para as próximas décadas,
de no mínimo 2º C, pode ter um impacto inesperado no bolso dos
pecuaristas. Novos estudos sugerem que um dos efeitos da mudança no
clima será a redução na qualidade da pastagem, que se tornará menos
proteica, mais fibrosa e, portanto, de digestão mais demorada.
Como consequência, disseram os pesquisadores, o gado precisará
consumir mais alimento para alcançar o peso de abate e passará a
produzir mais metano, um potente gás causador do efeito estufa.
As conclusões têm como base experimentos feitos pela equipe de Carlos
Alberto Martinez y Huaman, professor do Departamento de Biologia da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da
USP. Participaram do estudo pesquisadores do Instituto de Botânica de
São Paulo, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Jaboticabal e do Instituto
Federal Goiano, campus Rio Verde.
“Buscamos entender como as pastagens forrageiras responderão
fisiológica e produtivamente às condições futuras do clima, que envolvem
aumento na temperatura média e na concentração de dióxido de carbono
(CO2), além de redução da disponibilidade de água”, disse Martinez à
Agência Fapesp.
As principais espécies vegetais cultivadas são classificadas em C3 e
C4, nomenclatura relacionada à via usada pela planta para fixar carbono
na fotossíntese. Soja e feijão, por exemplo, usam a via C3. Gramíneas
tropicais, como cana-de-açúcar, milho e forrageiras, desenvolveram um
sistema complementar à C3 chamado de via C4.
Na tentativa de determinar com precisão as mudanças fisiológicas que
as forrageiras deverão sofrer no futuro, Martinez evitou realizar
experimentos em estufas – locais considerados limitados para fazer as
simulações necessárias.
Como explicou o pesquisador, as plantas em estufas são cultivadas em
vasos e, desse modo, têm o crescimento das raízes limitado.
Consequentemente, crescem menos do que em campo aberto. Outras variáveis
impossíveis de serem reproduzidas na estufa são a intensidade e a
variação da luminosidade e da temperatura, causadas pela ação do vento
sobre as folhas, além da profundidade do solo, no qual as raízes podem
penetrar à procura de água.
“Para alguns experimentos, o modelo de vasos é válido, mas para
simulações de clima futuro também são necessários experimentos de campo.
Conseguimos aquecer as plantas ao ar livre com aquecedores
infravermelhos. Além disso, enriquecemos o ar com CO2 em ambiente
aberto, graças a uma infraestrutura denominada Trop-T-FACE, instalada em
campo com apoio do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças
Climáticas Globais”, disse Martinez.
Os experimentos foram realizados em campo aberto, onde as plantas
estão submetidas a condições normais de temperatura, luminosidade, vento
e umidade e o solo é profundo, podendo as raízes se estender em busca
de água.
A espécie empregada foi o capim-mombaça (Panicum maximum),
uma forrageira tropical de origem africana que realiza fotossíntese pela
via C4. Amplamente usado no Brasil como pasto, por sua alta qualidade
nutricional, o capim-mombaça é comum em São Paulo e em outros Estados.
“Colocamos aquecedores infravermelhos em 16 canteiros, aquecendo as
plantas 2º C acima da temperatura ambiente. Os equipamentos são capazes
de detectar a temperatura ambiente a cada 15 segundos, ajustando os
valores de acordo com a necessidade”, disse Eduardo Habermann, bolsista
da Fapesp e primeiro autor dos trabalhos publicados nas revistas Physiologia Plantarum e Plos One.
“O experimento foi realizado em novembro de 2016, período de grande
calor. A temperatura ambiente estava em 38º C e, nos canteiros, chegou a
40º C”, disse Habermann.
Ao longo do experimento, os pesquisadores aferiram as condições de
trocas gasosas das plantas com a atmosfera, as condições da
fotossíntese, a fluorescência da clorofila, a produção de folhagem
(biomassa) e a qualidade nutricional do pasto.
“Vimos que, em condições de seca, as plantas tentam economizar a água
do solo. O controle é feito pelos estômatos, pequenas estruturas
presentes nas folhas, que se abrem para absorver o CO2. Mas, ao fazê-lo,
perdem água. Com pouca água no solo, a raiz se ressente. A planta fecha
os estômatos e transpira menos. O efeito da economia de água é a
redução da fotossíntese, com a consequente piora na qualidade da
planta”, disse Habermann.
Além do apoio da Fapesp, o trabalho também contou com financiamento
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e
da Agência Nacional de Águas (ANA).
Folhas mais fibrosas
Outras respostas do capim-mombaça ao estresse hídrico, detectadas
pelo estudo, foram o aumento na quantidade de fibras das folhas e a
redução no teor de proteína bruta – fatores que representam perda de
qualidade nutricional.
Os pesquisadores estimam que, nas condições futuras de temperatura, o
aumento na quantidade de fibras resultará em uma digestão mais difícil e
demorada para o gado. A consequência direta será a produção de maior
quantidade de metano pelos animais.
“O gado precisará consumir mais pasto até atingir o peso de abate.
Para manter o mesmo nível de produção, os pecuaristas precisarão
complementar a alimentação do plantel e regar as pastagens, com impacto
significativo nos custos de produção”, disse Martinez.
Outra alternativa, nem sempre possível, é a expansão das áreas de
pastagem, o que pode favorecer o desmatamento ou fazer com que o
produtor abra mão de outros cultivos.
A equipe também realizou experimentos com plantas C3, como a leguminosa estilosantes campo grande (uma mistura das espécies Stylosanthes capitata e Stylosanthes macrocephala),
forrageira rica em proteína e que executa a função de capturar o
nitrogênio da atmosfera e fixá-lo biologicamente no solo, reduzindo os
investimentos em insumos agrícolas, contribuindo para a redução dos
impactos ambientais e possibilitando maior ganho de peso aos animais.
“Os experimentos de mudanças climáticas realizados com a leguminosa
C3 deram o mesmo resultado. A qualidade nutricional é reduzida”, disse
Martinez.
O artigo Increasing atmospheric CO2 and canopy temperature
induces anatomical and physiological changes in leaves of the C4 forage
species Panicum maximum
(https://doi.org/10.1371/journal.pone.0212506), de Eduardo Habermann,
Juca Abramo Barrera San Martin, Daniele Ribeiro Contin, Vitor Potenza
Bossan, Anelize Barboza, Marcia Regina Braga, Milton Groppo e Carlos
Alberto Martinez, está publicado em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0212506.
O artigo Warming and water deficit impact leaf photosynthesis and decrease forage quality and digestibility of a C4 tropical grass
(https://doi.org/10.1111/ppl.12891), de Eduardo Habermann, Eduardo
Augusto Dias de Oliveira, Daniele Ribeiro Contin, Gustavo Delvecchio,
Dilier Olivera Viciedo, Marcela Aparecida de Moraes, Renato de Mello
Prado, Kátia Aparecida de Pinho Costa, Marcia Regina Braga e Carlos
Alberto Martinez, está publicado em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/ppl.12891. Peter Moon / Agência Fapesp