Realizada no último sábado, 15 de julho, no Posto de Saúde do
Rio Vermelho, a atividade teve colheita e preparação de receitas com
plantas que vemos todos os dias em terrenos e calçadas, mas que não
sabemos como são deliciosas e nutritivas. “Muitas delas dificilmente
encontraremos num mercado ou numa feira, mas que podem ser saboreadas”,
explica o biólogo André Ganzarolli Martins, que facilitou a oficina
junto com a farmacêutica Denise Rodrigues. “Explorar
mais as PANCs na alimentação traz inclusive benefícios ecológicos, pois
aproveitamos mais a biodiversidade”, avalia Denise. Esta foi a última
oficina do ciclo “Saber na Prática”, que contou com suporte do Programa
de Apoio a Projetos da Associação Comercial e Industrial de
Florianópolis (ACIF).
A oficina teve três momentos. No primeiro, André fez uma exposição
dialogada sobre as PANCs. De acordo com ele, existem basicamente três
grupos: plantas nativas, plantas exóticas e também partes de plantas já
conhecidas que não são consumidas frequentemente (como a folha da
batata-doce).
Num segundo momento, as/os participantes visitaram a horta do Posto
de Saúde para começar a identificar algumas PANCs. Olfato e paladar
somaram-se à visão no esforço de perceber o que poderia ser consumido ou
não. Mas a riqueza da biodiversidade das Plantas Alimentícias Não
Convencionais estava do outro lado da rua, num terreno baldio.
Malvavisco, Crespa Japonesa, Folha Pepino, Bela Emília… A cada metro
andado, André e Denise apontavam alguma planta cujas folhas ou flores
poderiam ser saboreadas. Neste ponto da oficina, André faz uma ressalva:
é importante conhecer bem as PANCs para evitar intoxicações. Além
disso, colher e consumir as plantas que estão nos fundos dos terrenos,
não as próximas à beira da estrada. “Muitas dessas eu já conhecia
porque nossos antepassados comiam, mas a aroeira eu não sabia que dava
pra comer”, disse Jucélia Beatriz Vidal, moradora do Quilombo Vidal
Martins, que fica no Rio Vermelho.
De volta ao Posto de Saúde, a oficina continuou com preparação de
receitas, capitaneada por Denise Rodrigues. O cardápio foi: suco de
banana com crespa japonesa, pasta de grão de bico com ora-pro-nobis,
maionese de cará com açafrão e um pesto de capuchinha. Para sobremesa,
um doce de amendoim com passas, ameixa e um calda de manga com hibisco.
Além de deixar a todas e todos com água na boca, Denise trouxe muitas
informações sobre o valor nutricional e propriedades medicinais das
PANCs e ingredientes utilizados, junto com orientações sobre o uso de
sal, açúcar e gordura na nossa alimentação.
Antes da tão esperada degustação, todas e todos montaram pratos com
as receitas preparadas, abusando das cores de flores comestíveis nos
canapés de abobrinha e folhas e capuchinha e ora-pro-nobis. Praticando o
desapego, as pessoas trocaram seus pratos com as/os colegas.
Ao final, como sempre, só elogios para a atividade: “Já tinha ouvido
falar de PANCs, mas não conhecia ainda. Vim por curiosidade e acabei me
apaixonando”, conta Raquel de Souza, que veio do Ribeirão da Ilha até o
Rio Vermelho só para participar da atividade.