Espécies foram nomeadas de Eugenia delicata (uvaia-pitanga) e Eugenia superba (cereja-amarela-de-niterói)
Por Meia Hora
Rio - Duas espécies de árvores frutíferas, ameaçadas
de extinção, foram descobertas em áreas de proteção ambiental nos
municípios fluminenses de Niterói e Maricá. A descoberta foi feita por
pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ),
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Universidade Federal
do Ceará (UFCE), que encontram exemplares das espécies em localidades no
Parque Estadual da Serra da Tiririca (Niterói e Maricá), Parque Natural
Municipal de Niterói, Monumento Natural Municipal da Pedra de Itaocaia
(Maricá), e na Área de Proteção Ambiental do Morcego (Niterói), da
Fortaleza de Santa Cruz, dos Fortes do Pico e do Rio Branco (Niterói).
As espécies foram nomeadas de Eugenia delicata (uvaia-pitanga) e Eugenia superba (cereja-amarela-de-niterói). Ambas pertencem ao gênero Eugenia, um dos mais diversos da flora brasileira, e produzem frutos comestíveis e saborosos para o ser humano, e também para a fauna silvestre, que dispersa suas sementes.
Ambas são árvores altas e emergentes de florestas secas existentes nos morros da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no domínio do bioma Mata Atlântica. A uvaia-pitanga tem o tronco marrom e fissurado, padrão semelhante ao de diversas outras espécies de Eugenia. No entanto, a copa pode ser reconhecida pelos ramos longos e pêndulos, com folhas relativamente pequenas e delicadas, sendo por isso nomeada de Eugenia delicata.
Já a cereja-amarela-de-niterói tem o tronco avermelhado ou creme dependendo da estação do ano, com casca esfoliante, lembrando o tronco das goiabeiras. É uma espécie de tronco reto, copa larga e caducifólia (perde as folhas durante o período seco). Devido ao majestoso porte das árvores observadas, os pesquisadores deram o nome de Eugenia superba.
As descobertas foram descritas em um recente artigo publicado na revista científica inglesa Kew Bulletin, periódico do Royal Botanic Gardens, Kew. No texto, os pesquisadores alertam que as espécies recém-descobertas já devem ser consideradas ameaçadas de extinção, segundo os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), organização global que dispõe das diretrizes para avaliações de risco.
"A uvaia-pitanga é conhecida por apenas seis pontos de ocorrência, e foi categorizada no estudo como Em Perigo (EN). Já a cereja-amarela-de-niterói é ainda mais rara, sendo conhecida apenas por três localidades, e foi classificada na pesquisa como Criticamente Ameaçada (CR). Os frutos comestíveis e saborosos dessas espécies podem e devem servir de apelo para sua conservação. Além disso, também são peças-chave na dinâmica ecológica da Mata Atlântica, participando, por exemplo, na manutenção da fauna silvestre", destaca o pesquisador Thiago Fernandes, doutorando da Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Apesar de ameaçadas de extinção, a descoberta é comemorada pelos cientistas.
"As descobertas mostram a importância das unidades de conservação municipais e estaduais que protegem as florestas urbanas do Estado do Rio de Janeiro. São florestas riquíssimas, que certamente abrigam muitas outras espécies ainda não descobertas pela ciência", afirma Thiago Fernandes.
De acordo com o pesquisador, as duas espécies já tinham sido coletadas e depositadas em coleção científica (herbário), durante um inventário florístico – estudo que visa a identificar espécies de flora de uma região, em 2008, no Parque Estadual da Serra da Tiririca, em Niterói. Porém, na ocasião, não foi possível identificá-las, uma vez que o material disponível para estudo era insuficiente.
Depois, a partir de um esforço colaborativo entre pesquisadores de diferentes instituições nacionais, as árvores foram monitoradas entre 2021 e 2022.
"Foi então possível acumular material completo, desde os botões florais até os frutos maduros. Após a coleta dos materiais e exame minucioso de amostras em coleções científicas, conseguimos confirmar que, de fato, se tratava de espécies novas para a ciência", conta Thiago Fernandes.
Ainda segundo o pesquisador, estima-se que o Brasil abrigue cerca de 50 mil espécies de plantas, o que corresponde a aproximadamente 18% de todas as espécies de plantas do mundo. Essa estimativa, porém, pode estar longe de contemplar a real diversidade de plantas do país, uma vez que ainda há muitas regiões consideradas lacunas amostrais.
"Como demonstrado pelas descobertas recentes, até mesmo as florestas urbanas do litoral fluminense possuem pontos específicos pouco amostrados que podem abrigar muitas outras espécies desconhecidas para a ciência", conclui.
As espécies foram nomeadas de Eugenia delicata (uvaia-pitanga) e Eugenia superba (cereja-amarela-de-niterói). Ambas pertencem ao gênero Eugenia, um dos mais diversos da flora brasileira, e produzem frutos comestíveis e saborosos para o ser humano, e também para a fauna silvestre, que dispersa suas sementes.
Ambas são árvores altas e emergentes de florestas secas existentes nos morros da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no domínio do bioma Mata Atlântica. A uvaia-pitanga tem o tronco marrom e fissurado, padrão semelhante ao de diversas outras espécies de Eugenia. No entanto, a copa pode ser reconhecida pelos ramos longos e pêndulos, com folhas relativamente pequenas e delicadas, sendo por isso nomeada de Eugenia delicata.
Já a cereja-amarela-de-niterói tem o tronco avermelhado ou creme dependendo da estação do ano, com casca esfoliante, lembrando o tronco das goiabeiras. É uma espécie de tronco reto, copa larga e caducifólia (perde as folhas durante o período seco). Devido ao majestoso porte das árvores observadas, os pesquisadores deram o nome de Eugenia superba.
As descobertas foram descritas em um recente artigo publicado na revista científica inglesa Kew Bulletin, periódico do Royal Botanic Gardens, Kew. No texto, os pesquisadores alertam que as espécies recém-descobertas já devem ser consideradas ameaçadas de extinção, segundo os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), organização global que dispõe das diretrizes para avaliações de risco.
"A uvaia-pitanga é conhecida por apenas seis pontos de ocorrência, e foi categorizada no estudo como Em Perigo (EN). Já a cereja-amarela-de-niterói é ainda mais rara, sendo conhecida apenas por três localidades, e foi classificada na pesquisa como Criticamente Ameaçada (CR). Os frutos comestíveis e saborosos dessas espécies podem e devem servir de apelo para sua conservação. Além disso, também são peças-chave na dinâmica ecológica da Mata Atlântica, participando, por exemplo, na manutenção da fauna silvestre", destaca o pesquisador Thiago Fernandes, doutorando da Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Apesar de ameaçadas de extinção, a descoberta é comemorada pelos cientistas.
"As descobertas mostram a importância das unidades de conservação municipais e estaduais que protegem as florestas urbanas do Estado do Rio de Janeiro. São florestas riquíssimas, que certamente abrigam muitas outras espécies ainda não descobertas pela ciência", afirma Thiago Fernandes.
De acordo com o pesquisador, as duas espécies já tinham sido coletadas e depositadas em coleção científica (herbário), durante um inventário florístico – estudo que visa a identificar espécies de flora de uma região, em 2008, no Parque Estadual da Serra da Tiririca, em Niterói. Porém, na ocasião, não foi possível identificá-las, uma vez que o material disponível para estudo era insuficiente.
Depois, a partir de um esforço colaborativo entre pesquisadores de diferentes instituições nacionais, as árvores foram monitoradas entre 2021 e 2022.
"Foi então possível acumular material completo, desde os botões florais até os frutos maduros. Após a coleta dos materiais e exame minucioso de amostras em coleções científicas, conseguimos confirmar que, de fato, se tratava de espécies novas para a ciência", conta Thiago Fernandes.
Ainda segundo o pesquisador, estima-se que o Brasil abrigue cerca de 50 mil espécies de plantas, o que corresponde a aproximadamente 18% de todas as espécies de plantas do mundo. Essa estimativa, porém, pode estar longe de contemplar a real diversidade de plantas do país, uma vez que ainda há muitas regiões consideradas lacunas amostrais.
"Como demonstrado pelas descobertas recentes, até mesmo as florestas urbanas do litoral fluminense possuem pontos específicos pouco amostrados que podem abrigar muitas outras espécies desconhecidas para a ciência", conclui.
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