Fonte: site conexão planeta
Nessa linha, uma experiência vivida por um fazendeiro de Rennes, no condado na região da Bretanha, ficou famosa e resultou até em prêmio de inovação. Ela aconteceu em 2016, mas vale ser contada em qualquer tempo, principalmente aqui, no Brasil, com o governo Bolsonaro que, em seis meses, liberou o registro de quase 300 agrotóxicos.
Christophe Bitauld tem uma propriedade de cerca de 30 hectares em Sauliniéres, perto de Janzé (Ille-et-Vilaine), onde planta macieiras, mantém quinze colmeias e cria mais de 120 ovelhas. Pois suas macieiras corriam perigo por causa de insetos que as estavam dizimando.
A conselho de um amigo, ele procurou o zootecnista Jean-Paul Cillard, que trabalhava em um museu ecológico local – o EcoMuseu -, que, ao tomar conhecimento do problema, logo sugeriu a introdução de galinhas pretas Janzé, famintas por proteína, em seus pomares. Essa espécie – maior do que a comum – esteve ameaçada de extinção durante vários anos, mas esse museu preservou uma dúzia de indivíduos e conseguiu driblar o risco.
A galinha preta Janzé parece viciada em insetos. Era o que Bitauld precisava. Espalhou 80 galinhas em cerca de três hectares e, já no primeiro ano, 80% dos insetos haviam desaparecido. Uma benção já que os insetos tinha destruído cerca de 90% de sua produção de macieiras em pouquíssimo tempo.
Mas não demorou muito para que outra praga surgisse na fazenda e colocasse em risco as colmeias: o vespão asiático. Foi uma verdadeira invasão que dizimou cerca de um quarto das colmeias e abelhas, essenciais para a polinização das macieiras.
Para surpresa do fazendeiro, as galinhas também deram conta do enxame dessa espécie, que era um banquete para elas e satisfaziam ainda mais seu apetite de ogras. “Quando eles pairam na frente das colmeias, elas os pegam como se fossem dar-lhes um beijinho, mas rapidamente os decapitam para comer apenas o corpo, cheio de proteína”, contou Bitauld.
A experiência salvou não só a produção de macieiras que está mais saudável do que nunca, mas também pode garantir que a espécie se desenvolva novamente. Em 2017, ele tinha mais de 200, que produziam ovos de excelente qualidade, principalmente porque vivem soltas em 30 hectares de terra e conviviam em paz com mais de 120 ovelhas.
Na época, o ecomuseu ficou bastante interessado em pesquisar os ovos postos pelas galinhas a partir da ingestão do vespão asiático.
Galinhas premiadas
Orgulhoso da descoberta realizada a partir da introdução das galinhas pretas Janzé em sua fazenda – que resolveram duas questões importantes de forma natural -, Bitauld decidiu se inscrever em um concurso de inovação agrícola, com votação de júri e popular. Ele deu o nome de Ty Poul, que ganhou o primeiro lugar na competição.Com o dinheiro do prêmio – 5 mil francos, que equivale a pouco mais de 20 mil reais –. ele investiu em melhorias em sua fazenda, na reposição de colmeias e no aumento de sua criação de galinhas. Também divulgou o trabalho inovador realizado com elas, em sua fazenda, e iniciou um projeto para fornecer galinhas para outras fazendas. Na época, um produtor da Costa Rica havia se interessado. Não encontrei mais informações a respeito.
Fotos: Divulgação
Jornalista
com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo,
saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos
na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino
Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o
premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela
United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede
de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da
conferência TEDxSãoPaulo.
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