842 milhões de pessoas ainda passam fome ao passo que 1,3
bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas, indo direto para o
lixo, por outro lado um terço do mundo é obeso e corre o risco de
adquirir doença cardíaca, diabetes e outros problemas. A afirmação é de Leonardo Sakamoto, jornalista, em artigo publicado no seu blog, 16-10-2013.
Eis o artigo.
Nesta quarta (16), Dia Mundial da Alimentação, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
lembra que 842 milhões de pessoas ainda passam fome ao passo que 1,3
bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas, indo direto para o
lixo. E que somadas as áreas agrícolas usadas para produzir esses
alimentos que não serão consumidos são do tamanho do Canadá e da Índia
juntos. Por fim, um terço do mundo é obeso e corre o risco de adquirir
doença cardíaca, diabetes e outros problemas.
Não estou defendendo que nos organizemos em comunidades isoladas,
cultivemos juta para fiar nossas roupas, boldo e pariparoba para
garantir uma reserva médica e restrinjamos nosso lazer a cânticos
cumbaiá em torno de fogueiras. Avançamos tecnologicamente e nos
beneficiamos disso – por mais que esse “processo” seja doloroso. E é
exatamente por isso, pelo acúmulo de conhecimento sobre o meio em que
vivemos, que é possível e lógico reformular nosso padrão de vida.
Consumir o que é necessário, repensando o significado de “necessário” – o
que inclui a necessidade de processamento do alimento, que gasta
energia, produtos químicos, embalagens, enfim.
Afinal de contas, o debate sobre o meio ambiente emerge no século XXI
como uma discussão sobre a qualidade de vida, não tratando apenas de
rios poluídos e derramamento de petróleo, mas também da atual ideia de
progresso (alta tecnologia aliada a uma postura consumista), que não
está conseguindo dar respostas satisfatórias à sociedade.
Nossa qualidade de vida aumentou ao termos menos tempo para fazer
nossas refeições e, consequentemente, optarmos pelo caminho fácil de nos
entupir de produtos mais rápidos, mas menos saudáveis, ricos em açúcar e
em gordura? Ou, por outro lado: a entrada de classes mais pobres no
consumo através de uma avalanche de carboidratos industrializados
vendidos como status social na TV deve ser comemorada?
Postei aqui tempos atrás um trabalho do fotógrafo Peter Menzel e do jornalista Faith D’Alusio sobre as diferenças de dietas em diferentes lugares do mundo. Em Hungry Planet: What the World Eats
(Planeta Faminto: O que o Mundo Come, Editora Ten Speed Press) mostram
como se alimentam 30 famílias em 24 diferentes países. Da fome à
obesidade, as fotos são um bom ponto de partida para a discussão sobre
desigualdade social. No que pese os enormes avanços no combate à fome
que ocorreram nos últimos anos, se a comparação fosse feita dentro das
fronteiras do Brasil, a disparidade ainda seria grande, pois teimamos em
encontrar quem não come como deveria por aqui. É claro, o que significa
um gosto amargo a mais por estamos na mesma sociedade.
Alemanha: Família Melander
Gasto semanal com alimentação: US$ 500,07
Gasto semanal com alimentação: US$ 500,07
Estados Unidos: Família Revis
Gasto semanal com alimentação: US$ 341,98
Gasto semanal com alimentação: US$ 341,98
Itália: Família Manzo
Gasto semanal com alimentação: US$ 260,11
Gasto semanal com alimentação: US$ 260,11
México: Família Casales
Gasto semanal com alimentação: US$ 189,09
Gasto semanal com alimentação: US$ 189,09
Polônia: Família Sobczynscy
Gasto semanal com alimentação: US$ 151,27
Gasto semanal com alimentação: US$ 151,27
Egito: Família Ahmed
Gasto semanal com alimentação: US$ 68,53
Gasto semanal com alimentação: US$ 68,53
Equador: Família Ayme
Gasto semanal com alimentação: US$ 31,55
Gasto semanal com alimentação: US$ 31,55
Butão: Família Namgay
Gasto semanal com alimentação: US$ 5,03
Gasto semanal com alimentação: US$ 5,03
Chade: Família Aboubakar
Gasto semanal com alimentação: US$ 1,23
Gasto semanal com alimentação: US$ 1,23
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