O Saúde com Ciência desta semana discute alguns dos principais problemas ambientais e possíveis resoluções, como a maior arborização das cidades.
30 de setembro de 2019 - arborização, cidades, meio ambiente, saúde com ciência
Antônio Paiva*
O aumento populacional e o crescimento das cidades brasileiras acarretam em modificações significativas na paisagem, que se torna cada vez mais cinza. Porém, a redução do número de árvores e de áreas verdes, que muitas vezes dão lugar aos prédios, ruas e avenidas, comprometem a manutenção do microclima e da fauna, além da capacidade natural de redução de materiais tóxicos no ambiente. O resultado é uma pior qualidade de vida dos habitantes. O Saúde com Ciência desta semana discute alguns dos principais problemas ambientais e possíveis resoluções, como a maior arborização das cidades.
A falta de árvores e espaços verdes nas cidades pode ter relação até mesmo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Bairros com maior presença de vegetação apresentam IDHM maior. Em Belo Horizonte, por exemplo, a área da Vila Apolônia, na região de Venda Nova, é predominantemente cinza quando vista de cima, e tem um IDHM de 0,617. Já o bairro Bandeirantes, na região da Pampulha, há 4 km de distância, caracterizado pela alta quantidade de árvores, tem IDHM de 0,905, como mostra a Revista Transite, em pesquisa feita em 2017.
Arborização
Além da estética, a vegetação atrai aves, purifica o ar, propicia sombra, contribui para o balanço hídrico do solo e diminui o impacto das chuvas, assim como o da poluição sonora. Um estudo da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, por exemplo, mostra que os prédios com cobertura vegetal poderiam reduzir em até 30% a poluição de uma cidade.
Nos ambientes urbanos, o plantio de árvores é denominado de arborização. Essa prática é usada desde o início do processo de urbanização em áreas planejadas. Porém, nem sempre se mantém com o crescimento urbano, dando espaço a áreas cada vez mais cinzas.
E uma árvore, apenas, pode fazer toda a diferença. A professora Regina Horta, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, explica que ter uma árvore grande em frente de casa contribui para que ela seja menos empoeirada, já que a vegetação ajuda na qualidade do ambiente e do ar. “E essas árvores diminuem o impacto da poluição atmosférica e o impacto da poluição sonora na vida das pessoas que habitam aqueles lugares também. Então é uma coisa desejável numa vizinhança agradável que ela seja bem arborizada e que ela seja verde”, complementa.
No entanto, a professora alerta sobre o plantio inadequado de plantas, que são prejudiciais tanto para os equipamentos urbanos, especialmente as calçadas, quanto para a própria vegetação, que pode crescer sem espaço. Outro grande problema são as podas feitas de forma equivocadas que enfraquecem as árvores e interferem no desenho de suas copas. “Nos períodos de chuva, as árvores caem muito facilmente com as tempestades e por quê? Porque elas estão maltratadas”, alerta a professora.
O plantio de árvore em praças, calçadas ou canteiros de avenidas pode ser solicitado por qualquer cidadão à prefeitura de Belo Horizonte, por meio do telefone 156. Os pedidos são analisados por técnicos das nove regionais, que vão até o local para realizarem o plantio quando aprovado. Entre as mudas mais utilizadas, estão os ipês, cássias e quaresmeiras.
Áreas de Proteção Ambiental
Além das árvores nas cidades, a preservação de Áreas de Proteção Ambiental (APA) é fundamental para uma boa qualidade de vida, mesmo quando estão distantes dos centros urbanos. Essas são áreas geralmente extensas e previstas na legislação como parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Em Minas, exemplo é a APA Sul RMBH. Com 163 mil hectares, a área se encontra da região da Serra do Espinhaço, com domínio de mata atlântica.
Segundo o professor Marcus Polignano, as cidades são extremamente cimentadas e asfaltadas, características que aumentam a zona de calor e desconforto que as pessoas sentem. Para ele, as APAs são uma saída para amenizar as temperaturas em diversas regiões. “Nós estamos vivendo no meio dessa questão da crise toda da Amazônia, da questão das queimadas e a importância desse processo se dá exatamente pela produção de umidade que essa área traz, por exemplo, para a região Sudeste”, comenta o professor.
Sobre o Programa de Rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.
*Antônio Paiva – estagiário de Jornalismo
edição – Karla Scarmigliat
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