A
má nutrição custa ao mundo cerca de US$ 500 (aproximadamente R$ 1 mil)
por indivíduo ou US$ 3,5 trilhões (R$ 7 trilhões) por ano, valor
equivalente ao PIB da Alemanha, a maior economia da Europa, de acordo
com cálculo publicado em um novo relatório das Nações Unidas.
O montante também equivale a 5% do PIB mundial e foi calculado com
base nos custos relativos à perda de produtividade e gastos com a saúde
gerados por uma dieta deficiente.
Os dados constam de relatório publicado nesta terça-feira pela
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No
documento, o diretor do órgão, o brasileiro José Graziano, pediu
esforços mais consistentes para erradicar a má nutrição.
O estudo assinala que a alimentação precária das mães e das crianças
continua a reduzir a qualidade e a expectativa de vida de milhares de
pessoas, assim como problemas relacionados à obesidade, como doenças
cardíacas e diabetes.
"Atores e instituições devem trabalhar conjuntamente em todos os
setores para reduzir mais efetivamente a desnutrição, a deficiência
nutricional, o sobrepeso e a obesidade", diz o relatório.
O órgão alerta ainda que, embora cerca de 870 milhões de habitantes
do planeta ainda passem fome, segundo dados do biênio 2010-2012, outros
bilhões sofrem com a má ingestão de alimentos.
A FAO estima que 2 bilhões de pessoas têm deficiências de um ou mais
micronutriente, enquanto outras 1,4 bilhão estão com sobrepeso, das
quais 500 milhões já são obesas.
Além disso, 25% de todas as crianças abaixo de cinco anos sofrem com
baixa estatura e outras 31% possuem deficiência de vitamina A.
Recomendações
Para combater a má nutrição, a FAO sustenta que dietas saudáveis e
uma boa alimentação devem começar pelo tratamento da comida e dos
produtos agrícolas.
Segundo o relatório, a maneira como os alimentos são cultivados,
processados, transportados e distribuídos tem forte influência nos
hábitos alimentares da população.
Entre as medidas destacadas pelo estudo está o uso apropriado de
políticas agrícolas, investimento e pesquisa para aumentar a
produtividade, não apenas dos grãos como milho, arroz e trigo, mas
também de legumes, carne, leite, vegetais e frutas, todos ricos em
nutrientes.
Outra recomendação do órgão é evitar o desperdício, que atualmente
responde por um terço de toda a comida produzida todos os anos para
consumo humano no mundo. De acordo com a FAO, isso poderia aumentar a
disponibilidade de alimentos bem como reduzir seu preço, além de
diminuir a pressão sobre a terra e outros recursos naturais.
O estudo também chama atenção para outro ponto importante relacionado
ao papel das mulheres no combate à má nutrição. Segundo a FAO, quanto
maior controle as mulheres tiverem sobre os recursos e a renda das
famílias, maior é o benefício para a saúde delas e de seus filhos.
O órgão também destaca iniciativas de combate à má nutrição pelo
mundo, incluindo o programa Fome Zero, no Brasil. No relatório, a FAO
elogia o Brasil pelas medidas tomadas na erradicação da alimentação
precária da população.
O país apresenta um dos menores índices de crianças com deficiência
de crescimento na América Latina (7,1%), atrás apenas do Chile (2%) e da
Costa Rica (5,6%). No entanto, o Brasil ainda tem a maior proporção de
menores de cinco anos anêmicos na região (54,9% do total).
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