Fonte EPAMIG Assessoria de Comunicação
Experimentos da EPAMIG
envolvem manipulação da dieta de bovinos e condução de sistemas integrados de
produção
(Belo Horizonte, 29/5/2025) A
produção de bovinos integra as discussões sobre os principais emissores
de gases de efeito estufa (GEEs), com destaque para o metano (CH₄), um dos
gases com maior potencial de aquecimento global.
Em 2023, o setor registrou o
quarto recorde consecutivo de emissões, com alta de 2,2%, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções
de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Buscando contribuir com uma
agropecuária mais sustentável, no cumprimento das metas do Plano Estadual de
Ação Climática (PLAC) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da
Agenda 2030 da ONU, o Governo de Minas Gerais, por meio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais (EPAMIG) está buscando alternativas para reduzir a
emissão de metano entérico na bovinocultura e promover o sequestro de carbono
por meio de sistemas integrados.
Para o vice-governador do estado,
Mateus Simões, “esta pesquisa demonstra o compromisso do governo com o
desenvolvimento sustentável no campo. E certamente vai resultar em uma
importante contribuição ao agro que, hoje, lidera as exportações do nosso Estado”,
enfatiza. Uma das linhas de atuação, conduzidas no Campo Experimental Getúlio
Vargas da EPAMIG de Uberaba, liderada pela coordenadora do Programa Estadual de
Pesquisa em Bovinocultura da EPAMIG, Edilane Silva, estuda dietas manipuladas
para bovinos.
“Buscamos atuar na fermentação
entérica, processo digestivo natural dos ruminantes. O objetivo é aumentar a
digestibilidade da dieta, reduzindo o tempo do alimento no rúmen, o que eleva a
eficiência produtiva e diminui a liberação de metano”, explica Edilane.
“Estudamos leguminosas como o
amendoim forrageiro (Arachis pintoi), que possui alto teor de proteína e
taninos capazes de inibir bactérias metanogênicas, sem comprometer a produção.
Resultados disponíveis já indicaram redução de até 30% nas emissões de metano”,
complementa Ângelo Moreira, pesquisador da EPAMIG diretamente envolvido na
condução do experimento.
Condução do experimento com mudas de
amendoim – FOTO ASCOM EPAMIG
Para auxiliar na quantificação
dos resultados, os pesquisadores utilizam a técnica hexafluoreto de enxofre
(SF6), que consiste em uma canga de PVC acoplada ao pescoço do animal, atuando
na captação dos gases emitidos no período de 24 horas.
Visando a aplicabilidade dos
estudos, a EPAMIG firmou parceria com o Grupo
Agronelli, empresa mineira que tem como uma das principais atividades a
produção de leite e se destaca pela adoção de tecnologias modernas voltadas à
sustentabilidade e à proteção ambiental.
“Estamos buscando soluções para
uma produção mais equilibrada e sustentável. Juntos, vamos contribuir para um
balanço de emissões mais favorável e demonstrar que é possível produzir com
responsabilidade ambiental”, explica José Bellote, diretor agroindustrial da
Agronelli, pontuando a importância da pesquisa para desmistificar a imagem da
agropecuária como vilã das mudanças climáticas.
“Como possuem fazendas de grande
porte, os resultados poderão ser avaliados em larga escala. É um exemplo de
pesquisa aplicada, sendo executado em um ambiente produtivo real, o que
possibilita os demais produtores de leite observarem os efeitos da adequação da
dieta in loco”, denota Edilane.
José Bellote, Edilane Silva e
Fernando Franco – FOTO ASCOM EPAMIG
O projeto, que contempla rebanhos
de leite, será difundido entre os produtores rurais com apoio de instituições
parceiras. A pesquisa contribui diretamente com os compromissos do Governo de
Minas junto ao PLAC, que prevê a redução de 36% nas emissões de metano da
pecuária até 2030, em relação à década anterior.
Sistemas integrados
Sistemas Integrados de Produção –
FOTO ASCOM EPAMIG
A EPAMIG também atua com sistemas
integrados de produção que favorecem a o acúmulo de biomassa vegetal,
sequestrando carbono da atmosfera.
“Implantamos os sistemas
integrados em uma área cultivada com capim-marandu há mais de 25 anos. O modelo
ILPF, que combina milho, forrageiras e espécies florestais como o Corymbia
citriodora, proporciona maior eficiência no uso da água e dos fertilizantes.
Com isso, conseguimos converter uma área de emissão líquida em uma área de
sequestro de carbono, tornando o sistema produtivo mais resiliente”, explica
Fernando Oliveira Franco, chefe da EPAMIG Oeste.
Desde 2018, a iniciativa já teve
seis projetos aprovados e foi replicada em propriedades de pequenos e médios
produtores, com apoio da Empresa
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais –
Emater-MG e da Associação
Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Apoio
As pesquisas contam com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) como principal fonte financiadora, além do apoio de instituições como a Emater-MG, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar, a Finep, o CNPq, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS Cerrado), entre outras.
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