Biofertilizante feito com farinha de peixe aumenta
produção de morangos de agricultora
Foto: MFX/Secom/SC
Fonte: OCP News
Por: Isabelle
Stringari Ribeiro
08/06/2025 - 14:06 - Atualizada em: 08/06/2025 - 14:13
Na Semana do Meio Ambiente, celebrada em junho, uma história
que reúne ciência, sustentabilidade, qualidade de vida e geração de renda ganha
destaque em Santa Catarina. Trata-se do trabalho de Vilma Fontanive Reichert,
57 anos, moradora de Luiz Alves, que apostou no cultivo de morangos em sistema
suspenso e protegido com o apoio da Epagri. A produção ganhou novo fôlego com o
uso de um biofertiliante aeróbico desenvolvido pela Estação Experimental da
Epagri de Itajaí e apresentado recentemente no TecnoHorti 2025.
Vilma iniciou o cultivo há seis anos, buscando uma atividade
que complementasse sua renda após a aposentadoria sem exigir esforço físico
excessivo. Com a orientação técnica da Epagri e motivada pelos bons resultados,
ela já planeja dobrar a produção em 2026 com a construção de mais um abrigo.
“Não tem comparação. Sem o biofertilizante, a planta demora mais a produzir e
produz menos morangos porque dá menos flor”, relata.
Uso do biofertilizante resolveu o
problema de ácaro na plantação de morangos de uma forma ecológica – – Foto:
MFX/Secom/SC
O biofertilizante usado por Vilma foi destaque no TecnoHorti
2025, evento realizado no dia 3 de junho na Estação Experimental da Epagri em
Itajaí. Apesar do frio e da chuva, mais de 500 pessoas compareceram para
conhecer as inovações da pesquisa catarinense na produção de hortaliças
orgânicas. Um dos coordenadores do evento, pesquisador Alexandre Visconti,
apresentou o bioinsumo e também demonstrou o sistema de termoterapia para
desinfecção de substratos.
O produto, fabricado a partir de farinha de peixe, amido de
milho e de mandioca, açúcar, farelo de arroz, esterco e água, é fermentado com
bombeamento de oxigênio contínuo por até oito dias. Na propriedade de Vilma,
são fabricados 200 litros por mês. Ela aplica o produto por gotejamento, o que
garante mais vigor às plantas, prolonga o ciclo produtivo e reduz a incidência
de pragas e doenças.
“Aqui a gente tinha muito problema de ácaro. Desde que
comecei a usar esse fertilizante da Epagri, os bichinhos sumiram”, comemora. No
abrigo de 400m2, a produtora tem 2.700 mudas. Durante o auge da safra, ela
planta de 70kg a 80kg por mês e fornece para particulares, padarias,
lanchonetes e creches do município.
Tecnologias para produção orgânica
Durante o TecnoHorti 2025, outras experiências como a de
Vilma também mostraram o impacto positivo da pesquisa da Epagri no campo.
Produtores como Josnei Nowak, de Três Barras, e Fabiana Barros, de
Massaranduba, relataram os benefícios do cultivo protegido e do uso de
bioinsumos em suas propriedades, tanto para a saúde quanto para a renda
familiar.
O cultivo suspenso de hortaliças
foi outra inovação apresentada no evento que humaniza o trabalho no campo –
Foto: Renata Rosa/Epagri/Fapesc
O evento apresentou as seguintes tecnologias desenvolvidas
pela pesquisa da Epagri para auxiliar os produtores catarinenses de hortaliças
orgânicas:
- Compostagem
– mostrou como resíduos agrícolas são transformados em adubo orgânico de
alta qualidade;
- Mudas
Orgânicas – atendendo à nova exigência das Normas da Produção Orgânica no
Brasil, válidas a partir de 2026;
- Biofertilizantes
Aeróbicos – fermentado líquido que promove o crescimento das plantas e o
controle de doenças do solo;
- Cultivares
Orgânicos da Epagri – variedades como a alface Litorânea, o tomate Kaiçara
e novos materiais em desenvolvimento (pimentões, tomate cereja, rúcula e
alface de inverno).
- Sistema
de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) – tecnologia consagrada para o
manejo sustentável do solo;
- Cultivo
Suspenso de Hortaliças – inovação que valoriza a ergonomia e humaniza o
trabalho no campo.
Além das visitas, o TecnoHorti 2025 contou com palestras
técnicas ministradas por especialistas de empresas parceiras, com temas
alinhados à produção orgânica e ao uso responsável dos recursos naturais
Visconti ressalta que a integração entre pesquisa agropecuária, extensão rural e produtores reforça o papel estratégico da ciência no enfrentamento de desafios como a segurança alimentar, a sucessão familiar e a preservação ambiental. “Em plena Semana do Meio Ambiente, essas histórias demonstram que a sustentabilidade no campo passa por inovação, parceria e protagonismo da agricultura familiar”, diz ele.
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