Pesquisador da Embrapa Acre destacou que área consorciada
produziu 11 arrobas a mais em um ano na comparação ao
piquete com Humidicola solteira
CRIADO EM 07/10/2021 ÀS 15H28 - ATUALIZADO EM 07/10/2021 ÀS 11H41
Episódio da série especial Embrapa em Ação que foi ao ar nesta quinta, dia 07, mostrou na prática os benefícios que o consórcio de capim com o amendoim forrageiro traz para dentro das porteiras das fazendas de pecuária do Acre. O sistema, conforme resumiu pesquisador da Embrapa Acre, pode dobrar o ganho de peso do gado na época seca e incrementar a produção em 11 arrobas por hectare ao ano.
Uma das áreas em que os efeitos desta integração estão sendo testados é na propriedade do pecuarista Luiz Augusto Ribeiro do Valle, que chegou ao Acre no início dos anos 80 e migrou do cultivo da seringueira para a bovinocultura de corte.
Conforme destacou o produtor, o sistema viabilizou a criação de animais meio-sangue na Região Norte. “Nós fazemos matriz Nelore e em cima dessa matriz
por conta dessa peculiaridade que você observou, a gente introduziu lá atrás,
inicialmente, puerária como consórcio de gramínea e leguminosa e depois,
sempre junto com a Embrapa, em parceria, […] a gente começou a introduzir
o amendoim forrageiro”, confirmou Luiz.
Leia mais em https://www.girodoboi.com.br/noticias/consorciar-capim-com-amendoim-forrageiro-pode-dobrar-ganho-de-peso-na-seca/
forneço mudas de amendoim forrageiro
Na propriedade de Luiz, o consórcio do capim é feito com a cultivar BRS Mandobi, desenvolvida pela Embrapa com foco na facilidade de propagação, por semente – ao passo que outras variedades de amendoim forrageiro só podem ser plantadas por muda.
+ Embrapa busca parceria para comercializar 1ª cultivar de amendoim forrageiro propagada por semente
RESULTADOS
“Nós passamos por um período de estabelecimento de uns dois anos com 7% da área com amendoim forrageiro. […] Nesse primeiro trabalho que foi feito, de avaliação e desempenho, a gente já conseguiu o diferencial de 10% de aumento no ganho de peso. […] Com três anos, a gente já estava aqui com 11% a 12% de amendoim forrageiro na área. Esse desempenho estava subindo, chegando em 15%. A gente estava no caminho certo. Mas a gente chegou num momento até 2015 que essa composição estabilizou e de certa forma estagnou. E a gente percebeu […] que os animais estavam superpastejando as linhas de plantio e o amendoim forrageiro não estava conseguindo se estabelecer passados aqueles 10%. Nós mudamos o manejo, foi o momento que nós colocamos o pastejo rotacionado. Nós começamos a dar descanso para as áreas. Com esse descanso, de um ano para outro, já subiu para 17%. Em 2016 foi a 23% e, de lá para cá, está estabilizado em 25% de amendoim na área. […] Em termos de produção média geral, nós conseguimos 11@ a mais por ano no pasto consorciado em relação a um pasto de Humidicola pura, sem amendoim”, apresentou o pós-doutor em agronomia Maykel Sales, pesquisador da Embrapa Acre.
Sales listou a série de benefícios que o consórcio traz para a propriedade, que ajudam a explicar o resultado final de 11 arrobas a mais produzidas no ano, exaltando também a redução do custo com fertilização da área. “A gente sabe que esse amendoim forrageiro nessa área está fixando algo em torno de 120 a 150 kg de nitrogênio por hectare. São mais ou menos seis a sete sacos de ureia por hectare/ano que ele está jogando naturalmente nessa fazenda. É mais um cálculo: quanto custam sete sacos de ureia por ano? Esse é o retorno que oamendoim forrageiro te dá. […] Em termos de desempenho, houve 47% de aumento no ganho em média. Durante a época da chuva, 30%, durante a época da seca, quase 100% de aumento do ganho de peso. Quase que dobra o desempenho dos animais na época da seca quando eles estão nesse ambiente. É um ambiente que traz uma oferta de forragem de melhor qualidade e aumenta a oferta também por causa da adubação nitrogenada. Nesse ambiente nós conseguimos aumentar a taxa de lotação em 20% em relação ao pasto que não tem amendoim. Nós conseguimos aumentar a produção porque esses animais, nesse ambiente, consomem mais alimento, mais pasto, mas o pasto produz mais, então a gente não teve redução de lotação, e sim aumento. Esse é uma compensação natural”, analisou o pesquisador.
DICA DO PRODUTOR
O pecuarista Luiz Augusto Ribeiro do Valle aconselhou os produtores que querem buscar soluções similares para os seus sistemas produtivos. “A pesquisa é uma parceira do produtor e ele deve ir atrás. Não fique esperando ela vir até você, não! Vá atrás que você vai obter conhecimentos muito bons para você aplicar na sua propriedade”, declarou.
+ Embrapa alerta: nem toda planta de folha larga é inimiga do seu pasto!
Pelo vídeo a seguir é possível assistir na íntegra a reportagem da série especial Embrapa em Ação – Unidade Acre:
Nenhum comentário:
Postar um comentário