Bacias hidrográficas recobertas por vegetação florestal fornecem água de qualidade durante o ano todo.
A
floresta ainda contribui para o equilíbrio térmico da água, reduzindo
os extremos de temperatura e mantendo a oxigenação do meio aquático. |
Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas
Trabalhos
desenvolvidos pelo Instituto Florestal (IF) comprovam que a presença de
cobertura florestal em bacias hidrográficas promove a regularização do
regime de rios e a melhora na qualidade da água. Os pesquisadores
científicos da Seção de Engenharia Florestal, do IF, Valdir de Cicco,
Francisco Arcova e Maurício Ranzini, embasaram suas teses de doutorado
em pesquisas sobre a relação entre a floresta e a água, elucidando
dúvidas e provando com números as suas proposições.
“As
bacias hidrográficas recobertas por vegetação florestal são as que
oferecem água com boa distribuição ao longo do ano, e de melhor
qualidade”, enfatiza Arcova, engenheiro florestal, doutor em Geografia
Física, pela Universidade de São Paulo, no IF desde 1985. Segundo ele,
parte da água da chuva é retida pelas copas das árvores, evaporando em
seguida em um processo denominado interceptação. A taxa de evaporação
varia com a espécie, idade, densidade e estrutura da floresta, além das
condições climáticas de cada região.
“Em
florestas tropicais, a interceptação varia de 4,5% a 24% da
precipitação, embora tenham sido registrados valores superiores a 30%”,
explica. Os pesquisadores ainda dizem que as pesquisas realizadas nos
laboratórios em Cunha, no parque Estadual da Serra do Mar, estimam o
valor de 18% de interceptação. O restante da água alcança o solo
florestal por meio de gotejamento de folhas e ramos ou escoando pelo
tronco de árvores. No solo, a água infiltra-se ou é armazenada em
depressões, não ocorrendo o escoamento superficial para as partes mais
baixas do terreno, como aconteceria em uma área desprovida de floresta.
“O
piso florestal é formado por uma camada de folhas, galhos e outros
restos vegetais, que lhe proporciona grande rugosidade, impedindo o
escorrimento superficial da água para as partes mais baixas do terreno,
favorecendo a infiltração. Também a matéria orgânica decomposta é
incorporada ao solo, proporcionando a ele excelente porosidade e,
consequentemente, elevada capacidade de infiltração.”
Uma
parcela da água infiltrada contribui para a formação de um rio por meio
do escoamento subsuperficial, e outra, é absorvida pelas raízes e volta
para a atmosfera pela transpiração das plantas. “A interceptação e a
transpiração, ou a evapotranspiração, fazem a água da chuva voltar para a
atmosfera não contribuindo para aumentar a vazão de um rio.”
Em
florestas tropicais, a evapotranspiração varia de 50% a 78% da
precipitação anual. Na pesquisa realizada em Cunha, esse número é de
aproximadamente 30%. Os pesquisadores explicam que o remanescente da
água infiltrada movimenta-se em profundidade e é armazenado nas camadas
internas do solo e na região das rochas, alimentando os cursos de água
pelo escoamento de base, isto é, do subsolo onde se localizam os lençóis
freáticos.
A relação entre árvores e água varia de acordo com o tipo de floresta
Embora
os processos que determinam os fluxos de água sejam semelhantes para as
diferentes formações florestais, a magnitude desses processos, que
depende das características da floresta, da bacia hidrográfica e do
clima, influencia a relação floresta-produção de água (escoamento total
do rio). Em florestas tropicais, a produção hídrica nas microbacias
varia de 22% a 50% da precipitação. “Em Cunha, onde a evapotranspiração
anual da Mata Atlântica é da ordem de apenas 30%, a produção de água
pela microbacia é de notáveis 70% da precipitação”, afirma Francisco.
Esse
mecanismo, em que a água percola o solo e alimenta gradualmente o
lençol freático, possibilita que um rio tenha vazão regular ao longo do
ano, inclusive nos períodos de estiagem. Nas microbacias recobertas com
mata atlântica em Cunha, o escoamento de base é responsável por cerca de
80% de toda a água escoada pelo rio, fato que proporciona a elas um
regime sustentável de produção hídrica ao longo de todo o ano.
Consequências da falta de vegetação
Ao
contrário, em uma bacia sem a proteção florestal, a infiltração da água
da chuva no solo é menor para alimentar os lençóis freáticos. O
escoamento superficial torna-se intenso fazendo com que a água da chuva
atinja rapidamente a calha do rio, provocando inundações. E, nos
períodos de estiagem, o corpo-d’água vai minguando, podendo até secar.
Um
outro fator drástico é que, enquanto nas bacias florestadas, a erosão
do solo ocorre a taxas naturais, pois o material orgânico depositado no
piso impedem o impacto direto das gotas de chuva na superfície do solo,
nas áreas desprovidas de vegetação há um intenso processo de carreamento
de material para a calha do rio aumentando a turbidez e o assoreamento
dos rios.
Segundo
Maurício, na microbacia recoberta com Mata Atlântica em Cunha, a perda
de solo no rio é da ordem de 162 kg/hectare/ano. “Esse valor é muito
inferior à perda de solo registrada para o estado de São Paulo, que
varia de 6,6 a 41,5 t/hectare/ano, dependendo da cultura agrícola, algo
como 12 toneladas num campo de milho, 12,4 toneladas numa área de
cana-de-açúcar, chegando a até 38,1 toneladas numa plantação de feijão”,
informa em tom de alerta.
A
floresta representa muitos outros benefícios para os sistemas hídricos.
Contribui, por exemplo, para o equilíbrio térmico da água, reduzindo os
extremos de temperatura e mantendo a oxigenação do meio aquático.
Promove, ainda, a absorção de nutrientes pelas árvores, arbustos e
plantas herbáceas evitando a lixiviação excessiva dos sais minerais do
solo para o rio.
Bom dia! Todo ano passamos por períodos de estiagem aqui no RS, em Bagé o problema é cronico, que tal captarmos a água da chuva?
Abaixo reproduzo artigo que mostra exemplos de captação de água da chuva em comunidades carentes na Africa.
atenciosamente
alexandre panerai
eng. agrônomo
Em áreas rurais, as principais fontes de água normalmente são os poços perfurados de água subterrânea ou a água superficial, os rios e os lagos. Entretanto, uma fonte de água potável segura e facilmente acessível durante a estação das chuvas, a qual é freqüentemente ignorada, é a chuva. Em climas tropicais e subtropicais, a quantidade de água da chuva captada pode ser considerável.
Um dos métodos tradicionais de captação de água da chuva usados em Uganda e no Sri Lanka é a captação da água da chuva de árvores, usando folhas ou caules de bananeiras como calhas temporárias. Podem-se captar 200 litros de uma árvore grande durante uma só tempestade.
Captação de água da chuva de telhados
Sistemas domésticos de captação da água da chuva muito baratos podem ser facilmente instalados na maior parte dos telhados de ferro corrugado ou de telhas de barro nas áreas rurais e urbanas, usando vários tipos de calhas, descarte de primeiro fluxo e tanques de plástico ou cimento armado para a captação e o armazenamento..
Captação de água do telhado de custo muito baixo, usando um telhado de ferro corrugado, canos de plástico duro e potes de cimento armado para armazena mento numa casa, no Camboja. Foto Murray Burt/Tearfund
Captação de água da chuva sem telhados
Porém, em algumas áreas rurais, a maioria das pessoas vive em estruturas de telhado de palha simples, as quais não são adequadas para a captação tradicional de água da chuva. Assim, a Tearfund pesquisou e testou uma forma de “custo ultrabaixo”, inovadora e simples de captar a água da chuva sem a utilização de telhados..
Captação de água da chuva do telhado de uma latrina no Camboja, usando uma garrafa velha de refrigerante, um tubo de plástico duro, ferro corrugado e uma cisterna de tijolo. Este conceito é especialmente útil, pois oferece água para lavar as mãos ao lado da porta da latrina. Foto Murray Burt/Tearfund
Utilizando lonas plásticas
Sistema de captação de água da chuva de custo ultrabaixo no Sudão do Sul, usando uma lona plástica, estacas de madeira e um tambor de combustível de plástico. Foto Murray Burt/Tearfund
Em muitas populações em trânsito, especialmente em situações de emergência e pós-emergência, as lonas plásticas são um artigo básico que muitas famílias possuem. Elas são distribuídas em campos de refugiados ou de pessoas internamente deslocadas ou são compradas nos mercados locais. As lonas plásticas são usadas para muitos fins, inclusive como abrigo para moradias ou lojas. Elas também podem ser usadas para captar a água da chuva. Os cálculos baseados em dados sobre a precipitação de Colombo, no Sri Lanka, mostram que haveria uma produção diária média de mais de 60 litros de água da chuva durante seis meses do ano, usando-se uma lona plástica de 8m² para a coleta.
Projetando o seu próprio sistema de captação da água da chuva
A utilização de lonas plásticas é uma opção para a captação de água da chuva sem a utilização de telhados. Outros materiais disponíveis no local também podem ser usados, tais como chapas individuais de ferro corrugado e tecido.
Não há nenhuma regra para a construção. Pense em novas idéias, usando qualquer material que tiver à sua disposição para captar e coletar a água da chuva. O princípio é sempre o mesmo:
Capture a água da chuva numa superfície limpa antes que ela caia no chão e canalize-a para uma cisterna limpa.
Ampliação
É fácil ampliar os sistemas de captação de água da chuva. Em situações de emergência, a captação de água da chuva pode ser disponibilizada para todos e pode até mesmo contribuir como uma fonte significativa de água em grandes comunidades e campos. Lembre-se de promover a boa higiene ao mesmo tempo, mantendo a limpeza de todas as partes do sistema. Cubra a cisterna e certifique-se de que as pessoas não retirem a água armazenada colocando a mão dentro dela ou com canecas ou outros utensílios sujos. Depois de armazenada por um longo período de tempo, água da chuva pode precisar ser desinfetada. Cubra as cisternas com uma tela para evitar a procriação de mosquitos e mantenha-as fora da luz do sol para evitar o crescimento de algas.
Murray Burt
DFID WASH Programme Manager
PO Box 76184-00508
Nairobi - Quênia
E-mail: murray.burt@tearfund.org
O que as pessoas disseram
“A água da chuva tem gosto de limpa e não tem cheiro.”
(Agul Tour, 19 anos, na demonstração no Mercado de Omdurman)
“Estamos saindo da guerra... estamos contentes por aprender como captar água... estamos abertos para novas idéias.” (Marc Tuc, 60 anos)
“Eu experimentei a água na igreja. Ela é boa – é o tipo de água que não deixa a gente doente.”
(Nyibol Ngor, 17 anos)
“A comunidade está contente com a captação da água da chuva, pois as pessoas sabem que agora terão mais água para usar, principalmente na estação seca.” (Daniel Aleu, 25 anos)
Tem um espaço desaproveitado na varanda ou no seu jardim? Gosta de jardinagem? Gostaria de trazer a natureza a sua casa?
Muitas perguntas com uma resposta clara: horta urbana.
É provável que tenha ouvido este termo, pois, ao fim e ao cabo, este
tipo de cultivos estão cada vez mais na moda. Desde as hortas verticais
às hortas hidropónicas (ou seja, sem terra), todas elas permitem um
cultivo ecológico.
Neste post vamos mostrar-lhe o que é uma horta urbana, quais são as mais comuns e como se faz. Convidamos a continuar a ler para ficar a conhecer melhor este mundo.
Vamos lá!
Começamos por definir o que é uma horta urbana, pois, ao fim e ao
cabo, antes de pôr mãos à obra temos que saber o que temos pela frente.
Uma horta urbana é uma zona ou espaço coberto destinado ao cultivo de plantas, hortaliças, árvores de fruto ou outro tipo de vegetação. Além disso, como o nome indica, são hortas localizados em cidades ou áreas urbanas.
Fornecem diversas vantagens e benefícios, para além de, de acordo com
as espécies plantadas, são muito decorativas (como são bem ilustrativos
os jardins verticais).
Quais são as hortas urbanas mais comuns?
As hortas urbanas são diversas e costumam-se construir tendo em conta dois aspetos básicos: finalidade e contexto ou ambiente.
Não é o mesmo usar a horta para decorar que para plantar hortaliças
ou outros vegetais. Além disso, devemos respeitar o meio envolvente e
adaptar-se a ele.
Atendendo a isto, de seguida, vamos mostrar-lhe as hortas urbanas mais comuns.
Horta urbana hidropónica
Este tipo de cultivo caracteriza-se por usar água misturada com soluções ricas em minerais. A terra tradicional não é usada, apostando-se antes num cultivo mais experimental e enriquecido.
Este tipo de horta urbana é perfeito para plantar espécies herbáceas, aromáticas e vegetais.
E pode colocá-la tanto no exterior como no interior!
Horta urbana tradicional
Este tipo de cultivo é o que se realiza na terra, o
de sempre. Para tal, destina-se um espaço do jardim e como substrato
usa-se o do próprio terreno. Podem ser cobertos (estufa) ou estar ao ar
livre.
O tamanho será o que quiser ou pelo menos o que puder dispor. Além
disso, deverá ter em conta o crescimento das plantas que tiver escolhido
para plantar. Algumas requerem parcelas maiores do que outras.
Horta urbana vertical
Uma velha conhecida deste blogue. é um dos tipos de hortas mais populares hoje em dia, oferecendo diversas possibilidades de aproveitamento do espaço.
Que é?
Uma horta vertical é uma construção que foi realizada de forma perpendicular ao solo e cujo objetivo principal é o de otimizar o espaço para plantar frutas, hortaliças, plantas aromáticas ou espécies decorativas.
Com este tipo de cultivo não necessitará de dispor de tanto espaço
como nos casos anteriores. Permite também poupar dinheiro (autoconsumo) e
encherá de vida um lugar que, à priori, podia ser ‘aborrecido’.
Horta urbana em contentores
Falamos de horta urbana em contentores quando o meio utilizado é um recipiente, vaso, floreiras ou outro tipo de elemento.
São ideais para aproveitar o espaço, já que pode escolher o contentor
que melhor se adapte ao lugar disponível. De varandas ou terraços a
pequenos jardins ou o interior das casas.
São válidos para inúmeras zonas.
Um dos aspetos mais importantes ao decidir-se por este tipo de horta é
que a espécie a plantar não se deve desenvolver em demasia. O contentor tem um espaço limitado, pelo que as raízes da planta devem adaptar-se a ele.
Que plantar?
A Husqvarna aconselha cultivar hortaliças e vegetais como tomate, alface ou pimentos. Também são uma boa opção as plantas aromáticas, já que ocupam pouco espaço e algumas são mesmo decorativas.
Outras hortas urbanas
Ainda que as hortas mencionadas até agora são as hortas urbanas mais
comuns, também existem outros muitas outras distinções, por exemplo,
relativamente ao objetivo do cultivo.
Horta urbana pública: em muitas cidades e aldeias,
existem espaços de grande tamanho divididos em parcelas em que se
costuma cultivar hortaliças e outros vegetais. Costumam ser áreas
disponíveis para alugar.
Horta urbana de vizinhos: são os terrenos agrícolas
em que um grupo de moradores se junta para aproveitar um descampado e o
converte num jardim ou numa horta.
Horta urbana escolar: a opção ideal para as escolas
que pretendem comprometer a comunidade escolar com o meio ambiente. Com
esta iniciativa tão ecológica aproximam-se as crianças à natureza, às
plantas e à alimentação saudável.
Benefícios e vantagens de uma horta urbana
Uma horta urbana tem como objetivo principal aproveitar um espaço
vazio para o cultivo de plantas de forma natural e por nossa conta. Um
dos principais benefícios deste tipo de plantações é o autoconsumo.
Mas não apenas isso.
Se pretende fazer uma horta urbana em casa, necessita saber quais são as suas vantagens. A seguir, mostramos as mais importantes:
Autoconsumo: se pensar numa horta a longo prazo,
estará ante uma via de autoconsumo de alimentos que lhe permitirão
consumir as suas próprias verduras. Ecologia, natureza e frescura,
associam-se neste tipo de horta.
Compromisso: requer paciência, tempo e muita dedicação, ou seja, um compromisso total da nossa parte.
Contexto ou ambiente: conheceremos melhor o contexto ou ambiente que nos rodeia, os ciclos naturais da terra e as condições de cultivo do espaço.
Sustentabilidade: a nossa horta urbana dependerá de
nós, seremos os encarregados de a gerir e manter, pelo que podemos
aumentar as práticas sustentáveis. Uma delas é o aproveitamento dos
resíduos orgânicos para elaborar composto e adubo natural (compostagem). Reduziremos assim o impacto ambiental.
Social: uma horta urbana fomenta os laços sociais, sobretudo se se trata de um cultivo entre vizinhos.
Relaxamento: para muitas pessoas, supõe uma via de escape dos problemas diários e do bulício da cidade.
Como vê, não apenas estará a cultivar as suas próprias verduras,
também é uma boa forma de entabular laços sociais e respeitar o meio
ambiente.
Esperamos que este artigo lhe sirva de inspiração para construir uma horta urbana em casa.
Sumário
Nome do Artigo
Descubra a horta urbana e todas as possibilidades que pode oferecer
Descrição
Neste
artigo de jardinagem explicamos o que é uma horta urbana e quais são as
mais comuns. Além disso, descrevemos os benefícios que oferecem.
Nas
escolas aprendemos que o solo é abiótico. E ainda hoje muitas pessoas
veem o solo como um material sem vida e, muitas vezes, sem importância.
Essa ideia ignora que o solo dá suporte à vida e, em consequência, é a
base de todos os sistemas de produção vegetal e pecuária para
fornecimento à sociedade de alimentos, medicamentos, fibras, madeira e
combustíveis. Mas, as funções do solo e seus serviços vão além desses
produtos. Precisamos nos aproximar e observar melhor para compreender
esses serviços essenciais que o solo fornece à sociedade: os serviços
ecossistêmicos.
“Primeiro é necessário reconhecer que o solo é um
sistema complexo, formado por minerais, matéria orgânica, ar, água,
micro e macrorganismos”, revela a pesquisadora Elaine Fidalgo, da
Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) “E esse sistema está em processo
constante de formação, um processo lento e essencial para a sua
manutenção e renovação” completa Elaine.
O que está embaixo
No
solo ocorrem a ciclagem e o armazenamento de nutrientes necessários ao
desenvolvimento das plantas. O solo também é um imenso reservatório de
água, sendo fundamental no processo de abastecimento do lençol freático e
de aquíferos. Além da função de reservatório, o solo exerce a função de
filtro de água, liberando-a com boa qualidade para os corpos de água
superficiais e subterrâneos, garantindo a vida.
O solo abriga
micro e macroorganismos, que compõem a sua biodiversidade e participam
de processos essenciais como, por exemplo, a ciclagem de nutrientes e a
decomposição de resíduos e poluentes, além de contribuírem para a
absorção de água e nutrientes pelas plantas, como é o caso dos fungos
micorrízicos, e para a nutrição das plantas, como ocorre na fixação
biológica do nitrogênio (FBN). No Brasil, graças ao processo de FBN, a
inoculação – adição de rizóbios às sementes de soja no momento da
semeadura – substitui totalmente a necessidade do uso de adubos
nitrogenados nas lavouras de soja, com uma economia anual para o país de
11 bilhões de dólares por ano. Avança a cada dia o conhecimento sobre o
papel dos organismos do solo e de seu potencial para diferentes usos,
dentre os quais sua contribuição no controle de doenças e patógenos,
O
estoque de carbono no solo é mais de duas vezes superior ao da
atmosfera e também duas vezes superior ao contido na vegetação, sendo
considerado o maior reservatório de carbono do nosso ecossistema. O
carbono armazenado é proveniente da mineralização do carbono orgânico e,
assim sendo, contribui com a regulação da composição dos gases da
atmosfera.
“A fim de manter a qualidade do solo para que ele
possa contribuir com o sequestro de carbono para minimizar os potenciais
efeitos das mudanças climáticas, é preciso valer-se de sistemas de uso
do solo que sempre tenham plantas em crescimento, como pastagem
permanente; sucessão de sistemas de culturas, de preferência consórcios,
sem lacunas entre safras e sistemas integrados de produção”, lembra
Fabiane Vezzani, professora do
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná.
Desse
modo, a manutenção da qualidade do solo a partir de usos e manejos do
solo que contribuem com o sequestro de carbono pode minimizar os
potenciais efeitos das mudanças climáticas.
Degradação e conservação
A
degradação do solo leva à perda dos seus nutrientes, da biodiversidade e
do carbono estocado, com emissão de gases de efeito estufa para a
atmosfera. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), a cada ano se perdem mais de 20
bilhões de toneladas de solos no mundo devido à erosão, o que equivale a
mais de três toneladas de solo por pessoa.
“Para manter a
qualidade do solo é importante minimizar o seu revolvimento, pelo
plantio direto ou preparo mínimo do solo, fazer rotações de culturas e
aumentar a entrada de resíduos vegetais no sistema, principalmente pelo
uso de plantas de cobertura com alta produção de matéria seca, como é o
caso da braquiária, por exemplo” indica Ieda de Carvalho Mendes,
pesquisadora da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF). Por integrarem
cultivos anuais com a presença de animais, os sistemas integrados
lavoura pecuária são excelentes opções para aumentar a qualidade do
solo, favorecendo sua atividade biológica, aumentando os estoques de
carbono e mitigando gases de efeito estufa.
O solo faz parte de
todos os habitats terrestres, além de ser o suporte para toda a
infraestrutura necessária à ocupação humana e suas atividades. É sobre o
solo que são construídas as moradias, as indústrias e as rodovias, e
também onde desenvolvemos atividades, não apenas de produção econômica,
mas também de lazer, estéticas, educacionais, espirituais e científicas.
E no solo ainda encontramos registros arqueológicos de ocupação
terrestre e de civilizações. “Todos os benefícios aportados pelo solo à
sociedade representam os seus bens e serviços ecossistêmicos, essenciais
para a vida e para a qualidade de vida” ressalta Elaine Fidalgo.
O
solo é a base para a nossa vida e das outras espécies animais e
vegetais. A perda dos serviços ecossistêmicos representa um imenso
custo. É preciso colocar o solo no centro de debates, do ensino escolar à
elaboração das políticas públicas, é necessário dar o devido valor a
esse importante recurso natural.
A pesquisa de serviços ecossistêmicos do solo na Embrapa
A
Embrapa realiza diversas pesquisas, visando analisar as funções e os
serviços ecossistêmicos do solo e como ele responde aos impactos das
atividades antrópicas, principalmente da agropecuária.
“Temos
desenvolvido atividades para avaliar as propriedades do sistema
solo-planta-organismos que permitem a análise das funções e serviços
ecossistêmicos de sistemas agropecuários”, conta Fabiane Vezzani, sobre
as atividades da Embrapa e parceiros no Paraná, um estado de forte
tradição agrícola. As avaliações incluem estoque de carbono no solo e na
vegetação; taxas de ciclagem de nutrientes; conservação da água, do
solo e da biodiversdidade; produção de alimentos e madeira. Além disso, o
trabalho avança na valoração dos serviços ecossistêmicos prestados
pelos sistemas de produção avaliados.
Esses estudos estão sendo
desenvolvidos pela rede de pesquisa Serviços Ambientais na Paisagem
Rural. Muitos trabalhos já foram publicados e muitos outros estão em
andamento. Para saber mais a respeito basta acessar o Espaço Temático de
Serviços Ambientais na Embrapa em: https://www.embrapa.br/tema-servicos-ambientais.
A
Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB) lançou em 2016 um número
especial sobre o solo “O solo como fator de integração entre os
componentes ambientais e a produção agropecuária”: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17163861/revista-pab-lanca-numero-tematico-sobre-solos.
Nesse número foi apresentado um artigo específico de serviços
ecossistêmicos: “Panorama atual e potencial de aplicação da abordagem
dos serviços ecossistêmicos do solo no Brasil” que pode ser acessado em http://dx.doi.org/10.1590/s0100-204x2016000900002.
Carlos Dias (20.395 MTb RJ) Embrapa Solos carlos.diniz-dias@embrapa.br Telefone: (21) 2179-4578
Compostagem doméstica não causa mau cheiro e pode ser lucrativo
Fonte: ZAP Imóveis
Você sabia que o lixo orgânico de sua casa pode ser reaproveitado? A composteira doméstica, ou minhocário, transforma o resíduo orgânico em adubo, que pode ser utilizado posteriormente em uma horta caseira ou, até mesmo, ser vendido. E o melhor, o sistema de compostagem não gera mau cheiro, se utilizado da maneira correta.
De acordo com dados do IBGE, a matéria orgânica corresponde a 60% do total de lixo gerado no Brasil, causando impactos ambientais. Segundo Leopoldo Matosinho, gestor administrativo da Morada da Floresta, o reaproveitamento deste lixo produz nutrientes essenciais ao solo por meio do adubo orgânico, também chamado de húmus.
“A reciclagem de lixo orgânico, além de trazer economia para empresas, pode reaproximar as famílias da terra e do plantio, já que o produto gerado pela compostagem, o húmus, é essencial para o cultivo de plantas e alimentos”, explica Matosinho.
As composteiras domésticas comercializadas pela Morada da Floresta funcionam com três caixas de plástico empilhadas. As duas de cima, que contêm húmus e minhocas, digerem os resíduos orgânicos e a última recolhe o chorume, um fertilizante potente, que escorre das caixas de cima.
Essas caixas são furadas para facilitar o fluxo das minhocas e do chorume e a caixa coletora possui uma torneira para a retirada do líquido. Os compartimentos de cima servem para o descarte do lixo orgânico.
Este material se transforma em adubo e chorume em aproximadamente um mês após o preenchimento da primeira caixa. “O chorume deve ser diluído em água e o ideal é sempre utilizá-lo fresco. Ele é um adubo poderoso e, por ser líquido, possui alta absorção pelas plantas”, orienta Matosinho.
É importante destacar que a composteira não pode ficar exposta ao sol e nem pegar chuva. Deve ser colocada em um local arejado e sombreado para que o bem-estar e a vida das minhocas não sejam comprometidas. Ao descartar os resíduos orgânicos deve-se cobrir tudo com matéria vegetal seca, como folhas, serragem, palha ou grama.
“Existem diversas soluções caso tenha algum problema, desde uso de cinzas de carvão, borra de café, etc. A solução varia de acordo com o problema”, afirma Matosinho.
O que pode ser jogado na composteira – Frutas, legumes, verduras, grãos e sementes, saquinhos de chá, erva de chimarrão, borra de café, de cevada (com filtro), sobras de alimentos cozidos ou estragados (sem exageros), cascas de ovos, palhas, folhas secas, serragem, gravetos, palitos de fósforo e dentais, podas de jardim, papel toalha, guardanapos de papel, papel de pão, papelão, embalagem de pizza e papel jornal (em pouca quantidade).
O que não pode – Carnes de qualquer espécie, casca de limão, laticínios, óleos, gorduras, papel higiênico usado, fezes de animais domésticos, frutas cítricas em grande quantidade (laranja, mexerica, abacaxi), alimentos cozidos (em maior quantidade que os alimentos crus), temperos fortes em grande quantidade (pimenta, sal, alho, cebola).
Preços – Existe a possibilidade de produzir uma composteira em casa, sem a necessidade de gastar muito com os kits. Mas também é possível comprar as caixas coletoras, já com um pouco de adubo e minhoca, que se reproduzem com facilidade.
A Morada da Floresta oferece dois kits para residências. O primeiro, indicado para uma pessoa, custa R$ 161 e o segundo, indicado para quatro ou cinco pessoas, custa R$ 299.
Desde pequena as embaúbas chamam minha
atenção. Eram aquelas lindas árvores, com folhas grandes e tronco
fininho, com galhos ondulados como as ondas do mar. Eu observava com
atenção cada uma delas quando ia à praia com meu avô paterno e toda a
família, na época das férias, no litoral paulista.
Sentia muito acolhimento ao passar por um caminho estreito de areia
com estas árvores ladeando a passagem. Eu poderia passar mais tempo ali
do que em qualquer outro lugar da praia. Sabe por que? Porque ali
moravam alguns bichos-preguiça que viviam agarradinhos às embaúbas.
Nessa época, nasceu meu amor – que é forte até hoje -, pelas embaúbas e
suas amigas preguiças.
Desde pequena as embaúbas chamam minha
atenção. Eram aquelas lindas árvores, com folhas grandes e tronco
fininho, com galhos ondulados como as ondas do mar. Eu observava com
atenção cada uma delas quando ia à praia com meu avô paterno e toda a
família, na época das férias, no litoral paulista.
Sentia muito acolhimento ao passar por um caminho estreito de areia
com estas árvores ladeando a passagem. Eu poderia passar mais tempo ali
do que em qualquer outro lugar da praia. Sabe por que? Porque ali
moravam alguns bichos-preguiça que viviam agarradinhos às embaúbas.
Nessa época, nasceu meu amor – que é forte até hoje -, pelas embaúbas e
suas amigas preguiças.
Árvore tão bela e tão pouco comum no paisagismo urbano. É costumeiro
encontrar embaúbas de folha prateada quando fazemos os caminhos da Serra
do Mar, em São Paulo. Tenho certeza que você já deve ter visto alguma.
Elas parecem pontos de brilho em meio às copas verdes, são as estrelas da mata.
Claro que nem todas têm folhas prateadas ou esbranquiçadas. Se você
morar na cidade de São Paulo e for atencioso, pode ter visto alguns
exemplares que foram recém plantados nas calçadas. Elas podem crescer,
também, em terrenos abandonados, ou até mesmo podem ser vistas em
projetos de paisagismo que quiseram aproveitar a estética e a
arquitetura das curvas de sua copa.
Tem muita gente que confunde embaúba com cheflera (Schefflera arboricola)
– árvore de origem australiana muito comum nas cidades brasileiras. Já
vi gente confundir embaúba com mamoeiro, também. E há várias
características que provocam essa confusão: a casca acizentada, o
crescimento do tronco esbelto e longilíneo, as marcas de cicatriz na
casca resultantes do desprendimento das folhas e dos galhos jovens e,
finalmente, as folhas grandes com pontas ou compostas por várias folhas
criando um desenho similar a um guarda-chuva.
Da família botânica Urticaceae, que inclui 13 gêneros, existem 20 espécies do gênero Cecropia
ssp., entre as quais 5 são endêmicas do Brasil. Trata-se de um gênero
presente em quase todos os biomas do território brasileiro – seja no Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica ou Amazônia, em terrenos áridos ou matas ciliares. Essa distribuição tão heterogênea do gênero é natural, ja que as embaúbas são espécies pioneiras.
E
ser pioneira é uma responsabilidade enorme. Pioneiras são as árvores
que, no processo de formação florestal, possuem características de alta
resistência ao sol intenso e ao solo pobre de nutrientes.
Geralmente, vivem menos, mas são essenciais para criar as condições
adequadas de vida para outras árvores que podem viver mais de 200 anos
ou mil anos. As espécies pioneiras têm vida muito próspera e abundante, estão sempre em interação com muitos animais oque promove uma grande capacidade de dispersão de sementes. No caso das embaúbas, isso acontece por meio dos frutos que são ingeridos por muitas espécies de aves e mamíferos – macacos, por exemplo. Seus frutos – ao menos a da espécie C. hololeuca
– têm sabor similar ao da banana e suas sementes milimétricas são
distribuídas pelo caminho onde aves, macacos e morcegos frequentam.
As preguiças, por exemplo, por terem alimentação quase praticamente folívora (à base de folhas),
preferem as tenras folhas jovens das embaúbas e também adoram descansar
em seus galhos ondulados. As formigas também gostam delas –
principalmente da espécie C. glaziovii, como mostra o vídeo abaixo. Elas mantêm uma vida em simbiose com essas árvores, ou seja, uma troca saudável e equilibrada.
A embaúba fornece alimento para as formigas que se alimentam de um
composto doce presente nas “axilas” de suas folhas, produzido
especialmente para atraí-las. Em troca, as formigas fornecem proteção
contra predadores. Por isso, cuidado ao mexer nessa planta porque as
formigas são bravas. Mas o bicho-preguiça é capaz de ignorar essa máxima
e jantar as formigas, de modo que elas se tornam mais um atrativo para
ele.
Cecropia(nome científico de boa parte das espécies de embaúbas, como destaquei acima) vem do grego Cecrops“filho da Terra, meio homem e meio serpente” – rei mítico de Atenas que reinou por 50 anos. Jáembaúba, de origem tupi ambaíba, significa “árvore oca” ou “onde vivem as formigas”. Não é à toa que, com a madeira e o galho da embaúba, podem ser produzidos instrumentos.
A embaúba no meu (e no seu) dia a dia
Costumo coletar folhas de embaúba secas porque me
parecem verdadeiras esculturas: das pequeninas e jovens até as
enormes. Em casa, tenho uma parede inteira decorada com folhas de embaúbas e também uma luminária. Já usei muitas vezes as folhas pequenas como broche no dia-a-dia.
Certa vez, quando pedalava em uma trilha, notei que havia várias folhas de embaúba
no chão, ao passar por cima delas. Parei assim que percebi, desci da
bicicleta e procurei me manter com a bicicleta no canto da trilha,
fazendo o maior esforço para preservar as folhas inteiras. Pra mim,
elas são muito preciosas e eu sempre quero preservá-las e cuidar delas,
mesmo no caso das folhas secas e soltas no solo, porque, assim, cumprem
seu papel de fornecedoras de nutrientes no ciclo natural da floresta.
Encontrar essa árvore no caminho é como encontrar uma amiga, não
importa o lugar. Em São Paulo, sempre que vejo ou revejo uma espécie
dessa árvore, paro e fico admirando por um tempo, como se matasse a
saudade. As embaúbas estão no meu cotidiano, não importa onde eu esteja.
No viveiro do Instituto Árvores Vivas, que criei em 2006 e dá nome a este blog, temos uma muda de embaúba crescendo no cantinho de um vaso já habitado por uma pata-de-elefante. A foto do sanhaço se refestelando nos galhos de uma embaúba
– no meio deste texto -, foi feita na cidade de Palmas no Tocantins.
Como podem ver, o que torna ainda mais especial essa amizade é que as
embaúbas podem ser encontradas em quase todo o território
nacional, na América do Sul e na América Central. Elas estão por aí,
precisamos apenas deixar que toquem nossos corações. Fotos: Wikipedia Commons e Juliana Gatti
Mestranda
na área de Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável,
sua pesquisa dedica-se a avaliar a influência da natureza na qualidade
de vida de crianças e sociedade. Idealizou o Instituto Árvores Vivas em 2006, onde promove ações de conexão com a natureza por meio de apreciação, restauração e fomento da cultura ambiental.