Fonte: EMBRAPA
Nas
escolas aprendemos que o solo é abiótico. E ainda hoje muitas pessoas
veem o solo como um material sem vida e, muitas vezes, sem importância.
Essa ideia ignora que o solo dá suporte à vida e, em consequência, é a
base de todos os sistemas de produção vegetal e pecuária para
fornecimento à sociedade de alimentos, medicamentos, fibras, madeira e
combustíveis. Mas, as funções do solo e seus serviços vão além desses
produtos. Precisamos nos aproximar e observar melhor para compreender
esses serviços essenciais que o solo fornece à sociedade: os serviços
ecossistêmicos.
“Primeiro é necessário reconhecer que o solo é um sistema complexo, formado por minerais, matéria orgânica, ar, água, micro e macrorganismos”, revela a pesquisadora Elaine Fidalgo, da Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) “E esse sistema está em processo constante de formação, um processo lento e essencial para a sua manutenção e renovação” completa Elaine.
O que está embaixo
No solo ocorrem a ciclagem e o armazenamento de nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. O solo também é um imenso reservatório de água, sendo fundamental no processo de abastecimento do lençol freático e de aquíferos. Além da função de reservatório, o solo exerce a função de filtro de água, liberando-a com boa qualidade para os corpos de água superficiais e subterrâneos, garantindo a vida.
O solo abriga micro e macroorganismos, que compõem a sua biodiversidade e participam de processos essenciais como, por exemplo, a ciclagem de nutrientes e a decomposição de resíduos e poluentes, além de contribuírem para a absorção de água e nutrientes pelas plantas, como é o caso dos fungos micorrízicos, e para a nutrição das plantas, como ocorre na fixação biológica do nitrogênio (FBN). No Brasil, graças ao processo de FBN, a inoculação – adição de rizóbios às sementes de soja no momento da semeadura – substitui totalmente a necessidade do uso de adubos nitrogenados nas lavouras de soja, com uma economia anual para o país de 11 bilhões de dólares por ano. Avança a cada dia o conhecimento sobre o papel dos organismos do solo e de seu potencial para diferentes usos, dentre os quais sua contribuição no controle de doenças e patógenos,
O estoque de carbono no solo é mais de duas vezes superior ao da atmosfera e também duas vezes superior ao contido na vegetação, sendo considerado o maior reservatório de carbono do nosso ecossistema. O carbono armazenado é proveniente da mineralização do carbono orgânico e, assim sendo, contribui com a regulação da composição dos gases da atmosfera.
“A fim de manter a qualidade do solo para que ele possa contribuir com o sequestro de carbono para minimizar os potenciais efeitos das mudanças climáticas, é preciso valer-se de sistemas de uso do solo que sempre tenham plantas em crescimento, como pastagem permanente; sucessão de sistemas de culturas, de preferência consórcios, sem lacunas entre safras e sistemas integrados de produção”, lembra Fabiane Vezzani, professora do
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná.
Desse modo, a manutenção da qualidade do solo a partir de usos e manejos do solo que contribuem com o sequestro de carbono pode minimizar os potenciais efeitos das mudanças climáticas.
Degradação e conservação
A degradação do solo leva à perda dos seus nutrientes, da biodiversidade e do carbono estocado, com emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a cada ano se perdem mais de 20 bilhões de toneladas de solos no mundo devido à erosão, o que equivale a mais de três toneladas de solo por pessoa.
“Para manter a qualidade do solo é importante minimizar o seu revolvimento, pelo plantio direto ou preparo mínimo do solo, fazer rotações de culturas e aumentar a entrada de resíduos vegetais no sistema, principalmente pelo uso de plantas de cobertura com alta produção de matéria seca, como é o caso da braquiária, por exemplo” indica Ieda de Carvalho Mendes, pesquisadora da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF). Por integrarem cultivos anuais com a presença de animais, os sistemas integrados lavoura pecuária são excelentes opções para aumentar a qualidade do solo, favorecendo sua atividade biológica, aumentando os estoques de carbono e mitigando gases de efeito estufa.
O solo faz parte de todos os habitats terrestres, além de ser o suporte para toda a infraestrutura necessária à ocupação humana e suas atividades. É sobre o solo que são construídas as moradias, as indústrias e as rodovias, e também onde desenvolvemos atividades, não apenas de produção econômica, mas também de lazer, estéticas, educacionais, espirituais e científicas. E no solo ainda encontramos registros arqueológicos de ocupação terrestre e de civilizações. “Todos os benefícios aportados pelo solo à sociedade representam os seus bens e serviços ecossistêmicos, essenciais para a vida e para a qualidade de vida” ressalta Elaine Fidalgo.
O solo é a base para a nossa vida e das outras espécies animais e vegetais. A perda dos serviços ecossistêmicos representa um imenso custo. É preciso colocar o solo no centro de debates, do ensino escolar à elaboração das políticas públicas, é necessário dar o devido valor a esse importante recurso natural.
A pesquisa de serviços ecossistêmicos do solo na Embrapa
A Embrapa realiza diversas pesquisas, visando analisar as funções e os serviços ecossistêmicos do solo e como ele responde aos impactos das atividades antrópicas, principalmente da agropecuária.
“Temos desenvolvido atividades para avaliar as propriedades do sistema solo-planta-organismos que permitem a análise das funções e serviços ecossistêmicos de sistemas agropecuários”, conta Fabiane Vezzani, sobre as atividades da Embrapa e parceiros no Paraná, um estado de forte tradição agrícola. As avaliações incluem estoque de carbono no solo e na vegetação; taxas de ciclagem de nutrientes; conservação da água, do solo e da biodiversdidade; produção de alimentos e madeira. Além disso, o trabalho avança na valoração dos serviços ecossistêmicos prestados pelos sistemas de produção avaliados.
Esses estudos estão sendo desenvolvidos pela rede de pesquisa Serviços Ambientais na Paisagem Rural. Muitos trabalhos já foram publicados e muitos outros estão em andamento. Para saber mais a respeito basta acessar o Espaço Temático de Serviços Ambientais na Embrapa em: https://www.embrapa.br/tema-servicos-ambientais.
A Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB) lançou em 2016 um número especial sobre o solo “O solo como fator de integração entre os componentes ambientais e a produção agropecuária”: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17163861/revista-pab-lanca-numero-tematico-sobre-solos. Nesse número foi apresentado um artigo específico de serviços ecossistêmicos: “Panorama atual e potencial de aplicação da abordagem dos serviços ecossistêmicos do solo no Brasil” que pode ser acessado em http://dx.doi.org/10.1590/s0100-204x2016000900002.
“Primeiro é necessário reconhecer que o solo é um sistema complexo, formado por minerais, matéria orgânica, ar, água, micro e macrorganismos”, revela a pesquisadora Elaine Fidalgo, da Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) “E esse sistema está em processo constante de formação, um processo lento e essencial para a sua manutenção e renovação” completa Elaine.
O que está embaixo
No solo ocorrem a ciclagem e o armazenamento de nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. O solo também é um imenso reservatório de água, sendo fundamental no processo de abastecimento do lençol freático e de aquíferos. Além da função de reservatório, o solo exerce a função de filtro de água, liberando-a com boa qualidade para os corpos de água superficiais e subterrâneos, garantindo a vida.
O solo abriga micro e macroorganismos, que compõem a sua biodiversidade e participam de processos essenciais como, por exemplo, a ciclagem de nutrientes e a decomposição de resíduos e poluentes, além de contribuírem para a absorção de água e nutrientes pelas plantas, como é o caso dos fungos micorrízicos, e para a nutrição das plantas, como ocorre na fixação biológica do nitrogênio (FBN). No Brasil, graças ao processo de FBN, a inoculação – adição de rizóbios às sementes de soja no momento da semeadura – substitui totalmente a necessidade do uso de adubos nitrogenados nas lavouras de soja, com uma economia anual para o país de 11 bilhões de dólares por ano. Avança a cada dia o conhecimento sobre o papel dos organismos do solo e de seu potencial para diferentes usos, dentre os quais sua contribuição no controle de doenças e patógenos,
O estoque de carbono no solo é mais de duas vezes superior ao da atmosfera e também duas vezes superior ao contido na vegetação, sendo considerado o maior reservatório de carbono do nosso ecossistema. O carbono armazenado é proveniente da mineralização do carbono orgânico e, assim sendo, contribui com a regulação da composição dos gases da atmosfera.
“A fim de manter a qualidade do solo para que ele possa contribuir com o sequestro de carbono para minimizar os potenciais efeitos das mudanças climáticas, é preciso valer-se de sistemas de uso do solo que sempre tenham plantas em crescimento, como pastagem permanente; sucessão de sistemas de culturas, de preferência consórcios, sem lacunas entre safras e sistemas integrados de produção”, lembra Fabiane Vezzani, professora do
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná.
Desse modo, a manutenção da qualidade do solo a partir de usos e manejos do solo que contribuem com o sequestro de carbono pode minimizar os potenciais efeitos das mudanças climáticas.
Degradação e conservação
A degradação do solo leva à perda dos seus nutrientes, da biodiversidade e do carbono estocado, com emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a cada ano se perdem mais de 20 bilhões de toneladas de solos no mundo devido à erosão, o que equivale a mais de três toneladas de solo por pessoa.
“Para manter a qualidade do solo é importante minimizar o seu revolvimento, pelo plantio direto ou preparo mínimo do solo, fazer rotações de culturas e aumentar a entrada de resíduos vegetais no sistema, principalmente pelo uso de plantas de cobertura com alta produção de matéria seca, como é o caso da braquiária, por exemplo” indica Ieda de Carvalho Mendes, pesquisadora da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF). Por integrarem cultivos anuais com a presença de animais, os sistemas integrados lavoura pecuária são excelentes opções para aumentar a qualidade do solo, favorecendo sua atividade biológica, aumentando os estoques de carbono e mitigando gases de efeito estufa.
O solo faz parte de todos os habitats terrestres, além de ser o suporte para toda a infraestrutura necessária à ocupação humana e suas atividades. É sobre o solo que são construídas as moradias, as indústrias e as rodovias, e também onde desenvolvemos atividades, não apenas de produção econômica, mas também de lazer, estéticas, educacionais, espirituais e científicas. E no solo ainda encontramos registros arqueológicos de ocupação terrestre e de civilizações. “Todos os benefícios aportados pelo solo à sociedade representam os seus bens e serviços ecossistêmicos, essenciais para a vida e para a qualidade de vida” ressalta Elaine Fidalgo.
O solo é a base para a nossa vida e das outras espécies animais e vegetais. A perda dos serviços ecossistêmicos representa um imenso custo. É preciso colocar o solo no centro de debates, do ensino escolar à elaboração das políticas públicas, é necessário dar o devido valor a esse importante recurso natural.
A pesquisa de serviços ecossistêmicos do solo na Embrapa
A Embrapa realiza diversas pesquisas, visando analisar as funções e os serviços ecossistêmicos do solo e como ele responde aos impactos das atividades antrópicas, principalmente da agropecuária.
“Temos desenvolvido atividades para avaliar as propriedades do sistema solo-planta-organismos que permitem a análise das funções e serviços ecossistêmicos de sistemas agropecuários”, conta Fabiane Vezzani, sobre as atividades da Embrapa e parceiros no Paraná, um estado de forte tradição agrícola. As avaliações incluem estoque de carbono no solo e na vegetação; taxas de ciclagem de nutrientes; conservação da água, do solo e da biodiversdidade; produção de alimentos e madeira. Além disso, o trabalho avança na valoração dos serviços ecossistêmicos prestados pelos sistemas de produção avaliados.
Esses estudos estão sendo desenvolvidos pela rede de pesquisa Serviços Ambientais na Paisagem Rural. Muitos trabalhos já foram publicados e muitos outros estão em andamento. Para saber mais a respeito basta acessar o Espaço Temático de Serviços Ambientais na Embrapa em: https://www.embrapa.br/tema-servicos-ambientais.
A Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB) lançou em 2016 um número especial sobre o solo “O solo como fator de integração entre os componentes ambientais e a produção agropecuária”: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17163861/revista-pab-lanca-numero-tematico-sobre-solos. Nesse número foi apresentado um artigo específico de serviços ecossistêmicos: “Panorama atual e potencial de aplicação da abordagem dos serviços ecossistêmicos do solo no Brasil” que pode ser acessado em http://dx.doi.org/10.1590/s0100-204x2016000900002.
Carlos Dias (20.395 MTb RJ)
Embrapa Solos
carlos.diniz-dias@embrapa.br
Telefone: (21) 2179-4578
Embrapa Solos
carlos.diniz-dias@embrapa.br
Telefone: (21) 2179-4578
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
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www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
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