jornal sul21
Os
técnicos avaliam ainda que centenas de árvores não teriam caído na
cidade, caso tivessem sido podadas ou removidas conforme previsão feita
anteriormente por laudos técnicos. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Marco Weissheimer
Uma parcela considerável dos danos e prejuízos causados à população
poderia ser evitada, caso a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de
Porto Alegre (SMAM) dispusesse das condições mínimas necessárias para
desenvolver ações programadas de manutenção preventiva da arborização da
cidade. A afirmação é de técnicos do quadro da SMAM, que divulgaram um
manifesto alertando para o sucateamento da pasta e o reflexo que isso
teve nos prejuízos causados pela tempestade que atingiu a capital gaúcha
no dia 29 de janeiro. Segundo técnicos da secretaria, os nove veículos
para trabalhos em altura na arborização estão parados e cerca de 10 mil
árvores já avaliadas por técnicos e programadas para remoção ou poda
estão na fila aguardando execução. Os técnicos avaliam ainda que
centenas de árvores não teriam caído na cidade, caso tivessem sido
podadas ou removidas conforme previsão feita anteriormente por laudos
técnicos.
O manifesto denuncia também a falta de reposição de funcionários para
a área operacional, o que estaria prejudicando a execução de trabalhos
preventivos no manejo da arborização urbana pública de Porto Alegre. O
último concurso para a área, assinalam os técnicos, ocorreu em 1993.
Situações emergenciais como a experimentada no dia 29 de janeiro se
repetirão a cada novo evento climático extremo, sem que a Prefeitura
consiga dar uma resposta ágil e tecnicamente eficiente à população
porto-alegrense, diz ainda o documento. Segue a íntegra do manifesto:
Manifesto dos técnicos do quadro da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre:
“Os Técnicos do quadro da Secretaria Municipal do Meio Ambiente –
SMAM, ligados ao Núcleo da Associação dos Técnicos de Nível Superior do
Município de Porto Alegre – Astec, e ao Núcleo associado ao Senge –
Sindicato dos Engenheiros do RS, vêm a público manifestar o que segue:
Em função das catástrofes causadas pelo temporal no dia 29 de janeiro
último e diante da falta de ações preventivas por parte da prefeitura
nos últimos anos, os núcleos Astec/Smam e Senge/Smam novamente vêm a
público denunciar o total sucateamento a que está exposta a Secretaria
Municipal do Meio Ambiente.
– A falta de reposição de funcionários para a área operacional vem,
progressivamente, prejudicando o desenvolvimento de trabalhos
preventivos e planejados no que tange ao manejo da arborização urbana
pública de Porto Alegre. O último concurso para a área operacional
ocorreu em 1993 e as tentativas de soluções através de terceirização
desses serviços apresentadas pela Administração Municipal têm se
mostrado subdimensionadas, ineficientes e incapazes de responder à
altura as demandas atuais. Da mesma forma, o estado de precariedade
atual e a sistemática falta de manutenção dos veículos, equipamentos e
infraestrutura disponíveis para o trabalho das equipes próprias de
servidores reforçam o quadro geral de sucateamento em que se encontra a
Secretaria atualmente.
– Nessas circunstâncias, a SMAM vem enfrentando sérias dificuldades
quanto ao atendimento das demandas de manejo da arborização, sejam
aquelas identificadas pelos técnicos que atuam nas diferentes regiões de
serviço da cidade, sejam aquelas apresentadas pela população através
dos canais de atendimento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Tais
dificuldades de atendimento vão desde situações mais simples,
envolvendo pequenos conflitos da arborização com a infraestrutura urbana
até aquelas mais complexas que, frequentemente, envolvem risco à
população.
– Uma parcela considerável dos danos e prejuízos causados à população
poderia ser evitada, caso a SMAM dispusesse das condições mínimas
necessárias para desenvolver ações programadas de manutenção preventiva
da arborização da cidade. Os fatos observados nos últimos dias também
evidenciam o quanto o processo de sucateamento do órgão ambiental do
Município de Porto Alegre pode se refletir negativamente na capacidade
de resposta da cidade frente a situações de eventos climáticos adversos,
os quais, sabidamente, deverão se intensificar com o avanço do fenômeno
do aquecimento global.
Enquanto os serviços ambientais prestados pelo Município à população
continuarem a ser relegados a planos inferiores de prioridade pela
Administração Municipal, os títulos pretendidos de Cidade melhor
arborizada e Cidade Resiliente ficam gravemente comprometidos.
Situações emergenciais como a experimentada na última sexta-feira se
repetirão a cada novo evento climático, sem que a Prefeitura consiga dar
uma resposta ágil e tecnicamente eficiente à população
porto-alegrense”.