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quarta-feira, 17 de maio de 2023

Como tratar o esgoto de forma ecológica




fonte: ecoeficientes

Bacia de Evapotranspiração

O BET (Bacia de Evapotranspiração), também chamado de TEvap (Tanque de Evapotranspiração) e popularmente conhecido como Fossa de Bananeiras é uma técnica difundida por permacultores de diversas nacionalidades e que representa uma alternativa sustentável para o tratamento domiciliar de águas negras em zonas urbanas e periurbanas.

Consiste basicamente em um tanque impermeabilizado, preenchido com diferentes camadas de substrato e plantado com espécies vegetais de crescimento rápido e alta demanda por água, de preferência com folhas largas (bananeiras, taióba). O sistema recebe o efluente dos vasos sanitários, que passa por processos naturais de degradação microbiana da matéria orgânica, mineralização de nutrientes, e a consequente absorção e evapotranspiração da água pelas plantas. Portanto, trata-se de um sistema fechado que transforma os resíduos humanos em nutrientes e que trata, de forma limpa e ecológica, a água envolvida. Diferente de outros sistemas, a água presente neste processo retorna ao ambiente na forma de vapor através da transpiração das folhas, daí seu nome. Assim, o sistema de evapotranspiração evita a poluição do solo, dos lençóis freáticos, dos rios e mares.

A utilização de sistemas plantados para tratamento de esgotos já é comum em diversas partes do mundo (EPA, 2000); (Larsson, 2003).

FUNCIONAMENTO E PRINCÍPIOS

Um pré-requisito para o uso da BET é a separação da água servida na casa, em cinza e negra. Apenas a água negra, a que sai dos sanitários, deve ser direcionada para o sistema. A água cinza, aquela que sai da máquina de lavar, pias e chuveiros, deve ir para outro sistema de tratamento como por exemplo um filtro biológico.

  1. Fermentação
    A água negra é decomposta pelo processo de fermentação (digestão anaeróbica) realizado pelas bactérias na câmara bio-séptica de pneus e nos espaços criados entre as pedras e tijolos colocados ao lado da câmara.
  2. Segurança
    Os agentes patogênico são enclausurados no sistema pois não há como garantir sua eliminação completa e isso só é possível graças ao fato da bacia ser fechada, sem saídas para a água. A bacia precisa de espaços livres para o volume total de água e resíduos humanos recebidos durante um dia. A bacia deve ser construída de forma a evitar infiltrações e vazamentos.
  3. Percolação
    Como a água está presa na bacia ela percola de baixo para cima e com isso, depois de separada dos resíduos humanos, vai passando pelas camadas de brita, areia e solo, chegando até as raízes das plantas, 99% limpas.
  4. Evapotranspiração
    Sem sombras de dúvidas esse é um dos processos mais interessantes do sistema BET. Através da evapotranspiração realizada pelas plantas, principalmente as de folhas largas (bananeiras, mamoeiros, caetés, taioba, etc. ) , a água limpa é devolvida ao meio ambiente. Além disso, as plantas também consomem os nutrientes produzidos em seu processo de crescimento, permitindo que a bacia nunca encha.
  5. Manejo
    Primeiro (obrigatório), a cobertura vegetal morta deve ser sempre completada com as próprias folhas que caem das plantas e os caules das bananeiras depois de colhidos os frutos. E, quando necessário, essa camada deve ser complementada com as aparas de podas de gramas e de outras plantas do jardim, impedindo assim que as águas das chuvas penetrem demais o sistema.
    Segundo (opcional), de tempos em tempos deve-se observar os dutos de inspeção e coletar amostras de água para exames. Outro ponto importante é que se deve observar a caixa de extravase, para checar se dimensionamento foi correto. Essa caixa só deve existir se for exigida por órgão públicos para que se possa fazer a ligação do sistema com o canal pluvial ou de esgoto.

Quer aprender como construir seu próprio sistema BET? Então entre aqui!

 

Fonte: IPEC Setelombas

 

Pedro Monteiro 

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Saiba como bananeiras, taiobas e helicônias são usadas em saneamento na ilha do Combu

 

Saindo de Belém, bastam só 15 minutos de travessia para chegar ao Combu, uma das principais ilhas da capital paraense. Nos últimos anos, com o crescente número de frequentadores no local e o aumento da construção de bares e restaurantes na região, uma das preocupações dos moradores da ilha e de quem trabalha com saúde e ambiente é a contaminação do rio, gerada pelo esgotamento sanitário .

 “Muitos bares e restaurantes possuem a fossa tradicional, séptica ou despejam os dejetos diretamente no rio, o mesmo rio que os visitantes usam para o banho. É preciso dar o tratamento adequado para o esgotamento sanitário ou em breve teremos um surto  de doenças  de veiculação hídrica”, diz a pesquisadora Vania Neu, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).

A solução pode vir da natureza, a partir um tratamento baseado em plantas facilmente encontradas na região amazônica, como as bananeiras, taiobas e helicônias. Isso é possível a partir da instalação dos Tanques de Evapotranspiração (TEvap), tecnologia social já utilizada em outros locais do país e que agora está sendo implantada pela universidade em parceria com dois estabelecimentos na ilha do Combu.

“Nós fomos procurados pelos proprietários, devido ao trabalho que já desenvolvemos com tecnologias sociais na Ilha das Onças, uma ecotecnologia que pode ser aplicada em todas regiões brasileiras, urbanas e rurais”, diz.

Segundo a pesquisadora, 99% do esgoto é formado por líquido.

“Os TEvaps têm fácil manutenção e ainda produzem alimento seguro e de qualidade, sem a adição de adubos químicos. Nosso objetivo é que os sistemas implantados, sejam um modelo a ser replicado nos outros restaurantes, ou uma alternativa para quem busca sustentabilidade, autonomia ou não e é  atendido por rede de tratamento de esgoto”, diz.

Os TEvap

Na construção dos TEvap são utilizados entulhos e pneus usados, além de outros materiais. O sistema consiste em uma caixa impermeável feita com tijolos e no centro um tubo, feito com pneus usados e preenchido com entulho.

Em seguida, seixo e areia são sobrepostos em camadas. Para completar a construção do TEvap, são utilizadas terra preta e plantas com alto potencial de evapotranspiração.

“É um sistema que recebe o esgoto por uma  tubulação que sai do sanitário e chega à câmaras internas de pneus, que recebe os dejetos. Na câmara é iniciada a digestão anaeróbica, ou seja, os materiais cerâmicos, misturados na camada de pedras e entulhos, são colonizados por bactérias que não precisam de oxigênio e ajudam para a eficiência da digestão”, diz a pesquisadora.

É aí que entram as plantas.

“Os dejetos são tratados à medida que percorrem os diferentes materiais, até atingir a camada do solo, onde as raízes das plantas absorvem os nutrientes, fazendo a ciclagem acontecer e fechando o ciclo. E a água, essencial para as folhosas frondosas, segue seu caminho para a atmosfera, por meio da evapotranspiração.  A água contaminada entra no sistema e as plantas devolvem água limpa para a atmosfera, tudo isso movido pela energia do solo”, diz.

A pesquisadora explica que, com esse sistema de tratamento, os dejetos não chegam ao rio ou contaminam o lençol freático, mas alimentam um sistema vivo e produtivo.

“Os patógenos são tratados no sistema, sem alcançar os lençóis freáticos. Para cobrir a superfície do solo, dentro da TEvap são utilizadas palha e folhas secas”, diz.

Dona Nena

Um dos empreendimentos que buscou apoio da universidade para a instalação dos Tevap foi o “Filha do Combu, chocolates e doces artesanais”. O local também é conhecido como o chocolate da dona Nena e segundo Mário Carvalho, que administra o empreendimento, o Filha do Combu chega a receber até 4 mil pessoas durante a alta temporada, período que vai de julho a dezembro.

“É importante ter esse cuidado com o meio ambiente e controle sobre os danos causados pelo intenso fluxo de pessoas na ilha. Nós já estamos passando de 50 restaurantes na região do Combu, Murutucu, Maracujá e Ilha Grande, então é necessário nos preocuparmos com a saúde dos rios, dos peixes e camarões que são pescados e o cuidado com a própria água utilizada. Então, além de ser uma solução limpa e ambientalmente sustentável, vai dar tranquilidade para dona Nena, pois saberá que está fazendo a coisa certa”, diz.

Fonte: Vanessa Monteiro, jornalista, Ascom Ufra

quarta-feira, 11 de maio de 2022

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sexta-feira, 6 de maio de 2022

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