quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Monopólio sobre sementes ameaça soberania alimentar


CONSEA, 13/07/2013 | por Beatriz Evaristo
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Milho pipoca crioulo exposto em feira de sementes: autonomia dos agricultores
“Acesso a sementes, soberania e segurança alimentar” foi tema do primeiro painel do evento “Mesa de Controvérsias – Transgênicos”, realizado pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em Brasília nesta quinta e sexta-feira (11 e 12).
Para debater a oferta de sementes e seus efeitos, participaram da mesa Ricardo Tatesuzi de Sousa, diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Grãos não Geneticamente Modificados (Abrange); Andrea Ferraz, agricultora da Comunidade da Invernada, Rio Azul, no Paraná; Stelito Assis dos Reis Neto, assistente da Superintendência de Gestão da Oferta da Conab; e Edson Guiducci Filho, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A pesquisadora Anelize Rizzolo, conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), fez a mediação do debate.
O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Edson Guiducci Filho, destacou a importância da análise de perda de diversidade com a introdução de sementes transgênicas no país. “Há poucas variedades disponíveis na mão de grandes empresas”, disse o pesquisador sobre a oferta de sementes no país. De acordo com Edson Filho, o entendimento de que as sementes são recursos naturais no Plano Nacional de Agroecologia é uma grande vitória. Disse ainda que faz parte da agenda da Embrapa aproximar-se dos agricultores e que a empresa pode desempenhar um papel importante na conservação da base genética das sementes não-transgênicas.
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Grãos não Geneticamente Modificados (Abrange), Ricardo Tatesuzi de Sousa, disse que a associação surgiu há cinco anos para atender ao mercado que quer produtos não-transgênicos. “Na questão da semente, a gente teve dificuldades para atender essa demanda crescente e estamos no trabalho de fazer chegar a semente ao agricultor”, disse Ricardo Tatesuzi. Hoje, os grãos produzidos pela associação levam a certificação de contaminação abaixo de 0,1% para atender o mercado europeu, japonês e Coréia do Sul.
A agricultora da Comunidade da Invernada, Rio Azul, no Paraná, Andréa Ferraz, apresentou a experiência do uso de sementes crioulas na plantação de milho. Os resultados apresentados mostraram que a produção a partir das sementes crioulas teve menor custo e maior lucro em relação ao plantio com sementes tradicionais. “Nós somos totalmente contra os transgênicos. As sementes crioulas são sementes antigas que nós resgatamos. Se os transgênicos contaminarem essa semente, nós vamos perder. O crioulo pra nós é a vida. Se a gente come algo que sabe o que produz, nós comemos saúde. Se comer um transgênico, sabe lá o que a gente está comendo”, explicou a agricultora Andréa Ferraz.
O assistente da Superintendência de Gestão da Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Stelito Reis, disse que hoje é mais rentável para o agricultor brasileiro produzir a soja não-transgênica porque há um bônus para quem escolhe a produção natural. “A regra que é colocada pela propaganda dos transgênicos, ela não é real na prática quanto à redução do uso de agrotóxicos”, disse Stelito Reis que explicou ainda que existe problema de controle e má-utilização das técnicas produtivas.
Após as apresentações, a conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Anelize Rizzolo, abriu o debate para perguntas dos participantes. Entre as intervenções, a conselheira destacou a sugestão do conselheiro estadual, Alcemir Almeira, de remeter uma nota de repúdio à CTNBio por ter se recusado a participar do encontro. Além disso, a conselheira Anelize Rizzolo encerrou o debate dizendo que “ficou claro que a semente não-transgênica está voltada para o mercado externo” e que é preciso fazer uma reflexão importante sobre a oferta dessas sementes no país.
Fonte: Ascom/Consea

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