A semente que há 2.600 anos dava aos índios americanos uma saúde de ferro ganha status de superalimento no século 21.
Entrar para o grupo dos superalimentos não é pra qualquer um. E a chia (Salvia hispanica L), planta originária do México e da Colômbia, já figura nessa lista vip há 2.600 anos. A semente era a base da alimentação dos índios americanos. Os guerreiros astecas não dispensavam uma porção, com água ou misturada a pães, antes de partir para as batalhas e jornadas a pé. Eles bem sabiam o quanto ela era capaz de melhorar a resistência física.
Séculos depois, a ciência explica em detalhes esse poder. “A chia tem uma grande quantidade de ômega 3, além de proteínas, fibras e antioxidantes, o que faz dela um poderoso aliado no combate aos radicais livres”, afirma Carolina Chica, nutricionista da Unidade de Doenças Cardiovasculares da Pontifícia Universidade Católica do Chile e pesquisadora da chia há dez anos. “Além disso, a chia possui ação antiinflamatória e grande capacidade de absorção de glicose, ideal para a prevenção do diabetes e controle da insulina.”
Esse efeito protetor contra o diabetes foi comprovado em estudos realizados com pacientes diabéticos tipo 2, indivíduos saudáveis e ratos. Neles, a chia mostrou ser capaz de melhorar o metabolismo da glicose. A pesquisa mais recente foi publicada neste ano no Journal of Nutritional Biochemistry. Cientistas da University of Southern Queensland, na Austrália, avaliaram os efeitos do grão de chia sobre o metabolismo e sobre as funções cardiovasculares e hepáticas de animais cuja dieta era rica em carboidratos e gorduras. Após oito semanas, os pesquisadores observaram que os ratinhos que consumiram chia melhoraram sua sensibilidade à insulina e também a tolerância à glicose, além de reduzir o acúmulo de gordura em volta do coração e do fígado.
Um dos responsáveis por essa façanha é o teor de fibras da chia (pouco mais de 40% no total), que regula a absorção da glicose no intestino. Enquanto as fibras insolúveis, com seu talento para absorver água, aceleram o trânsito intestinal e aumentam o peso das fezes, as solúveis reagem com os líquidos do sistema digestivo e formam uma massa gelatinosa e viscosa que ajuda a prolongar o tempo de absorção da glicose, além de aumentar a saciedade.
E o melhor é que incluir a chia no cardápio é fácil, fácil. “Você pode consumi-la em sua forma natural, sem precisar triturar ou moer para obter a liberação do ômega 3. A recomendação diária de ingestão é de uma colher de sopa”, afirma a nutricionista Carolina Chica. A semente também pode ser uma alternativa ao trigo, à cevada e ao centeio, alimentos que contêm glúten. Basta incorporá-la às receitas de pães, bolos e biscoitos.
100 g de chia equivalem a…
453 mL de leite como fonte de cálcio
177 g de banana como fonte de potássio
2,412 Kg de tomate como fonte de antioxidante
213 g de nozes como fonte de magnésio
1,045 Kg de espinafre como fonte de ferro
453 g de aveia como fonte de fibras totais
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