O plantio de espécies adequadas garante que a calçada não fique rachada ou se quebre.
As árvores embelezam calçadas, dão sombra a carros e
pedestres, arejam o ambiente e emprestam um pouco de verde às cidades.
Mas a natureza pode destruir o que o homem fez: as raízes de algumas
espécies crescem a ponto de afetar calçadas, tubulações de água e
esgotos e até fios aterrados.
Os especialistas concordam que a melhor maneira de
proteger uma calçada contra rachaduras desse tipo é plantando uma
espécie que não desenvolva raízes agressivas.
As regras nessa área variam de município para município.
Em São Paulo, segundo a Secretaria de Subprefeituras, qualquer pessoa
pode cultivar plantas na calçada, mas recomenda-se que o local passe
antes por uma análise técnica. A sugestão é que se escolha a espécie de
acordo com as características da região.
A agrônoma Regina Calçada engrossa o coro. “Existem
sistemas de cultivo que induzem a rachaduras porque não há espaço para a
dilatação do cimento do passeio. É preciso pensar se o tipo de calçada
combina com o tipo de planta a ser cultivado.”
Plantas como o fícus não são indicadas. “A raiz do fícus
é muito agressiva. Além de quebrar a calçada, pode até se infiltrar em
um cano caso já exista uma fissura na tubulação”, explica Regina. Outras
espécies contraindicadas são paineira, espatódea e seringueira. O ipê,
bastante comum no passeio público de várias cidades, divide opiniões.
“Pode ser um problema, já que chega a ter um porte muito grande”, pontua
a paisagista Ivani Kubo.
O melhor, avalia ela, é investir em árvores pequenas –
as arvoretas. “Elas não crescem muito, não têm raízes invasivas e, por
isso, não trincam o concreto.” Exemplos de arvoretas são murta, grevilha
e resedá. Algumas plantas frutíferas de pequeno porte, como
pitangueira, pé de laranja oriental, pé de romã e jabuticabeira híbrida
(menor que o pé de jabuticaba-sabará), também são boa opção.
Jabuticabeira na rua onde moro em porto alegre |
De
qualquer forma, é preciso estar atento às dimensões do passeio e dos
canteiros. “Em algumas ruas a calçada é larga, em outras, não tem um
metro de largura, não passa nem uma pessoa direito”, observa Ivani.
Árvores menores costumam precisar de um canteiro com pelo menos 50 cm x
50 cm x 50 cm. Se você dispõe de espaço menor que isso, prefira outros
tipos de plantas.
Em volta dos canteiros, podem ser usados revestimentos
semipermeáveis, que permitem que parte da água atravesse o piso e chegue
até as raízes. “Se a raiz tem água disponível lá embaixo, não tem
necessidade de vir buscar água aqui em cima, na superfície”, explica
Regina. “Por consequência, a calçada não racha.”
Em vários municípios, como São Paulo, o manuseio (poda,
transplante e remoção) é de exclusividade dos técnicos da prefeitura –
na capital paulista, quem desrespeita essa norma está sujeito a multa de
até R$ 1.369,20.
Para não ter de acionar os técnicos (que nem sempre
aparecem logo que você precisa), previna-se. Se a planta gosta de
bastante água e não chove, é preciso regá-la. Isso ajuda a evitar que as
raízes venham à superfície, pois garante a oferta de água lá embaixo.
Se houver rachaduras, o melhor, recomenda Ivani Kubo, é
“quebrar a calçada, transplantar a planta – não precisa jogá-la fora – e
cultivar uma espécie menos agressiva no lugar”.
Ainda assim, é impossível se livrar totalmente de
rachaduras nas calçadas. “Além das raízes, elas podem ser provocadas
pela passagem de veículos pesados na rua e até pelo movimento de
dilatação e contração do cimento”, afirma a engenheira agrônoma Regina.
Fonte: PrimaPagina
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