Frutas nativas do Rio Grande do Sul e hortaliças não convencionais foram festejadas no último sábado, 15
Celebrar a biodiversidade foi o objetivo da I Mostra Biodiversidade pela Boca, promovida pelo InGá com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). E certamente a intenção foi alcançada durante o evento que aconteceu no último sábado,15, na Feira da Cultura Ecológica do Menino Deus em Porto Alegre. Inúmeras pessoas circularam pelas bancas que compunham a Mostra. Os olhares curiosos e a satisfação de experimentar os sabores da nossa agrobiodiversidade ficaram evidentes e concretizaram o ideal da Mostra.
Sucos de amora, butiá, guabiroba, ananás vieram de Antônio Prado;
leites vegetais de girassol, gergelim e noz pecan, de Porto Alegre;
polpa da juçara e o milho crioulo do Litoral Norte. Pães de plantas
alimentícias não convencionais (Pancs). Sementes. Mudas nativas. Suco
verde. Diálogos, trocas de experiências e conhecimentos. Foram diversos
os elementos que compunham a Mostra e construíram um espaço rico de
pensamentos e sabores.
A artista visual, Fátima Lopes, teve a oportunidade de experimentar a
polpa da juçara, que ela não conhecia e sequer tinha ouvido falar. A
juçara, palmeira nativa da Mata Atlântica, fornece um alimento altamente
nutritivo, uma polpa semelhante a do açaí. Lucas Nascimento, da
Associação Içara de Maquiné/RS, ficou satisfeito com o seu trabalho na
Mostra. “É bacana mostrar todo o processo, como é despolpar, se não fica
sempre aquela coisa industrial e as pessoas não sabem de onde vêm as
coisas”. Além do Lucas, a equipe que veio de Maquiné contou também com
Rafael Panniz e Juliana Marasi, todos da Biologia da UFRGS e trouxe
consigo uma despolpadeira fabricada na Amazônia. Em plena Mostra fez,
junto com o público, todos os passos da despolpa dos frutos da juçara
até sua degustação.
A estudante de biologia, Sara Stumpf, trouxe pães feitos de Pancs.
Foi o de Ora-pro-nobis que mais saiu. Para ela a Mostra foi muito
importante, pois é uma maneira de trazer o conhecimento gerado na
universidade, com pesquisas relacionadas às plantas nativas, para o
grande público. “A gente pesquisa lá para trazer o conhecimento para
cá”, comenta Sara. Os pães também foram degustados juntamente com
maionese de Pancs e pasta de nozes com beldroega, preparadas pelos
culinaristas da Comuna do Arvoredo, comunidade urbana onde se localiza a
sede do InGá.
Os
culinaristas Mateus Raymundo, Lívia Braga e Paulo Bettanzos, preparam
sucos, pastas e leites da terra, alimentos de origem vegetal que
libertam o consumidor dos químicos da indústria do alimento. Os leites
de gergelim, noz pecan e girassol surpreenderam os participantes da
Mostra por seu gosto rico e também a sua origem. Os culinaristas ainda
fizeram para degustação o alimento quiçá mais antigo das Américas, o
beijú que é feito com mandioca ralada direto na chapa quente, sem sal ou
qualquer tempero. Apesar da simplicidade no preparo, o beijú
surpreendeu pelo sucesso entre o público da Mostra: todos queriam
repetir a degustação.
A Mostra que ocorreu ao lado da Feira da Cultura Ecológica do Menino
Deus em Porto Alegre, também chamou atenção de um grupo de voluntários
que sempre participa da Feira levando ao público o suco verde. Vendo a
movimentação eles também se agregaram ao espaço.
O milho crioulo também esteve Mostra. O agricultor de Terra de Areia,
Rodrigo Wolf, levou espigas do milho arco-íris e a farinha feita a
partir deste cereal. “O pessoal se interessou bastante pela produção de
farinha diferenciada, a farinha do milho colorido”, comenta o
agricultor. O milho crioulo produzido por Wolf é de origem tupi. É
denominado milho arco-íris, pois são plantadas todas as cores do cereal
em um mesmo local e cada vez mais as variedades de milho se misturam,
criando novas cores a cada nova safra.
A importância desse tipo de evento foi comentada por Lori La Porta,
agrônoma de Vera Cruz, integrante daONG Resgatando o Futuro da
Biodiversidade (BioFuturo), como um espaço para o consumidor conhecer
novas opções e querer buscar alternativas de alimentação. Além de ser
uma oportunidade de os jovens conhecerem, também é de os mais velhos se
religarem a suas raízes, “eles perderam o vinculo com a terra, hoje a
lavoura deles é o supermercado”, comenta Lori.
Para a vice-coordenadora do InGá Claudine Abreu o evento cumpriu o
objetivo proposto: ser um espaço educativo, de potencial transformador,
que possibilitou trocas de experiências e novos contatos entre os
participantes, além de instigar a discussão sobre a produção e o consumo
dos alimentos. “ É preciso diversificar a alimentação agregando no
dia-a-dia alimentos regionais, livres de venenos e não transgênicos.
Esperamos repetir o evento em 2013!”
A Mostra teve o apoio financeiro do MAPA e vai ter uma segunda edição em meados de março, com as safras de araçá e butiá.
FONTE: http://www.inga.org.br
December 22nd, 2012 | Category: Assuntos Gerais
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