terça-feira, 5 de março de 2024

Saúde do solo é a grande base para melhorar a produção agrícola!

 Maurício Cherubin, autor de livro pioneiro no Brasil sobre o assunto, explica a importância do estudo na área, que ainda é recente.

Em termos de solo, o Brasil, situado em uma região tropical, tem condições de produção excepcionais – Foto: Reprodução/Livro Saúde do solo

Pioneiro no Brasil e um dos únicos do mundo sobre saúde do solo e agricultura sustentável, o livro Soil Health and Sustainable Agriculture in Brazil (Saúde do Solo e Agricultura Sustentável no Brasil) aborda essa temática ainda recente em estudos e pesquisas. O professor Maurício Cherubin, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), e um dos autores da obra, comentam o assunto.

Importância do livro

O tema da saúde do solo é, apesar de relativamente novo dentro da ciência, um dos temas mais discutidos na atualidade, como explica o docente. Ele afirma que, por conta do pioneirismo da obra no País, ela se torna um marco referencial tanto para os ensinos da área em graduações e pós-graduações quanto para o próprio setor da agropecuária no Brasil.

Professor Maurício Cherubin, da Esalq – Foto: Gerhard Waller/Esalq

Cherubin comenta que receber um convite da Sociedade Americana de Ciência do Solo (SSSA) foi algo muito importante, visto que, segundo o autor da obra, é algo difícil de se alcançar para países de fora do eixo dos Estados Unidos, ainda mais sobre um assunto que abrange especificamente um determinado país, nesse caso, o Brasil. “Isso mostra que nós temos uma agricultura, aqui no Brasil, que gera uma série de expectativas para o mundo, nas próximas décadas, seja do ponto de vista da produção de alimentos, seja  do ponto de vista das mudanças climáticas”, complementa.

O autor da obra também explica que a área tem crescido no mundo: “Nos últimos dez anos, nós produzimos 75% do conhecimento científico nessa área e, nos últimos cinco anos, nós produzimos metade desse conhecimento. Então, é uma área nova que a gente tem que produzir o conhecimento e, já quase que simultaneamente, aplicar no campo, porque a demanda ocorre diariamente. Por isso a importância de difundir o conhecimento, para que mais pessoas, mais estudantes e mais profissionais da área possam se interessar e ajudar a pesquisar, a gerar soluções dentro da saúde do solo”.

Saúde do solo

Cherubin afirma que, em termos de solo, o Brasil, situado em uma região tropical, tem condições de produção excepcionais, mas a manutenção disso não é feita de forma natural e é exigida uma série de manejos para tornar o solo brasileiro produtivo. Um exemplo dado pelo professor é a região do Cerrado e o fato do Brasil ser um grande importador de alimentos antes dos avanços tecnológicos usados na região, corrigindo a acidez do solo e repondo os nutrientes necessários para a sua produtividade, o que criou um salto exponencial para a produção de alimentos no país e o transformou em uma potência na área.

“Para tentar resumir o que é saúde do solo, nada mais é do que a capacidade dos nossos solos funcionarem, sendo aquele meio para que as plantas consigam crescer, se desenvolver e produzir, mas também tem uma função fundamental de outras formas que muitas vezes as pessoas nem conseguem perceber”, comenta o docente. Nesse sentido, ele explica sua importância na regulação do clima, já que é o maior compartimento de estocagem de carbono em ambiente terrestre, podendo ser um importante meio de solução para as mudanças climáticas.

“Outra conexão básica é com a água. Nós vemos, frequentemente, casos de inundações nas grandes cidades, cada vez mais problemas de contaminação em água, e nós sabemos que o solo é fundamental nisso porque é um grande filtro natural, então, toda vez que nós impermeabilizamos o solo ou o contaminamos, estamos prejudicando a qualidade e a quantidade de água, e isso nos impacta. Então, a saúde do solo é a grande base para nós conseguirmos produzir mais, produzir melhor e produzir em um ambiente de planeta que está em mudança, tornando cada vez mais complexa essa produção”, finaliza.


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