VAMOS TESTAR?
Chacareira de Jaguariúna aplica técnica em mudas
originadas de sementes, que dão frutos a partir do quinto ano
Fernanda Yoneya,
O Estado de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
18 Novembro 2009 | 02h58
Aparentemente, as cinco jabuticabeiras da
proprietária da Chácara Nossa Senhora Aparecida, em Jaguariúna (SP), Maria José
dos Santos, não têm nada de diferente de outras árvores. Duas estão produzindo
- os frutos dão o ano todo - e três estão em fase de florescimento. O que
surpreende é o fato de as plantas terem, em média, 7 anos e terem sido
plantadas por semente. Normalmente, mudas de jabuticaba sabará plantadas por
semente levam de 10 a 12 anos para frutificar. Na região, diz Maria José,
existem jabuticabeiras de 20 anos, originárias de semente, que ainda não
produzem.
No
mercado, é possível adquirir mudas enxertadas, que produzem a partir do quinto
ano, mas o custo da muda é alto, em torno de R$ 27, em média, segundo o
pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Luiz Antônio Melo. "A técnica pode
ser interessante para pequenos produtores, que podem até comercializar as
mudas", diz Melo.
A
técnica utilizada por Maria José, porém, foi desenvolvida pela própria
chacareira, há 15 anos. "Morei em uma outra chácara, onde havia uma
jabuticabeira de 8 anos que não produzia. Fiz a limpeza, retirando as folhas,
até a árvore começar a soltar as "casquinhas brancas", que é onde dá
a flor. Não demorou muito e ela começou a frutificar", conta.
O
procedimento é simples, segundo a chacareira. Ela espreme os frutos para
retirar as sementes - não se deve aproveitar as sementes de frutos consumidos,
segundo Maria José -, que são colocados em uma vasilha, sem lavar. Dois ou três
dias depois, quando as sementes estiverem "murchas", são plantadas no
vaso, em terra contendo esterco de gado. "A proporção é de mais ou menos 3
litros de esterco para uma lata de 15 litros de terra." Depois de
incorporar o esterco à terra, as sementes são plantadas, superficialmente.
"Não precisa afundar a semente na terra", ensina.
Após
cerca de 30 dias no vaso ou quando a muda já estiver crescida, é feito o
transplante para o local definitivo. "Faço uma cova com 0,5 metro de
profundidade e misturo o esterco de gado com a terra que foi retirada.
Misturado o esterco, coloco a terra de volta e planto a muda superficialmente,
"rasa", sem afundá-la na terra", explica. "É bom fazer uma
cerca para não entrar animais e dar um espaçamento razoável entre plantas,
porque a jabuticabeira cresce bastante." Na chácara de Maria José, de mil
metros quadrados, o espaçamento entre as plantas varia de 4 a 6 metros.
Mais
ou menos depois de um ano do plantio do local definitivo, Maria José começa a
podar a planta, uma vez por ano. "Retiro, manualmente, as folhas e deixo
só os galhos. Quanto mais folhas são retiradas, mais a planta cresce e,
conforme ela vai crescendo, vou podando. O segredo é deixar a planta
"aberta" para o sol entrar." No quinto ano, a planta começa a
soltar as "casquinhas brancas", que também são retiradas. A planta
vai florescer e frutificar no lugar dessas "casquinhas brancas",
explica Maria José. "Deixo essa casquinha e as folhas podadas no pé da
planta como cobertura."
Conforme
Maria José, a irrigação da planta depende do clima de cada região. "No
calor rego o vaso uma vez por semana até começar a brotar. No local definitivo,
rego diariamente e, depois que a planta estiver formada, volto a regar uma vez
pode semana. Isso se não chover", explica. "O único gasto que tenho é
com a terra. Só não planto mais porque não tenho espaço."
INFORMAÇÕES:
Maria
José dos Santos, tels. (0--19) 3867-1013 e 9815-5007
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