As verduras verdes são uma parte importante da alimentação saudável. Richard Hanson/Tearfund
[Saúde]
Dra. Ann Ashworth
O “fardo duplo” da doença
Muitos países de baixa e média renda estão enfrentando um “fardo
duplo” por causa da doença. Eles continuam com os mesmos antigos
problemas das doenças infecciosas e, ao mesmo tempo, estão tendo um
rápido aumento nas doenças não-transmissíveis, tais como o diabetes e as
doenças cardíacas. O excesso de peso é um dos fatores fundamentais.
Hoje em dia é comum encontrar comunidades onde a subnutrição e o
excesso de peso ocorrem lado a lado, particularmente nas áreas urbanas.
As famílias freqüentemente mudam seus hábitos alimentares quando se
mudam para as cidades. Elas podem economizar tempo na cozinha comprando
alimentos de conveniência prontos para o consumo ou alimentos
processados. Estes alimentos freqüentemente possuem um alto teor de
gordura e/ou açúcar, os quais os tornam saborosos, mas cheios de
calorias (energia) ocultas. Consumir mais energia do que uma pessoa
precisa leva-a a ter excesso de peso.
A alimentação urbana geralmente contém mais sal e menos fibra do que a
alimentação tradicional. Viver nas cidades pode também diminuir a
atividade física, pois as pessoas têm empregos que exigem menos
fisicamente e podem usar o transporte público ou o carro, ao invés de
caminhar. O sedentarismo reduz a quantidade de energia de que uma pessoa
precisa, aumentando sua probabilidade de ter excesso de peso.
O que é excesso de peso?
O excesso de peso é quando há gordura demais no corpo. Uma maneira
rápida de ver se a pessoa está com excesso de peso é medir a
circunferência da sua cintura. Em geral, para as mulheres, se a cintura
tiver 80 cm ou mais, ela estará com excesso de peso. Para os homens, a
medida é 94 cm ou mais.
Atitudes em relação ao excesso de peso
Na África do Sul, as respostas das mulheres quanto a ser “corpulenta”
incluíram: “Sendo corpulenta, você tem presença e pode ser facilmente
vista”, “As pessoas sabem que você é saudável (isto é, não tem HIV)”,
“Os homens preferem as mulheres gordas”. As atitudes eram quase todas
positivas em relação ao excesso de peso, e os riscos não eram
reconhecidos. Contudo, as conseqüências do excesso de peso podem causar
riscos à vida. Ter excesso de peso aumenta o risco de doenças cardíacas
(inclusive derrame cerebral), diabetes, osteoartrite (uma doença que
afeta as juntas) e alguns cânceres (útero, mama e cólon).
Claramente, precisamos mudar as atitudes em relação ao excesso de
peso e conscientizar as pessoas sobre estes sérios riscos. Porém,
devemos ser sensíveis na nossa comunicação com as pessoas sobre o seu
peso.
O que é uma alimentação saudável?
É uma alimentação que mantém um peso saudável nos adultos, permite um
crescimento saudável nas crianças, é constituída de uma variedade de
alimentos e oferece energia e nutrientes suficientes.
Dicas para uma alimentação saudável
- Consuma uma variedade de alimentos em cada refeição
- Coma cereais integrais, legumes (por exemplo, ervilha, feijão, lentilha) e nozes
- Coma bastante fruta e verdura
- Limite a quantidade de gordura, óleo e alimentos gordos
- Limite a quantidade de açúcar e alimentos açucarados
- Coma menos sal.
Por que consumir uma variedade de alimentos?
Isto ajuda a garantir que todos os nutrientes essenciais estejam
presentes. Por exemplo, os cereais básicos, como o trigo e o arroz, não
contêm as vitaminas A, C ou B12, portanto, estas vitaminas precisam vir
de outros alimentos. Estas vitaminas ajudam a proporcionar uma boa visão
e crescimento e desenvolvimento normais. Elas também são importantes
para combater as infecções, cicatrizar ferimentos e fabricar células
sangüíneas.
Por que comer cereais integrais, legumes e nozes?
- Para proporcionar fibras solúveis, as quais ajudam a diminuir o
colesterol e reduzem o risco de ataque cardíaco e derrame cerebral
- Para proporcionar fibras insolúveis a fim de manter os intestinos saudáveis e reduzir o risco de câncer de intestino.
Prefira pão integral, arroz integral, aveia ou aveia em flocos, bulgur ou quinoa.
Por que comer bastante fruta e verdura?
- Para proporcionar os minerais e as vitaminas que possam estar faltando na principal alimentação
- Para proporcionar nutrientes antioxidantes, que reduzem o risco de câncer
- Para proporcionar fibras solúveis e insolúveis.
Procure
consumir cinco porções de frutas e verduras por dia. A batata, o inhame,
a mandioca e a banana-da-terra não contam como porção.
Por que limitar a cordura, o óleo e os alimentos gordos?
- Para reduzir o risco de ficar com excesso de peso. Estes alimentos
são fontes concentradas de energia e tornam difícil manter um peso
saudável.
- Para reduzir o risco de ataque cardíaco e derrame cerebral. As
gorduras saturadas aumentam o colesterol “ruim” no sangue e aumentam o
risco de doenças cardíacas. Elas são encontradas nos laticínios
(manteiga, queijo, nata, leite integral), carnes gordas, banha, ghee
(manteiga clarificada), margarina dura, óleo de coco e óleo de palma
vermelho. Alguns alimentos (bolachas, bolos e produtos de pastelaria)
contêm gorduras saturadas ocultas.
Para cozinhar, prefira óleo de soja, amendoim, girassol, oliva, colza, cártamo, milho ou óleos vegetais mistos.
Por que limitar o açúcar e os alimentos açucarados?
Para reduzir o risco de ficar com excesso de peso. Estes alimentos
são fontes concentradas de energia. Refrigerantes e bebidas engarrafadas
contêm muito açúcar oculto.
Por que comer menos sal?
- Para reduzir o risco de pressão arterial alta, que aumenta o risco de doenças cardíacas e derrame cerebral.
Alguns alimentos contêm sal oculto, entre eles, o queijo, carnes
processadas, sopas de pacote e em lata, cubo de caldo de carne (para
sopas, etc.), lanches processados e alimentos prontos para consumir.
Procure não colocar sal na mesa. Porém, o seu corpo precisa de algum sal
para funcionar bem, particularmente nos climas muito quentes, onde o
sal é perdido através da transpiração. Você pode ficar tonto ou desmaiar
se não consumir sal suficiente na sua alimentação.
A Dra. Ann Ashworth é Professora Emérita de Nutrição Comunitária na London School of Hygiene and Tropical Medicine.
E-mail: Ann.Hill@lshtm.ac.uk
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