O fato de provocar a morte de uma pessoa a cada dois dias no Brasil, conforme revela a Fundação Oswaldo Cruz, já seria motivo para um alerta nacional contra os agrotóxicos. Mas há outro: 11.600 casos de intoxicação em um ano - ou 32 por dia.
Ao invés de um controle mais rigoroso sobre a venda desses venenos ocorreu aumento no consumo. Hoje, o Brasil é o maior mercado mundial de agrotóxicos, com crescimento acima do dobro da média global.
Alguma coisa, evidentemente, está errada. A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chama a atenção para peculiaridades deste setor. A primeira é a clara situação de reserva de mercado por parte de indústrias. As dez maiores empresas respondem por 65% da produção nacional e por 75% das vendas. Essa constatação seria suficiente para deflagrar um processo de regulação do comércio de agrotóxicos. A Anvisa dá outra razão para essa providência: apenas a metade dos registros aprovados pelo órgão para que produtos nessa área sejam vendidos no Brasil resulta em produção e venda reais. Explicação: como os registros concedidos pelo governo brasileiro não têm prazo de validade, muitas empresas os usam para aumentar seu valor de mercado.
Independente dos interesses e estratégias de mercado, se assiste diariamente milhares - ou milhões - de trabalhadores na agricultura sendo expostos a herbicidas, fungicidas, inseticidas e outros tipos de produtos. Riscos idênticos - ou até maiores - passam consumidores.
O Brasil tem batido recordes sucessivos de safras agrícolas e seria até natural que subisse o volume de agrotóxicos usados. Mas no mínimo deveria haver uma fiscalização mais severa sobre os produtos aplicados em alimentos e com a proteção de quem lida com eles. Com isso estaria se protegendo também o consumidor final.
fonte:http://www.editorasaomiguel.com.br/correio/index.php
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