sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Você sabe de onde vêm seus alimentos? FAE em Porto Alegre

Você sabe de onde vêm seus alimentos? from Aura on Vimeo.





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For Spanish and English subtitles go to: youtube.com/watch?v=xKZjzMnvt1M&feature=plcp
"Todos os sábados, junto aos primeiros feixes de luz do vagaroso Sol, chegam à Avenida José Bonifácio dezenas de gentes de mãos sujas. São de uma cor e de um cheiro de terra que vêm de diferentes cidades do Rio Grande do Sul. Elas puxam cordas, esticam lonas, montam estacas de ferro ou madeira e empilham caixas coloridas. Aqui, uma vez por semana, encontram-se com outras mãos, sem calos e fedendo a sabonete, trazendo o alimento mais limpo no qual já puderam tocar.
Há 22 anos, a Feira dos Agricultores Ecologistas (FAE) de Porto Alegre preenche o canteiro central na pequena rua em frente ao Parque Farroupilha. Na famosa Rua do Brique, Rua do Colégio Militar, Rua da Redenção, as manhãs de sábado recebem desconhecidas beldroegas, ora-pró-nóbis, kinos, juçaras, araçás e tantas outras. Além de milhares de outros alimentos distribuídos em 41 bancas permanentes e oriundos de uma produção livre de agrotóxicos e insumos químicos.
...
Porto Alegre, em 16 de outubro de 1989, foi a primeira cidade brasileira a realizar uma feira ecológica após o boom da Revolução Verde nos anos 1970. A iniciativa foi da Cooperativa Coolmeia, marcando o Dia Mundial da Alimentação. José Lutzenberger, Sebastião Pinheiro, Jacques Saldanha, Nélson Diehl, Glaci Campos Alves e outros nomes estão entre os fundadores da Feira. Hoje, 149 famílias divulgam sua prática agroecológica e, mais do que isso, o trabalho coletivo da Associação dos Agricultores Ecologistas Solidários do RS, temas tão caros ao pensamento acerca da biodiversidade.
A variedade dos alimentos oferecidos para os frequentadores da Feira supreende: quantas vezes pensamos nas outras possibilidades de arroz para além do branco e do integral? O agricultor da Associação Biodinâmica do Sul, Juarez Felipi Pereira, 55 anos, assusta. O "Seu Juarez dos arrozes" traz a Porto Alegre arroz cateto, aromático, agulhão, preto, vermelho e moti. Hoje guardião de sementes, Seu Juarez começou praticando a agricultura convencional, até perceber que estava contribuindo para o empobrecimento da biodiversidade, além de perder pontos na própria saúde.
– Quando o agricultor escolhe o que plantar, ele escolhe o que acha que há de melhor, afirma.
Seu Juarez defende as “suaves misturas” que a natureza provoca, inclusive entre os 19 tipos de arroz que hoje cultiva, sem nunca ter se preocupado em purificá-los. Para ele, a sociedade, violentada pelo imperativo econômico da Revolução Verde, desconhece a variedade existente de alimentos. Conceito que a ativista ambiental indiana e doutora em física Vandana Shiva ampliaria, criando o entendimento do que chama de “monoculturas da mente”.
...
Certamente essa tendência de monocultura leva a um posicionamento centrador, que bloqueia o avanço de um conhecimento maior sobre tipos de alimentos ainda desconhecidos. Esse comportamento que a visão positiva traz a qualquer conhecimento do mundo exclui possibilidades outras, ou seja, para "fora do caminho" pragmático da eficiência, que não sirvam para aplicação na lógica mecânica do sistema financeiro.
Seu Juarez adiciona: quando leva seu arroz para a Feira, o pagamento ainda é outro. O amor e a gratidão do “cidadão urbano” (termo que preferiu em vez de "consumidor”) para com aquele que produziu o alimento de forma harmoniosa volta através das mãos do agricultor.
- Esse amor que eu recebo na rua eu planto junto, eu levo para a terra."
Extraído do texto "A importância das mãos " de Anelise de Carli
A feira acontece aos sábados, das 7h às 13h, na rua José Bonifácio.
Trilha sonora:
"Vanlig " e "Joke" por Jahzzar (betterwithmusic.com)
"Single Foot" por Moondog
"A Geranium for Mano-a-Mano" de Glenn Jones (freemusicarchive.org/music/Glenn_Jones)
"Manhã na Feira" de Alexandre Kumpinski
"Over the River and Through the River" de Father Sleep (freemusicarchive.org/music/Father_Sleep/Father_Sleep/Over_the_River_and_Through_the_River)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Inhame é uma delícia cozido!


Inhame
Dioscorea
Inhame é um nome genérico para uma grande variedade de plantas que dão batatas / rizomas. É originário da América e é encontrado em tudo que é canto.
Até vai na sombra, mas seu negócio é tomar bastante sol. Adora uma terra bem preta e cheia de matéria orgânica, o que acelera seu crescimento.
É legal também fazer "caminhos" com inhames, plantando-os como uma "cerca". Mas não é uma planta que fecha paredes, é só uma idéia "estética". =)
Como pegar muda
O inhame, conforme vai se desenvolvendo, vai soltando batatas novas, que vão brotando. Dá tanto pra pegar essas batatas novas (cortando com uma faca sua ligação com a planta principal) como separar as menores quando da colheita.
É só enterrar e o inhame vai nascer.
Colheita
Prefira os inhames de tamanho pequeno a médio. Os grandes não são tão gostosos; o ideal é não deixá-los crescer muito, para não passar do ponto. Se estiver muito grande, replante-o em outro local.
Selecione os inhames e reserve os muito pequenos; eles podem ser usados para replantio em outros lugares.
Usos
O inhame é uma delícia cozido, com sal e azeite/manteiga. Sua batata é muito nutritiva.
Sopa de inhame: coloca na pressão com água, alho e sal; depois, descasca e ferve mexendo e despedaçando pero no mucho. Aí dá pra colocar tbm açafrão. Receita da tate, super delícia!
Parece que dá pra cozinhar a folha também.
(detalhe: há um pé de capim limão do lado!)


http://radius.tachanka.org/plantas/index.php?n=Main.Inhame

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

MARCOS PALMEIRA FALA SOBRE ALIMENTOS ORGANICOS

REGENEREMOS LA TIERRA 1ª parte

REGENEREMOS LA TIERRA 1ª parte from RegenAg Ibérica on Vimeo.




Descárgate la 1era cápsula de vídeo de acceso libre "Visiones Regeneradoras", la 1ª parte de más...
Apóyanos en la filmación y edición de los cursos que están ofreciendo en la Península Ibérica los mejores profesores del mundo en Agricultura Regenerativa: un puente hacia el futuro ante los retos climáticos, alimentarios, económicos y sociales.regenagiberica.com Puedes ver más vídeos y aportar en: goteo.org/project/regeneremos-la-tierra
Equipo RESILIENCIA AUDIOVISUAL
Coordinadora: Ana Digón
Realizadora: Mar Bastidas
Director de fotografía: Julián Picco
Cámaras: Mar Bastidas y Simón Moyá
Sonido Directo: Ana Pau y Marta García
Montaje: Mar Bastidas, Danny Law y Simón Moyá
Posproducción de Sonido: Ana Pau
Foto Fija: Julián Picco
Diseño Gráfico y Web: Danny Law
Responsables de campaña Goteo: Ana Digón y Mar Bastidas
Traducciones (ing.): Ana Digón
Comunicación y Difusión: Ana Digón y tod@s
En este momento histórico en el que es de imperiosa necesidad una transición que cree las bases de un futuro verdaderamente sostenible, RegenAG Ibérica está trayendo a la Península Ibérica a algunos de los máximos exponentes actuales de metodologías agrícolas regenerativas, para realizar una serie de cursos en los que formar a distintos agentes locales, capacitándolos para diseñar planes de acción y aplicar herramientas efectivas de bajo coste pero alto impacto positivo para la tierra y sus gentes.
El equipo de rodaje Resiliencia Audiovisual está filmando y editando, y difundirá, los cursos de RegenAg Ibérica mediante cápsulas audiovisuales online (“Visiones Regeneradoras”) nutritivas, compartibles y descargables, para llegar a todo el mundo interesado y colaborar en la transición de suelos y comunidades.
Los siguientes cursos planeados y que serán filmados por el equipo de Resiliencia Audiovisual son:
• 7-10 Noviembre 2012: “Línea Clave” en el País Vasco con Eugenio Gras (mashumus) y Jesús Ruiz (lineaclave.org). Para más info sobre el curso: regenagiberica.com
• 16 al 18 Noviembre 2012: “Biofertilizantes y Cromatografía” en El Prat de Llobregat, Cataluña, con Eugenio Gras. Para más info sobre el curso: regenagbarcelona.com
• Marzo 2013: “Bases de la Agricultura Regenerativa” y “Línea Clave”
con Darren Doherty en varios puntos de la Península
• Abril 2013: “Gestión Holística" y "Gestión Holística Avanzada: Planes de Pastoreo y
Planes Financieros” en el País Vasco con Kirk Gadzia
• Primavera 2013: “Granjas Polifacéticas” en Málaga con Joel Salatin
Las claves de la Agricultura Regenerativa son:
- Una profunda comprensión de la biología del suelo y la fisiología de las plantas, trabajando para potenciarlas, lo cual significa, para empezar, no arar el campo con volteo (algo que rompe con el paradigma agrícola actual, tanto convencional como ecológico)
- La gestión adecuada e intensiva del ganado, imitando los patrones de los rebaños salvajes para recuperar los servicios animales y cerrar los ciclos de nutrientes, incrementando la fertilidad de la tierra y por tanto de todos los sistemas productivos
- La reducción de gastos y esfuerzos en la producción, liberando además al productor de la dependencia de la agro-industria y de las subvenciones, al posibilitar la rentabilidad de las explotaciones agrícolas
- El incremento de la calidad de vida de quienes producen alimentos, la recuperación de la soberanía alimentaria y los vínculos locales, y el beneficio a la salud y concienciación de los consumidores en general.
alimentaria y los vínculos locales, y el beneficio a la salud y concienciación de los consumidores en general.
GRACIAS POR DIFUNDIR!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Cartilha sobre adubação verde e compostagem



Mauricio Mercadante
Resumo:
A cartilha do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Espírito Santo (Incaper) discorre sobre agroecologia e os princípios ecológicos por ela utilizados para nortear o desempenho das atividades agrícolas, visando a sustentabilidade nos mais diversos campos. Explica que uma agricultura capaz de fazer bem ao homem e ao meio ambiente precisa adotar algumas práticas, como a compostagem e a adubação verde, consideradas carros-chefes do processo produtivo. A cartilha relaciona e descreve diversas leguminosas utilizadas para adubação verde, técnica que se reafirma como alternativa mais benéfica, ecológica e econômica em comparação à adubação química.
CIOrgânicos – Paula Guatimosim
Acessado em: 5/11/2012

Conteúdo completo disponível em:
http://agroecologia.incaper.es.gov.br/site/images/publicacoes/cartilha_leguminosas.pdf
FORMENTINI, E.A. Cartilha sobre adubação verde e compostagem. INCAPER, Vitória, ES, 2008.

Importância da matéria orgânica e cobertura vegetal para os solos arenosos




Importância da matéria orgânica e cobertura vegetal para os solos arenosos do Cerrado
A agricultura no Brasil, mais especificamente na região dos Cerrados, ocorreu tradicionalmente sobre solos de textura argilosa, considerados mais férteis em relação aos de textura arenosa. Entretanto, nos últimos anos, a área cultivada tem-se expandido em solos de textura média e arenosa, principalmente com a cultura da soja e nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins.
Como principais causas dessa expansão podem ser citados: o menor preço de aquisição da terra; seu processo natural de utilização, que avançava inicialmente sobre solos mais argilosos e depois para os solos arenosos, principalmente aqueles de pastagens degradadas; a consolidação do sistema plantio direto e a expansão do sistema integração lavoura-pecuária, como alternativa de recuperação e/ou aumento do potencial produtivo de áreas do Cerrado que foram degradadas por longos períodos de uso com pecuária extensiva mal manejada.

Os solos arenosos apresentam limitações para o cultivo de plantas, pois, em geral, apresentam baixa fertilidade natural, presença de Al em forma tóxica e baixo teor de matéria orgânica, responsável pela maior parte da capacidade de troca de cátions (CTC - cargas negativas existentes no solo e provenientes da matéria orgânica e minerais de argila) nesses solos. Além disso, os baixos teores de matéria orgânica aliados aos baixos teores de argila e à estrutura desses solos, com grande volume de macroporos, determinam sua baixa retenção de água.

Dessa forma, o avanço do cultivo em solos de textura arenosa tem gerado questionamentos sobre a viabilidade técnica, econômica, ambiental e sobre a sustentabilidade da produção agrícola nesses solos. A questão assume relevância quando se tem, aproximadamente, 20 % da área da região dos Cerrados, ou seja, em torno de 41 milhões de hectares, ocupada pelos Neossolos Quartzarênicos, solos com teores de argila menores que 15 %.

O cultivo em solos arenosos implica em elevada demanda tecnológica envolvendo todo o sistema solo-planta, de forma que o manejo desses solos é complexo e a atividade apresenta riscos elevados. Assim, o plantio de culturas anuais em solos arenosos deve ser evitado, principalmente pela sua susceptibilidade à erosão e a déficit hídrico a que essas culturas são expostas, pela incidência comum de veranicos na região dos Cerrados. No entanto, quando da utilização desses solos, principalmente relacionada com a recuperação de pastagens degradadas e adoção do sistema integração lavoura-pecuária, tem-se a matéria orgânica e a cobertura vegetal como principais fatores de viabilização e sustentabilidade da produção.

A dinâmica da matéria orgânica no solo sofre influência, entre outros, do clima e de características do solo, com destaque para a textura. Partículas de argila aumentam a estabilidade dos substratos orgânicos e a biossíntese microbiana, de forma que em solos mais argilosos há maior proteção da matéria orgânica, pela formação de complexos organo-minerais, o que resulta em acúmulo da matéria orgânica com o aumento no teor de argila.

Em áreas com textura arenosa a formação de palhada é fundamental para proteger o solo da erosão, reduzir a velocidade de infiltração e a evaporação de água, além de reduzir a elevação da temperatura do solo, que pode provocar queima do coleto (lugar da união da raiz com o caule) das plântulas (plantas recém emergidas). O aporte de resíduos orgânicos sobre o solo, a médio e longo prazos, pode aumentar o teor de matéria orgânica, que, como já mencionado, é a principal responsável pela CTC dos solos arenosos. Isso implica em maior capacidade de retenção de água e nutrientes, como o potássio, cálcio, magnésio, etc.

Nesse contexto, a adoção de práticas conservacionistas, como o sistema plantio direto e integração lavoura pecuária, é de fundamental importância. Deve-se evitar ao máximo o revolvimento e o tráfego de máquinas e equipamentos, para minimizar os riscos de erosão e danos à estrutura do solo e manter o solo sempre sob cobertura vegetal, com plantas de elevado potencial de produção de matéria seca, como o milheto e a braquiária. Uma forma de aumentar a produção de matéria seca ou aporte de resíduos é a prática de corrigir o solo e adubar a cultura de cobertura, de forma a favorecer seu crescimento e desenvolvimento. Além disso, devem-se intercalar culturas com relações C/N (quantidade de carbono em relação ao nitrogênio existente nas plantas) elevadas, como, por exemplo, espécies de gramíneas, e mais baixas, como as leguminosas, para que se tenha melhor equilíbrio entre a permanência da palhada no solo, estabilização da matéria orgânica e mineralização mais rápida dos nutrientes provenientes dos resíduos orgânicos. A planta de cobertura deve ser semeada logo após a colheita da cultura principal, aproveitando as últimas precipitações da estação chuvosa, quando o regime pluviométrico da região assim permitir, bem como antes do plantio, quando das primeiras chuvas, nos meses de setembro e outubro.

Flávia Cristina dos Santos
Pesquisadora em Fertilidade do Solo da Embrapa Cerrados/UEP-TO. Engenheira Agrônoma, Doutora em Solos e Nutrição de Plantas.

Manoel Ricardo de Albuquerque Filho
Pesquisador em Manejo e Conservação do Solo da Embrapa Cerrados/UEP-TO. Engenheiro Agrônomo, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas.

Contatos: www.cpac.embrapa.br

domingo, 6 de janeiro de 2013

Propriedade modelo na administração rural

Conheça o exemplo de administração rural que garante maior produtividade e mais retorno financeiro na pecuária leiteira

sábado, 5 de janeiro de 2013

O ESTERCO CAPRINO E OVINO COMO FONTE DE RENDA





A criação de caprinos e ovinos deve ser estimulada, procurando como objetivos principais o planejamento do aumento dos rebanhos, obtenção de melhores níveis produtivos e melhor qualidade dos produtos.
Nesse ponto, o esterco caprino e ovino é um produto valioso e a sua utilização prevê tanto a possibilidade de recuperação de terrenos degradados, como é uma importante alternativa de fonte de renda dos produtores.
Alguns estudos examinaram o potencial de utilização do esterco de caprinos e ovinos e todos ressaltam o seu valor, tendo em vista as comparações feitas com o esterco de bovinos, entretanto, poucos dados existem na literatura quanto ao seu uso. Como exemplos, podemos citar: produção de húmus; fonte de energia através de biodigestores; alimentação de outras espécies animais; etc. O esterco caprino é valioso na adubação dos terrenos argilosos, duros e frios, nos areias do litoral, para lavouras de cana-de-açúcar e hortaliças, sendo também recomendado como excelente para as plantas oleaginosas, fumo e, especialmente o linho. É desaconselhável apenas para as plantas cerealíferas como o milho, porque faz desenvolver demasiadamente a parte foliácea da planta.
Os efeitos indiretos da ação do esterco se dão em vista do seu alto teor em matéria orgânica. O esterco leva húmus para o terreno e reintegra ao solo esse constituinte que, dado os processos oxidativos, vão se consumindo.
Um método para calcular a quantidade de esterco disponível, baseia-se na consideração do alimento consumido e no peso da cama. Devido à destruição parcial da matéria orgânica no tubo digestivo, o material seco (MS) do alimento nunca é inteiramente recuperado no esterco. Da ração balanceada média, mais ou menos 2/3 são digeridos e 1/3 vai então para o esterco. Têm-se por isso que dividir o peso da MS no alimento por três, para se obter o peso da MS nos excrementos. A esse número, deve-se adicionar o peso seco da cama. Finalmente, para calcular a quantidade de esterco produzido, temos que multiplicar o peso total da matéria seca por quatro, uma vez que 3/4 desse produto é constituído por água. A seguinte fórmula engloba todas as considerações citadas anteriormente.
Quantidade de esterco (kg) = kg de MS no alimento + kg de MS nas camas x 4
3
Conhecer a quantidade de esterco produzido, nos permite prever não só a receita oriunda da venda do produto, como a disponibilidade para utilização em lavouras próprias do estabelecimento. Atualmente (10/11/2002), o preço da venda de um saco de trinta quilos de esterco de caprinos e ovinos é de R$ 1,00 (Hum real).
A produção de esterco de reprodutores caprinos, com idades compreendidas entre 6 e 11 meses, de diferentes grupos genéticos, criados em sistema intensivo de confinamento sobre piso de terra batido, foi de 500,4 kg/m3.
O esterco de cabra conceitua-se como um dos adubos mais ativos e concentrados, demonstrando em suas experiências, que 250 kg de esterco de cabra, deixados em terrenos frios, produzem o mesmo efeito que 500 kg de esterco de vaca.
Uma cabra adulta produz por ano, em média, 600 kg de esterco. Este esterco contém um valor fertilizante equivalente a 36 kg de nitrato de sódio, 22 kg de superfosfato e 10 kg de cloreto de potássio, além do aporte de nitrogênio, fósforo e potássio (N-P-K) oriundos da urina. As ovelhas podem chegar a produzir até 1.500 kg de esterco/ano.
No quadro 1, está apresentada a quantidade percentual de N-P-K no esterco de várias espécies domésticas. Vale ressaltar que o esterco caprino e ovino apresenta concentrações de N-P-K superiores ao esterco de bovinos significando um percentual viável na estruturação e recuperação da fertilidade do solo e ativação da biologia do solo.
As necessidades de produção de esterco em larga escala e do aproveitamento de todos os benefícios deste, torna necessária a utilização de uma estrutura (esterqueira) para o aproveitamento racional do esterco e da urina, assim como das águas de limpeza. A retirada do esterco e a conservação em esterqueira contribuirá para minimizar as condições ambientais adversas, permitindo a saúde do animal e/ou rebanho, pela não ocorrência de doenças, bem como viabilizar a exploração.
Quadro 1: Composição em nitrogênio, fósforo e potássio, no esterco de diferentes espécies domésticas.
Espécie animal
% Nitrogênio
% Fósforo
% Potássio
Coelho
2.48
2.50
1.33
Cabra
0.97
0.48
0.65
Carneiro
1.00
0.25
0.60
Galinha
1.75
1.25
0.85
Porco
1.00
0.40
0.30
Cavalo
0.60
0.25
0.50
Vaca
0.50
0.30
0.45

Francisco Selmo Fernandes Alves
Raymundo Rizaldo Pinheiro
Fonte: Vieira, 1984.
Fonte: Emprapa

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O desperdício de alimentos no Brasil

O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos (Akatu, 2003), produzindo 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população (FAO). De toda esta riqueza, grande parte é desperdiçada.
Segundo dados da Embrapa, 2006, 26,3 milhões de toneladas de alimentos ao ano tem o lixo como destino. Diariamente, desperdiçamos o equivalente a 39 mil toneladas por dia, quantidade esta suficiente para alimentar 19 milhões de brasileiros, com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar (VELLOSO, Rodrigo. Comida é o que não falta. Superinteressante. São Paulo: Ed. Abril, nº 174, março/2002).
De acordo com o caderno temático “A nutrição e o consumo consciente” do Instituto Akatu (2003), aproximadamente 64% do que se planta no Brasil é perdido ao longo da cadeia produtiva:
  • 20% na colheita;
  • 8% no transporte e armazenamento;
  • 15% na indústria de processamento;
  • 1% no varejo;
  • 20% no processamento culinário e hábitos alimentares.
Segundo Instituto Akatu, 2004: Os números supracitados fazem do Brasil um dos campeões mundiais de desperdício. Analisando estes dados de uma forma mais simples, isso significa que uma casa brasileira desperdiça, em média, 20% dos alimentos que compra semanalmente, o que remete a uma perda de US$ 1 bilhão por ano, ou o suficiente para alimentar 500 mil famílias.
Prova deste desperdício financeiro é ressaltada pela 8ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro, em 2007, que demonstra que os supermercados perderam 4,48% de seu movimento financeiro, em perecíveis. Além disso, uma estimativa realizada pela Coordenadoria de Abastecimento da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo indicara que perdas na cadeia produtiva dos alimentos equivalem a 1,4% do PIB – Produto Interno Bruto.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Colheitas do ano novo no sítio em Montenegro


 Protegido da geada do inverno passado, esta muda de fisális explodiu de desenvolvimento e produz como nunca. Contei mais de 50 frutos, colhemos alguns exemplares desta valiosa e gostosa. O preço varia de R$ 50 a R$ 90, mas gostaria de saber quanto estão vendendo nas feiras. Quem souber avise-me.


Fisális ou tomate capote
pimenta malagueta

Amendoim forrageiro e suas flores amarelas
Impressionante o desenvolvimento do amendoim forrageiro neste mes de dezembro, dobrou a área de cobertura e abafou o crescimento das ervas espontâneas.

 A colheita de caquis promete. Precisamos ensacar os frutos para os pássaros não levarem a melhor.

 Colhemos algumas peras, muitas pimentas e fisális ou tomate capote.
As abóboras florescem em consórcio com o amendoim forrageiro.
Depois de 40 dias sem poder ir no sítio, conseguimos chegar em Montenegro. O calor e a chuva fizeram o mato crescer bastante, para isso roçamos um pouco e cortamos parte do gramado.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Controle Biológico da lagarta-do-cartucho


Várias espécies de lagartas danificam as plantas de milho, causando prejuízos aos produtores rurais. O manejo das pragas do milho preconiza o uso racional dos métodos de controle, considerando o custo, o benefício e o impacto social e ambiental. Nesse sentido, o controle biológico das lagartas pela ação de inimigos naturais consiste em uma alternativa a ser priorizada para reduzir os danos dessas pragas nas lavouras.
A lagarta-do-cartucho destaca-se como a principal praga da cultura do milho no Brasil, porque corta plântulas logo após a emergência, danifica as folhas do cartucho das plantas e incide nas espigas, reduzindo a produtividade das lavouras e a qualidade dos grãos. Outras espécies de lagartas que frequentemente causam danos nas lavouras de milho são: a lagarta-rosca, a broca-do-colo, a broca-da-cana e a lagarta-da-espiga.

Essas pragas normalmente são controladas com a aplicação de inseticidas ou utilizando plantas transgênicas. Muitos produtores rurais desconhecem a existência de inimigos naturais que controlam essas lagartas, caso de algumas espécies de moscas e, principalmente, de pequenas vespinhas parasitóides. Esses insetos depositam os seus ovos nos ovos das mariposas ou nas lagartas, dos quais eclodem vermes que consomem os ovos ou as lagartas, resultando na emergência de outras moscas ou vespinhas, que procuram novos hospedeiros fazer posturas.

Esses agentes de controle biológico ocorrem na natureza, mas algumas espécies podem ser criadas em laboratório para serem liberadas no campo, aumentando o nível de controle das pragas. Essa estratégia deve iniciar pelo levantamento das espécies de parasitóides que incidem naturalmente na região, identificando aquelas que ocorrem em maior número, pois se caracterizam como as mais adaptadas ao ambiente, resultando em melhores níveis de controle das pragas.

A criação de vespinhas parasitóides em laboratório normalmente é realizada utilizando espécies que põem grande número de ovos, caso da traça-das-farinhas, o que permite a produção massal desses inimigos naturais, os quais são destinados aos agricultores interessados, para que liberem em suas lavouras.

Seguindo esta metodologia, está sendo iniciada no Laboratório de Fitossanidade do Centro de Pesquisas para a Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf, Chapecó, SC) uma criação de vespinhas parasitóides do gênero Trichogramma, que são eficientes no controle das principais espécies de lagartas que incidem na cultura do milho, mas que também atuam sobre as lagartas que atacam a soja, feijão, tomate, pepino, repolho e outras culturas. Por isso, essas vespinhas parasitóides, além de controlar as pragas nas lavouras, também poderão ser liberadas em estufas destinadas à produção de hortaliças, dispensando a necessidade de aplicar inseticidas.

A liberação de vespinhas parasitóides para controlar naturalmente as pragas caracteriza-se como sendo mais uma alternativa de manejo de pragas, encaixando-se no contexto moderno de práticas agrícolas sustentáveis, pois não causa impacto ambiental e proporciona benefícios aos produtores rurais e aos consumidores.

http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=22724&secao=Colunas%20e%20Artigos

domingo, 30 de dezembro de 2012

Inseto contra inseto



Empresa multiplica vespas que atuam no controle biológico e é escolhida uma das 50 mais inovadoras do mundo
YURI VASCONCELOS | Edição 195 - Maio de 2012

© HERALDO NEGRI / BUG

Vespa usada em campo para controlar o percevejo-marrom, que ataca a soja
Uma startup criada há 11 anos por estudantes de pós-graduação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), é uma das 50 companhias mais inovadoras do mundo, segundo rankingelaborado pela revista norte-americana de tecnologia Fast Company. A empresa Bug Agentes Biológicos, com sede em Piracicaba, no interior paulista, atua no controle biológico de pragas e desenvolveu um método eficiente para multiplicar insetos capazes de dizimar outros seres semelhantes que atacam plantações de cana-de-açúcar e outras lavouras. A lista da Fast Company, publicada anualmente, é encabeçada em 2012 por grandes multinacionais do setor de tecnologia, como Apple, Facebook e Google.
A Bug é a primeira brasileira da relação, à frente de gigantes como Petrobras, Embraer e Grupo EBX. A empresa também figura na terceira posição no top 10 do setor de biotecnologia, elaborado pela revista. “Foi uma surpresa esse prêmio da Fast Company”, disse o engenheiro agrônomo Alexandre de Sene Pinto, um dos sócios da Bug. “A tecnologia adotada para multiplicar a vespa do gênero Trichogramma galloi, que ataca uma praga comum em canaviais, contribuiu para essa colocação. Mas também foi relevante o fato de termos conseguido, em apenas dois anos de comercialização desse inseto, tratar no Brasil uma área equivalente a 500 mil hectares de cana-de-açúcar”, diz ele.
A ação do T. galloi é diferenciada porque a vespa ataca os ovos da mariposa conhecida como broca-da-cana (Diatraea saccharalis), inoculando neles seus próprios ovos e impedindo que o inseto, na sua fase de lagarta, ecloda e ataque a planta. Os insetos usados no controle biológico parasitam lagartas e congêneres adultos que já tiveram a chance de atacar a plantação. A multiplicação e a comercialização de vespas do gêneroTrichogramma não é algo inédito no mundo – aqui no Brasil a técnica foi desenvolvida décadas atrás no Laboratório de Biologia de Insetos da Esalq-USP.
A inovação da Bug foi desenvolver um método eficiente e economicamente viável de multiplicar a espécie T. galloi. “Isso é mais difícil de ser feito, porque essa vespinha se desenvolve muito bem nos ovos da broca-da-cana, cuja criação em laboratório é muito onerosa. Para vencer esse obstáculo, utilizamos ovos de um hospedeiro alternativo, uma traça de farinha, de fácil criação, chamada Anagasta kuehniella, para multiplicar a vespa. Com isso, conseguimos reproduzi-la em escala industrial”, diz Alexandre.
O controle biológico, como o nome sugere, é uma atividade que emprega agentes – insetos, ácaros, fungos, vírus e bactérias – para combater pragas que destroem as mais variadas plantações. Além da cana, o método também é empregado nas lavouras de soja, milho, plantas frutíferas, hortaliças e outras. Ele faz parte do manejo integrado de pragas,  conceito surgido nos Estados Unidos e na Europa nos anos 1960 como alternativa à aplicação de agrotóxicos para controlar insetos e outras pragas presentes no campo.
© HERALDO NEGRI / BUG

As cartelas são colocadas na plantação de cana a intervalos de 20 metros. Depois da eclosão dos ovos, as vespinhas saem por furinhos da cartela
Combater pragas com organismos vivos é uma atividade em expansão no Brasil. As estatísticas são imprecisas, mas estima-se o seu emprego em mais de 7 milhões de hectares de lavouras, apresentando vantagens ambientais em relação ao uso de inseticidas. O setor, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCbio), faturou R$ 250 milhões em 2010. Esse número representa 3% do mercado de agrotóxicos no Brasil, que foi de R$ 8 bilhões no mesmo ano. “O controle biológico é uma das poucas medidas de controle de pragas que atende às exigências de uma agricultura sustentável, tão desejável no mundo”, diz o professor José Roberto Postali Parra, coordenador do Laboratório de Biologia de Insetos da Esalq e um dos maiores especialistas no tema no Brasil. Segundo ele, controle biológico não é poluente, não causa intoxicação nos aplicadores e não deixa resíduos nos alimentos. Além disso, não precisa ser aplicado diretamente na praga, porque os agentes localizam suas presas no campo, não causa impactos secundários – entre eles atingir organismos que não são alvo – e não desenvolve resistência da praga.
“A maioria dos inseticidas não consegue alcançar nenhuma dessas vantagens e os demais falham em algumas delas, especialmente no que se refere aos impactos secundários, que, de alguma forma, geram desequilíbrios ambientais”, afirma Alexandre Pinto. Atualmente, por volta de 230 agentes são empregados no controle biológico de pragas em todo o mundo. De forma geral, eles são divididos em duas categorias: de um lado, organismos microbiológicos (ou microrganismos) como fungos, vírus e bactérias, e, de outro, organismos macrobiológicos, visíveis a olho nu, como insetos e ácaros. Os últimos, por sua vez, podem ser classificados como predadores ou parasitoides. Geralmente menores que seu hospedeiro, precisam de apenas um desses insetos para completar seu ciclo. Sua fase adulta é livre e normalmente não mata seu hospedeiro até sair dele. Já os predadores costumam ser maiores do que suas presas, precisam de mais de um indivíduo para completar seu ciclo e matam as presas antes de completar todo o ciclo. A tecnologia de multiplicação e liberação de organismos macrobiológicos costuma ser mais complexa do que a produção de microrganismos, que são vendidos em formulações em pó ou granulado.
No Brasil, cerca de 70 empresas comercializam 12 insetos e ácaros, além de dezenas de microrganismos. Outros 55 laboratórios mantidos por usinas de cana criam agentes macrobiológicos para uso próprio. A Bug possui no seu portfólio três ácaros predadores (Neoseiulus californicus, Phytoseiulus macropilis e Stratiolaelaps scimitus) e quatro vespas parasitoides (Cotesia flavipes, Trichogramma pretiosum, Trichogramma galloie Telenomus podisi). Outros quatro animais – o percevejo Orius insidiosus, o ácaroNeoseiulus barkeri e as vespas Telenomus remus e Trissolcus basalis – já são multiplicados e usados experimentalmente pela empresa, mas ainda não possuem registro nos órgãos oficiais de controle de atividade.
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Parasitoide Telenomus podisi no combate aos ovos de percevejo
Apoio financeiro
No final de 2011, a Bug fundiu-se com a Promip, outra companhia do segmento, com o objetivo de aumentar a oferta de produtos. Com a fusão, ela passou a vender quase todas as espécies de insetos e ácaros disponíveis no Brasil. As duas empresas, Bug e Promip, tinham muito em comum: eram da mesma cidade, nasceram dentro da Esalq e contaram com projetos de inovação tecnológica aprovados pela FAPESP para se viabilizar. A Bug recebeu três financiamentos da Fundação (ver Pesquisa FAPESP n° 87) e a Promip, um.
O apoio financeiro se deu em grande parte para o desenvolvimento da multiplicação dos agentes biológicos, uma tarefa complexa que envolve também a multiplicação das pragas. No caso do Trichogramma galloi, os técnicos da Bug precisam criar em laboratório tanto as vespas quanto os hospedeiros alternativos, as traças. No início do processo indivíduos adultos da traça são colocados para acasalar em caixas plásticas contendo farinha de trigo e levedura – essa mistura é a dieta das traças. Nesses recipientes as fêmeas colocam seus ovos, que, numa etapa posterior, serão parasitados pela vespinha T. galloi. Após a emergência dos primeiros adultos da traça, eles são separados, peneirados para a eliminação de restos de farinha e transferidos para caixas coletoras de ovos. Essas caixas são produtivas por cinco a sete dias, período de vida das traças adultas, quando os ovos desse inseto são recolhidos e esterilizados com luz ultravioleta, inviabilizando o embrião da traça. Em seguida, os ovos são oferecidos à vespinha, que põe de um a dois ovos dentro do ovo da traça.
Os ovos parasitados são colocados em embalagens perfuradas criadas e patentea-das pela Bug. Elas são feitas de cartelas biodegradáveis formadas por três camadas superpostas de papelão. A camada intermediária tem “túneis” milimétricos, que formam cápsulas capazes de armazenar 2 mil ovos. As cartelas são vendidas aos agricultores, que as instalam na planta. Depois que as vespinhas eclodem dos ovos, elas saem voando pelos furinhos da cartela (veja o infográfico no fim da matéria). “A liberação deve ser feita semanalmente, durante três semanas seguidas, numa média de 50 mil vespas por hectare. Como o inseto só voa 10 metros durante sua curta vida, de uma semana, as cartelas precisam ser posicionadas num raio de 20 metros uma das outras”, explica o sócio da Bug.
Quando a fêmea adulta do Trichogramma encontra os ovos da broca-da-cana, ela os parasita, inoculando dentro deles seus próprios ovos. Com isso, impede que a lagarta se prolifere. Em sua forma adulta, a broca é uma mariposa de hábitos noturnos, de cor amarelo-palha. As fêmeas colocam os ovos nas folhas. As lagartas, depois de algum tempo, penetram na cana, onde se abrigam e se alimentam, prejudicando o canavial.
A cultura da cana é a que mais utiliza o controle biológico de pragas no Brasil. “Há cerca de 50 anos os agricultores empregam essa tecnologia e já incorporaram a atividade no seu modo de produção”, diz Parra. A vespaCotesia flavipes, que também parasita a broca-da-cana, é o inseto mais usado no combate a essa praga. A diferença é que ela ataca a lagarta, enquanto o Trichogramma parasita os ovos antes da eclosão da lagarta. Estima-se que 4 milhões de hectares de canaviais – cerca de 50% da área cultivada – são tratados com as vespas Cotesia Trichogramma e com o fungoMetarhizium anisopliae. Este último combate duas outras pragas, a cigarrinha-das-raízes e a cigarrinha-das-folhas.
Estudos revelam que a associação de T. galloi com C. flavipes tem garantido resultados excelentes. “Em áreas onde a infestação supera os 15% da plantação, o uso concomitante das duas vespinhas é uma prática rentável. Liberando-se por três semanas seguidas Trichogramma e, logo após, por duas semanas Cotesia, é possível evitar perdas de R$ 935,00 por hectare, descontando o investimento. Caso o agricultor opte por usar apenas Cotesia, a redução de perda cairia para R$ 674,00 por hectare”, diz Alexandre. Esses cálculos, explica o pesquisador, levaram em consideração apenas os valores sobre o açúcar refinado amorfo, produto adquirido pela indústria alimentícia.
O controle biológico também está presente em mais de 2 milhões de hectares de soja – cerca de 8% da área total do plantio no país. O produto mais usado é o fungoTrichoderma harzianum, que combate o mofo branco, doença causada pelo fungoSclerotinia sclerotiorum. Em cerca de 18 mil hectares são usadas a vespa T. pretiosumno controle das lagartas desfolhadoras e a vespa Telenomus podisi, que parasita ovos de percevejos. “A cultura de soja tem um potencial fantástico para o controle biológico, especialmente depois da proibição do uso do agrotóxico endossulfam, empregado para o controle de percevejo. Sem esse inseticida, a cultura fica sem muitas opções químicas para combater a praga”, diz Parra.
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Vespa Cotesia flavipes ataca a broca-da-cana
Na cultura do milho, os agricultores utilizam em 20 mil hectares (menos de 1% do total) a vespa Trichogramma pretiosum contra a lagarta-do-cartucho e a T. galloi contra a broca-da-cana, também comum em milharais. Em 3 mil hectares de plantio de tomate, a vespa T. pretiosum é empregada no controle de lagartas desfolhadoras. Florestas de pinustambém recorrem ao controle biológico para combater a vespa-da-madeira e as lagartas desfolhadoras. Segundo a bióloga Susete Penteado, da unidade Embrapa Florestas, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, no Paraná, cerca de 1 milhão de hectares de plantações de pinus – metade da produção nacional – são tratados com o nematoideDeladenus siricidicola. Esse verme, de dimensões microscópicas, ataca a vespa-da-madeira, esterilizando as fêmeas do inseto. “Criamos esse nematoide desde 1989 e distribuímos para silvicultores de São Paulo, Minas Gerais e dos estados do Sul”, diz Susete.
Mercado atrativo
Cotesia flavipes é o principal inseto oferecido por grande parte das empresas brasileiras que atuam no controle biológico de pragas. É o caso da Biocontrol, de Sertãozinho, fundada em 1994. “Comercializamos a Cotesia e os fungos Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana. Os três fazem o controle biológico de pragas de canaviais”, diz Maria Aparecida Cano, uma das sócias da empresa, que também presta assessoria de produção de insetos e microrganismos para as usinas de açúcar e etanol do estado de São Paulo.
Os Projetos
1 Criação massal e comercialização dos parasitoides de ovos Trissolcus basalis e Telenomus podisi para o controle de percevejos da soja - nº 2005/60732-9
2 Estudo de formulações eficazes de conídios do fungo Metarhizium anisopliae para o controle biológico de pragas – nº 2005/55780-4
3 Controle biológico aplicado deTetranychus urticae (Acari:Tetranychidae): produção massal e comercialização de linhagens
de Neoseiulus californicus ePhytoseiulus macropilis (Acari:Phytoseiidae) resistentesa agrotóxicos – nº 2006/56680-6
 Modalidades
1a3 – Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe)
Coordenadores
1 Alexandre de Sene Pinto – Bug
2 Ana Lucia Santos Zimmermann – Biocontrol
3 Roberto Hiroyuki Konno – Promip
 Investimento
1 R$ 419.460,00 (FAPESP)
2 R$ 42.743,00 (FAPESP)
3 R$ 477.608,27 e US$ 6.107,56 (FAPESP)
O vigor da agricultura nacional tem atraído para o país multinacionais do setor de agrotóxicos interessadas em entrar no mercado de produtos biológicos, como as japonesas Sumitomo e Ihara e a americana FMC e outras companhias especializadas nesse segmento, como a holandesa Koppert Biological Systems, uma das líderes mundiais em agentes biológicos e polinizadores. A empresa instalou-se em Fortaleza em 2009, mas no ano passado transferiu-se para Piracicaba. “Em princípio criamos uma filial no Ceará, em razão da proximidade com a Europa e da relação com exportadores de melão, cultura na qual temos grande experiência. Com o avanço dos negócios, a empresa mudou para investir na criação de produtos destinados ao mercado brasileiro”, diz o engenheiro agrônomo Danilo Pedrazzoli, diretor-geral da empresa e ex-sócio fundador da Bug.
A linha de produtos da Koppert abrange de ácaros predadores a fungos para controle de pragas e doenças. Na Europa, a lista ultrapassa 50 produtos. No Brasil, a companhia deu início ao processo de registro de 26 produtos, cinco dos quais estão em fase final de homologação. Pedrazzoli, que também é diretor da ABCbio, acredita que o controle biológico tem grande potencial de uso no Brasil, mas sofre com a falta de empresas eficientes para atender à demanda.
Para o engenheiro agrônomo Santin Gravena, dono da Gravena Pesquisa, Consultoria e Treinamento Agrícola, outro problema enfrentado é a resistência de parcela dos agricultores. “Os agricultores brasileiros são conservadores e foram criados na cultura do controle químico. Além disso, o controle biológico é de atuação ligeiramente mais lenta, embora no final produza o mesmo resultado do produto químico sintético”, diz o professor aposentado de entomologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Criada em 1993, a Gravena é especialista na criação da joaninha Cryptolaemus montrouzieri, predadora da cochonilha-branca, praga que ataca plantas frutíferas e ornamentais. “Na última década fornecemos a joaninha para cerca de 20 propriedades citricultoras. Hoje, infelizmente, não temos mais clientes no controle biológico. Somos uma prestadora de serviços de pesquisa científica e estudos técnicos e atendemos por volta de 50 empresas e laboratórios que nos contratam para fazer estudos de eficácia e impacto ambiental de produtos químicos e biológicos usados no manejo ecológico de pragas”, diz.

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