Eng. Agr. Paulo Lipp João
PODA DE FRUTIFICAÇÃO
Na citricultura fatores como coloração, tamanho e sanidade dos frutos, entre outros, são fundamentais e devem ser trabalhados de forma a atender o desejo dos consumidores. Neste sentido, a poda visando equilibrar a frutificação com o crescimento vegetativo em plantas cítricas vem sendo utilizada há várias décadas em países como Itália, Espanha, EUA, e outros e, mais recentemente no Uruguai, onde também já é prática rotineira.
A produção de frutas por árvore depende de uma relação adequada entre seiva bruta e seiva elaborada, o que sugere manter uma proporção favorável entre a absorção de nutrientes pelas raízes e fotossíntese realizada pelas folhas.Com a poda buscamos ter na planta uma relação ideal de folhas/madeira/frutos, pelo princípio básico de um melhor aproveitamento da luz e de estímulos ao crescimento de novos ramos.
Uma luminosidade adequada no interior da copa permite um maior número de brotações, com, conseqüentemente, maior número de frutos nesta área. É comum verificar que, em laranjeiras e bergamoteiras, copas muito sombreadas deixam de produzir no seu interior, ficando a área produtiva restrita a camada superficial da planta. Além disto, a poda de produção efetuada logo após a caída natural dos frutos terá o efeito raleador de frutos, diminuindo ou tornando desnecessária esta prática.
Ao mesmo tempo que este raleio de ramos permite corrigir ramos mal situados, a maior quantidade de luz evitará doenças como rubelose (Corticium salmonicolor) e camurça (Septobasidium pseudopedicellatum) que causam o secamento de galhos. Para o planejamento e realização da poda dos citros, no que tange a época e intensidade, é importante levar em conta fatores como variedade copa e porta-enxerto, idade das plantas, clima, época de brotações, solo, carga de frutos e tamanho final dos frutos a ser buscado.
A poda deve começar pelos ramos secos, doentes, velhos e mal localizados. Deve-se evitar cortes que venham a deixar um “vazio” na planta, cortes na área superficial que só irão gerar brotações onde já há muita vegetação, sombreando ainda mais o interior da copa e também a própria descontinuidade anual desta prática. A poda de produção é, portanto, uma prática de grande auxílio ao citricultor, equilibrando o crescimento vegetativo com a frutificação, evitando alternâncias de produção e melhorando não só a qualidade, como a produtividade dos pomares.
RALEIO DE FRUTOS
O raleio de frutos é uma prática fundamental, especialmente em bergamotas, com resultados altamente positivos como se descreve a seguir:
- Evitar a alternância de produção de um ano para outro.
- Aumentar o tamanho dos frutos colhidos.
- Evitar quebra de galhos com muita carga.
- Favorecer o crescimento adequado de plantas novas.
- Aumentar a rentabilidade do citricultor.
As variedades mais sujeitas a alternância de produção e que mais necessitam de raleio são: Bergamotas Comum/Caí, Montenegrina, Parecí, Murcott, Ponkan, Satsuma, Clemenules, Marisol, Dancy, entre outras.
Em laranjas, embora esta prática seja menos necessária, em anos em que há excesso de carga o raleio pode ser vantajoso. A época de fazer o raleio é que vai determinar o maior ou menor resultado desta prática.
A maneira geral quanto antes, ou seja logo após a caída natural de frutinhos que ocorre, em nossas condições, em novembro/dezembro, o citricultor fizer a retirada dos frutos em excesso, melhor será o resultado obtido. Muitos citricultores esperam para ralear os frutos entre fevereiro e abril a fim de venderem os frutinhos às indústrias de óleo essencial. Este atraso retira a maior parte dos benefícios do raleio especialmente quanto ao tamanho dos frutos e principalmente em evitar a alternância de produção.
Esta operação, normalmente, em nossas condições, é feita manualmente embora também exista a possibilidade de raleio químico com produtos à base de etileno. Na execução do raleio, o ideal é o produtor deixar cerca de 15 cm entre frutos, deixando em média dois frutos por ramo de ano ao mesmo tempo que aproveita para fazer uma seleção, retirando primeiro os frutinhos manchados e os menores.
A intensidade do raleio vai depender da carga que a árvore apresenta. Em anos de alta produção o raleio pode chegar até 80 % do total de frutinhos e em anos de baixa produção pode até ser dispensado. Finalmente pode-se afirmar que para as variedades de bergamotas citadas o raleio é prática obrigatória para a comercialização de frutos no mercado de mesa, cada vez mais exigente em qualidade.