Ganhei umas mudas de pitaya do amigo Clóvis, vamos cultivar.
Cultivo da Pitaya
A planta que produz a pitaya é uma
cactácea originária da América Tropical e Subtropical. A pitaya vermelha
(Hylocereus undatus) é uma excelente alternativa para a diversificação
da propriedade rural e aumento de renda do produtor.
Apesar do custo elevado na implantação do pomar, o retorno ao
produtor pode ser muito bom, pois a pitaya atinge preços elevados no
mercado (Tabela 1), porém seu mercado ainda é pequeno. No Brasil, o
cultivo da pitaya teve início na década de 90, tendo sua produção
concentrada no Estado de São Paulo, principalmente na região de
Catanduva.
É uma planta perene, trepadeira, com caule classificado
morfologicamente como cladódio, de onde se originam várias raízes
adventícias que ajudam na absorção de nutrientes e fixação da planta em
um tutor. O fruto tem sabor adocicado e suave, aparência exótica,
propriedades organolépticas, sendo rico em vitaminas, com polpa firme e
rico em fibras, com excelentes qualidades digestivas e de baixo teor
calórico, além de muitas sementes com ação laxante.
Segundo o conhecimento popular apresenta propriedades medicinais como
melhora de gastrites, prevenção contra o câncer de cólon e diabetes,
neutralização de substâncias tóxicas como metais pesados, redução dos
níveis de colesterol e pressão alta, além dos cladódios e as flores
serem utilizados contra problemas renais.
Existem diversos tipos de pitaya, sendo agrupados em quatro gêneros:
Stenocereus, Cereus, Selenicereus e Hylocereus. As principais espécies comerciais são a pitaya vermelha com polpa branca (
Hylocereus undatus), pitaya vermelha com polpa vermelha (
Hylocereus costaricensis), pitaya amarela (
Selenicereus megalanthus) que apresenta casca amarela e polpa branca e, a pitaya-do-cerrado ou saborosa (
Selenicereus setaceus) que pode ser encontrada vegetando naturalmente em regiões do Brasil.
A pitaya é uma frutífera perene e possui expectativa de produção por
aproximadamente 15 anos, por isso no planejamento devem ser levados em
consideração diversos fatores para garantir o sucesso da implantação e
condução do pomar. É necessário obter informações sobre a
comercialização de frutas na região, definir o número de plantas de
acordo com o tamanho da área e o espaçamento que será utilizado, evitar
solos rasos sujeitos a encharcamento e regiões que ocorram geada e
outros fatores que serão tratados no decorrer deste texto.
Ao preparar o solo, deve-se tomar cuidado para não se arrastar a
camada fértil. São recomendadas duas arações profundas, seguidas de duas
gradagens. Nesta ocasião, e, de acordo com os resultados da análise de
solo, devem ser feitas as aplicações parceladas de calcário (50 % antes
da aração e a outra metade na gradagem) e adubação fosfatada em área
total.
A pitaya apresenta bom desenvolvimento em temperaturas médias entre 18 a 26
ºC.
A floração é estimulada por altas temperaturas, sendo que a maturação
completa do fruto ocorre de 30 a 40 dias após a abertura da flor.
Necessita de pluviosidade variando entre 1200 a 1500 mm ao ano, porém,
por ser uma planta com boa rusticidade, também se adapta em climas mais
secos.
O método mais utilizado de propagação da pitaya é através de estacas
(cladódios). Normalmente utiliza-se cladódios de aproximadamente 25 cm,
colocados em sacos de polipropileno preto (15 cm de diâmetro x 20 cm de
altura) completos com substrato que apresente boa drenagem e umidade
durante o período de enraizamento e desenvolvimento da muda. O substrato
comumente utilizado para a formação das mudas é terra, areia peneirada e
esterco bovino na proporção 3:3:1, e os sacos devem ser mantidos sob
50% de luminosidade e diariamente irrigados. A utilização de estavas
mais jovens apresenta 35% mais raízes que estacas mais velhas.
Marcação e preparação das covas
Deve-se definir o espaçamento, sendo recomendado os espaçamentos 3 m x
3 m ou 2 m x 3 m, e, após esta definição deve ser feita a demarcação
das covas, que pode ser realizada com um alinhamento paralelo aos
carreadores em terrenos planos e quando o terreno apresenta declive
uniforme (Figura 1), podem-se utilizar linhas retas paralelas às linhas
de nível (Figura 2). As covas podem ser feitas com sulcador, brocas
mecânicas ou manualmente com dimensão mínima de 60 x 60 x 60 cm. Para
assegurar um bom desenvolvimento da planta recomenda-se a utilização de
20 L de matéria orgânica (esterco de curral), 500 g de calcário
dolomítico e adubação química com 300 g de superfosfato simples e 50 g
de um composto de micronutrientes em cada uma das covas.
Figura 1 – Alinhamento em retas paralelas à linha de nível. Fonte: Pasqual et al. (2000).
Plantio e tutoramento da muda
No tutoramento, podem ser utilizados mourões de madeira tratada,
postes de concreto e até caules de frutíferas, com aproximadamente 1,80 m
de altura com uma trave no topo, para dar sustentação às brotações
produtivas (Figura 3).
O tutoramento da planta é feito através do amarrio com barbante ou
fitilho ao mourão, conforme o crescimento da planta. Nesta fase de
crescimento vertical ocorrerá o aparecimento de brotações laterais, que
devem ser retiradas com o auxílio de uma tesoura de poda. Quando a
planta alcançar a trave de sustentação que pode ser uma cruzeta de
madeira ou mesmo pneu, deverão ser deixados todos os brotos acima desta,
que penderão sobre a mesma, sendo responsáveis pela produção dos frutos
da pitaya. É importante lembrar por absorver muita radiação solar, o
pneu só é recomendado para plantios não comerciais, de fundo de quintal.
Todas as brotações laterais abaixo da trave também devem ser retiradas,
para que não haja competição com os ramos produtivos.
Figura 3 – Tutoramento da pitaia utilizando mourões. Fonte: Moreira et al. (2012).
Colheita e pós-colheita
O pico de produção destas frutas ocorre entre os meses de dezembro a
maio. O ponto de colheita da pitaya vermelha é determinado quando o
fruto atingir a coloração de rosa a vermelho intenso da casca, polpa
branca, e com textura ainda firme. Este período pode ter variações
dependendo da variedade da pitaya cultivada.
É importante que a colheita da pitaya seja realizada na época
correta, pois caso contrário, ela não completará seu amadurecimento após
a separação da planta. O fruto colhido pode resistir, sem que haja
perda da qualidade, durante 6 a 8 dias em armazenamento em temperatura
ambiente, devendo-se tomar cuidados no manuseio do fruto, no momento da
colheita e transporte, para evitar danos físicos, como abrasões, cortes
ou esmagamento, fatores que podem diminuir a qualidade após a colheita. O
armazenamento do fruto em temperaturas de 8°C pode aumentar o tempo de
prateleira do fruto.
Referências
CAVALCANTE, Í. H. L.
Pitaya: Propagação e crescimento de plantas.
2008. 94 p. Dissertação (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade
Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Jaboticabal, 2008.
LIMA, C. A.
Caracterização, propagação e melhoramento genético de pitaya comercial e nativa do Cerrado. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2013, 124p. Tese de Doutora.
MARQUES, V.B.
Propagação seminífera e vegetativa de Pitaia (Hylocereus undatus (Haw.) Britton & Rose). Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. 2007. p. 36-47. Disponível em: .
Acesso em: 13 ago. 2013.
MOREIRA, R. A.. Cultivo da pitaia: implantação.
Boletim Técnico - n.º 92 - p. 1-16 ano 2012, Lavras/MG. Disponível em:
.
Acesso em: 13 ago. 2013.
PASQUAL, M.; CHALFUN, N. N. J.; RAMOS, J.D.; VALE, M. R. do; C. R. R.
Implantação de pomares e tratos culturais especiais.
2007. 107 p. Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” (Especialização em
Fruticultura Comercial) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2000.
Nilo Corrêa da Silva Rossetti
Graduando em Engenharia Agronômica
Estagiário da Casa do Produtor Rural
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP
Orientação: Profa. Dra. Simone Rodrigues da Silva, Departamento de Produção Vegetal - LPV, ESALQ/USP.
Colaboração: Gabriel Vicente Bittencourt de Almeida – CEAGESP – SP.
Acompanhamento técnico: Fabiana Marchi de Abreu – Casa do Produtor Rural.
Coordenação editorial: Marcela Matavelli – Casa do Produtor Rural.
É proibida a reprodução, total ou parcial, deste conteúdo sem prévia autorização da Casa do Produtor Rural – ESALQ/USP.