A banana, Musa spp., uma das frutas mais consumidas no mundo, possui vitaminas (A, B e C), minerais (Ca, K e Fe), fibras (1,5 a 2,8 g/100 g) e baixos teores calóricos (78 a 128 kcal/100 g) e de gordura (0,1 a 0,2 g/100 g), constituindo importante fonte de alimento. A bananeira, predominantemente do tipo Prata (grupo genômico AAB), é cultivada de norte a sul do país, em solos dos mais diversos, sob sistemas de produção convencional, integrada e orgânica.
O sistema de produção orgânica busca manejar de forma equilibrada o solo, água, plantas e animais, conservando-os a longo prazo e mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos. Nesse sistema, a bananeira já tem sido cultivada e está certificada nos Estados do ES, MG, PE, RJ, RS, SC e SP.
O princípio básico do manejo orgânico é a utilização da matéria orgânica para proporcionar melhoria da fertilidade e vida do solo, dar garantia de produtividade e qualidade dos produtos agrícolas, como também oferecer proteção às plantas contra pragas e doenças. Como aliado do processo, o uso de coberturas verdes e vivas no solo, como as leguminosas, permite a produção de matéria orgânica e o fornecimento de nitrogênio (N). As leguminosas caracterizam-se por obter a quase totalidade do N que necessitam da atmosfera, por meio da simbiose com bactérias específicas. Além disso, possuem raízes geralmente bem ramificadas e profundas, que atuam estabilizando a estrutura do solo, reciclando nutrientes e incorporando matéria orgânica.
Objetivou-se neste estudo avaliar o desempenho de seis variedades de bananeira sob condições de manejo orgânico, com duas leguminosas para cobertura do solo.
Implantou-se uma área, sem irrigação, na Unidade de Pesquisa de Produção Orgânica (UPPO) da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas, Bahia, em Latossolo Amarelo distrocoeso, em julho de 2006. O solo, antes do plantio da bananeira, apresentou os seguintes atributos químicos, na camada de 0-20 cm: pH em água igual a 4,9; P e K com os valores respectivos de 5 e 117 mg/dm3; Ca, Mg, SB e CTC de 2,5; 0,3; 3,18 e 7,91 cmolc/dm3, respectivamente; V=40%; e M.O.= 7,5g/kg; e de 20-40 cm: pH em água=4,6; P e K, respectivamente, 2 e 47 mg/dm3; Ca, Mg, SB e CTC de 1,3; 0,5; 2,05 e 6,01 cmolc/dm3, respectivamente; V=34%; e M.O.= 5,2 g/kg.
Foram avaliadas seis variedades de banana [Caipira (AAA), Maravilha (AAAB), Pacovan Ken (AAAB), Prata-Anã (AAB), Thap Maeo (AAB) e Tropical (AAAB)], no espaçamento de 4m x 2m x 2m, com 25 plantas úteis de cada variedade, sob dois manejos do solo com as leguminosas feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) e amendoim forrageiro (Arachis pintoi). As leguminosas foram plantadas na mesma época da bananeira, sendo ceifadas ao final da estação chuvosa. Além da calagem para elevar a saturação por bases (V) para 70%, as bananeiras foram adubadas no plantio com 10 litros de composto orgânico + 1 kg de fosbahia e, em cobertura, com 2,5 litros de composto orgânico. Para avaliar o desempenho das variedades de banana sob manejo orgânico foram determinados, por ocasião do florescimento, o número de dias do plantio ao florescimento (DFL), a altura (ALT) e o diâmetro (DPC) do pseudocaule e o número de folhas vivas (NFV); e na colheita, número de dias do plantio à colheita - ciclo - (DCL), peso das pencas (PPE), número (NFR) e peso médio de frutos (PMF), comprimento (CFR) e diâmetro (DFR) médio dos frutos da 2a penca, como também a produtividade da bananeira, por ciclo e por ano em tonelada.
Os dados obtidos foram analisados por estatística descritiva e as médias, dentro de cada variedade, comparadas pelo teste t, considerando probabilidade de 10%.
Quanto às coberturas vivas do solo, apenas a ‘Caipira’ não mostrou diferença entre as leguminosas para os atributos avaliados. A ‘Maravilha’ apresentou-se significativamente mais vigorosa (altura e diâmetro do pseudocaule e número de folhas vivas maiores) na cobertura viva do solo com feijão-de-porco (2,56 m de altura; 21,2 cm de diâmetro do pseudocaule e 12,6 folhas). Estes resultados confirmam a potencialidade dessa leguminosa como cobertura do solo para a bananeira. Contudo, para ‘Prata Anã’, o amendoim forrageiro reduziu significativamente o número de dias para o florescimento e para a colheita (42 dias), apesar de ter sido 97 dias superior ao período estimado no sistema convencional. Além disso, apesar do número de frutos 19% menor ao do sistema convencional, o peso médio do fruto foi semelhante (111,9 g). Por outro lado, a cobertura do solo com feijão-de-porco proporcionou maior diâmetro do pseudocaule (20,7 cm) e maior número de frutos (192) para ‘Thap Maeo’ e maior número de frutos (120) para a ‘Tropical’, no primeiro ciclo de produção.
Assim, na primeira colheita, a variedade de banana Maravilha obteve melhor desempenho no sistema de produção orgânica, enquanto a ‘Tropical’ apresentou o menor. Já a cobertura viva com feijão-de-porco foi mais benéfica à bananeira.
As figuras 1 e 2 mostram vistas do cultivo da bananeira sob manejo orgânico.
Figura 1. Vista da área com as coberturas com feijão-de-porco e amendoim forrageiro.
Ana Lúcia Borges e Luciano da Silva Souza
Pesquisador(a) da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007, Cruz das Almas, BA, CEP 44380-000, analucia@cnpmf.embrapa.br, lsouza@cnpmf.embrapa.br.
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