terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pesticidas exterminam as abelhas

Jaqueline Falcão, O Globo, 21/012011.





Desaparecimento desses insetos ameaça a produção agrícola do planeta.



O misterioso desaparecimento de abelhas observado em vários países, inclusive no Brasil, pode estar associado ao uso de novos pesticidas. Os venenos matam esses insetos, segundo estudo do Laboratório de Pesquisa sobre Abelhas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, divulgado no jornal britânico “Independent“.



A extinção das abelhas traz grande prejuízo à apicultura e contribui para a fome no planeta, pois 80% da produção de alimentos depende da polinização por abelhas e outros insetos.



Mesmo em dose muito baixa, os inseticidas, especialmente os neonicotinoides (como o imidacloprida) que imitam as propriedades da nicotina, matam as abelhas. Porém o laboratório Bayer, principal fabricante, insiste que eles são seguros para as abelhas, se aplicados corretamente.



O que se tem certeza é que os neocotinoides contaminam completamente as plantas, incluindo o néctar e o pólen, usados pelos insetos polinizadores. Assim o veneno acaba atacando o sistema nervoso dos insetos e as colméias entram em colapso.



Osmar Malaspina, professor do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Unesp, alerta que a pulverização aérea – principalmente em plantações de laranja – é uma ameaça às abelhas.



Criador de um projeto de proteção aos polinizadores e autor de três livros sobre o tema, ele diz que a prática espalha inseticidas numa área muito grande, atingindo abelhas de apiário e as 1.500 espécies da natureza. Malaspina pesquisou de 2008 a 2010 a perda de 10 mil colmeias de abelhas africanizadas, mortas por inseticidas na região de Rio Claro, em São Paulo, num raio de 200 quilômetros. Em 800 a mil colmeias havia sinais de neonicotinoides.



Média anual de mortes nas colmeias atinge 30% Ele quer formar um grupo com representantes dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, do Ibama e de fabricantes para estabelecer políticas de aplicação e controle dos pesticidas:



– Não somos contra inseticidas, mas devemos estabelecer uma política adequada para minimizar seus efeitos. Na região Sul do país, as abelhas sumiram, mas por outro motivo, diz Malaspina. – Muitas vezes, a colméia diminui e não se veem abelhas mortas. Isso indica que elas migraram para outro ponto em busca de alimento. Quando um apicultor encontra abelhas mortas, é quase certo que morreram por inseticida.



Em países da Europa, como Itália, França e Alemanha, apesar da mortalidade de abelhas ter sido menor que nos Estados Unidos nos últimos três anos, alguns venenos foram proibidos. Nos EUA, a destruição das colmeias atingiu 23% de todas as criações entre 2006 e 2007. Na União Europeia o estudo “A saúde das abelhas melíferas” reforça a preocupação de cientistas e apicultores com a sobrevivência desses insetos.



A média anual de baixas nas colmeias chegou a 30%, quando a mortalidade natural é de 10%. O uso de pesticidas seria o motivo.



Há outras hipóteses para o sumiço das abelhas. Uma delas, da Universidade de Columbia, afirma que o fenômeno seria causado pelo vírus IAPV. Também se especulou que a causa seria radiação de celulares e aquecimento.



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No início de 2010, agricultores da Paraíba se mobilizaram para impedir a distribuição desse mesmo agrotóxico para controle da mosca negra do citrus.



Mais sobre o assunto:



“Exclusive: Bees facing a poisoned spring”, Michael McCarthy, The Independent, 20 January 2011, http://www.independent.co.uk/environment/nature/exclusive-bees-facing-a-poisoned-spring-2189267.html



Ban Neonicotinoid Pesticides to Save the Honeybee

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Azolla: uma alimentação sustentável para a pecuária

De: Revista LEISA • • 21,3 setembro 2005

Azolla: uma alimentação sustentável para a pecuária

por P. Pillai Kamalasanana, S. Premalatha e S. Rajamony


A demanda por carne e leite na Índia está criando um novo potencial na rentabilidade da Pecuária como uma ocupação. No entanto, ao mesmo tempo, há um declínio significativo na disponibilidade de forragem. A área sob floresta e Cerrado está diminuindo assim como a quantidade de resíduos vegetais diversos disponíveis para a alimentação, principalmente devido à introdução de variedades de alto rendimento anão. A escassez de forragem é, portanto, compensados com ração comercial, resultando em aumento dos custos na produção de carne e leite. Além disso, como ração comercial é misturada com uréia e outros impulsionadores do leite artificial, que tem um efeito negativo sobre a qualidade do leite e da saúde dos animais.



A busca de alternativas para Concentrados nos levou a uma planta maravilhosa, Azolla, o que mantém a promessa de fornecer uma alimentação sustentável para a pecuária. Azolla é uma planta  flutuante e pertence à família de Azollaceae. Azolla hospeda um algas simbióticas azul-verde, azollae Anabaena, o que é responsável para a fixação e assimilação de nitrogênio atmosférico. Azolla, por sua vez, fornece a fonte de carbono e ambiente favorável para o crescimento e desenvolvimento das algas. É esta relação simbiótica único que faz Azolla, uma planta maravilhosa, com elevado teor de proteínas.



Nutrientes e seu impacto no crescimento

Azolla é muito rica em proteínas, aminoácidos essenciais, vitaminas (vitamina A, vitamina B12 e beta-caroteno), intermediários promotor de crescimento e sais minerais como cálcio, potássio, fósforo, cobre, ferro, magnésio, etc Com base no peso seco, contém 25-35 por cento de proteína, 10-15 e 70-10 por cento de minerais por cento dos aminoácidos, substâncias bio-ativas e de bio-polímeros. O teor de carboidratos e gordura de Azolla é muito baixa. Sua composição de nutrientes torna um alimento altamente eficiente e eficaz para os animais . Pecuária facilmente digeri-lo, devido à sua alta proteína e baixo teor de lignina, e rapidamente eles se acostumam a ela. Além disso, é fácil e econômico para crescer.



O Projeto de Desenvolvimento de Recursos Naturais (NARDEP), Vivekananda Kendra, realizou ensaios em Tamil Nadu e Kerala utilizando Azolla como um substituto alimentar. Os testes em animais leiteiros apresentaram um aumento global é da produção de leite de cerca de 15 por cento Pls 1,5-2 kg de Azolla por dia foi combinada com a alimentação regular. O aumento está na quantidade do leite produzido foi maior que esperado pode ser baseado no conteúdo de nutrientes de Azolla sozinho. Portanto, presume-se que não é só os nutrientes, mas também outros componentes, como carotenóides, bio-polímeros, etc probióticos, que contribuem para o aumento global é a produção de leite. Azolla alimentação de aves aumenta o peso de frangos de corte e aumenta a produção de ovos de galinhas poedeiras. latas Azolla Também serem fornecidos para ovinos, caprinos, suínos e coelhos. Na China, o cultivo da Azolla juntamente com arroz e peixe é dito ter aumentado a produção de arroz em 20 por cento ea produção de peixes em 30 por cento.



fonte: http://kolamazolla.blogspot.com/

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Casca de banana transformada em pó pode despoluir água







Reportagem de Giuliana Miranda - Folha.com



Esnobada por indústrias, restaurantes e até donas de casa, a casca de banana pode em breve dar a volta por cima.



Descobriu-se que, a partir de um pó feito com ela, é possível descontaminar a água com metais pesados de um jeito eficaz e barato.



O projeto é de Milena Boniolo, doutoranda em química pela Ufscar (Universidade Federal de São Carlos, no interior paulista), que teve a ideia ao assistir a uma reportagem sobre o desperdício de banana no Brasil.



- Só na Grande São Paulo, quase quatro toneladas de cascas de banana são desperdiçadas por semana. E isso é apenas nos restaurantes - diz a pesquisadora.



Boniolo já trabalhava com estratégias de despoluição da água, mas eram métodos caros - como as nanopartículas magnéticas -, o que inviabilizava o uso em pequenas indústrias.



Com as cascas de banana, não há esse problema. Como o produto tem pouquíssimo interesse comercial, já existem empresas dispostas a simplesmente doá-las.



Massa crítica

- Como o volume de sobras de banana é muito grande, as empresas têm gastos para descartar adequadamente esse material. Isso é um incentivo para que elas participem das pesquisas - afirma.



O método de despoluição se aproveita de um dos princípios básicos da química: os opostos se atraem.



Na casca da banana, há grande quantidade de moléculas carregadas negativamente. Elas conseguem atrair os metais pesados, positivamente carregados.



Para que isso aconteça, no entanto, é preciso potencializar essas propriedades na banana. Isso é feito de forma bastante simples e quase sem gastos de energia.



- Eu comecei fazendo em casa. É realmente muito fácil - diz Boniolo.



As cascas de banana são colocadas em assadeiras e ficam secando ao sol durante quase uma semana. Esse material é então triturado e, depois, passa por uma peneira especial. Isso garante que as partículas sejam uniformes.



O resultado é um pó finíssimo, que é adicionado à água contaminada. Para cada 100 ml a serem despoluídos, usa-se cerca de 5 mg do pó de banana.



Em laboratório, o índice de descontaminação foi de no mínimo 65% a cada vez que a água passava pelo processo. Ou seja: se for colocado em prática repetidas vezes, é possível chegar a níveis altos de "limpeza".



O projeto, que foi apresentado na dissertação de mestrado da pesquisadora no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), foi pensado com urânio.



Mas, segundo Boniolo, é eficaz também com outros metais, como cádmio, chumbo e níquel - muito usados na indústria. Além de convites para apresentar a ideia no Brasil e na Inglaterra, a química também ganhou o Prêmio Jovem Cientista.



Agora, segundo ela, é preciso encontrar parceiros para viabilizar o uso da técnica em escala industrial.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Azolla como biofertilizante - um desafio a aceitar

A Natureza deslumbra-nos a cada passo com os recursos que oferece. A Azolla como biofertilizante é mais um exemplo. E a questão é sempre a mesma. Que fazer para agarrar esta potencialidade e colocá-la ao serviço do agricultor de forma utilizável, isto é, ao serviço dos seus objetivos e compatível com os meios de que dispõe.




 A informação básica sobre a matéria aqui exposta provém de um artigo publicado por Carrapiço et al. (2000) onde em paralelo com uma revisão da sistemática do pteridófito do género Azolla, se apresentam os resultados de um projecto de utilização desta planta aquática como biofertilizante, que teve lugar na Guiné-Bissau de 1989 a 1995.

A Azolla é um pequeno feto flutuante, que abriga, na cavidade do lobo dorsal das suas folhas, uma comunidade simbiótica composta por cianobactérias filamentosas da espécie Anabaena azollae e bactérias nomeadamente do género Arthrobacter, que com a planta hospedeira procedem a uma troca de metabolitos, designadamente compostos de azoto fixado pela acção das cianobactérias.

A utilização de Azolla como fonte de nitrogênio na cultura do arroz é praticada desde há séculos na China e no Vietname. Em África, o incremento do uso deste
biofertilizante, foi objeto de um projeto conjunto da ADRAO (Association pour le Développement de la Riziculture en Afrique de l’Ouest) e da FAO, sediado em St. Louis (Senegal), iniciado nos finais da década de 80, com a coordenação da Universidade Católica de Lovaina.O objetivo foi estudar o uso da Azolla como biofertilizante na cultura do arroz, com desenvolvimento de tecnologias e escolha de estirpes adequadas. Apesar das habituais dificuldades, o projeto registrou resultados não apenas quanto ao seu uso como biofertilizante, mas também como alimento para diversas espécies, designadamente suinos, patos e peixes.

O interesse da exploração das potencialidades da Azolla, liga-se mais uma vez aos problemas que afetam as comunidades camponesas que dispõem de limitados recursos financeiros para a adoção de técnicas de fertilização azotada dependentes da aquisição de fertilizantes químicos e que se encontram assim, na prática, impedidas de alcançar os acréscimos de produção de que carecem. Por outro lado, todos os países em vias de desenvolvimento terão à partida evidentes vantagens em que sejam utilizados recursos endógenos no incremento da produção. No caso vertente, a Azolla pinnata subsp. africana, desenvolve-se naturalmente na Guiné-Bissau, onde, na região em que se situa a estação do INPA de Contubel (Bafatá), onde o projeto foi desenvolvido, forma no rio Geba, durante a época seca, extensos tapetes de cor vermelha escura, cobrindo a superfície da água. A Azolla foi colhida no rio e objeto de preparação sob a forma de composto para a fertilização dos campos experimentais de arroz. Os ensaios confrontaram diversos níveis de fertilização nitrogenada, quer utilizando apenas ureia (87 kg N//ha), quer apenas composto de Azolla (7 e 14 ton/ha), quer estas quantidades de composto e um suplemento de ureia (43,5 kg N/ha), tomando como referência uma parcela não fertilizada. O gráfico registra as médias das produções obtidas nos ensaios, mostrando assim, nas condições locais, a contribuição de Azolla para os acréscimos de produção verificados. O passo seguinte consiste em estudar em detalhe os contornos do processo e a forma de

os resultados poderem ser objeto de utilização generalizada pelos camponeses. No artigo sob referência é indicado que «O uso da Azolla na forma de composto foi uma opção para impedir os problemas associados ao descontrolado crescimento desta planta e também escolhido pela fácil forma de ser utilizada pelos camponeses». Não cabe aqui a discussão deste caso concreto, mas apenas tomá-lo como ponto de partida para a consideração do interesse deste tema para a generalidade dos países a que nos dirigimos. Azolla existe não só na Guiné-Bissau, mas ainda em Angola e Moçambique, onde embora em alguns locais não forme tapetes espessos à superfície das águas que permitam a sua utilização direta, não deixa por isso de constituir localmente um adubo para a agricultura.

O artigo sob análise faz referência a alternativas, quer as que se designam de azolacultura, tais como no Egito, onde a Azolla é cultivada nos campos de arroz no período que antecede a cultura, quer para além da Azolla, na Índia, onde se pratica a exploração direta da atividade das próprias cianobactérias, que são inoculadas nos campos de cultura, por vezes mediante a utilização de substratos para a sua fixação (espumas de poliuretano). Trata-se de um campo em aberto, com largos horizontes, onde há ativa investigação em curso em diversos países. Importa pois estudar, perante os condicionalismos locais, as possíveis formas de utilização, prefigurando os benefícios expectáveis e eventuais riscos, com o objetivo de colocar de uma forma útil e segura, este potencial ao serviço das comunidades camponesas. É um trabalho que tem de ser desenvolvido in situ, com a colaboração ativa dos próprios agricultores, para que desde o início sejam apenas desenvolvidas vias que se revelem à partida aderentes às condições locais de produção. Que fascinante programa para os serviços de Investigação & Desenvolvimento dos países a que nos dirigimos, com objetivos que podem inclusivamente ultrapassar a problemática da fertilização azotada e incluir temas como a alimentação animal e a degradação terciária de efluentes domésticos e industriais! Que oportunidade para a captação de recursos financeiros junto dos parceiros de desenvolvimento em cada país!

Carrapiço, F., Teixeira, G. & Diniz, M. A., 2000 –«Azolla as biofertilizer in Africa. Challenge for the future». Revista de Ciências Agrárias, vol. 23 (3-4): 128-138.

Mais informações sobre azolla em:
http://kolamazolla.blogspot.com/

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Brasil registra aumento de transgênicos e agrotóxicos nas lavouras

Caros internautas, um feliz ano novo! Iniciamos 2011 buscando uma alimentação, mais saudável e sustentável! Este é o ideal deste blog, buscar e transmitir alternativas, ao pacote tecnológico!
Alexandre Panerai
Eng. Agrônomo





Brasil registra aumento de transgênicos e agrotóxicos nas lavouras


Dos quase 24 milhões de hectares de soja plantados, 75% são transgênicos. O milho fica em segundo lugar. Dos 5,30 milhões de hectares, pouco mais de 4 milhões são de produção transgênica.
Por De Danilo Augusto, da Radioagência NP (São Paulo)




De acordo com levantamento da consultoria Céleres, três variedades de sementes geneticamente modificadas – conhecidas como transgênicas – ocuparam mais de 25 milhões de hectares na safra brasileira 2010 /2011. Este número representa 67% da área plantada com soja, milho e algodão – únicas commodities do Brasil em que a modificação pode ser utilizada. No total, foram plantados mais de 37 milhões de hectares das três variedades.

A soja conta com a maior área plantada. Dos quase 24 milhões de hectares, 75% são transgênicos. O milho fica em segundo lugar. Dos 5,30 milhões de hectares, pouco mais de 4 milhões são de produção transgênica. Já o algodão ocupou 25,7% da área destinada a cultura.

O aumento das áreas cultivadas explica o crescimento no uso de agrotóxicos. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no primeiro semestre deste ano foram vendidas 8,6 milhões toneladas de fertilizantes. Um aumento de 5% se comparado ao mesmo período do último ano. De acordo com a integrante da organização Terra de Direitos, Larissa Packer, o uso de fertilizantes aumentou significativamente depois que os transgênicos entraram nas lavouras brasileiras.

“Os campos cultivados de soja e de milho, por exemplo, têm uma determinada semente que é viciada em determinado agrotóxico. Os agricultores não encontram outras sementes e agrotóxicos disponíveis e, com essa compra do pacote tecnológico, é a população quem sofre pela redução de seu padrão alimentar.”

De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 15% dos alimentos consumidos pelos brasileiros apresentam taxa de resíduos de veneno em um nível prejudicial à saúde. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil é o principal destino de agrotóxicos proibidos no exterior. Dez variedades vendidas livremente aos agricultores não circulam na União Europeia e Estados Unidos.



Radioagência NP - EcoAgência

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