quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A mentira sobre os agrotóxicos

Por: Tini Schoenmaker Stoltenborg


A revista “Veja” publicou uma reportagem com o título “A verdade sobre os agrotóxicos” saindo em defesa dos mesmos. A fabricação e venda de agrotóxicos é um negócio bilionário no mundo e mais ainda no Brasil, campeão de uso.

A publicação dos resultados das análises de hortifruti pela Anvisa, apontando produtos com excesso de resíduos de agrotóxicos e resíduos de agrotóxicos proibidos, incomoda, e muito, este setor. A maior preocupação passou a ser como minimizar os efeitos dos dados da pesquisa e evitar que consumidores conscientes se tornem adeptos dos orgânicos. O caminho que escolheram foi encontrar pessoas e uma revista de opinião dispostas a servirem de porta-voz.

O artigo diz que agrotóxicos levam erroneamente a palavra 'tóxico'. O nome correto seria 'defensivos agrícolas'. Esta afirmação não bate com a caveira presente nas embalagens dos mesmos e a necessidade de aplicar estes 'defensivos' com EPIs: as pessoas usam botas, luvas e máscaras e roupas de calça e manga compridas que devem ser lavadas isoladamente após cada uso. E ainda bem que a lei de segurança no trabalho exige isto, pois se trata de veneno mesmo. Porém o artigo diz que não fazem nenhum mal comprovado à saúde, mesmo com um resíduo excedente. Logo esta mentira foi desmascarada com a notícia nos jornais e TVs de que os EUA poderiam proibir a entrada de suco de laranja brasileira caso comprovasse conter excesso do fungicida 'Carbendazim', que provoca infertilidade e diminuição de testículos em testes com animais e por isso mesmo tem seu uso proibido nos pomares dos EUA.

A estratégia foi também diminuir os benefícios dos orgânicos chegando a esta frase anticientífica: “de modo geral, não há diferenças significativas entre os hidropônicos e os alimentos convencionais ou orgânicos”. No nosso site há muitos artigos com dados científicos que comprovam o contrário. Os próprios agricultores convencionais têm consciência da toxicidade dos produtos que usam. Temos clientes, eles mesmos produtores convencionais de batatas, que fazem questão de comprar nossas batatas orgânicas e demais hortifrutis orgânicos. Conheço uma fazenda produtora de laranjas convencionais. As laranjeiras perto da colônia de casas são bem menos pulverizadas, pois são destinadas para o consumo das famílias moradoras. Joop visitou um sitiante esta semana que arrendou parte da sua terra para o plantio de jiló. Joop perguntou se comia muito jiló e recebeu esta resposta: “Não. Dá até desgosto de ver o quanto é pulverizado”.

E o que há de especial nos orgânicos? Uma cliente nossa disse que o marido tinha câncer na língua. Fez tratamento, mas ela acha que o que mais contribuiu para a cura foi a mudança para a alimentação orgânica. Uma das verdades sobre os agrotóxicos é que é impossível fazerem bem à saúde das pessoas e do planeta. Precisamos de um mutirão gigante para diminuir o seu uso. O mundo será melhor no dia em que não forem mais usados e todo alimento for orgânico!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Em defesa do aguapé

Purificando a água, o aguapé contribui para a sua reoxigenação. Ele faz gratuitamente este trabalho. É apenas lógico que alguns o considerem subversivo.

 
Dupla surpresa me causou a leitura de um artigo de jornal, assinado por um professor de botânica. Surpresa agradável pela coragem que o professor demonstra ao denunciar a tecnobur(r)ocracia que é a desgraça deste sofrido País, desagradável na demonstração de pensamento reducionista. Não esperava uma afirmação tão ecologicamente absurda como esta: "o aguapé causa total desequilíbrio ecológico onde quer que apareça".


Já estou vendo os tecnocratas em campanha de erradiacação do aguapé, aplicando herbicidas, provavelmente 2,4-D, nos corpos d'água. Aliás, pelas informações que tenho, isto já foi várias vezes feito em represas de São Paulo. Sei dos desastres ecológicos causados pelo combate ao aguapé no Sudão. Os resultados são os piores possíveis. O aguapé morto acaba indo ao fundo. Ali agrava os problemas da poluição. Sua decomposição consome ainda mais oxigênio do que já é consumido pela carga poluente. Longe de constituir desequilíbrio ecológico, a proliferação violenta do aguapé em água poluída tende, justamente, a eliminar a causa do desequilíbrio. Purificando a água, ele contribui para a sua reoxigenação.

 
As altas cargas orgânicas provenientes dos esgotos domésticos aumentam o que os sanitaristas chamam DBO, ou seja, a demanda biológica de oxigênio. Trata-se do consumo de oxigênio requerido pelas bactérias que fazem a decomposição da matéria orgânica. Um DBO elevado acaba matando todos os organismos que precisam de oxigênio, desde o protozoário até o peixe. No estágio final de uma elevada poluição orgânica sobram apenas bactérias anaeróbias, bactérias que vivem em condições de ausência de oxigênio. Estas bactérias produzem substâncias tóxicas e gases mal-cheirosos.




Nos estágios secundários das estações de tratamento de esgotos, quando concebidas em esquema tecnocrático, o efluente costuma ser violentamente agitado, ou se faz injeção de ar para que surja o "lodo ativado" que está constituído de bactérias aeróbias, bactérias que só proliferam na presença de oxigênio, de algas e de protozoários. Estas instalações são extremamente caras e as potentes máquinas de agitação ou injeção de ar têm enorme consumo de energia. Ora, o aguapé faz gratuitamente este trabalho. É apenas lógico que alguns o considerem subversivo, assim como para outros são subversivas as bactérias que, num solo vivo, fixam gratuitamente o nitrogênio no ar. A tecnocracia prefere fixar este nitrogênio com imensos gastos de energia, em suas gigantescas usinas de síntese do amoníaco, para vendê-lo a preço de ouro ao agricultor, em vez de ensinar-lhe como manejar ecologicamente o solo e fazer as bactérias trabalharem para ele.


 


Voltando ao aguapé, ele propicia em suas raízes a proliferação de toda uma comunidade viva, constituída de bactérias aeróbias, algas, protozoários ou pequenos crustáceos e larvas de insetos ou moluscos, que fazem trabalho equivalente ao do lodo ativado das estações secundárias convencionais. Ele vai além, ele faz também o serviço das estações terciárias que, em geral, não são implantadas devido a seu alto custo. Além de absorver diretamente parte da matéria orgânica solúvel, o aguapé absorve os sais minerais resultantes da decomposição da matéria orgânica pela microvida que ele abriga.




Aqueles que consideram o aguapé como uma praga queixam-se de sua rápida proliferação. Mal sabem eles que em águas puras ele não tem vez, não consegue crescer, fica parado. Nos rios de águas claras e nos rios de águas negras do Amazonas o aguapé não prolifera como o faz nos rios da Flórida, Mississipi, Louisiana ou em nossos rios poluídos. No Amazonas ele só cresce com força nos rios barrentos, como o Solimões. Conheço banhados bem equilibrados onde ele mal sobrevive; noutros, bem poluídos, ele cobre tudo. Em minhas lagoas de purificação de esgotos, no verão, ele consegue crescer até oito por cento ao dia. Não há planta mais eficiente que o aguapé em aproveitamento de energia solar e nutrientes. Mas é nisso que está sua grande utilidade. Sua taxa de crescimento é indicação biológica do grau de poluição. Ele é um termômetro de poluição, ao mesmo tempo em que constitui magnífico instrumento para purificação de águas.



Se a proliferação do aguapé constitui problema, a solução não está na simples eliminação ou não introdução, está no manejo.



Pessoalmente, há mais de dez anos venho trabalhando com plantas aquáticas. O aguapé comum, a Eichhornia crassipes, é apenas uma entre dúzias de plantas extremamente interessantes. Aqui no Sul, em nosso clima subtropical, a Eichhornia não cresce no inverno, quando as temperaturas baixam de 20 graus. Para trabalho intensivo em lagoa de purificação pode-se usar outras espécies, nativas da região, como algumas Heterântheras, Hidrocótiles ou Enhydras, ou mesmo Pistias e Salvínias. Para efeitos especiais, pode-se introduzir plantas menores, como Lemnas, Spirodela e mesmo Wolffias. Estas últimas são indicadores biológicos mais precisos que a Eichhornia. A presença ou ausência destas plantas aquáticas minúsculas em certas partes das lagoas me dizem mais sobre a qualidade da água do que muita análise. Os melhores resultados se obtém com consorciações, não com monoculturas de plantas aquáticas.



Por isso, onde posso, trabalho com banhados naturais. Em Pelotas, numa fábrica de óleo de soja, há quatro anos funciona um esquema de purificação do efluente em um pequeno banhado natural. Havia e continua havendo mais de 50 espécies de plantas aquáticas. Pouco a pouco, a comunidade vai se estratificando dentro do lago, ficando cada espécie naquela parte do lago em que a qualidade da água mais corresponde às suas exigências. O aspecto mais gratificante neste tipo de trabalho é ver como aumenta a fauna aquática: sapos, rãs, pererecas, cobras, peixes, aves e mamíferos. Iniciamos outro esquema, também em Pelotas, há pouco tempo: desta vez, trata-se de purificar os efluentes cloacais de todo um bairro, ainda em banhado natural.



É claro que uma purificação eficiente só se consegue em lagoas ou banhados bem dimensionados e manejados. Mas isso não quer dizer que seja desprezível o efeito benéfico do aguapé que prolifera livremente em rios e lagos poluídos. Também nesses casos o aguapé pode ser manejado para não chegar a ser "praga". O excesso deve ser colhido sistematicamente, para manter constante a área coberta. Também se pode mantê-lo afastado de pontos sensíveis, como turbinas, bastando fazer barreiras flutuantes. Nunca se deve deixar que prolifere a ponto de cobrir completamente um corpo d'água. Quando ele se aperta demais, parte da massa vegetal afunda e temos o efeito que mencionamos anteriormente.



E o que fazer com a biomassa colhida?



Num país com tantos solos exaurido, desestruturados, sem vida, sem húmus, erodidos, nada melhor do que este tipo de biomassa. Só a falta de imaginação limita seu uso.



O aguapé pode ser aplicado, simplesmente, como cobertura orgânica morta (mulching), em pomares, vinhedos, hortas, jardins e praças. Aliás, em São Paulo, por que não usar o "desfrute" do aguapé da Billings para recultivar algumas das grandes e feias chagas de terraplenagem especialmente ao longo das estradas, ou nos terrenos dos BNHs que hoje, não sei por qual perversão mental de seus planejadores e arquitetos, só se levantam depois que maquinária pesada tiver transformado a terra em paisagem lunar.



A biomassa colhida permite também fazer um excelente composto, um dos melhores. O material se decompõe rapidamente, devido a seu alto conteúdo de água, e forma medas bem arejadas, que não precisam ser revolvidas até amadurecerem, O composto resultante é rico também em macro e micronutrientes.


Em floricultura descobri que aguapé seco e compactado, especialmente quando se trata das variedades gigantes da Salvínia, é excelente substrato para orquídeas. Muito melhor que o xaxim - e o crime que hoje se comete com o xaxim é gritante.

Mas muitas das espécies aquáticas, entre elas a Eichhornia, a Heteranthera, a Enhydra, são boa forragem. O caboclo na Amazônia, que vive em casas flutuantes nas margens dos rios, costuma colher Eichornia para seus porcos. Muares também aceitam muito bem esta planta. A vaca gosta muito da Enhydra, mas só aceita a Eichhornia se for seca, picada e introduzida na ração. Mas o búfalo gosta do aguapé. O porco também gosta da Heteranthera.



Na China faz-se um bom papel de Eichhornia. Sua celulose está livre de lignina. Uma fábrica de celulose de aguapé não teria o problema da poluição com a lixívia negra. Ao separar a celulose, sobra proteína, mais de 20% da massa seca. As fábricas de celulose deveriam investigar esta planta. Enquanto que numa monocultura de eucalipto, em condições propícias, a produção de biomassa dificilmente alcança 30 toneladas / hectare/ ano, a Eichhornia, em clima tropical e em água bem poluída, pode facilmente produzir entre 150 a 300 to/ha/ano, em base de matéria seca, com mais uma vantagem: a primeira colheira no eucalipto se faz aos sete ou oito anos, na Eichhornia podemos começar a colher em dois ou três meses. A celulose seria subproduto da purificação de águas cloacais ou efluentes industriais, como os de laticínios, frigoríficos e alguns outros. Esta purificação por si só já justifica o custo das lagoas.



Há os que propõem utilizar o aguapé para retirar metais pesados de águas poluídas. De fato, o aguapé pode retirar metais da água. Mas este é outro enfoque reducionista, é varrer lixo para baixo do tapete. Os metais devem ser retidos na fonte, na própria fábrica. No caso do cromo, em curtumes, por exemplo, a reciclagem na fonte significa renda adicional. A instalação se paga em poucos meses. Se usarmos o aguapé para captar metais pesados, o que fazer com a biomassa colhida? Ela estará contaminada. Teremos de levá-la para um aterro "sanitário". Que absurdo!



Quem sabe, a atual crise nos faça repensar muita coisa. Por que não trabalhar com a Natureza, em vez de combatê-la sempre? Quanto emprego estaríamos criando. Quanto jovem biólogo, agrônomo, engenheiro, químico, teria trabalho fascinante pela frente. Que pena que estejamos fechando horizontes, quando o que precisamos é abri-los.

José Lutzenberger
Ecologia - Do Jardim ao Poder. L&PM Editores Ltda. Porto Alegre 1985
Texto recopiado em 1998 por Carla, secretária de Claudia Steiner (Fundação Gaia de Manaus)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Bayer continua matando abelhas em todo o planeta




Enquanto a companhia alemã Bayer continuar fabricando e vendendo agrotóxicos neonicotinóides, populações de abelhas no mundo todo serão mortas.

É responsabilidade da Bayer o fenômeno conhecido como transtorno do colapso de colônias (CCD) – problema da mortalidade de colônias de abelhas – e está inserido entre os casos que serão apresentados de 3 a 6 de dezembro, no Tribunal Permanente dos Povos (TPP), em Bangalore (Índia) durante a sessão que processará as seis maiores multinacionais agroquímicas por violações dos direitos humanos.

“A morte das abelhas é um problema global e é fundamental discutir este tema e encontrar soluções internacionalmente. É um bom sinal que o TPP, como uma iniciativa global, aborde este tema, que é um problema ambiental e uma ameaça econômica”, disse Philipp Mimkes, porta-voz da Coalizão contra os perigos da Bayer, um grupo com sede na Alemanha.

Mimkes revelou que os imidaclopride (Gaucho) e clotianidina (Poncho) são os pesticidas mais vendidos da Bayer, apesar destes produtos, conhecidos como neonicotinóides, estarem ligados à morte de colônias de abelhas.

Em 2010, as vendas do Gaucho alcançaram a cifra de US$ 820 milhões e do Poncho US$ 260 milhões. Gaucho ocupa o primeiro lugar entre os agrotóxicos vendidos pela Bayer, enquanto o Pancho está em sétimo lugar. “Esta é a razão da Bayer, apesar dos graves prejuízos ambientais, lutar com unhas e dentes contra qualquer proibição na aplicação dos neonicotinóides”, afirma Mimkes.

Na Europa, em vários países o uso dos neonicotinóides foram proibidos. Na Alemanha, Itália, França e Eslovênia o Gaucho foi proibido no tratamento das sementes de milho, que é sua principal aplicação. No entanto, sua utilização é livre em vários países, incluindo os EUA, onde desde 2006, um terço da população de abelha já morreu.

As abelhas polinizam mais de 70, entre 100, culturas que fornecem 90% de alimentos do mundo. Entre frutas e vegetais, estão, por exemplo, as maçãs, laranjas, morangos, cebolas e cenouras. O declínio na população de abelhas tem efeitos devastadores para a segurança alimentar e é meio de subsistência dos agricultores. Além disso, pode afetar o valor nutricional e a variedade de nossos alimentos.

Diminuição das populações de abelhas

O termo CCD é utilizado para descrever a drástica diminuição das populações de abelha no mundo, que começou na década de 1990 – mesmo período em que os neonicotinóides entraram no mercado. Em 1994, a população de abelhas começou a morrer na França e mais tarde na Itália, Espanha, Suíça, Alemanha, Áustria, Polônia, Inglaterra, Eslovênia, Grécia, Bélgica, Canadá, EUA, Brasil, Japão e Índia.

Os neonicotinóides são uma classe de pesticidas que estão quimicamente relacionados com a nicotina. Eles são absorvidos pelo sistema vascular da planta e são liberados através das gotas de pólen, néctar e água que as abelhas se alimentam.

Embora o CCD seja causado, provavelmente, por vários fatores, incluindo estresse em função da apicultura industrial e a perda de seu habitat natural, muitos cientistas acreditam que a exposição aos pesticidas é um dos fatores mais críticos. Os neonicotinóides são de interesse particular por ter efeito cumulativo e subletais sobre as abelhas e outros insetos polinizadores. Estes efeitos incluem transtornos do sistema neurológico e imunológico refletidos aos sintomas observados nas mortes de abelhas.

O CCD tem um sério impacto sobre a economia dos apicultores de todo o mundo. Nos EUA, o volume dos negócios ligados a abelhas é de US$ 15 bilhões e as perdas em função do CCD são estimadas em 29 a 36% por ano.

Em 1991, a Bayer começou a produzir o imidadoprid, que é o mais utilizado em culturas de hortaliças, girassol e, especialmente, em milho. Em 1999, no entanto, a França proibiu o imidadoprid, após constatar que um terço das abelhas morreu após sua utilização. Cinco anos depois, também foi proibido no tratamento do milho.

A Bayer agora produz a clotiadina, uma sucessora do imidadoprid. Entrou no mercado americano em 2003 e no alemão em 2006. A clotiadina também é um neonicotinóides e altamente tóxico às abelhas.

Um estudo recente das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) descreveu que os pesticidas da Bayer imidacloprid e clotiadina colocam em risco diversos animais como gatos, peixes, ratos, coelhos, pássaros e minhocas. “Os estudos de laboratório demonstraram que estes produtos químicos podem causar a perda de direção, afetar a memória e o metabolismo cerebral e levar à mortandade”, revela o informe da Pnuma.

Devido ao seu alto grau de persistência, os neonicotinóides podem permanecer no solo durante vários anos. Os cultivos onde foram utilizados agrotóxicos anteriormente podem levar as toxinas para o solo através de suas raízes.

Em 2008 em Baden-Wuerttemberg, sul da Alemanha, morreram dois terços da população de abelhas após a clotianidina ser aplicada no tratamento de sementes de milho. Isto levou a uma perda de 17 mil euros. Foi comprovado que 99% das abelhas mortas continham clotianidina. As mariposas e outros insetos também morreram.

Pressão para deter os neonicotinóides

Segundo Mimkes, o grupo “está fazendo campanha contra os neonicotinóides desde 1997, quando os riscos ainda eram praticamente desconhecidos pelo grande público. É preciso pressionar para que a Bayer pare a fabricação e comercialização desses pesticidas, que são responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente e por prejuízos econômicos.

A novidade mais importante é que hoje em dia há milhares de informações, artigos e estudos do mundo todo sobre a correlação da exposição aos agrotóxicos, tais como os imidacloprid e clotiadina, e o declínio geral das abelhas. Apicultores e os grupos ecologistas em muitos países estão ativos e pressionando os governos e as autoridades para protegerem as abelhas”, disse.

Os ativistas recolheram 1,2 milhões de assinaturas para exigir que a clotianidina fosse retirada do mercado e elas foram apresentadas ao diretor geral da Bayer durante uma reunião de acionistas. O abaixo-assinado foi em função de uma nota interna dos EUA – agência de proteção ambiental (EPA) – que confirmou o risco que o agrotóxico representa para as abelhas e descreve que a Bayer apresentou estudos insuficientes.

Em 2003 a EPA solicitou que a Bayer apresentasse um estudo do ciclo de vida e os efeitos da clotianidina sobre as abelhas. A Bayer pediu mais tempo para terminar a pesquisa, continuou vendendo o produto e somente em 2007 apresentou o estudo.

Um memorando vazado diz que a EPA concedeu permissão a Bayer para realizar estudo sobre o óleo de canola, em vez do milho, uma distinção crucial já que a canola é um cultivo menor em comparação ao milho. Os testes foram realizados em terrenos pequenos e próximos uns aos outros.

A próxima reunião do TPP incluirá em sua acusação os governos e instituições que, em alguns casos, foram coniventes com as empresas transnacionais de agrotóxicos, violando o direito à vida, à saúde, entre outros direitos básicos.

Segundo Mimkes, “os PPT anteriores ajudaram a pressionar as empresas e esperamos que o próximo impulsione à campanha para deter a morte massiva de abelhas”.


O TPP tem raízes históricas nos tribunais sobre a guerra do Vietnã e nas ditaduras da América Latina. Em época mais recente à globalização corporativa, tem abordado e denunciado as multinacionais que operam acima das leis nacionais e cometem violações dos direitos humanos impunemente.

A próxima reunião do TPP terá como meta denunciar as transnacionais de agrotóxicos como Monsanto, Syngenta, Bayer, Dow Chemical, DuPont, Basf e mais seis empresas ligadas ao controle de alimentos e do sistema agrícola.

Tradução: Sandra Luiz Alves

Informação adicional: Permanent Peoples´ Tribunal www.agricorporateaccountability.net/en/page/general/20

Coordinadora contra os perigos da BAYER


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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A ILHA DE LIXO

Entre o litoral da Califórnia e o Havaí, uma área enorme ganhou um triste apelido: o Lixão do Pacífico. Levadas pela corrente marítima, toneladas e toneladas de sujeira, produzidas pelo homem, se acumulam num lugar que já foi um paraíso.



Um oceano de plástico, uma sopa intragável, de tamanho incerto e aproximadamente 1,6 mil quilômetros da costa entre a Califórnia e o Havaí e que, segundo estimativas, seria maior do que a soma de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.


É o Pacífico, o maior dos oceanos, agredido pela humanidade onde a humanidade raramente chega. Há plástico e plâncton, lixo e alimento, tudo misturado. Poluindo o paraíso, confundindo as aves, criando anomalias - como a tartaruga que cresceu com um anel de plástico em volta do casco - e matando os moradores do mar.


Mas qual será afinal o tamanho exato gigantesca massa de lixo que se acumula no Oceano Pacifico? Será que a gente ainda tem tempo para limpar tudo isso? E os animais? Se adaptam ou sofrem as consequências?



Charles Moore viajava pelo Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, quando resolveu arriscar um novo caminho. "Foi perturbador. Dia após dia não víamos uma única área onde não houvesse lixo. E tão distantes do continente”, lembra o capitão.



Como um descobridor nos tempos das Navegações, Charles Moore foi o primeiro a detectar a massa de lixo. E batizou o lugar de Lixão do Pacífico. Primeiro, viu pedaços grandes de plástico, muitos deles transformados em casa para os mariscos. Depois, quando aprofundou a pesquisa, o capitão descobriu que as águas-vivas estavam se enrolando em nylon e engolindo pedaços de plástico. O albatroz tinha um emaranhado de fios dentro do corpo.



"Antes não havia plástico no mar, tudo era comida. Então os animais aprenderam a comer qualquer coisa que encontram pela frente. Você pode ver que eles tentaram comer isso [pedaço de embalagem]. Mas não conseguiram", diz o capitão.



Com a peneira na popa, o capitão e sua equipe filtram a sopa de plástico e fazem medições. Já descobriram, por exemplo, que 27% do lixo vem de sacolas de supermercado. Em uma análise feita com 670 peixes, encontraram quase 1,4 mil fragmentos de plástico.



São informações valiosas, fonte de pesquisa e argumentos para a grande denúncia de Charles Moore: "Gostaria que o mundo inteiro percebesse que o tipo de vida que estamos levando, isso de jogar tudo fora, usar tantos produtos descartáveis, está nos matando. Temos que mudar, se quisermos sobreviver."



Um gesto despreocupado, uma simples garrafa de plástico esquecida em uma praia da Califórnia. Muitas vezes ela é devolvida pelas ondas e recolhida pelos garis. Mas grande parte do material plástico que é produzido nessa região acaba embarcando em uma longa e triste viagem pelo Oceano Pacifico.



E voce o que faz com o lixo????


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

“LA AGRICULTURA NATURAL es el único futuro posible”:

“Fue como una revelación. Apenas leí una línea dije: Esto es. Estaba convencido de que EL SER HUMANO PUEDE VIVIR UNA VIDA SANA SIN MEDICAMENTOS, si se rodea de un entorno sano y se alimenta de forma sana. Buscaba autores que hubieran trabajado en esa dirección y fue así como descubrí a Fukuoka. A los pocos meses lo dejé todo y me fui a Japón. Tenía 30 años”

“Nuestros retos no sólo son sembrar bolas de arcilla en todo el mundo, sino crear GRANJAS AUTOSUFICIENTES, en Grecia y en todos los países subdesarrollados de Asia, África y América Latina”

“En los últimos diez años hemos sembrado grandes superficies, de 500, 1.000, 10.000 hectáreas. Nunca cobramos nada. Todo el mundo cree que necesitamos dinero para hacer cosas. Yo creo que necesitamos corazón”

“Hace cien años, cualquier tipo de agricultura alternativa era buena. Pero en estos momentos ya no nos queda tiempo. Con la agricultura natural y las bolas de arcilla podemos sembrar grandes áreas de una sola vez con la ayuda de aviones, y de esta manera hacer reverdecer la tierra. Ningún otro método tiene una propuesta a este nivel”

“Hasta ahora, la ciencia, la religión y la filosofía han estado desconectadas. Es la mente científica la que nos ha marcado el camino y hemos llegado a un punto muerto. HEMOS DESTRUIDO LA NATURALEZA Y POR ESO SUFRIMOS”

Panos Manikis, discípulo de Masanobu Fukuoka

Continuar leyendo en El Blog Alternativo: http://www.elblogalternativo.com/2010/06/12/la-agricultura-natural-es-el-unico-futuro-posible-entrevista-a-panos-manikis-discipulo-de-fukuoka/#ixzz18CKYEesB

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Hortaliças não convencionais - EPAMIG


BOM DIA! Está disponível na internet, a cartilha elaborada pela EPAMIG sobre hortaliças não convencionais. Espetacular trabalho, mostrando o valor de muitas espécies, tidas como inço em nossas hortas.Vou reproduzir algumas páginas desta cartilha, neste blog.
um abraço e bom cultivo
alexandre

Hortaliças não convencionais são aquelas presentes em determinadas localidades ou regiões e que exercem uma grande influência na alimentação de populações tradicionais. Compõem pratos típicos regionais, importantes na expressão cultural dessas populações.

De modo geral, são hortaliças que em algum momento foram largamente consumidas pela população, e, por mudanças no comportamento alimentar, passaram a ter expressões econômica e social reduzidas, perdendo espaço e mercado para outras hortaliças.

Diante disso, o resgate e a valorização dessas hortaliças na alimentação representam ganhos importantes do ponto de vista cultural, econômico, social e nutricional.

Quais são as hortaliças não convencionais?

Não existe uma lista fixa destas hortaliças, pois à medida que se vai conhecendo os costumes culinários mais interioranos de Minas Gerais e do Brasil, uma nova espécie é acrescentada a esta relação.

Algumas dessas hortaliças são: almeirão-de-árvore, araruta, azedinha, beldroega, bertalha, capuchinha, cará-moela, chicória-do-pará, chuchu-de-vento, feijão-mangalô, inhame, jacatupé, jambu, maria-gondó, ora-pro-nóbis, peixinho, serralha, taioba, taro, vinagreira e outras mais.

Para o cultivo, deve-se atentar para a adoção de práticas agrícolas conservacionistas. Assim, para o preparo do solo, devem ser realizadas aração e gradagem, efetuando-se o enleiramento, a formação de canteiro ou camalhões e a adubação de acordo com a necessidade de cada cultura.

Fonte: cartilha Hortaliças não convencionais - EPAMIG




sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

PAIS - CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO



Locutor – Fundação Banco do Brasil, SEBRAE e Ministério da Integração Nacional apresentam “Tecnologia Social PAIS” (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), mais alimento, trabalho e renda no campo.


Neste vídeo veremos a montagem do sistema de irrigação por gotejamento.

Aly NDiaye (engenheiro agrônomo idealizador da tecnologia) – O sistema de irrigação aqui adotado é por gotejamento por dois motivos: primeiro que economiza água doce. Segundo que economiza o tempo do produtor. É um sistema bem simples. Uma caixa d’agua a cinco metros de altura traz água por gravidade através de uma mangueira preta até um determinado ponto. Nessa mangueira preta, são acopladas fitas gotejadoras e então usá-la no processo. Está prevista também uma saída para o quintal agroecológico que o produtor pode usar em caso de seca prolongada.



Locutor – Para montar o sistema de irrigação, é necessário que exista energia elétrica para acionar a bomba que levará a água até a caixa. Um sistema de energia solar ou a utilização da gravidade. São alternativas para locais onde não haja energia elétrica.

Aly NDiaye (engenheiro agrônomo idealizador da tecnologia) – Agora a gente vai começar a esticar a mangueira para o sistema de irrigação. Vocês estão vendo que furamos, colocamos um registro e colocamos a saída para a mangueira de uma polegada. Ela vai ser enterrada nessa direção e parte para a porta, que dá no sistema.



Locutor – Agora, fique atento para alguns cuidados que devem ser tomados na montagem do sistema de irrigação: a colocação das fitas gotejadoras deve ser feita com muito cuidado para evitar danos. A limpeza dos filtros deve ser feita periodicamente para evitar entupimento nas fitas gotejadoras. A pressão da água deve ser controlada de forma que as fitas não fiquem muito tensionadas.

Dionísio Mendes de Souza, agricultor de Parangatu-GO – Quando eu falava pro meu filho “Oh, vai molhar a horta” era aquela luta: “Ah pai, de novo? São duas, três horas envolvido com aquilo ali”. E além do mais era um serviço pesado pra um garoto, por exemplo, carregar dois regadores, que é o jeito que eu trabalhava. Agora sim vai estar molhando normalmente, sem o trabalho mecânico, enquanto eu posso estar fazendo um outro serviço no horário em que eu estaria molhando a horta, manualmente.



Locutor – Quando você economiza água está contribuindo com o futuro do planeta. Isso é tecnologia social. Isso é PAIS na agricultura familiar.

Aly NDiaye (engenheiro agrônomo idealizador da tecnologia) – A comunidade está se beneficiando, a sociedade local está crescendo com isso e a natureza agradece. Tem que ter padrões e começar a medir esses ganhos ecológicos e sociais. Acho que isso é fundamental dentro do processo. Essa discussão é um resultado.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Uso do Pó de Rocha para Adubação de Eucalipto no Cerrado

 


Eucaliptos em solo adubado com pó de rocha

A experiência de manejo alternativo na cultura de eucalipto, com uso de pó de rocha em substituição aos adubos químicos convencionais, tem sido positiva na bacia do Rio Pardo, no norte de Minas Gerais.

A Embrapa Cerrados, coordena desde 2003 a Rede AgriRocha, formada por cerca de 100 pesquisadores que avaliam o potencial das diferentes rochas brasileiras como fontes de nutrientes para a agricultura. As rochas com potencial de uso para a agricultura estão expostas na superfície ou são sub-produtos da atividade mineradora. Elas passam por um processo chamado de rochagem, no qual são transformadas em pó. O pó de rocha fornece nutrientes ao solo, como cálcio, fósforo, magnésio e, principalmente, potássio.

Outra função dessas rochas é de serem condicionadores do solo. Isto é, permitem que outros nutrientes e condições do solo sejam mais equilibrados e que os nutrientes sejam disponibilizados conforme a demanda da cultura. Especialmente em culturas perenes, como os eucaliptos, essas fontes são de disponibilização lenta. “A vantagem disso, em comparação às fontes convencionais, é que o agricultor não precisa ficar repondo os fertilizantes”, ressalta o pesquisador Éder Martins.

A adubação do eucalipto com pó de rocha garante o desenvolvimento da planta, desde sua fase inicial. “A planta dá uma arrancada já na fase inicial e demonstra um crescimento muito maior do que no manejo tradicional”, destaca Éder.

Pó de rocha - Além de sua contribuição para a agricultura, o uso dos rejeitos de mineração tem uma importância ambiental, pois aproveita esse subproduto, que pode causar impactos negativos para o meio ambiente. Outra solução para reduzir ainda mais os custos é de que o transporte do pó de rocha seja local ou regional, o que pode fortalecer pequenas mineradoras nacionais e gerar empregos, já que agrega valor ao que, até agora, era apenas rejeito de mineração.

 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Azolla cultivation help Lower Dibang Valley farmers

Adoption of Azolla cultivation has helped farmers in Lower Dibang Valley in providing a sustainable alternative to introduced farming and food production practices.



Introduced in the district by Krishi Vigyan Kendra (KVK) Roing, azolla is a small aquatic plant containing abundant nutrients which is used as fodder for dairy cattle, pigs, chickens, ducks and fish. It can be also used as a fertilizer for vegetables.

“Progressive farmers are selected as beneficiaries and provided with azolla multiplication units consisting of quality seeding materials, silpaulin sheet, Azofert, Azophose and harvesting net,” said TJ Ramesha, Project Coordinator, KVK Roing.
“Twenty seven farmers from across the district have been provided with the assistance including several self help groups.”

Production technology

A pit (2 m length, 1 m wide and 1 ft depth) is first prepared in a leveled and clean area. A silpauline sheet (0.5 mm gauze) of 2.5 m x 1.5 m size is uniformly spread over the pit. Slurry is then prepared using 5 kg of sieved soil, 2 kg cow dung, 30 g of super phosphate (SPP) and poured on to sheet. Later, more water is poured on to raise the water level to about 5-6 inches. About ½ kg of pure Azolla mother culture is spread over the water. The Azolla spreads all over the tank and appears like a thick green mat in 7-10 days time. Daily ½ kg of Azolla can be harvested thereafter.

As Fodder / Feed

Azolla is rich in nutrients such as 25-35 % protein, 10-15% minerals, 7-10% amino acids and other bio-active substances etc. Due to its high protein and low lignin content, livestock (cattle, sheep, goat, pigs and rabbits), poultry and fish can easily digest it. It can be mixed with concentrate feed or can be given raw to the animals.

Responses

The introduction of azolla spelt a revolution for the farmers, who are now reaping the benefits.

According to Raju Linggi, a farmer from Iduli village, he now reaps better harvest than he normally does using the traditional or commercial fodder.

“Use of azolla as fodder has greatly reduced the expenditure on commercial feeds,” he says. “It is cheap, easy to grow and grows fast in a week’s time. From tenth day it can be harvested everyday.”

Growing azolla for last seven months, Linggi says he is also witness to seeing his livestock production yielding good results. “Poultry birds and fish grows fast with bigger in sizes.”

site: http://www.dibangnews.com/2011/11/azolla-cultivation-help-lower-dibang.html

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

minhocário campeiro



O assunto deste programa é adubação orgânica. Você vai aprender como produzir um humus de minhoca de qualidade. E também como construir o minhocário campeiro, uma alternativa simples e barata para a propriedade

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Será mesmo o triunfo do lixo?

O homem descarta mais resíduos do que a Terra suporta e ameaça a própria sociedade humana.


O homem já movimenta volume de material na mesma quantidade que a Terra, em seu ciclo normal, o que é muito mais do que o meio ambiente pode suportar. Se há exageros no planeta, o mesmo ocorre no Brasil, aonde a população equivale a 2,7% do total mundial, o Produto Interno Bruto (PIB) corresponde a 3,5% da riqueza global, mas os habitantes descartam 5,5% dos resíduos planetários.

Esta é apenas uma das avaliações feitas pelo geógrafo e sociólogo Maurício Waldman, autor, entre outros, do livro “Lixo: cenários e desafios” (Cortez, 2011), ao repórter Manuel Alves Filho, do Jornal da Unicamp, cuja matéria o Correio Riograndense foi autorizado a reproduzir.

Se a humanidade vive a era do conhecimento, vive igualmente a era do lixo. Do ponto de vista quantitativo, a natureza movimenta, em seu ciclo normal, 50 bilhões de toneladas de materiais por ano. Os homens, por seu turno, movimentam 48 bilhões de toneladas no mesmo período, sendo que 30 bilhões são de resíduos. “Isso é muito mais do que o ambiente pode suportar”, sentencia o geógrafo e sociólogo Maurício Waldman, especialista no tema. Ele é o autor, entre outros, do livro Lixo: Cenários e Desafios, indicado como um dos dez finalistas do Prêmio Jabuti 2011 na categoria Ciências Naturais. A obra é resultado da pesquisa de pós-doutoramento de Waldman, desenvolvida no Departamento de Geografia do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, sob a orientação do professor Antonio Carlos Vitte e com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq).

O lixo, conforme o pesquisador, tem sido um problema recorrente em todo o mundo, inclusive no Brasil. Não bastasse a humanidade estar crescendo e gerando cada vez mais resíduos, o quadro vem se agravando graças à inércia das autoridades públicas, que pouco têm feito para reciclar ou dar destinação adequada aos rejeitos. Além disso, a sociedade também não faz a sua parte ao aumentar exageradamente o consumo de bens e produtos e ao descartar, sem a mínima cerimônia, seus detritos em qualquer lugar. “O Estado não age e o cidadão não se movimenta. O resultado dessa combinação é dramático. A continuar assim, o lixo pode vir a inviabilizar a sociedade humana, pelo menos tal como a conhecemos”, adverte Waldman.


Aos que possam considerar as suas previsões apocalípticas, o pesquisador rebate com números. De acordo com ele, o Brasil, um dos países que mais sofrem com a problemática, é um grande gerador de lixo. Embora sua população seja equivalente a 2,7% do total mundial e seu Produto Interno Bruto (PIB) corresponda a 3,5% da riqueza global, os brasileiros descartam 5,5% dos resíduos planetários. “Quer outros dados? Pois bem, entre 1991 e 2000 a população brasileira cresceu 15,6%. No mesmo período, o país ampliou seus descartes em 49%. Em 2009, o incremento demográfico foi da ordem de 1%. Entretanto, a geração de rejeitos aumentou 6%. Trata-se de uma expansão perversa”, afirma.



Questões - Questionado sobre o que deve ser feito para que não ocorra o triunfo do lixo sobre a humanidade, o geógrafo e sociólogo faz algumas ponderações. Para alívio daqueles que estão preocupados, ele inicia respondendo que o problema tem solução. Depois, afirma que há três questões a serem pensadas. A primeira delas é a necessidade de as pessoas adotarem um consumo mais consciente de bens e produtos. “Atualmente, cada brasileiro gera 3,5 quilos de lixo proveniente de equipamentos eletroeletrônicos por ano. É muita coisa. O cidadão tem que ter maior consciência de que não vale a pena trocar o celular X pelo Y apenas porque a versão mais recente do aparelho tem uma luz que pisca durante a ligação”, diz.

A segunda questão está no imperativo da mudança de postura da indústria, que trabalha com o conceito da obsolescência precoce, modelo de produção e consumo classificado pelo pesquisador como “pornográfico”. “Havia uma série de TV nos anos 70 intitulada Missão Impossível, na qual uma voz avisava ao personagem que a mensagem que ele estava ouvindo se autodestruiria em cinco segundos. O que a indústria faz é dizer aos consumidores que seu televisor ou lavadora de roupa se autodestruirá em 12 meses. Isso precisa mudar”, defende.

Por último, mas não menos importante, o pesquisador avalia que o Estado também tem que dar sua contribuição à causa do controle eficiente do lixo, formulando políticas públicas sérias e consequentes. “Tem gente idealista que tem trabalhado nesse sentido, como pesquisadores em universidades e institutos de pesquisa, mas isso infelizmente ainda não é regra geral”, lamenta. Deixar de dar aos resíduos tratamento e destinação adequados, conforme Waldman, não representa apenas um desrespeito ao ambiente e à qualidade de vida das pessoas. Significa também desperdício de dinheiro e oportunidades.


No entender do especialista, o Brasil poderia ampliar significativamente o índice de reciclagem do lixo, tanto o seco quanto o orgânico. “Aliás, muita gente costuma cometer um erro gravíssimo ao citar unicamente a reciclabilidade do lixo seco. O úmido também é reciclável, visto que pode ser recuperado pelo ciclo da natureza. Algumas estatísticas apontam que a taxa de reaproveitamento dos resíduos no país poderia ser ampliada para 52% ou 59%. Além de menor agressão à natureza, isso representaria a geração de renda e trabalho. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que, na linha do tempo, nós já desperdiçamos US$ 8 bilhões por não reaproveitarmos o lixo. É um dinheiro que poderia ter sido aplicado na saúde, na educação e em programas de inclusão social”, imagina Waldman.

Sobre a solução para o problema dos rejeitos, o pesquisador assinala que a questão não é somente brasileira, mas mundial. “Como dizia o geógrafo Milton Santos, de quem sou admirador, qualquer problemática global nos dias atuais não pode ser tratada por um grupo de ‘iluminados’. Os problemas globais precisam ser pensados coletivamente. É necessário unir conhecimentos e competências, além, obviamente, de envolver nas discussões os diversos segmentos da sociedade civil organizada. Sem essas iniciativas, dificilmente haverá saída”, alerta.

Produção de lixo


Qual a quantidade de lixo produzido em todo o mundo? Esta é uma pergunta difícil de responder. Os números variam muito. A única coisa que dá para dizer, com certeza, é que a quantidade é grande e varia de país para país e de cidade para cidade.

Os maiores consumidores do mundo, os norte-americanos, produzem 1,8 kg por dia. A cidade de São Paulo tem números de primeiro mundo em relação ao lixo: cada paulistano produz 1,2 kg por dia de lixo (Fonte: Web-Resol). Países pobres e ricos têm estimativas diferentes para a quantidade de lixo. Os pobres produzem de 100 a 220 kg de lixo a cada ano ou de 0,27 kg a 0,6 kg/dia. E os ricos produzem de 300 kg a uma tonelada por ano ou de 0,82 kg a 2,7 kg/dia, segundo a ONU. Nova York, provavelmente, é a campeã com 3 kg de lixo por pessoa/dia.

Fonte: correio riograndense

E você o que faz com seu lixo??

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Plantas resistentes a herbicidas

A aplicação repetida de um mesmo herbicida favorece a resistência de plantas daninhas


Aumento dos custos de produção, impactos ambientais e maior resistência de plantas a herbicidas. Esses são os principais fatores provocados por práticas culturais ineficientes e pela utilização inadequada de herbicidas. Segundo o pesquisador Décio Karam, da Embrapa Milho, a resistência de determinadas plantas foi notificada em 1980 com o surgimento da enzima ALS (acetolactato sintase). A partir dessa data, outras espécies foram sendo descritas como resistentes, sendo que herbicidas inibidores dessa enzima são os produtos que mais selecionaram plantas daninhas resistentes no Brasil e no mundo. “Com a introdução das culturas transgênicas resistentes ao herbicida glyphosate, a pressão de seleção imposta pelas glicinas tende a aumentar e, consequentemente, o surgimento de mais populações resistentes a esse grupo herbicida”, explica.

 
Em 2008, no Paraná, houve o primeiro relato de planta resistente à atrazina, herbicida usado no milho, cana e sorgo para o controle de ervas. Outro exemplo é a tolerância da losna-branca aos herbicidas chlorimuron-ethyl, imazethapyr, foransulfuron + iodosulfuron-methyl e chloransulan-methyl, utilizados em diferentes culturas em sucessão. “Com isso, o manejo de populações que apresentam resistência múltipla torna-se de extrema dificuldade, já que esses mecanismos são os mais utilizados nessas culturas em sucessão”, interpreta.

Entre as ocorrências mais recentes, o pesquisador alerta para o surgimento do azevém, gramínea agressiva resistente aos herbicidas da classe das glicinas, o “que poderá ocasionar alguma dificuldade de controle em cultivares de milho resistentes ao glifosato.”

Situações semelhantes têm sido verificadas em relação à buva, leiteiro, comum em pastagens, e capim amargoso, já relatadas no país como resistentes ao glifosato. “O surgimento de plantas resistentes a herbicidas sempre estará associado a mudanças genéticas na população em função da seleção ocasionada pela aplicação repetida de um mesmo herbicida ou herbicidas com um mesmo mecanismo de ação”, alerta.

Uso indiscriminado é prática comum

Estima-se que o uso de herbicidas na cultura do milho tenha alcançado 70% das áreas cultivadas. Na safra de verão, segundo o pesquisador Décio Karam, essa porcentagem sobe para 90%, sendo que na safrinha o uso da atrazina tem ocorrido na maioria das aplicações. Além desse, o glifosato e o 2,4D correspondem a aproximadamente 76% do volume comercializado. “Os herbicidas têm sido o agrotóxico mais utilizado na agricultura brasileira”, diz.

“Se o manejo de plantas daninhas por meio do controle químico não for bem planejado, poderá haver aumento da pressão de seleção, contribuindo para o surgimento muito mais rápido de mais espécies resistentes aos herbicidas”, pondera Karam.

fonte: correio riograndense

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