A aplicação repetida de um mesmo herbicida favorece a resistência de plantas daninhas
Aumento dos custos de produção, impactos ambientais e maior resistência de plantas a herbicidas. Esses são os principais fatores provocados por práticas culturais ineficientes e pela utilização inadequada de herbicidas. Segundo o pesquisador Décio Karam, da Embrapa Milho, a resistência de determinadas plantas foi notificada em 1980 com o surgimento da enzima ALS (acetolactato sintase). A partir dessa data, outras espécies foram sendo descritas como resistentes, sendo que herbicidas inibidores dessa enzima são os produtos que mais selecionaram plantas daninhas resistentes no Brasil e no mundo. “Com a introdução das culturas transgênicas resistentes ao herbicida glyphosate, a pressão de seleção imposta pelas glicinas tende a aumentar e, consequentemente, o surgimento de mais populações resistentes a esse grupo herbicida”, explica.
Entre as ocorrências mais recentes, o pesquisador alerta para o surgimento do azevém, gramínea agressiva resistente aos herbicidas da classe das glicinas, o “que poderá ocasionar alguma dificuldade de controle em cultivares de milho resistentes ao glifosato.”
Situações semelhantes têm sido verificadas em relação à buva, leiteiro, comum em pastagens, e capim amargoso, já relatadas no país como resistentes ao glifosato. “O surgimento de plantas resistentes a herbicidas sempre estará associado a mudanças genéticas na população em função da seleção ocasionada pela aplicação repetida de um mesmo herbicida ou herbicidas com um mesmo mecanismo de ação”, alerta.
Uso indiscriminado é prática comum
Estima-se que o uso de herbicidas na cultura do milho tenha alcançado 70% das áreas cultivadas. Na safra de verão, segundo o pesquisador Décio Karam, essa porcentagem sobe para 90%, sendo que na safrinha o uso da atrazina tem ocorrido na maioria das aplicações. Além desse, o glifosato e o 2,4D correspondem a aproximadamente 76% do volume comercializado. “Os herbicidas têm sido o agrotóxico mais utilizado na agricultura brasileira”, diz.
“Se o manejo de plantas daninhas por meio do controle químico não for bem planejado, poderá haver aumento da pressão de seleção, contribuindo para o surgimento muito mais rápido de mais espécies resistentes aos herbicidas”, pondera Karam.
fonte: correio riograndense
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