Há algum tempo venho escrevendo sobre resíduos sólidos. Já abordamos aqui sobre plástico, sobre reciclagem de metais e outros resíduos, mas pretendo chamar a atenção para os resíduos orgânicos. Para os resíduos sólidos, que chamamos comumente de lixo seco, sabe-se que o destino mais adequado é a reciclagem, mas e o “lixo” orgânico, o que podemos fazer com ele?
A primeira ressalva que eu gostaria de fazer é sobre a palavra “lixo”. Lixo é aquilo que realmente não tem utilidade, que não serve para nada, que deve ser descartado ou desprezado e é por isso que os técnicos e as pessoas que trabalham com isso preferem chamar de “resíduos sólidos”, pois eles são resíduos e podem ser reaproveitados, reutilizados, reciclados, etc. Então vamos aos resíduos orgânicos.
Não se fala muito em reciclagem para o resíduo orgânico, no entanto se fala cada vez mais em compostagem. Mas por incrível que pareça, a compostagem é, em outras palavras, a reciclagem dos resíduos orgânicos como bem define a Embrapa: “A compostagem é um método aeróbio de reciclagem e tratamento dos resíduos orgânicos que busca reproduzir algumas condições ideais observadas no processo natural de degradação da matéria orgânica, bem como garantir a segurança do processo”.
O interessante é que tem muita ciência por trás da compostagem, o que muitas vezes parece ser um processo aleatório, natural e sem muito cuidado, na verdade, para que ele aconteça é necessário ter método.
A própria Embrapa oferece um curso para quem deseja entender ou mesmo fazer utilização de compostos orgânicos em suas propriedades rurais ou até mesmo em sua residência (Clique aqui para saber mais).
Mas confesso que esse processo pode ser bastante trabalhoso para quem, como eu, mora numa casa e quer dar uma destinação mais adequada aos seus resíduos sólidos orgânicos, sem gastar muito tempo. Por isso eu fui em busca de outro tipo de compostagem, a que é feita com minhocas. Meu objetivo é fazer com que se gaste menos recursos públicos e privados para que os resíduos orgânicos sejam transportados e despejados em um aterro sanitário.
Ao fazer a minha própria compostagem doméstica evito que esse material viaje por quilômetros para chegar a um aterro sanitário onde não será utilizado para absolutamente nada. E o que eu ganho com isso? A produção de um excelente composto orgânico para ser utilizado em hortas, assim como um biofertilizante líquido também muito rico para adubação de plantas.
Muitas pessoas ainda têm dúvidas se vale a pena ter uma composteira doméstica e como manejar essa composteira. Já tive relatos de colegas que tiveram problemas com suas composteiras e desistiram. Eu fiz um vídeo para o meu canal do YouTube em que você pode entender melhor como a composteira funciona, quais os tipos de produtos que ela gera e como utilizá-los. Assista ao vídeo aqui.
Lembrando que a compostagem com minhocas não fede, não contamina e se fizer direitinho você terá ótimos resultados. No condomínio onde eu moro ela também é feita em larga escala e os moradores recebem dois sacos de compostos (adubo) por mês, mas existem outras soluções para compostagem em larga escala como a demonstrada no curso da Embrapa supramencionado.
Em larga escala a compostagem tem se tornado economicamente viável e é a melhor alternativa para a reciclagem deste tipo de resíduo. Ela exige manejo, cuidados, mas os resultados são incríveis.
* Leonardo Milhomem é especialista em gestão de Políticas e Sistemas Educacionais pela Escola Nacional de Administração Pública. É mestre em Gestão de Políticas e Sistemas Educacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e possui mais de 20 anos de experiência incluindo a área ambiental, educacional e social. Além disso, tem experiência no terceiro setor, setor privado e no serviço público, onde ocupou cargos importantes de coordenação-geral e direção em diversos ministérios.
Há semanas as chuvas marcam presença em diversas partes do Brasil e, além de causarem transtornos no dia a dia das cidades, prejudicam as plantas e jardins. Apesar de servir como condutor dos nutrientes que mantém a seiva alimentada, o excesso de água deixa o solo encharcado e também os varre para longe das plantas. Além disso, a umidade é campo fértil para a proliferação de bactérias, fungos, pulgões e cochinilhas, que se alimentam de folhas, flores e frutos.
“As plantas, de uma forma geral, suportam muito melhor a falta de água do que o excesso. Quando o solo não consegue absorver a totalidade da água de chuva, as raízes são as primeiras a sofrer e, em casos extremos, apodrecem. É como se o encharcamento atacasse o coração da planta e ela morre”, alerta o paisagista Eder Mattiolli.
As espécies que mais sofrem nessas circunstâncias são as que têm a capacidade de reter líquido, caso dos cactos e suculentas. “Os canteiros de flores também são bastante delicados e poderão ficar condenados com uma semana de chuva sem trégua”, completa.
Prevenção e tratamento
A morte do jardim em períodos de chuva, no entanto, só acontecerá se ele não tiver uma boa drenagem. O ideal é agir preventivamente, preparando o solo. “Antes do plantio prepara-se o espaço com tubos corrugados, específicos para drenagem, manta bidim e pedra brita”, aconselha Mattiolli.
Um paliativo muito usado é a instalação de sombrite, tela usada em estufas, que permite a incidência de raios solares e a passagem controlada da água da chuva. O artifício não é efetivo no caso de precipitações constantes, mas funciona bem para um dia de chuva intensa.
Um cuidado essencial nos dias após as chuvas torrenciais é evitar regas e observar manualmente o solo e as plantas, em especial as folhas. Quando elas amarelarem ou ficarem com aspecto estranho, talvez seja necessário poda de contenção e reforço na adubação.
O solo também merece atenção especial no pós-chuva. Em alguns casos será necessário recompor a terra e adubá-la para não deixar a raiz da planta desprotegida e o solo, pobre em nutrientes.
Replantio
Em casos extremos pode ser necessário substituir algumas mudas. O ideal, neste caso, é investir em espécies mais resistentes ao acúmulo de água. Como regra geral, quanto mais “suculenta” for a planta, menos ela resiste à extrema umidade.
Entre as espécies mais recomendadas para áreas ou períodos chuvosos estão o Amor Perfeito, Ixora, Calandiva, Copo-de-Leite, Begônia e Antúrio.
Atualmente, cresce a procura por jardins que possam ter plantas
que tenham alguma função, não se restringindo apenas ao aspecto ou
beleza.
amora preta uma bela cerca viva
Medicinais e frutíferas são muito procuradas. Plantas como a
jabuticabeira (Myrcia cauliflora), ou a nespereira (Eriobotrya japonica) estão sendo cada vez mais freqüentes em bordas de estradas ou canteiros centrais em ruas de mão dupla.
Cercas vivas que impeçam que se olhe para dentro de um jardim ou que
diminuam o impacto do ambiente externo ajudam a criar um clima de
intimidade e diminui o efeito do barulho externo. Essa barreira
psicológica que se cria ao se impedir o contato do interior com o
exterior pode ser feita através de plantas arbustivas com uma poda
adequada, ou com o uso de plantas trepadeiras de folhagem densa
conduzidas no sistema de espaldeiras.
Neste sentido, o maracujá azedo (Passiflora edulis) é uma
ótima alternativa. Possui uma bela e densa folhagem no verão e tem uma
pequena queda de folhas no inverno. Na primavera começa a emitir suas
belíssimas flores e seu cheiro forte, além de nos fornecer frutos
durante um longo período.
A lagarta Dione juno juno é a principal desfolhadora e pode ser controlada pelo esmagamento dos grupos, pois é um inseto gregário na fase de larva.
O maracujá doce (Passiflora alata) pode ser usado em
pequenos aramados ou em pergolados pequenos associado a alguma outra
planta. É mais susceptível a percevejos e possui uma aparência mais
suave e menor quantidade de folhas.
Foto: Dave Italy
Outra planta trepadeira que pode ser utilizada é a videira. Muitas plantas do gênero Vitis
podem ser empregadas para sombra se conduzidas da forma latada ou para
cercas, se conduzidas em espaldeiras. É pouco provável que haja uma
grande produção de uva neste caso. Uma videira produtiva vem acompanhada
de um grande aporte de inseticidas e fungicidas. Porém, com um pouco de
cuidado e adequada adubação orgânica, podemos produzir alguns cachos
com boa aparência e saborosos.
A videira na forma latada pode formar uma densa sombra no auge do
verão, perdendo suas folhas no inverno. Porém, tanto na forma latada
quanto na espaldeira, uma poda adequada e muito mais refinada do que no
maracujá deve ser feita no final do inverno ou na entrada da primavera.
Uma outra planta que pode ser utilizada da mesma forma é o chuchu (Sechium edule).
É mais simples de ser conduzida e no inverno sua parte aérea seca
completamente. Não é muito adequada para locais que necessitem de mais
limpeza ou de plantas mais delicadas, pois é rústica e perde grande
quantidade de folhas. Para a manutenção de um ano para outro, é preciso
que se mantenham alguns frutos no solo para que brotem novamente.
Colaborador: Rafael Meirelles