sexta-feira, 11 de abril de 2014

Como fazer mudas de jabuticaba, a partir de sementes, Myrciaria caulifl...

Polinização das abelhas representam 10% do valor da produção agrícola mundial



A humanidade tem explorado colônias de abelhas produtoras de mel desde a pré-história, mas somente nos últimos anos se deu conta de que a importância desses insetos para a sua alimentação vai muito além da fabricação do poderoso adoçante natural.
“O mel é, na verdade, um subproduto pequeno quando comparado ao valor do serviço de polinização prestado pelas abelhas, que corresponde a quase 10% do valor da produção agrícola mundial”, destacou a professora da Universidade de São Paulo (USP) Vera Lúcia Imperatriz Fonseca, durante palestra no segundo encontro do Ciclo de Conferências 2014 do programa BIOTA-FAPESP Educação, realizado no último dia 20, em São Paulo.
Cientistas estimam que no ano de 2007, por exemplo, o valor global do mel exportado tenha sido de US$ 1,5 bilhão. Já o valor dos serviços ecossistêmicos de polinização em todo o mundo era calculado em US$ 212 bilhões. Os dados foram levantados em diversos estudos e estão reunidos no livro Polinizadores no Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais, um dos vencedores do Prêmio Jabuti de 2013.
As verduras e frutas lideram as categorias de alimentos que necessitam de insetos para polinização (cada uma das produções tem valor estimado de 50 bilhões de euros). Seguem as culturas oleaginosas, estimulantes (café e chá), amêndoas e especiarias. Em média, segundo os estudos, o valor das culturas que não dependem da polinização por insetos é de 151 bilhões de euros por ano, enquanto o das que dependem da polinização é de 761 bilhões.
“Cerca de 75% da alimentação humana depende direta ou indiretamente de plantas polinizadas ou beneficiadas pela polinização animal. Dessas, 35% dependem exclusivamente de polinizadores. Nos demais casos, insetos como as abelhas ajudam a aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos”, afirmou Vera Lúcia, que atualmente é professora visitante na Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), no Rio Grande do Norte.
Pesquisas recentes, contou Fonseca, mostraram que mesmo culturas como a canola (polinizadas pelo vento) e a soja (considerada autofértil) produzem entre 20% e 40% a mais por hectare quando recebem apoio de colônias de abelhas da espécie Apis mellifera ou quando a plantação é feita ao lado de áreas com remanescentes de vegetação nativa.
“Quando se usam abelhas, jataí por exemplo, na polinização do morangueiro em ambientes protegidos, diminui em 70% o número de frutos malformados em alguns cultivares. Outra cultura que se beneficia da polinização em ambientes protegidos é a do tomateiro, que precisa de abelhas que vibram nas flores, como as do gênero Melipona. Em geral, as abelhas aumentam a produção de sementes, atuam na qualidade do habitat, tornam os sistemas agrícolas mais sustentáveis e trazem benefícios amplos ao meio, favorecendo outros serviços ecossistêmicos que permitem a preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos”, disse Fonseca.
Veja aqui a matéria completa.

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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Os lucros do abacate -video

Belo Horizonte entre as 10 cidades mais verdes na América Latina e no Caribe - hortas escolares

Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), indicou um aumento da agricultura urbana e periurbana (AUP) na América Latina e Caribe. O documento, intitulado "Cidades mais verdes na América Latina e no Caribe", foi apresentado no dia 8 de abril de 2014, no Fórum Urbano Mundial, que acontece em Medellín, na Colômbia.
Créditos: FAO
Clique na imagem para vê-la no seu tamanho original.

O relatório contém perfis das 10 capitais mais verdes da região, selecionadas após uma pesquisa da FAO conduzida em 23 países, e com dados de 110 cidades e municípios.

Entre elas está Belo Horizonte, em Minas Gerais. Segundo o documento, um dos meios mais eficazes para promover a agricultura urbana na cidade mineira foram as hortas escolares, que passaram de 60 para 126 entre 2008 e 2012.

A atividade, que envolve um total de 96 mil alunos, recebe assistência da Secretaria Municipal Adjunta de Segurança Alimentar e Nutricional (Smasan). A Smasan oferece também treinamento em microhorticultura a grupos comunitários, entre outros programas.

Apoio

As outras nove cidades escolhidas são Havana, em Cuba; Cidade do México, no México; Antigua e Barbuda, no Caribe; Tegucigalpa, em Honduras; Manágua, na Nicarágua; Quito, no Equador; Lima, no Peru; El Alto, na Bolívia; e Rosário, na Argentina.

A FAO diz que para criar cidades mais verdes, é preciso de mais apoio dos governos nacionais, estatais e locais. Apenas 12 dos 23 países estudados têm políticas nacionais específicas para a promoção da agricultura urbana e periurbana.

A agência da ONU também constatou que esse tipo de agricultura muitas vezes não faz parte do planejamento e gestão do uso do solo nas cidades da América Latina e do Caribe.

FONTE

Rádio ONU
Michelle Alves

Vizinhos plantam e trocam alimentos em bairro na Suíça



O fotógrafo e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand capturou uma bela imagem de hortas urbanas comunitárias. O clique foi feito na Avenida de Crozet, em Genebra, na Suíça, e além da beleza estética, também serve como incentivo para comunidades que desejam ter suas próprias plantações.
Em seu site, Yann explica que as hortas urbanas começaram a ganhar força na Europa durante o século 19. O físico alemão Moritz Schreber foi o grande responsável por isso, ao incentivar que as cidades tivessem mais áreas verdes para o lazer das famílias. Aos poucos, as comunidades passaram a ter espaços para plantar seus próprios alimentos.
A Suíça está entre os países que aderiram ao movimento. O fotógrafo francês estima que o bairro de hortas em Genebra seja apenas uma pequena parte dos 50 mil hectares de hortas urbanas espalhados pelo país europeu. Na Rússia, mais de 72% das famílias que moram em áreas urbanas plantam parte de seus alimentos em seu próprio jardim e somente em Berlim, a estimativa é de que haja 80 mil “fazendeiros” urbanos.
As hortas comunitárias têm ganhado cada vez mais espaço em todo o mundo. Elas funcionam como fonte de alimento orgânico e também como ferramenta para a integração social.
Confira a comunidade no Google Maps:
Conheça outros movimentos de hortas comunitárias:
No Japão, o projeto Soradofarm, incentiva a criação de jardins e hortas nos telhados das estações de trem e metrô.

Foto: Divulação
Em Nova York, EUA, as fazendas urbanas surgem como uma das armas para combater a obesidade, um problema que atinge com força a sociedade norte-americana.

Foto: Nmorao/Flickr
Em São Paulo, os agricultores urbanos transformam espaços públicos em área para o cultivo. Até mesmo a Avenida Paulista, a mais famosa da cidade, já tem uma horta comunitária.

Foto: Hortelões Urbanos
Em Jaraguá do Sul, cidade catarinense, a própria prefeitura tem incentivado a transformações de terrenos vazios em hortas comunitárias. A iniciativa tem dado certo e hoje a cidade já possui 11 espaços desse tipo.

Foto: Sergio Oliveira/Flickr
Em todos os casos, é necessário atentar à qualidade do solo e ter cuidados específicos para manter a poluição longe das hortas. Veja algumas dicas de cuidados aqui.
Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo

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Escolha da melhor espécie para áreas urbanas deve levar em conta algumas particularidades


Se você quer plantar uma árvore na frente de casa ou mesmo no quintal, precisa levar em conta alguns fatores práticos, para que a estrutura de sua residência não venha a ser prejudicada.


Dentre os principais, estão:
Tipo de raiz – plantas de raízes superficiais e muito vigorosas são péssimas escolhas para o plantio em calçadas. As raízes podem arrebentar o concreto, estourar tubulações e, até mesmo, danificar a estrutura da casa. Evite ao máximo o plantio de espécies desse tipo, como o fícus ou o flamboyant.
Resistência dos galhos – muitas vezes, somos tentados a plantar árvores de crescimento rápido, mas de galhos frágeis, que podem ser quebrados facilmente pelos ventos e chuvas, causando acidentes.
Queda de folhas – se você não quer varrer sua calçada muitas vezes, dê preferência a árvores de folhas mais largas, que sejam de fácil retirada.
Sombreamento – se o seu desejo é um bom sombreamento da rua, utilize espécies com copa densa e ampla. Uma boa opção é o chapéu-de-sol.
Obstrução de passagem – procure não utilizar espécies que possuam galhos muito baixos, ou que sejam arbustivas, pois elas normalmente não produzem sombreamento, além de atrapalharem a passagem de pedestres nas calçadas. Espécies como a espirradeira, além de inadequadas, são extremamente tóxicas. 
Clima da região – procure se informar sobre a capacidade de adaptação da planta ao local de plantio.
Tipo de frutos - muitas pessoas já tiveram a infelicidade de ter o vidro do carro quebrado por uma manga que caiu de um pé plantado na calçada. Além disso, há um perigo ainda maior de cair um fruto pesado e duro sobre alguém, o que pode até matar. Evite espécies como a sapucaia no plantio em calçadas.
Toxidez- algumas plantas são muito tóxicas, além de atraentes para as crianças. Tome cuidado ao utilizar plantas que são tóxicas, já que seus efeitos podem ser desde queimaduras leves, até a cegueira ou morte. 

Com informações retiradas de: http://www.cultivando.com.br/arborizacao_de_ruas_o_que_plantar.html

terça-feira, 8 de abril de 2014

De Agriculto(a)r para Agricultor(a): Usando a Água com Sabedoria

A segunda parte do vídeo "De Agricultor(a) para Agricultor(a) -

Aprendendo a conviver com o Semiárido" é intitulada como "Usando a Água

com Sabedoria". Nela são apresentadas estratégias de cultivo,

biofertilizantes, criação animal e irrigação na perspectiva da

convivência com o Semiárido.

Manual de adubação


Dê mais cor ao seu prato!

Saiba o que existe em cada alimento de acordo com seu grupo de cores

Por Rede Autossustentável

JABIRU/ ISTOCKPHOTO/ NBE
Alimentos cores

Além de ser saudável, brincar com as cores deixa a refeição mais atraente

Todo mundo já ouviu que o prato deve ser colorido, mas por quê? Além de tornar a refeição mais atraente, brincar com as cores das frutas, verduras e dos legumes no seu prato é uma forma de preservar a saúde. Para entender o que há por trás dessa afirmação, basta pensar um pouquinho na ação dos fitoquímicos, justamente as substâncias responsáveis por pigmentar os alimentos.
Na natureza, são elas que defendem os vegetais das ameaças externas. “Os fitoquímicos presentes nos alimentos são os responsáveis por protegê-los contra o ataque de fungos e bactérias. Uma vez no organismo humano, assumem ações específicas no metabolismo, com amplos benefícios à saúde”, explica a nutricionista funcional Roseli Rossi.

Em suma, dentro da gente eles continuam funcionando como fiéis guarda-costas, minimizando muito o risco de doenças. “Os pigmentos naturais estão relacionados com importantes atividades biológicas. Eles possuem propriedades antioxidantes, antiinflamatórias e fortalecem o sistema imunológico, afastando o risco de sofrer de doenças crônicas não transmissíveis, como o colesterol e o diabetes”, diz a nutricionista Jocelem Mastrodi Salgado, professora na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ -USP) e autora do livro Guia dos Funcionais.
“Os fitoquímicos também são reconhecidos por atuarem de forma mais específica como calmantes, digestivos, moduladores hormonais, laxantes e até expectorantes”, complementa a nutricionista Roseli.

E se você quer tirar proveito dessa farmácia natural no seu dia a dia, o primeiro passo é conhecer as propriedades dos principais grupos de alimentos, a partir da classificação por cor. Confira no quadro abaixo as propriedades de cada grupo. ;)

Daí a importância de que diversas cores sejam misturadas num mesmo prato. Assim, os alimentos verde-escuros contêm altos níveis de magnésio, mineral presente na clorofila e que é essencial para a saúde do coração e a manutenção da pressão em níveis estáveis. “Já o licopeno do tomate diminui a oxidação das moléculas de DNA que contribuem para a proliferação das células cancerosas”, garante a nutricionista Fernanda Vaz.

Mesmo os alimentos com pouca cor são recheados de nutrientes. “Os alimentos de coloração branca, por exemplo, têm efeito anti-inflamatório e antialérgico, bloqueando a histamina, uma substância que provoca as famosas coceiras e os espirros. Eles também ajudam a prevenir doenças cardiovasculares e a reduzir o colesterol ruim. Estamos falando de vegetais como os cogumelos”, diz Jocelem.
Fontes: Autossustentável - www.autossustentavel.com, Revista Viva Saúde

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Wheel Hoes - Enxadas com rodas

Tricia introduces wheel hoes an environmentally friendly alternative to herbicides and fossil fuel driven tractors. Tricia demonstrates the features of Glaser and Valley Oak wheel hoes.

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Para onde vai o lixo? A incineração é um monstro, é queimar dinheiro.


Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê fechamento dos lixões até agosto, mas somente metade dos municípios brasileiros chegaram a elaborar seus planos de gestão de resíduos
Por Elisa Batalha, na Revista Radis, Número: 139, Abril/2014

É lei desde 2010. A partir de 3 agosto de 2014, não será permitido descartar lixo em vazadouros a céu aberto — os lixões — sob pena de multa. Segundo a Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o material reciclável deve ser coletado separadamente, e o que não tiver aproveitamento deve ser levado a aterros sanitários. Apesar da proximidade do prazo, grande parte dos municípios não elaborou o seu Plano de Gestão de Resíduos Sólidos, com soluções ambiental e socialmente adequadas para o problema do lixo. Conforme levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), apenas 9% dos municípios haviam elaborado o plano até 2012, quando venceu o prazo dado pela lei para essa etapa. 

Segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, do IBGE, de 2008, o país conta com 2.906 lixões, onde o lixo é depositado sem tratamento, em 2.810 municípios, mais da metade do total de municípios do país. O problema é mais grave em cidades de pequeno porte e na Região Nordeste. “Estimamos que, hoje, 51% dos municípios tenham elaborado o plano, mas acredito que é extremamente difícil, especialmente para os municípios pequenos, cumprir o prazo de fechamento dos lixões”, diz o coordenador nacional da CNM, Valtenir Bruno Goldmeier. Segundo ele, a confederação encaminhou pedido de postergação do prazo de apresentação dos planos para até 2015.



O fechamento dos lixões é uma — a mais urgente — das medidas determinadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (que tramitou por quase 20 anos no Congresso antes de ser sancionada). Ações como realização de coleta seletiva, responsabilização compartilhada de empresas, poder público e consumidores sobre o lixo produzido fazem parte da agenda (Radis 102). Segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplica (Ipea), de 2010, apenas 2,4% de todo o serviço de coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil são realizados de forma seletiva.
A discussão sobre como aperfeiçoar e acelerar a implementação da PNRS, esteve em debate nas etapas municipais e estaduais da 4ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, integralmente dedicada ao tema. “Não é possível que se levem outros 20 anos para resolver o problema do lixo”, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, na abertura do evento, realizado em Brasília entre 24 e 27 de outubro de 2013. Ao seu lado, o então ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, apontou que o “problema é essencialmente urbano”, observando que, em 2015, seremos 93% de brasileiros vivendo em cidades. “Não existe coleta seletiva na capital do país”, apontou Ronei Alves, do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. Ele lembrou que com o fechamento de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro (ver matéria na pág. 20), o título de maior lixão a céu aberto da América Latina passou ao lixão da cidade Estrutural, no Distrito Federal, que recebe 8 mil toneladas de resíduos por dia.
A conferência, que reuniu representantes da sociedade civil, do setor empresarial e do setor público, teve como proposta mais votada a que determina que a implementação da política deve “garantir recursos financeiros para que os municípios e Distrito Federal tenham condição para que as cooperativas/associações de catadores de materiais recicláveis executem o trabalho de coleta seletiva, triagem e educação ambiental nas regiões de sua localização, com a devida remuneração pelo poder público, disponibilizando espaços físicos para as suas instalações e ecopontos”. Os debates se deram em quatro eixos: Produção e consumo sustentáveis; Redução dos impactos ambientais; Geração de trabalho, emprego e renda; e Educação ambiental. Foram definidas 60 ações a serem priorizadas na implementação da política, quinze de cada eixo.

Corrida contra o tempo

Os representantes das prefeituras e estados presentes à conferência se mostraram preocupados com o prazo para fechamento dos lixões, considerado curto. “Não podemos ser vistos como gestores irresponsáveis que só querem adiar prazos”, disse o representante da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), Francisco Lopes. “Não é indisposição dos municípios. Todos queremos acabar com os lixões. Até agosto, será realidade em alguns estados e em outros, não”. Segundo ele, a construção e manutenção de aterros sanitários está fora do alcance da maior parte dos municípios. “Mais de 90% não têm orçamento para manter um aterro”, disse Francisco, que defende cobrança de taxa para cobrir os gastos extras dos municípios com a coleta seletiva. “É importantíssimo para garantir a sustentabilidade dos serviços”.

Para Vinicius Fonseca, representante do Rio de Janeiro no movimento dos catadores, os prefeitos tiveram quatro anos para fechar os lixões, desde que a lei foi assinada, em 2010.
“Eles alegam que não houve tempo. O Governo Federal vem alocando recursos. Muitas vezes essa verba é mal utilizada”, considerou.
De acordo com o professor José Cláudio Junqueira, da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade Fumec e da Escola Superior Dom Hélder Câmara, em Minas Gerais, só é viável economicamente manter um aterro sanitário com volume de resíduos gerado por pelo menos cerca de 100 mil habitantes. A reunião de vários municípios em consórcios para a construção e manutenção de aterros já ocorre em alguns estados, como no Paraná, e tem muitas vantagens, defendeu. “É importante agrupar os municípios para que se faça consorciamento. Dois terços dos aterros sanitários construídos nas últimas décadas voltaram a ser lixões por falta de manutenção”, informou.
O representante da Secretaria Nacional de Saneamento Básico do Ministério das Cidades, Sérgio Cotrim, observou que há avanços nos maiores centros urbanos, mas os municípios de menor porte encontram dificuldades. “Existe um problema orçamentário”, considerou. “É necessário resolver a sustentabilidade econômica e as fontes orçamentárias desses municípios”.

“Quem estabeleceu as metas foi o Congresso Nacional”, afirmou, em entrevista à Radis (ver pág. 16), o coordenador geral da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente, Geraldo Abreu, diretor do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. Para ele, as prefeituras precisam agir. “O que o governo avalia é que não é possível, quatro anos depois da promulgação da Lei Nacional de Resíduos Sólidos, os prefeitos virem a Brasília pedir prorrogação de prazo para fechar os lixões e responderem que nada foi feito, quando perguntamos o que fizeram até o momento”.

Dispor de um aterro sanitário não garante destinação adequada dos resíduos, conforme previsto na política nacional. Para Luiz Firmino Martins Pereira, da Subsecretaria Executiva de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, sem coleta seletiva, toda solução será limitada. “O aterro sanitário coloca o Rio de Janeiro no século 20, não no século 21”, observou. O Rio de Janeiro, por exemplo, deposita a maior parte do seu lixo em um aterro consorciado, no município vizinho de Seropédica. Embora tenha cumprido a meta de fechamento de seu lixão (em Gramacho), com tecnologia adequada, ainda não resolveu a questão da coleta seletiva.
O fim dos lixões e o sucesso da Política Nacional de Resíduos Sólidos dependeria, ainda, de uma mudança geral de comportamento. “É preciso que todos estejam engajados na separação do lixo nas casas, estabelecimentos comerciais, órgãos públicos e nas empresas. É difícil atingir essas metas se não houver mudança no comportamento das pessoas”, analisou José Cláudio.
Logística reversa
A Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de determinado produto que possa causar danos ao meio ambiente ou à saúde humana devem criar um sistema de recolhimento e destinação final independente dos sistemas públicos de limpeza urbana. Ou seja, quem pôs o produto na rua tem que ajudar a recolher e evitar que ele vá se acumular nos aterros. “A logística reversa é uma materialização da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Significa que, para alguns produtos, a responsabilidade sobre o recolhimento após o consumo é de fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores de maneira compartilhada, e o consumidor também entra nessa divisão de tarefas”, afirma Zilda Veloso, do Departamento de Meio Ambiente Urbano do Ministério de Meio Ambiente.
Eletroeletrônicos, pilhas e baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes e embalagens de óleos lubrificantes são os itens de logística reversa obrigatória e sobre os quais se vêm fazendo acordos setoriais. Resíduos hospitalares e embalagens de agrotóxicos já são regidos por regulamentação específica, que dita procedimentos para sua destinação adequada, para evitar contaminação de pessoas e do ambiente. O setor de óleos lubrificantes foi o primeiro a aderir ao acordo setorial, em dezembro de 2013.
Profissão reconhecida
Os representantes do Movimento Nacional de Catadores de Materiais recicláveis (MNCR) tiveram protagonismo na conferência, defendendo com veemência seus pontos de vista. Foi vitoriosa, por exemplo, uma das mais discutidas propostas do evento, que tratava de alteração na lei com objetivo de proibir toda e qualquer incineração de resíduos sólidos. “São milhares de pessoas que vão perder o seu sustento se materiais recicláveis forem incinerados. Incineração é um monstro, um equívoco, é queimar dinheiro. Materiais recicláveis e orgânicos têm que ser tratados, não incinerados. Só o que não tiver aproveitamento, os rejeitos, é que devem ter essa destinação. É obsoleto e não é ambientalmente, socialmente e economicamente viável”, apontou Vinicius Fonseca, do MNCR do Rio de Janeiro.

A inclusão social do catador na cadeia de resíduos é considerada um dos aspectos mais avançados e ao mesmo tempo mais complexos da PNRS. O papel atribuído a eles na política é de grande relevância. “O catador é um agente social de transformação que resolve muitos dos problemas que nós criamos”, resumiu a ministra Izabella Teixeira. São aproximadamente 600 mil trabalhadores que têm na coleta de resíduos sua fonte de renda .

Apesar de a profissão de catador já ter sido reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), em 2002, as condições em que esses trabalhadores atuam são precárias, incluindo-se a exploração econômica de que são alvo, por parte de empresários e atravessadores. “O catador tem que ser remunerado pelo trabalho. É injusto remunerar pelo material e não pelo serviço de logística reversa que prestam”, defendeu Pedro Moura Costa, da BV RIO, empresa que trabalha com créditos de logística reversa, ou seja, uma forma de quantificar e dar valor de mercado ao serviço de coletar, recuperar e dar destinação adequada aos resíduos sólidos, incluindo o material reciclável. “É uma forma de comércio de ativos ambientais. Os mais conhecidos ativos ambientais são os créditos de carbono”, explicou.

Ele informou que somente 2% do lixo no país são reciclados e 65% desse lixo são coletados por catadores. Do material reciclável coletado, 95% são latinhas, com maior valor de mercado. “A contribuição da indústria com pontos de coleta voluntária tem sido simbólica. A coleta seletiva fica como um pepino que cai em cima do serviço público”. Para Pedro, existe discrepância de poder de barganha entre catadores e indústria. “É uma negociação desbalanceada”, definiu.

EcoDebate, 07/04/2014

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