Trabalhos desenvolvidos pela Pesagro (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio de Janeiro) estão ajudando o produtor a diminuir a concentração de agrotóxicos nas lavouras,com o uso de defensivos naturais para o controle de pragas.
Produção: Embrapa Informação Tecnológica e Pesagro-RJ
Responsável pelo conteúdo técnico: Maria do Carmo Fernandes - pesquisadora da Pesagro/Rio
Blog dedicado a AGROECOLOGIA, ARBORIZAÇÃO URBANA, ORGÂNICOS E AGRICULTURA SEM VENENOS. Composting, vermicomposting, biofiltration, and biofertilizer production... Alexandre Panerai Eng. Agrônomo UFRGS - RS - Brasil - agropanerai@gmail.com WHAST 51 3407-4813
terça-feira, 20 de agosto de 2013
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Ponta Grossa tem grande produção de amoras
A amora, antes rara, agora é sucesso de colheita aqui no Brasil. Além
de vender a fruta, diversos produtores de Ponta Grossa já estão
desenvolvendo produtos com esta iguaria, entre eles doce, geleia e até
aguardente.
sábado, 17 de agosto de 2013
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Repórter Eco - HORTAS DAS CORUJAS
Conheça o projeto de horta orgânica em área pública que serve de referência para São Paulo. Em mutirão, moradores de um bairro da cidade plantam e colhem verduras e legumes, livres de agrotóxicos, em um terreno cedido pela prefeitura.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Suspensa comercialização de três agrotóxicos no RS
Suspensa comercialização de três agrotóxicos no RS
Decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, suspende a comercialização, no Rio Grande do Sul, de três produtos agrotóxicos, baseados nas substâncias paraquat e trifenil hidróxido de estanho, que tiveram cadastro negado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do estado (Fepam). A decisão, tomada nos autos da Suspensão de Liminar (SL) 683, vale até o julgamento de mérito de um mandado de segurança (MS) impetrado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) para discutir a questão.
Decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, suspende a comercialização, no Rio Grande do Sul, de três produtos agrotóxicos, baseados nas substâncias paraquat e trifenil hidróxido de estanho, que tiveram cadastro negado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do estado (Fepam). A decisão, tomada nos autos da Suspensão de Liminar (SL) 683, vale até o julgamento de mérito de um mandado de segurança (MS) impetrado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) para discutir a questão.
Afristar Foundation - permaculture
A Afristar Foundation
é um ONG sul africana com objetivo de criar e implantar programas de
desenvolvimento sustentável. Uma das formas de arrecadar recursos é
através da venda de pôsters ilustrados como esses:
Fotos: Flickr-
Fotos: Flickr-
fonte ideias green
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Novo minhocário versão 2013-001
Bom dia! Finalmente após procurar caixas plásticas em porto alegre, com um preço acessível, encontrei este modelo na CEASA RS.
Montei o sistema já divulgado neste blog diversas vezes e acabei desmontando um minhocário construído em bombonas de água, que não atingiu bons resultados.
furos para as minhocas |
resíduos diversos |
resíduos |
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Preço da erva mate dobra em quatro anos e deve subir até dezembro
Com produção menor, Sindimate estima aumento de 30% no valor ainda em 2013
Sindicato aponta momento crítico no cultivo da erva-mate no Estado
Foto:
Marielise Ferreira / Agencia RBS
Vagner Benites
A escolha do argentino Jorge Bergoglio para o posto mais alto da
Igreja Católica rendeu fama ao chimarrão este ano. Assim como o Papa,
quem quiser preparar a bebida vai precisar desembolsar mais até o final
do ano. A matéria-prima do chimarrão já está mais cara no Estado e deve ficar mais rara também nos supermercados até dezembro.
Desde janeiro, o preço da erva-mate calculado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe/UFRGS) teve alta de 31,11%. Em quatro anos, está custando o dobro. A má notícia é que o valor deve subir outros 30% até dezembro, com risco de faltar produto para venda no varejo. Pelo menos, esse é o cenário que desenha o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Rio Grande do Sul (Sindimate), Alfeu Strapasson. A situação é reflexo de um momento crítico no cultivo da matéria-prima do chimarrão no Estado.
O baixo preço pago nos últimos anos, combinado com a valorização de culturas como a soja, provocou um certo abandono do cultivo pelos produtores. Strapasson estima uma redução de 30% da área plantada no Estado na última década, passando de aproximadamente 39 mil hectares para 30 mil hectares em 2012. Com isso, está faltando erva para a indústria. Somado ao período de menor rendimento da planta, entre setembro e outubro, a perspectiva é de oferta restrita do produto até o final do ano.
– Estamos chegando ao fundo do poço. Além da área plantada, houve também uma redução da produtividade – explica. A média hoje das lavouras do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 10 mil quilos por hectare, enquanto o ideal seria ao menos o dobro.
Consumidor teme, produtor festeja
Enquanto o consumidor paga mais, os 13 mil produtores do Estado comemoram o aumento nos ganhos. Há um ano, o valor pago pela arroba de erva-mate (cerca de 15 quilos) não ultrapassava os R$ 7. Hoje chega a R$ 20, quase três vezes mais.Com o estímulo da melhor remuneração, Strapasson estima investimento maior na cultura, mas as melhorias devem demorar pelo menos dois anos para ter reflexo no bolso do consumidor.
– A erva-mate é uma cultura que leva pelo menos seis anos para produzir de forma viável. Com o início da valorização, neste ano, voltou a se plantar, mas vai demorar a ter retorno. No curto prazo, vai haver uma melhora na produtividade, mas a situação deve continuar complicada por mais três, quatro anos – estima o representante do Sindimate.
Por enquanto, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, diz que a entidade não foi comunicada pelo setor de possíveis dificuldades de abastecimento nos próximos meses.
Evolução (kg)
Julho 2009: R$ 4,33
Julho 2010: R$ 4,82
Julho 2011: R$ 5,44
Julho 2012: R$ 6,08
Julho 2013: R$ 8,68
Fonte: Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (IEPE/UFRGS)
Desde janeiro, o preço da erva-mate calculado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe/UFRGS) teve alta de 31,11%. Em quatro anos, está custando o dobro. A má notícia é que o valor deve subir outros 30% até dezembro, com risco de faltar produto para venda no varejo. Pelo menos, esse é o cenário que desenha o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Rio Grande do Sul (Sindimate), Alfeu Strapasson. A situação é reflexo de um momento crítico no cultivo da matéria-prima do chimarrão no Estado.
O baixo preço pago nos últimos anos, combinado com a valorização de culturas como a soja, provocou um certo abandono do cultivo pelos produtores. Strapasson estima uma redução de 30% da área plantada no Estado na última década, passando de aproximadamente 39 mil hectares para 30 mil hectares em 2012. Com isso, está faltando erva para a indústria. Somado ao período de menor rendimento da planta, entre setembro e outubro, a perspectiva é de oferta restrita do produto até o final do ano.
– Estamos chegando ao fundo do poço. Além da área plantada, houve também uma redução da produtividade – explica. A média hoje das lavouras do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 10 mil quilos por hectare, enquanto o ideal seria ao menos o dobro.
Consumidor teme, produtor festeja
Enquanto o consumidor paga mais, os 13 mil produtores do Estado comemoram o aumento nos ganhos. Há um ano, o valor pago pela arroba de erva-mate (cerca de 15 quilos) não ultrapassava os R$ 7. Hoje chega a R$ 20, quase três vezes mais.Com o estímulo da melhor remuneração, Strapasson estima investimento maior na cultura, mas as melhorias devem demorar pelo menos dois anos para ter reflexo no bolso do consumidor.
– A erva-mate é uma cultura que leva pelo menos seis anos para produzir de forma viável. Com o início da valorização, neste ano, voltou a se plantar, mas vai demorar a ter retorno. No curto prazo, vai haver uma melhora na produtividade, mas a situação deve continuar complicada por mais três, quatro anos – estima o representante do Sindimate.
Por enquanto, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, diz que a entidade não foi comunicada pelo setor de possíveis dificuldades de abastecimento nos próximos meses.
Evolução (kg)
Julho 2009: R$ 4,33
Julho 2010: R$ 4,82
Julho 2011: R$ 5,44
Julho 2012: R$ 6,08
Julho 2013: R$ 8,68
Fonte: Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (IEPE/UFRGS)
ZERO HORA - caderno campo e lavoura
Horta caseira adubada com lixo orgânico pode diminuir impacto ambiental!
Através do projeto Lixeira Viva, os organizadores de Curitiba (PR) demonstram que é possível transformar o lixo orgânico caseiro em um poderoso adubo para hortas. Através dessa medida simples é possível cultivar hortaliças em casa e ajudar o impacto ambiental causado pelo excesso de lixo descartado diariamente por nós.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
@ extensionista: Miguel Altieri, Agroecologia
@ extensionista: Miguel Altieri, Agroecologia: A DINÂMICA PRODUTIVA DA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL ALTIERI, no III Encontro Internacional de Agroecologia , Botucatu/SP/Brasil (julho/a...
Agronegócio, um modelo esgotado! Vandana Shiva. III Encontro Internacional de Agroecologia
Perante uma atenta plateia composta por mais de 3 mil pessoas, a renomada cientista indiana Vandana Shiva (foto) fez uma palestra de uma hora, respondeu a perguntas e encantou a todos com suas ideias, experiências e convicções, durante a abertura do III Encontro Internacional de Agroecologia, no dia 31 de julho, na cidade de Botucatu, interior de São Paulo.
Fonte: http://goo.gl/uUA27X |
Vandana foi muito contundente ao longo de toda a sua fala. Começou contando de sua vida, de como havia estudado biologia e física quântica na universidade e de como se considerava uma pessoa alienada da realidade do mundo.
Esclareceu que o choque que a fez despertar foi um grave acidente ocorrido, 30 anos atrás, numa fábrica de pesticidas – que resultou numa tragédia, com a morte de mais de 35 mil indianos. A partir daí, é que ela acaba se convertendo à causa do povo e não para mais de pesquisar a ação das empresas transnacionais sobre a agricultura.
Hoje, ela é considerada uma das principais pesquisadoras dos malefícios para a saúde humana e para a destruição da biodiversidade que as sementes transgênicas e os agrotóxicos das empresas transnacionais vêm causando em todo o mundo.
“Revolução Verde”
Vandana falou sobre as consequências da chamada Revolução Verde, imposta pelo governo dos Estados Unidos, na década de 1960, a toda a sua área de influência como forma de vender mais insumos agroquímicos e suas mercadorias agrícolas.
O resultado disso – o de subjugar países e camponeses – pode ser visto hoje, já que 65% de toda a biodiversidade e dos recursos de água doce do planeta foram contaminados por agrotóxicos.
Além disso, há estudos comprovando que 40% de todo o efeito estufa que afeta o clima no planeta é causado pelo uso exagerado, desnecessário, de fertilizantes químicos na agricultura. Chegou a dizer, inclusive, que em muitas regiões da Europa, em função da mortandade e desaparecimento das abelhas, a produtividade agrícola já teria caído 30%.
A indiana atentou para o fato de que se fôssemos calcular os prejuízos e custos necessários para repor a biodiversidade e reequilibrar o meio ambiente com vistas a amenizar os desequilíbrios climáticos, eles seriam maiores, em dólares, do que todo o comércio de commodities que as empresas realizam.
Genocídio
Em relação à ação das empresas transnacionais que atuam na agricultura – como Monsanto, Bunge, Syngenta e Cargill – também não poupou críticas. Denunciou que elas controlam a produção e o comércio mundial da soja, milho, canola e trigo. E que fazem propaganda enganosa dizendo que a humanidade depende dos alimentos produzidos pelo agronegócio para sobreviver, quando na prática a humanidade se alimenta com centenas de outros vegetais e fontes de proteínas, que elas ainda não puderam controlar.
Disse que essas “empresas, ao promoverem as sementes transgênicas, não inventaram nada de novo. Não desenvolveram nada. O único que fizeram foi fazer mutações genéticas que existem na natureza para viabilizar a venda de seus agrotóxicos”.
Citou que a Monsanto conseguiu controlar a produção de algodão na Índia, apoiada por governos subservientes, neoliberais, e que hoje 90% da produção depende de suas sementes e venenos. Com isso houve uma destruição do modo camponês de produzir algodão e um endividamento dos que permaneceram.
A conjunção do alto uso de venenos intoxicantes que levam à depressão e a vergonha da dívida fez com que, desde 1995 até os dias de hoje, houvesse 284 mil suicídios entre os camponeses indianos. Um verdadeiro genocídio escondido pela imprensa mundial e cuja culpada principal seria a Monsanto.
Apesar de tantos sacrifícios humanos, a Monsanto ainda recolhe em seu país 200 milhões de dólares anuais, cobrando royalties pelo uso de sementes geneticamente modificadas de algodão.
Commodities não são alimentos
O modelo do agronegócio é apenas uma forma de se apropriar do lucro dos bens agrícolas, mas ele não resolve os problemas do povo. Tanto é que aumentamos muito a produção, poderíamos inclusive abastecer 12 bilhões de pessoas [quase o dobro da população mundial], mas, no entanto, temos 1 bilhão de pessoas que passam fome todos os dias, sendo 500 milhões delas camponesas que vivem no meio rural e que tiveram seu sistema de produção de alimentos destruído pelo agronegócio.
As commodities agrícolas são meras mercadorias agrícolas, não são alimentos. Cerca de 70% de todos os alimentos do mundo ainda são produzidos pelos camponeses. É preciso entender que alimentos são a síntese da energia necessária que os seres humanos precisam para sobreviver, a partir do meio ambiente em que vivem, recolhendo essa energia d a fertilidade do solo e do meio ambiente.
Quanto maior a biodiversidade da natureza, maior o número de nutrientes e mais sadia será a alimentação produzida naquela região para os humanos. E o agronegócio destrói a biodiversidade e as fontes de energia verdadeiras.
As empresas lançam mão de um fetiche gerado pela propaganda, de que estão usando modernas técnicas de biotecnologia para aumentar a produtividade das plantas, mas isso é um engodo. Quando se vai pesquisar o que são tais biotecnologias, elas são guardadas em segredo. Porque, no fundo, elas não mudam nada na natureza. São apenas mecanismos para aumentar a rentabilidade econômica das grandes plantações.
Na verdade, a agricultura industrial é a padronização do conhecimento, é a negação do conhecimento sobre a arte de cultivar a terra. Porque o verdadeiro conhecimento é desenvolvido pelos próprios agricultores, e pelos pesquisadores, em cada região, em cada bioma, em cada planta.
Consumidores
O modelo do agronegócio quer transformar as pessoas apenas em “consumidores” de suas mercadorias. Vandana nos diz que devemos combater o uso e o reducionismo da expressão “consumidores”, que devemos usar o termo “seres humanos”, pessoas que precisam de uma vida saudável. “Consumidor” indica uma redução subalterna do ser humano.
As empresas do agronegócio dizem que são o desenvolvimento e o progresso. Na prática, chegam a controlar 58% de toda produção agrícola do mundo, porém, dão trabalho para apenas 3% das pessoas que vivem no meio rural. Portanto, o agronegócio é um sistema antissocial.
A indiana revelou ainda que fez parte de um grupo de 300 cientistas de todo mundo que se dedicam a pesquisar a agricultura e que após realizarem diversos estudos, durante três anos, comprovaram que nem a Revolução Verde imposta pelos Estados Unidos, nem o uso intensivo das sementes transgênicas e dos agroquímicos podem resolver os problemas da agricultura e da alimentação mundial. Algo que só pode acontecer por meio da recuperação de práticas agroecológicas que convivam com a biodiversidade, em cada local do planeta.
Vandana concluiu sua crítica ao modelo do agronegócio dizendo que ele projeta a destruição e o medo, porque é concentrador e excludente. Por isso, tornou-se algo comum o costume dessas empresas ameaçarem ou cooptarem os cientistas que se opõe a elas.
A saída é a agroecologia
Após criticar duramente o modelo do capital, a cientista dedicou sua palestra a projetar as técnicas ou o modelo de produção da agroecologia como a alternativa popular e necessária para produção de alimentos.
Defendeu que o modelo da agroecologia é o único que permite desenvolver técnicas de aumentar a produtividade e a produção sem a destruição da biodiversidade.
Que a agroecologia é a única forma de criar empregos e formas de vida saudáveis para a população permanecer no campo e não ter de se marginalizar nas grandes cidades. Sobretudo, fez a defesa de que os métodos da agroecologia são os únicos que conseguem produzir alimentos sadios, sem venenos.
Dificuldades da transição
Quando perguntada sobre as dificuldades da transição entre os dois modelos, contestou, citando a Índia: “Nós já tivemos problemas maiores na época do colonialismo inglês. No entanto, Gandhi nos ensinou que a nossa fortaleza é sempre ‘lutar pela verdade’, porque o capital engana e mente para poder acumular riquezas. Mas a verdade está com a natureza, está com as pessoas”.
Dessa energia que emana de Gandhi, Vandana reforçou: “Se houver vontade política para fazer a mudança, se houver vontade para produzir alimentos sadios, será possível cultivá-los”.
Vandana concluiu conclamando a todos a se envolverem e participarem do Encontro Mundial de Luta Pelos Alimentos Sadios e Contras as Empresas Transnacionais que a Via Campesina, os movimentos de mulheres e centenas de entidades realizam todos os anos, na semana de 16 de outubro. “Precisamos unificar as vozes e as vontades em nível mundial. E essa será uma ótima oportunidade.”
Recomendações
Quando perguntada sobre as recomendações que daria aos jovens, aos estudantes de agronomia, aos agricultores praticantes da agroecologia, Vandana Shiva elencou seis pontos:
Primeiro: disse que a base da agroecologia é a preservação e a valorização dos nutrientes que há no solo. Neste instante, a indiana fez referência a outra cientista presente na plateia que a assistia muito atenta, a professora Ana Maria Primavesi. “Precisamos ir aplicando as técnicas que garantam a saúde do solo, e dessa saúde, recolheremos frutos com energia saudável.”
Segundo: estimular que os agricultores controlem as sementes. As sementes são a garantia da vida. “Nós não podemos permitir que as empresas transnacionais transformem nossas sementes em meras mercadorias. As sementes são um patrimônio da humanidade.”
Terceiro: precisamos relacionar a agroecologia com a produção de alimentos saudáveis que garantam a saúde e assim conquistar os corações e mentes da população da cidade, que está sendo cada vez mais envenenada pelas mercadorias com agrotóxicos. “Se vincularmos os alimentos com a saúde das pessoas, ganharemos milhões de pessoas da cidade para a nossa causa.”
Quarto: precisamos transformar os territórios em que os camponeses têm hegemonia em verdadeiros santuários de sementes, de árvores sadias, de cultivo da biodiversidade, da criação de abelhas, da diversidade agrícola.
Quinto: precisamos defender a ideia que faz parte da democracia, a liberdade das pessoas de terem opções de alimentos. Elas não podem mais serem reféns dos produtos que as empresas colocam nos supermercados de acordo com a sua vontade apenas.
Sexto: precisamos lutar para que os governos parem de usar dinheiro público – que é de todo o povo – para subsidiar, transferir esses recursos para os fazendeiros. Isso vem acontecendo em todo o mundo e também na Índia. O modelo do agronegócio não se sustenta sem os subsídios e vantagens fiscais que os governos lhes garantem.
Fonte: INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/522514-agronegocio-um-modelo-esgotado
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Monopólio sobre sementes ameaça soberania alimentar
CONSEA, 13/07/2013 | por Beatriz Evaristo
“Acesso a sementes, soberania e
segurança alimentar” foi tema do primeiro painel do evento “Mesa de
Controvérsias – Transgênicos”, realizado pelo Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em Brasília nesta quinta e
sexta-feira (11 e 12).
Para debater a oferta de sementes e seus efeitos, participaram da
mesa Ricardo Tatesuzi de Sousa, diretor-executivo da Associação
Brasileira de Produtores de Grãos não Geneticamente Modificados
(Abrange); Andrea Ferraz, agricultora da Comunidade da Invernada, Rio
Azul, no Paraná; Stelito Assis dos Reis Neto, assistente da
Superintendência de Gestão da Oferta da Conab; e Edson Guiducci Filho,
pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A
pesquisadora Anelize Rizzolo, conselheira do Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), fez a mediação do debate.O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Edson Guiducci Filho, destacou a importância da análise de perda de diversidade com a introdução de sementes transgênicas no país. “Há poucas variedades disponíveis na mão de grandes empresas”, disse o pesquisador sobre a oferta de sementes no país. De acordo com Edson Filho, o entendimento de que as sementes são recursos naturais no Plano Nacional de Agroecologia é uma grande vitória. Disse ainda que faz parte da agenda da Embrapa aproximar-se dos agricultores e que a empresa pode desempenhar um papel importante na conservação da base genética das sementes não-transgênicas.
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Grãos não Geneticamente Modificados (Abrange), Ricardo Tatesuzi de Sousa, disse que a associação surgiu há cinco anos para atender ao mercado que quer produtos não-transgênicos. “Na questão da semente, a gente teve dificuldades para atender essa demanda crescente e estamos no trabalho de fazer chegar a semente ao agricultor”, disse Ricardo Tatesuzi. Hoje, os grãos produzidos pela associação levam a certificação de contaminação abaixo de 0,1% para atender o mercado europeu, japonês e Coréia do Sul.
A agricultora da Comunidade da Invernada, Rio Azul, no Paraná, Andréa Ferraz, apresentou a experiência do uso de sementes crioulas na plantação de milho. Os resultados apresentados mostraram que a produção a partir das sementes crioulas teve menor custo e maior lucro em relação ao plantio com sementes tradicionais. “Nós somos totalmente contra os transgênicos. As sementes crioulas são sementes antigas que nós resgatamos. Se os transgênicos contaminarem essa semente, nós vamos perder. O crioulo pra nós é a vida. Se a gente come algo que sabe o que produz, nós comemos saúde. Se comer um transgênico, sabe lá o que a gente está comendo”, explicou a agricultora Andréa Ferraz.
O assistente da Superintendência de Gestão da Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Stelito Reis, disse que hoje é mais rentável para o agricultor brasileiro produzir a soja não-transgênica porque há um bônus para quem escolhe a produção natural. “A regra que é colocada pela propaganda dos transgênicos, ela não é real na prática quanto à redução do uso de agrotóxicos”, disse Stelito Reis que explicou ainda que existe problema de controle e má-utilização das técnicas produtivas.
Após as apresentações, a conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Anelize Rizzolo, abriu o debate para perguntas dos participantes. Entre as intervenções, a conselheira destacou a sugestão do conselheiro estadual, Alcemir Almeira, de remeter uma nota de repúdio à CTNBio por ter se recusado a participar do encontro. Além disso, a conselheira Anelize Rizzolo encerrou o debate dizendo que “ficou claro que a semente não-transgênica está voltada para o mercado externo” e que é preciso fazer uma reflexão importante sobre a oferta dessas sementes no país.
Fonte: Ascom/Consea
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