Fonte site ciclo vivo
Legislação pioneira no mundo determina que todos os resíduos orgânicos tenham separação e destinação mais sustentável
Blog dedicado a AGROECOLOGIA, ARBORIZAÇÃO URBANA, ORGÂNICOS E AGRICULTURA SEM VENENOS. Composting, vermicomposting, biofiltration, and biofertilizer production... Alexandre Panerai Eng. Agrônomo UFRGS - RS - Brasil - agropanerai@gmail.com WHAST 51 3407-4813
Maurício Cherubin, autor de livro pioneiro no Brasil sobre o assunto, explica a importância do estudo na área, que ainda é recente.
Pioneiro no Brasil e um dos únicos do mundo sobre saúde do solo e agricultura sustentável, o livro Soil Health and Sustainable Agriculture in Brazil (Saúde do Solo e Agricultura Sustentável no Brasil) aborda essa temática ainda recente em estudos e pesquisas. O professor Maurício Cherubin, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), e um dos autores da obra, comentam o assunto.
O tema da saúde do solo é, apesar de relativamente novo dentro da ciência, um dos temas mais discutidos na atualidade, como explica o docente. Ele afirma que, por conta do pioneirismo da obra no País, ela se torna um marco referencial tanto para os ensinos da área em graduações e pós-graduações quanto para o próprio setor da agropecuária no Brasil.
Cherubin comenta que receber um convite da Sociedade Americana de Ciência do Solo (SSSA) foi algo muito importante, visto que, segundo o autor da obra, é algo difícil de se alcançar para países de fora do eixo dos Estados Unidos, ainda mais sobre um assunto que abrange especificamente um determinado país, nesse caso, o Brasil. “Isso mostra que nós temos uma agricultura, aqui no Brasil, que gera uma série de expectativas para o mundo, nas próximas décadas, seja do ponto de vista da produção de alimentos, seja do ponto de vista das mudanças climáticas”, complementa.
O autor da obra também explica que a área tem crescido no mundo: “Nos últimos dez anos, nós produzimos 75% do conhecimento científico nessa área e, nos últimos cinco anos, nós produzimos metade desse conhecimento. Então, é uma área nova que a gente tem que produzir o conhecimento e, já quase que simultaneamente, aplicar no campo, porque a demanda ocorre diariamente. Por isso a importância de difundir o conhecimento, para que mais pessoas, mais estudantes e mais profissionais da área possam se interessar e ajudar a pesquisar, a gerar soluções dentro da saúde do solo”.
Cherubin afirma que, em termos de solo, o Brasil, situado em uma região tropical, tem condições de produção excepcionais, mas a manutenção disso não é feita de forma natural e é exigida uma série de manejos para tornar o solo brasileiro produtivo. Um exemplo dado pelo professor é a região do Cerrado e o fato do Brasil ser um grande importador de alimentos antes dos avanços tecnológicos usados na região, corrigindo a acidez do solo e repondo os nutrientes necessários para a sua produtividade, o que criou um salto exponencial para a produção de alimentos no país e o transformou em uma potência na área.
“Para tentar resumir o que é saúde do solo, nada mais é do que a capacidade dos nossos solos funcionarem, sendo aquele meio para que as plantas consigam crescer, se desenvolver e produzir, mas também tem uma função fundamental de outras formas que muitas vezes as pessoas nem conseguem perceber”, comenta o docente. Nesse sentido, ele explica sua importância na regulação do clima, já que é o maior compartimento de estocagem de carbono em ambiente terrestre, podendo ser um importante meio de solução para as mudanças climáticas.
“Outra conexão básica é com a água. Nós vemos, frequentemente, casos de inundações nas grandes cidades, cada vez mais problemas de contaminação em água, e nós sabemos que o solo é fundamental nisso porque é um grande filtro natural, então, toda vez que nós impermeabilizamos o solo ou o contaminamos, estamos prejudicando a qualidade e a quantidade de água, e isso nos impacta. Então, a saúde do solo é a grande base para nós conseguirmos produzir mais, produzir melhor e produzir em um ambiente de planeta que está em mudança, tornando cada vez mais complexa essa produção”, finaliza.
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Legislação pioneira no mundo determina que todos os resíduos orgânicos tenham separação e destinação mais sustentável
O ano de 2024 começou com um grande passo para a gestão de resíduos orgânicos na França. Desde o dia 1º de janeiro entrou em vigor uma política pública conhecida como ‘compost obligatoire’, ou composto obrigatório, em português. A nova legislação exige que os resíduos orgânicos sejam necessariamente encaminhados para a compostagem – um avança importante considerando que cerca de metade dos resíduos urbanos são orgânicos.
O governo francês tem um Fundo Verde que vai ser usado para apoiar os governos locais na implementação da Lei da Compostagem, que depende da separação correta de resíduos orgânicos pela população. Esta categoria inclui restos de comida, cascas de vegetais, alimentos vencidos e resíduos de jardinagem, como folhas secos, galhos podados e outros materiais vegetais. As famílias e as empresas devem eliminar os resíduos orgânicos em coletores especialmente designados ou em locais de coleta municipais.
Depois que estes resíduos foram compostados eles se tornam um eficiente enriquecedor de solos que pode substituir adubos e fertilizantes químicos. Outra vantagem é que a separação correta dos orgânicos favorece a reciclagem de outros tipos de resíduos que não correm o risco de estarem sujos ou contaminados por restos de comida, por exemplo.
Os resíduos orgânicos representam algo entre um terço e metade do do “lixo” doméstico e têm um grande impacto ambiental. Quando misturados com outros tipos de resíduos, acabam frequentemente em aterros ou incineradores, gerando gases nocivos com efeito de estufa. De acordo com a Comissão Europeia , o desperdício alimentar é responsável por 16% de todas as emissões do sistema alimentar da UE, com um impacto global de 8% de todas as emissões causadas pelo homem por ano.
Em 2018, apenas 34% dos resíduos orgânicos da União Europeia foram recolhidos, o que significa que surpreendentes 40 milhões de toneladas de potenciais nutrientes do solo foram desperdiçadas. Só na França cada pessoa gera cerca de 82 quilos de lixo biodegradável por pessoa e por ano e, com a nova legislação, o país torna-se pioneiro no enfrentamento desse problema – uma medida que pode servir de exemplo e inspiração para outros lugares do mundo.
Embora a UE incentive a separação de resíduos biológicos, a França é o primeiro país a implementar a obrigatoriedade da compostagem. Outras localidades europeias, incluindo Milão, na Itália, já introduziram programas domésticos de coleta de resíduos alimentares, demonstrando a eficácia de contentores dedicados e sacos compostáveis.
Na Áustria, Holanda e Bélgica, os altos impostos e as restrições à incineração de resíduos urbanos levaram a disponibilização de coletores específicos para resíduos orgânicos e projetos de compostagem em diversas cidades.
O consumo consciente é o primeiro passo para reduzir os resíduos orgânicos. Planejar bem as refeições, congelar e armazenar corretamente os alimentos podem ajudar a reduzir o desperdício.
Nesse primeiro momento a compostagem obrigatória tem seu foco na educação e engajamento da população, sem a aplicação de multas. À medida que a infraestrutura e logística estiverem bem estabelecidas, o volume de resíduos compostados deve aumentar e a participação das famílias e das empresas deve ser fiscalizada. No futuro, é possível que multas sejam aplicadas para quem não se unir ao esforço coletivo por uma gestão mais sustentável do “lixo” gerado pelos franceses.
JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO ORGÂNICO DOMÉSTICO? ...