sexta-feira, 29 de maio de 2015

Feiras orgânicas se consolidam em Porto Alegre


MATHEUS CHAPARINI
As feiras ecológicas crescem em Porto Alegre e já são uma experiência consolidada na Capital. Vinte e seis anos se passaram desde que meia dúzia de pioneiros começaram a se reunir na José Bonifácio uma vez ao mês, para vender produtos livres de agrotóxicos e pesticidas.
De lá para cá, as bancas da tradicional feirinha do Bom Fim se multiplicaram – hoje são mais de 100 feirantes – e ganharam frequência semanal, incentivando a criação de outros cinco espaços para a venda de orgânicos na Capital.
Hoje, há feiras ecológicas também nos bairros Tristeza, Três Figueiras, Menino Deus e Petrópolis – a mais recente, nascida em 2013.
“A tendência é o crescimento à medida que temos mais produtores e consumidores atentos, procurando. É um produto de qualidade com um preço menor do que nos supermercados”, assegura a responsável do Centro Agrícola Demonstrativo da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (Smic), Claudia Ache.
A próxima a inaugurar deve ser a do bairro Auxiliadora, cujos moradores já ingressaram com uma solicitação formal na Smic.
CLIENTE COMPRA DE QUEM PRODUZ
Além da garantia de que os alimentos vendidos nas feiras ecológicas não foram produzidos com a utilização de agrotóxicos – cujos riscos já foram reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Instituto Nacional do Câncer, por exemplo – esses espaços aproximam o consumidor dos produtores rurais.
Contato pessoal com agricultor é marca dos entrepostos
Contato pessoal com agricultor é marca dos entrepostos de orgânicos na Capital
É que na grande maioria das bancas, são os próprios agricultores que atendem o público.
Fabiane Galli é a representante dos consumidores da feira das quartas do Menino Deus no Conselho das Feiras Ecológicas e considera esse um aspecto importante, pois cria um elo de confiança. “Não é uma relação anônima, como quando tu compra no supermercado”, observa.
Depois de anos frequentando as feiras, ela já fez vários amigos. “As crianças vem junto, brincam e se alimentam de coisas gostosas e saudáveis. É um ganha-ganha pra todos nós”, sintetiza.
É também o que acontece com Francisco Siliprandi, frequentador assíduo da feira do Bom Fim. De tantos conhecidos que já fez ao longo dos anos, ele brinca que vai “montar turmas e fazer visitas guiadas”.
O tempo trouxe também conhecimento – e até manhas – para economizar nas compras. “Vou até a ponta e volto, pesquisando preços. Às vezes algum produtor teve uma safra muito boa e pode dar uma diferença grande no valor”, sugere.
Mas o mais importante é saber o “ponto certo” de cada produto. “Por exemplo o maracujá, se não estiver bem murcho, pesa mais, e acaba ficando mais caro”, explica.
BOM FIM, A MAIOR E MAIS ANTIGA
A feira da José Bonifácio, aos sábados pela manhã, é a maior e mais antiga da capital. Acontece desde 1989 e hoje conta com mais de 100 feirantes.
A Feira dos Agricultores Ecologistas nasceu em 1989
A Feira dos Agricultores Ecologistas (FAE) nasceu em 1989 e só cresce desde então
Lorita Rossi foi uma das primeiras a ingressar no grupo, vendendo seus chás quando a feira ainda era mensal. “Eram seis, sete feirantes; só. Nós nos conhecíamos bem, conhecíamos as famílias”, rememora.
Se nesses 26 anos, a feira cresceu e se diversificou, o mesmo aconteceu com sua banca, chamada Sítio Apiquários. “O impulso veio do consumidor, que nos pedia outras coisas. Nós tínhamos apenas 20 variedades, que eram as mais conhecidas. Hoje, trabalhamos com cerca de 120 plantas”, esclarece.
Lorita também vende suas infusões em lojas tradicionais na Capital e na Serra, mas a feira ecológica é, sem dúvidas, o principal negócio: “Nosso trabalho é abastecer a feira, nós vivemos em função disso”, comemora.
“ADUBAR COM MERDA DE VACA ERA COISA DE LOUCO”
O casal José Mariano Matias, o “Jalo”, e Marinês Riva também são da leva de feirantes mais antiga. Há 21 anos, montam banca na José Bonifácio; e há 18, passaram a vender também nas quartas, no Menino Deus.
A família vive em Eldorado do Sul, onde planta hortaliças. Em uma área de dois hectares, eles colhem 300 caixas por semana, somente para as feiras. O excedente da produção é todo vendido para a merenda escolar do município.
Além das hortaliças, Jalo e Marinês produzem também arroz orgânico. A mão de obra é toda familiar, são seis pessoas e nenhuma máquina: todo o processo é feito manualmente, do preparo da terra até a colheita.
Jalo conta que quando a família se mudou para Eldorado do Sul, há 23 anos, os agricultores vizinhos desdenhavam da produção orgânica. “Na época diziam que a gente era louco, adubar com merda de vaca, com palha”, recorda.
Mas com o acréscimo de 30% sobre o valor da saca aos produtores de arroz ecológico que vendam para a merenda escolar, o negócio ficou lucrativo. “Hoje, os que nos diziam loucos estão lá plantando arroz, estão engrenando na produção, que foi valorizada”, completa.
SOLICITAÇÃO PODE PARTIR DE MORADORES OU ENTIDADES
Geralmente o pedido de criação de uma feira chega à Prefeitura através da associação comunitária. Entretanto, outras entidades da sociedade civil podem também fazer a solicitação.
Grupo conta com conselho que reúne produtores, consumidores e prefeitura
Grupo conta com conselho que reúne produtores, consumidores e prefeitura
A feira de Petrópolis, por exemplo, foi um pedido do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), cuja sede fica a uma quadra do mais recente ponto de venda de orgânicos na Capital, na praça Ruy Teixeira.
Alguns produtores já comercializavam seus produtos no pátio da entidade, mas a procura era tanta que o espaço ficou pequeno e o sindicato solicitou um local maior, onde a feira pudesse ocorrer aberta ao grande público.
Uma vez feito o pedido para a criação de um entreposto de orgânicos, a Smic consulta o Conselho de Feiras Ecológicas para verificar se existe demanda e produtores interessados – podem participar agricultores instalados em um raio de 200 quilômetros da Capital.
Se houver aprovação, resta aguardar a tramitação burocrática que inclui a emissão de alvarás e inspeções nas propriedades, que precisam atender as exigências da legislação sanitária.
INTEGRANTES DO CONSELHO TOMAM POSSE EM JUNHO
O Conselho das Feiras Ecológicas é formado por representantes dos feirantes, dos consumidores e do poder público. Os feirantes escolhem seus representantes através de eleições – a proporção é de um eleito para cada dez alvarás emitidos.
O mais recente pleito ocorreu em maio e os resultados serão divulgados no dia 25 de junho. Os mandatos tem vigência até 2017.
Para a responsável do Centro Agrícola Demonstrativo da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (Smic), Claudia Ache, a importância do colegiado reside em manter o estímulo às feiras.
“Tanto para que o consumidor entenda a importância dessa alimentação, como incentivar o produtor a partir pra uma produção orgânica”, acredita.
A convivência entre agricultores também traz frutos para a organização desse setor. “As feiras estimulam o associativismo, porque pra participar eles tem que fazer parte de algum grupo”, conclui.
SERVIÇO
Quarta – feira:
MENINO DEUS – das 13 às 19h
Av. Getúlio Vargas (no pátio da Secretaria Estadual da Agricultura)
PETRÓPOLIS – das 13 às 18h
Rua General Tibúrcio, parte lateral da praça Ruy Teixeira.
Sábado:
TRISTEZA – das 7h às 12h30
Av. Otto Niemeyer esquina com a Av. Wenceslau Escobar
BOM FIM – das 7h às 12h30
Av. José Bonifácio, 675
MENINO DEUS – 7h às 12h30
Av. Getúlio Vargas (no pátio da Secretaria Estadual da Agricultura)
TRÊS FIGUEIRAS – das 8h às 13h
Rua Cel. Armando Assis, ao lado da praça Desembargador La Hire Guerra

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Detentos do interior de São Paulo recebem capacitação e plantam árvores




O projeto “Plantando um Futuro e Colhendo a Vida” tem ajudado a transformar a rotina e as expectativas de detentos no interior de São Paulo. A iniciativa, aplicada em seis presídios paulistas, promove a capacitação e a recuperação ambiental.
Através do projeto, os presos que estão em regime semiaberto realizam o plantio de mudas nativas da região, com o intuito de aumentar a área florestada nos arredores dos presídios. Além do ganho ambiental, o trabalho tem proporcionado aos detentos descobrirem uma nova profissão.
Em entrevista realizada pela TV Fronteira, Ademir Moura Leal, um dos instrutores do projeto, explicou que os presos têm a oportunidade de aprender todo o processo de plantio, desde a semente até o campo. A partir desta formação, eles são capacitados a exercerem a profissão quando estiverem em liberdade.
De acordo com a reportagem da equipe local, o projeto atende atualmente a seis unidades prisionais. São 77 detentos participantes. Um dos integrantes, recluso na unidade de Presidente Venceslau, garantiu que o projeto é muito importante para a população local, pelo benefício ambiental, e para eles também, pois facilita a ressocialização e reintegração.
Redação CicloVivo

domingo, 24 de maio de 2015

Australiano transforma espaço de 60 m² em fazenda urbana




A agricultura urbana é uma das soluções para garantir a segurança alimentar no mundo. Este é o pensamento do permacultor australiano Geoff Lawton. Como um dos grandes incentivadores do plantio em pequenos espaços, ele mostra que é possível produzir diversos tipos de alimentos em áreas muito pequenas. Para provar a eficiência deste conceito, o especialista mostrou o exemplo criado por um de seus alunos, que produz centenas de quilos de frutas, legumes e ervas medicinais em sua própria residência.
Angelo Eliade é um farmacêutico que vive na cidade de Melbourne, na Austrália. Estudante de permacultura, ele levou quatro anos para transformar um jardim comum em uma verdadeira fazenda urbana. Externamente a casa é exatamente igual às residências vizinhas, com um pequeno gramado à frente. No entanto, ao abrir o portão, o que se vê é um terreno altamente fértil espalhado por apenas 60 metros quadrados.
“Você pode transformar qualquer propriedade, de qualquer situação para a absoluta abundância”, explica Lawton. A casa em Melbourne comprova isso. No quintal de Eliade são produzidos anualmente 70 quilos de vegetais e 161 quilos de frutas. Entre as opções estão: limões, maçãs, figos, cereja, pêssego, uva, banana, feijão, pepino, batata, alface, cenoura, alho, cana-de-açúcar, entre outras coisas.
 
Urban Permaculture: The Micro SpaceAnything is possible with good design! For those that missed one of the original geofflawton.com clips ~ Urban Permaculture: The Micro Space ~ Share the trailer below and watch the full length 27 minute film here http://www.geofflawton.com/fe/33812-urban-permacultureYou will be amazed at how this tiny Melbourne backyard transformed into an amazing productive garden. The owner documented every detail over 4 years. Find out how much food you could grow in the Micro space when you apply Permaculture design creatively!
Posted by Geoff Lawton on Sexta, 30 de janeiro de 2015
O farmacêutico explica que não é necessário ter um conhecimento profundo do assunto ou ser um especialista para começar a plantar. No entanto, é preciso se interessar pelo tema para entender o funcionamento e a relação entre as espécies e o solo.
Uma das principais dicas do australiano consiste em manter sempre a variedade na produção. Mesmo plantando em um espaço pequeno, é possível ter muitas espécies diferentes crescendo juntas. Atentando às características de cada uma delas, é possível planejar onde serão plantadas para que uma ajude a outra a se desenvolver melhor.
Eliade ainda lembra que nada do plantio deve ser descartado. Os resíduos do cultivo são excelentes para serem aproveitados como adubo orgânico, oferecendo mais nutrientes para manter o solo sempre saudável. Segundo ele, a principal diferença entre ter um jardim comum e um sistema deste tipo é que a natureza passa a controlar o ambiente sozinha, o que traz inúmeros benefícios à biodiversidade local. Outra prática do permacultor é utilizar a água da chuva captada em seu telhado para irrigar seu jardim.

Foto: Divulgação/Deep Green Permaculture
O projeto do australiano começou há quatro anos, com a ajuda de Geoff Lawton, desde então, Eliade percebeu algumas mudanças importantes em sua vida, principalmente relacionadas à sua própria saúde. Ele diz que passou a ter hábitos e um estilo de vida muito mais saudáveis, além de saber exatamente o que está comendo e ter a certeza de que os alimentos não estão contaminados com agrotóxicos e pesticidas.
“As pessoas não têm noção do que é possível fazer em espaços pequenos. Isso pode acontecer em qualquer lugar, basta entender o potencial e o funcionamento”, explicou Lawton.
O permacultor disponibiliza gratuitamente em seu site vídeos educativos que ensinam os conceitos de permacultura e direcionam as pessoas interessadas em iniciarem seus próprios plantios. Clique aqui para acessar a página e ter mais informações.
Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo 

sábado, 23 de maio de 2015

Após alerta de OMS, Colômbia proíbe uso de glifosato


Na última quinta-feira (14), o governo colombiano anunciou que não usará mais glifosato nas plantações. A decisão ocorre semanas depois da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmar que a substância é potencialmente cancerígena.
O herbicida é utilizado no país, principalmente, para destruir as plantações de drogas ilícitas, como no cultivo ilegal de coca. Mas, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirma que já vinha acompanhando os possíveis efeitos do glifosato na saúde humana por meio de estudos. Foi ele quem pediu a suspensão do uso ao Conselho Nacional de Entorpecentes (CNE) baseado no “princípio de precaução”.
Foi determinado que o país terá até o dia primeiro de outubro para fazer a transição. No período, especialistas devem buscar alternativas e a decisão, afirma o presidente, não deve ser vista como um recuo contra o narcotráfico – estima-se que a Colômbia produza 300 toneladas de cocaína por ano.
No Brasil, o Ministério Público Federal enviou documento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendando que seja reavaliado urgentemente o uso da substância no país e que seja banido do mercado nacional.
Tais decisões afetam diretamente a empresa Monsanto, que comercializa o principal produto de glifosato, sob o nome Roundup. As críticas dos consumidores já são antigas, mas ganhou mais força nos últimos meses após um estudo da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC), órgão ligado a OMS. Com base nas pesquisas, um alerta foi divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Para especialistas, é a primeira vez que uma agência confiável divulgou estudo sobre o glifosato. O herbicida, que também pode ser responsável por alterações cromossômicas e de DNA, é o herbicida mais vendido no mundo. Mas, também foram classificados como cancerígenos as substâncias: malation, diazinon, tetraclorvinfos e paration. Para conferir o relatório completo, clique aqui.
O Sri Lanka foi o primeiro país a proibir a venda e o uso do pesticida em todo o seu território. A Holanda e El Salvador são outros países que baniram o agrotóxico.
Veja abaixo a nota de posicionamento da Monsanto sobre o assunto:
"A segurança dos nossos produtos é uma prioridade da Monsanto. Todos os usos de produtos registrados à base de glifosato são seguros para a saúde e o meio ambiente, o que é comprovado por um dos maiores bancos de dados científicos já compilados sobre um produto agrícola. Para estar no mercado, todo herbicida à base de glifosato precisa atender padrões rigorosos determinados por autoridades regulatórias, visando proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente.

Essa base científica é apoiada também pelo amplo histórico de uso seguro do glifosato. Trata-se de um dos herbicidas mais usados no mundo, por mais de 40 anos e em mais de 160 países, sendo produzido e comercializado por diversas empresas. Tudo isso leva os cientistas das agências regulatórias mais exigentes do mundo a concluir que o glifosato é um produto seguro para a saúde e o meio ambiente.
"
Redação CicloVivo

sexta-feira, 22 de maio de 2015

PALESTRA "Manejo Ecológico do Solo e Plantio Direto em Hortas"



Olá a todos,

ocorrerá no dia 26/05 (terça-feira) às 16h30, no prédio central sala 05. Caso exceda a capacidade de lugares, será na sala 07.

Av. Bento Gonçalves, 7712 - Partenon, Porto Alegre - RS
(51) 3308-7046


A palestra sobre "Manejo Ecológico do Solo e Plantio Direto em Hortas" com o professor Jucinei Comin, do CCA/UFSC.

A atividade é parte da disciplina Agroecologia Aplicada do curso de Agronomia, ministrada pelo profº Fábio Dal Soglio, aberta ao público.

Atenciosamente
Grupo Uvaia

terça-feira, 19 de maio de 2015

Agroecologia no Semiárido, família produz diversas frutas, verduras e legumes sem agrotóxicos.



Uma propriedade rural no município de Santa Cruz, no semiárido pernambucano, é referência em alternativas agroecológicas. 

Com ajuda de técnicos de uma organização não governamental, uma família produz diversas frutas, verduras e legumes sem agrotóxicos.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Projeto minhocário caseiro no dia da solidariedade em Belém Novo!!


Ocorreu neste último final de semana, 16 de maio, o já tradicional Dia da Solidariedade.


O evento foi realizado na Praça Inácio Antônio da Silva, no bairro Belém Novo e contou com a participação de várias instituições do bairro que oferecem serviços de diversas naturezas à população.

Neste ano foram realizadas apresentações artísticas das escolas do bairro, além da prestação de serviços gratuitos na confecção de Título de Eleitor, Corte de Cabelo e outros. Ocorreu simultaneamente a  Feira do Livro Interescolar.


Foi muito proveitosa a divulgação da Pastoral da Criança e do projeto "minhocário caseiro" transforme seu lixo em adubo, no dia da solidariedade na praça Inácio Antonio da Silva. Distribuímos mais de 50 jornais e informativos, as milhares de pessoas no local.


Agradecemos o convite da paróquia Nossa Senhora de Belém para participarmos e se Deus quiser estaremos lá em 2016.










domingo, 17 de maio de 2015

Cidade britânica incentiva hortas para ser autossuficiente na produção de alimentos


12 de Maio de 2015 • Atualizado às 15h32

A cidade britânica de Todmordem tem dado exemplo mundial de como incentivar a produção local de alimentos. Através de um conceito chamado de Incredible Edible (alimentos incríveis, em tradução livre), o município tem auxiliado e promovido os plantios e incentivado a população a investir em alimentos de todos os tipos produzidos localmente.
Com pouco mais de 15 mil habitantes, Todmordem não deixa o seu tamanho influenciar em seus sonhos. Os objetivos da cidade são ambiciosos e a meta é chegar a 2018 conseguindo produzir absolutamente todos os alimentos necessários para abastecer a população.
Essa visão autossustentável surgiu na primeira metade do século vinte. O continente europeu sofria grande escassez de alimentos devido às duas grandes guerras. Assim, os ingleses do município próximo a Manchester começaram a usar as terras disponíveis para produzir alimentos e abastecer a comunidade local. Com o passar dos anos o conceito foi mantido e os projetos aprimorados. “Incredible Edible é um jeito diferente de olhar a vida, com ideias sustentáveis, criando oportunidades e incluindo a comunidade”, diz o site do programa.
Para que o alvo de alcançar a autonomia alimentar seja alcançado, a cidade tem diversos projetos em andamento, sempre com o intuito de empoderar a própria população. Um dos principais tópicos trabalhados através da iniciativa é o incentivo às crianças, afinal, serão elas que garantirão o sucesso futuro. Assim, todas as escolas locais possuem hortas. Na escola de ensino médio o cultivo é feito através de aquaponia, assim, além de produzir vegetais e frutas, os alunos conseguem produzir peixes, próprios para o consumo humano.
No projeto de Hortas Comunitárias qualquer pessoa pode se voluntariar para ajudar a manter plantios em áreas públicas. Tudo o que é produzido nesses locais é de uso comum, até mesmo quem não colabora com o cuidado da área pode retirar alimentos livremente. O conceito é semelhante ao usado nos Jardins de Ervas, espalhados por diversos pequenos terrenos públicos, para disponibilizar ervas frescas a qualquer pessoa.
A ideia é levada tão a sério que qualquer pequeno espaço é considerado um terreno potencial para o plantio. No site do projeto são demonstrados alguns exemplos disso, com cultivos de vegetais e árvores frutíferas no terreno dos bombeiros e da delegacia da cidade.
Outra iniciativa de destaque é a “Cada ovo conta”. Através desse projeto, o município informa onde estão os produtores locais de ovos e incentiva a própria população a criar galinhas, para garantir que toda a demanda seja suprida com alimentos da própria cidade. Os produtores maiores também criam animais de grande porte, para abastecer o município com carnes e leites.
O conceito de Incredible Edible tem se espalhado rapidamente pela Inglaterra e por outros países do mundo. No site do projeto é possível encontrar os mais diversos tipos de ferramenta que propiciam a aplicação da ideia entre os moradores. Os mapas mostram onde estão as hortas, os produtores de carnes, leite, ovos, ervas, entre outras coisas. Os moradores também podem acessar a página para ter diretrizes para iniciar o seu próprio plantio, conhecer grupos que já fazem isso e até mesmo acessar receitas que podem ser feitas com os alimentos produzidos localmente.
“Nós criamos uma campanha por comida local. Mas, ela não é apenas sobre comida, é também sobre imaginação”, diz o informativo do Incredible Edible. A proposta promove a alimentação, ao mesmo tempo em que promove toda a sociedade.
Por Thaís Teisen - Redação CicloVivo

sábado, 16 de maio de 2015

Bancário troca o terno pela enxada e se dedica ao trabalho em uma horta


No quadro InspirAção, Cris Silva conheceu Roberto Del Gos, que passou por uma grande mudança de vida

InspirAção Orgânico Mistura com Rodaika (Foto: Reprodução/RBS TV)Cris Silva conhece a plantação de orgânicos do ex-bancário (Foto: Reprodução/RBS TV)
Cargo almejado, estabilidade financeira, carro do ano na garagem. Esses foram alguns dos benefícios que a carreira de bancário trouxe para Roberto Del Gos. Depois de trabalhar por três décadas em um banco, ele decidiu largar tudo e começar do zero - e bem longe das agências bancárias: em uma plantação de alimentos orgânicos (reveja no vídeo ao lado). Essa história inspiradora ele contou para a repórter Cris Silva no quadro InspirAção de sábado (16).
"Um belo dia de novembro de 2011, minha chefe no banco me chamou para conversar. Ela disse: 'Roberto, temos as seguintes metas para 2012'. E eu tomei coragem. Quando ela começou a falar, eu respondi: 'chefe, para um pouquinho', e disse tudo que queria", lembra ele.
Hoje, Roberto trabalha em uma horta orgânica na Zona Sul de Porto Alegre. Por meio do trabalho com a terra, ele produz alimentos como cenoura, rúcula, tomate cereja e beterraba. "O orgânico obedece o tempo da natureza. Não adianta lavar o alimento por fora, se por dentro ele está contaminado", explica ele.
Roberto faz um balanço geral da mudança de vida. "Ganho bem menos, mas tenho uma perspectiva muito maior. Acho que foi um passo muito importante na minha vida física e espiritual".
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sexta-feira, 15 de maio de 2015

"Cultivar e preservar" Agricultura atual não é sustentável', afirma diretor-geral da FAO



"Cultivar e preservar". Esse terá de ser o modelo da agricultura nos próximos anos, o que exigirá uma mudança profunda nos modelos de produção. A afirmação é do brasileiro José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que deixa claro que, hoje, o campo "não é sustentável". Candidato à reeleição em meados do ano, Graziano promoveu uma reforma interna na entidade e recolocou a erradicação da fome como sua prioridade. Mas insiste que o desafio ambiental será uma exigência.
A entrevista é de Jamil Chade, publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 14-05-2015.
Eis a entrevista.
Qual o motivo de a fome no mundo ainda atingir mais de 800 milhões de pessoas?
Por falta de vontade política. Infelizmente, muitos governantes ainda não dão prioridade à erradicação da fome e da miséria. Mas as coisas estão melhorando. Em primeiro lugar, é preciso dizer que a tendência da fome no mundo é de queda. De 1990 até 2014, o número absoluto de pessoas subalimentadas caiu de 1,015 bilhão para 805 milhões. Freamos o crescimento e reduzimos o total. A proporção de pessoas com fome também caiu cerca de 40% nesse mesmo período, de 19% para 11%.
E por que a fome continua?
Diversos fatores explicam a persistência da fome. O principal é a falta de acesso adequado a alimentos. Significa dizer que, no geral, não falta comida: faltam recursos às famílias pobres para produzi-la ou comprá-la. Daí a importância de medidas que favoreçam o acesso - caso do Bolsa Família e da alimentação escolar - e que deem aos agricultores familiares crédito, assistência e a acesso à terra.
Então não existe de fato uma falta de alimentos no mundo?
No nível agregado, não. Nos últimos 70 anos, a população mundial triplicou, mas a oferta per capita de comida aumentou em 40%. Tivemos um aumento significativo da produção a partir dos anos 70 graças à Revolução Verde, à introdução de sementes de trigo e arroz melhoradas e ao uso intensivo de insumos e recursos naturais. No ano passado o Papa Francisco esteve na FAO e lembrou como, em 1992, o então Papa João Paulo II já falava no "paradoxo da abundância": de um lado, alimentos suficientes; do outro, persistência da fome. O paradoxo segue.
O modelo agrícola atual é sustentável em termos ambientais?
Não, não é. Somos herdeiros da Revolução Verde, que intensificou o uso de insumos químicos e maquinário. Não podemos esquecer que a Revolução Verde ajudou a salvar a vida de centenas de milhões de pessoas no sudeste asiático, quando a fome era uma calamidade decorrente da falta de alimentos. Isso não pode ser minimizado. No entanto, o uso intensivo de recursos naturais também contribuiu para o avanço do desmatamento, a degradação de solos, a contaminação da água e a perda de biodiversidade e de recursos genéticos. Esses fatores mostram, claramente, os limites desse paradigma.
Que tipo de reformas deveria ocorrer no modelo agrícola para garantir sustentabilidade?
Hoje, não basta produzir alimentos, é preciso fazê-lo conciliando produtividade com sustentabilidade, resiliência às mudanças climáticas e inclusão social. Esses são os alicerces da agenda do desenvolvimento sustentável no século XXI. Não há um caminho único a seguir.
Muito se falou que o Brasil poderia ganhar com a agricultura. Mas os preços de commodities tiveram uma queda enorme. O Brasil precisaria pensar em um novo modelo agrícola?
O Brasil ganha com a agricultura. Ela é um dos motores de crescimento do País. A próxima safra de grãos deve atingir a marca histórica de 200 milhões de toneladas. Segundo dados do Ministério da Agricultura, o saldo da balança comercial agropecuária está na casa dos US$ 80 bilhões desde 2011. E, embora os preços das commodities agrícolas estejam em queda, eles subiram muito entre 2000 e 2011 e seguem acima da média histórica. As previsões de médio prazo indicam que isso deve continuar. A valorização do dólar frente ao real também favorece as exportações brasileiras. Além disso, a demanda mundial por alimentos continuará crescendo: segundo as previsões da FAOo planeta terá de produzir 60% mais de alimentos para alimentar a população em 2050. O Brasil ganhou mercados e liderança internacional na área de agricultura. Não devemos abrir mão desse espaço.
E quais são os desafios ?
O desafio agora - do Brasil e do mundo - é aumentar a sustentabilidade desse entrelaçamento e alavancar a produtividade dos pequenos produtores, além da logística de escoamento. É um desafio mundial, mas o Brasil, por estar na frente em esferas técnicas e sociais, tem muito a contribuir - já está contribuindo. Somos referência em agricultura tropical. Inúmeras tecnologias e variedades desenvolvidas pela Embrapa como plantio direto, integração lavoura-pecuária e sementes melhoradas estão sendo adaptadas e transferidas a outros países.
O sr. é candidato único à reeleição na FAO. Quais seriam as prioridades para um segundo mandato?
O desafio é consolidar o processo de transformação que está em curso. Vamos no caminho certo. Ao mesmo tempo, vamos aprimorando nossa forma de trabalhar. Essas não são questões meramente internas. Esse conjunto permitirá àFAO dar uma contribuição mais decisiva para superar os desafios do nosso tempo. O ano de 2015 é chave para isso. Marca o fim dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e o início da era dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Em 2015, a FAO também comemora seu 70.º aniversário. Nos seus primeiros 70 anos, a FAO deu uma contribuição importante ao aumento da produção agrícola no mundo. Agora, queremos erradicar a fome. E acredito que o mundo está pronto para assumir esse compromisso.

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JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO?

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