segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cultivos transgênicos agonizam na Europa



No mesmo dia do lançamento de uma nova pesquisa sobre a comercialização de transgênicos em escala mundial patrocinado pela indústria, um novo relatório da Amigos da Terra Internacional revela que os cultivos transgênicos continuam em queda livre, ao mesmo tempo em que aumenta o número de países que os proíbem(1).



O relatório “Quem se beneficia com os cultivos transgênicos” demonstra que em apenas 0,06% dos campos europeus são cultivados transgênicos, uma diminuição de 23% de 2008 para cá. Sete Estados-membros da União Européia proíbem o cultivo de milho transgênico da Monsanto pelas evidências cada vez maiores de seus impactos ambientais e sócio-econômicos, assim como pela incerteza de seus efeitos sobre a saúde. Três países proibiram o cultivo da batata transgênica da BASF por precauções sanitárias logo depois que seu plantio foi aprovado na primavera de 2010, e cinco Estados-membros levaram a Comissão Européia aos tribunais pela sua autorização(2). A oposição pública aos alimentos e cultivos transgênicos cresceu até chegar a 61% da população(3).



David Sánchez, responsável pela área de agricultura e alimentação dos Amigos da Terra-Espanha afirmou: “Os cultivos transgênicos não tem nenhum futuro na Europa por causa forte oposição social, seus demonstrados impactos ambientais, sociais e econômicos e pelos riscos que apresentam à saúde. É lamentável que o governo espanhol continue sem se dar conta e brinque com nosso meio-ambiente, nossa alimentação e com o futuro de nossa agricultura”.



Em escala global, o novo relatório mostra que inclusive os países que mais tem apostado nos cultivos transgênicos na América Latina foram forçados a tomar medidas para mitigar os impactos negativos sobre a agricultura, a cidadania e o meio-ambiente. Nesse sentido, o governo brasileiro lançou um programa de soja livre de transgênicos para facilitar aos agricultores o acesso a sementes de soja não modificadas geneticamente; na Argentina, novas evidências científicas mostram os graves impactos sobre a saúde do herbicida Glifosato (4), utilizado na imensa maioria das plantações de transgênicos a nível mundial, o que levou à proibição da fumigação próxima aos núcleos de população, e no Uruguai são cada vez mais as administrações locais que se declaram áreas livres de transgênicos.



A coordenadora de soberania alimentar dos Amigos da Terra Internacional, Kirtana Chandrasekaran acrescentou: “Os agricultores e a sociedade latino-americana sofrem as conseqüências de dez anos de cultivos transgênicos, com graves efeitos sobre a saúde e custos crescentes. Os mitos sobre os quais se baseiam toda a indústria dos transgênicos estão sendo derrubados, e os estragos causados em toda a América do Sul mostram claramente que essa tecnologia não serve. Trata-se de chamar a atenção a nível mundial para avançar em direção a uma agricultura mais responsável social e ambientalmente”.



O relatório “Quem se beneficia com os cultivos transgênicos? Uma industria baseada em mitos” demonstra, por sua vez, que:



· Uma nova geração de cultivos transgênicos desenvolvidos para promover o uso de perigosos pesticidas, como Dicamba e 2-4 D está pronta para liberação nos EUA. As multinacionais biotecnológicas a está promovendo como solução para o fracasso dos transgênicos atuais no controle das ervas daninhas e na redução do uso de agrotóxicos.



· A indústria dos transgênicos, com o apoio do governo dos EUA, procura novos mercados na África com a intenção de melhorar seus negócios. A Fundação Gates, que investe bilhões de dólares em projetos agrícolas naquele continente, tem comprado ações da Monsanto, manifestando seu interesse direto em maximizar os lucros da indústria dos transgênicos e não em proteger os interesses dos pequenos agricultores africanos.





(1) Novo relatório: “Quem se beneficia com os cultivos transgênicos? Uma indústria baseada em mitos” http://www.foei.org/en/who-benefits-from-gm-crops-2011/view



(2) Ficha de informações da Amigos da Terra-Espanha

http://www.foeeurope.org/GMOs/download/FoEE_Who_benefits_fact_sheet.pdf



(3) Comissão Européia (20l0), Eurobarômetro: Relatório sobre Biotecnologia, Outubro de 2010. http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/ebs/ebs_341_en.pdf



(4) Paganelli, A et al. Glyphosate-Based Herbicides Produce Teratogenic Effects on Vertebrates by Impairing Retinoic Acid Signaling, Chem.Rex Toxicol.., 2010, 23 (10), pp 1586-1595,

http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/tx1001749

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pesticidas exterminam as abelhas

Jaqueline Falcão, O Globo, 21/012011.





Desaparecimento desses insetos ameaça a produção agrícola do planeta.



O misterioso desaparecimento de abelhas observado em vários países, inclusive no Brasil, pode estar associado ao uso de novos pesticidas. Os venenos matam esses insetos, segundo estudo do Laboratório de Pesquisa sobre Abelhas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, divulgado no jornal britânico “Independent“.



A extinção das abelhas traz grande prejuízo à apicultura e contribui para a fome no planeta, pois 80% da produção de alimentos depende da polinização por abelhas e outros insetos.



Mesmo em dose muito baixa, os inseticidas, especialmente os neonicotinoides (como o imidacloprida) que imitam as propriedades da nicotina, matam as abelhas. Porém o laboratório Bayer, principal fabricante, insiste que eles são seguros para as abelhas, se aplicados corretamente.



O que se tem certeza é que os neocotinoides contaminam completamente as plantas, incluindo o néctar e o pólen, usados pelos insetos polinizadores. Assim o veneno acaba atacando o sistema nervoso dos insetos e as colméias entram em colapso.



Osmar Malaspina, professor do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Unesp, alerta que a pulverização aérea – principalmente em plantações de laranja – é uma ameaça às abelhas.



Criador de um projeto de proteção aos polinizadores e autor de três livros sobre o tema, ele diz que a prática espalha inseticidas numa área muito grande, atingindo abelhas de apiário e as 1.500 espécies da natureza. Malaspina pesquisou de 2008 a 2010 a perda de 10 mil colmeias de abelhas africanizadas, mortas por inseticidas na região de Rio Claro, em São Paulo, num raio de 200 quilômetros. Em 800 a mil colmeias havia sinais de neonicotinoides.



Média anual de mortes nas colmeias atinge 30% Ele quer formar um grupo com representantes dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, do Ibama e de fabricantes para estabelecer políticas de aplicação e controle dos pesticidas:



– Não somos contra inseticidas, mas devemos estabelecer uma política adequada para minimizar seus efeitos. Na região Sul do país, as abelhas sumiram, mas por outro motivo, diz Malaspina. – Muitas vezes, a colméia diminui e não se veem abelhas mortas. Isso indica que elas migraram para outro ponto em busca de alimento. Quando um apicultor encontra abelhas mortas, é quase certo que morreram por inseticida.



Em países da Europa, como Itália, França e Alemanha, apesar da mortalidade de abelhas ter sido menor que nos Estados Unidos nos últimos três anos, alguns venenos foram proibidos. Nos EUA, a destruição das colmeias atingiu 23% de todas as criações entre 2006 e 2007. Na União Europeia o estudo “A saúde das abelhas melíferas” reforça a preocupação de cientistas e apicultores com a sobrevivência desses insetos.



A média anual de baixas nas colmeias chegou a 30%, quando a mortalidade natural é de 10%. O uso de pesticidas seria o motivo.



Há outras hipóteses para o sumiço das abelhas. Uma delas, da Universidade de Columbia, afirma que o fenômeno seria causado pelo vírus IAPV. Também se especulou que a causa seria radiação de celulares e aquecimento.



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No início de 2010, agricultores da Paraíba se mobilizaram para impedir a distribuição desse mesmo agrotóxico para controle da mosca negra do citrus.



Mais sobre o assunto:



“Exclusive: Bees facing a poisoned spring”, Michael McCarthy, The Independent, 20 January 2011, http://www.independent.co.uk/environment/nature/exclusive-bees-facing-a-poisoned-spring-2189267.html



Ban Neonicotinoid Pesticides to Save the Honeybee

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Azolla: uma alimentação sustentável para a pecuária

De: Revista LEISA • • 21,3 setembro 2005

Azolla: uma alimentação sustentável para a pecuária

por P. Pillai Kamalasanana, S. Premalatha e S. Rajamony


A demanda por carne e leite na Índia está criando um novo potencial na rentabilidade da Pecuária como uma ocupação. No entanto, ao mesmo tempo, há um declínio significativo na disponibilidade de forragem. A área sob floresta e Cerrado está diminuindo assim como a quantidade de resíduos vegetais diversos disponíveis para a alimentação, principalmente devido à introdução de variedades de alto rendimento anão. A escassez de forragem é, portanto, compensados com ração comercial, resultando em aumento dos custos na produção de carne e leite. Além disso, como ração comercial é misturada com uréia e outros impulsionadores do leite artificial, que tem um efeito negativo sobre a qualidade do leite e da saúde dos animais.



A busca de alternativas para Concentrados nos levou a uma planta maravilhosa, Azolla, o que mantém a promessa de fornecer uma alimentação sustentável para a pecuária. Azolla é uma planta  flutuante e pertence à família de Azollaceae. Azolla hospeda um algas simbióticas azul-verde, azollae Anabaena, o que é responsável para a fixação e assimilação de nitrogênio atmosférico. Azolla, por sua vez, fornece a fonte de carbono e ambiente favorável para o crescimento e desenvolvimento das algas. É esta relação simbiótica único que faz Azolla, uma planta maravilhosa, com elevado teor de proteínas.



Nutrientes e seu impacto no crescimento

Azolla é muito rica em proteínas, aminoácidos essenciais, vitaminas (vitamina A, vitamina B12 e beta-caroteno), intermediários promotor de crescimento e sais minerais como cálcio, potássio, fósforo, cobre, ferro, magnésio, etc Com base no peso seco, contém 25-35 por cento de proteína, 10-15 e 70-10 por cento de minerais por cento dos aminoácidos, substâncias bio-ativas e de bio-polímeros. O teor de carboidratos e gordura de Azolla é muito baixa. Sua composição de nutrientes torna um alimento altamente eficiente e eficaz para os animais . Pecuária facilmente digeri-lo, devido à sua alta proteína e baixo teor de lignina, e rapidamente eles se acostumam a ela. Além disso, é fácil e econômico para crescer.



O Projeto de Desenvolvimento de Recursos Naturais (NARDEP), Vivekananda Kendra, realizou ensaios em Tamil Nadu e Kerala utilizando Azolla como um substituto alimentar. Os testes em animais leiteiros apresentaram um aumento global é da produção de leite de cerca de 15 por cento Pls 1,5-2 kg de Azolla por dia foi combinada com a alimentação regular. O aumento está na quantidade do leite produzido foi maior que esperado pode ser baseado no conteúdo de nutrientes de Azolla sozinho. Portanto, presume-se que não é só os nutrientes, mas também outros componentes, como carotenóides, bio-polímeros, etc probióticos, que contribuem para o aumento global é a produção de leite. Azolla alimentação de aves aumenta o peso de frangos de corte e aumenta a produção de ovos de galinhas poedeiras. latas Azolla Também serem fornecidos para ovinos, caprinos, suínos e coelhos. Na China, o cultivo da Azolla juntamente com arroz e peixe é dito ter aumentado a produção de arroz em 20 por cento ea produção de peixes em 30 por cento.



fonte: http://kolamazolla.blogspot.com/

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Casca de banana transformada em pó pode despoluir água







Reportagem de Giuliana Miranda - Folha.com



Esnobada por indústrias, restaurantes e até donas de casa, a casca de banana pode em breve dar a volta por cima.



Descobriu-se que, a partir de um pó feito com ela, é possível descontaminar a água com metais pesados de um jeito eficaz e barato.



O projeto é de Milena Boniolo, doutoranda em química pela Ufscar (Universidade Federal de São Carlos, no interior paulista), que teve a ideia ao assistir a uma reportagem sobre o desperdício de banana no Brasil.



- Só na Grande São Paulo, quase quatro toneladas de cascas de banana são desperdiçadas por semana. E isso é apenas nos restaurantes - diz a pesquisadora.



Boniolo já trabalhava com estratégias de despoluição da água, mas eram métodos caros - como as nanopartículas magnéticas -, o que inviabilizava o uso em pequenas indústrias.



Com as cascas de banana, não há esse problema. Como o produto tem pouquíssimo interesse comercial, já existem empresas dispostas a simplesmente doá-las.



Massa crítica

- Como o volume de sobras de banana é muito grande, as empresas têm gastos para descartar adequadamente esse material. Isso é um incentivo para que elas participem das pesquisas - afirma.



O método de despoluição se aproveita de um dos princípios básicos da química: os opostos se atraem.



Na casca da banana, há grande quantidade de moléculas carregadas negativamente. Elas conseguem atrair os metais pesados, positivamente carregados.



Para que isso aconteça, no entanto, é preciso potencializar essas propriedades na banana. Isso é feito de forma bastante simples e quase sem gastos de energia.



- Eu comecei fazendo em casa. É realmente muito fácil - diz Boniolo.



As cascas de banana são colocadas em assadeiras e ficam secando ao sol durante quase uma semana. Esse material é então triturado e, depois, passa por uma peneira especial. Isso garante que as partículas sejam uniformes.



O resultado é um pó finíssimo, que é adicionado à água contaminada. Para cada 100 ml a serem despoluídos, usa-se cerca de 5 mg do pó de banana.



Em laboratório, o índice de descontaminação foi de no mínimo 65% a cada vez que a água passava pelo processo. Ou seja: se for colocado em prática repetidas vezes, é possível chegar a níveis altos de "limpeza".



O projeto, que foi apresentado na dissertação de mestrado da pesquisadora no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), foi pensado com urânio.



Mas, segundo Boniolo, é eficaz também com outros metais, como cádmio, chumbo e níquel - muito usados na indústria. Além de convites para apresentar a ideia no Brasil e na Inglaterra, a química também ganhou o Prêmio Jovem Cientista.



Agora, segundo ela, é preciso encontrar parceiros para viabilizar o uso da técnica em escala industrial.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Azolla como biofertilizante - um desafio a aceitar

A Natureza deslumbra-nos a cada passo com os recursos que oferece. A Azolla como biofertilizante é mais um exemplo. E a questão é sempre a mesma. Que fazer para agarrar esta potencialidade e colocá-la ao serviço do agricultor de forma utilizável, isto é, ao serviço dos seus objetivos e compatível com os meios de que dispõe.




 A informação básica sobre a matéria aqui exposta provém de um artigo publicado por Carrapiço et al. (2000) onde em paralelo com uma revisão da sistemática do pteridófito do género Azolla, se apresentam os resultados de um projecto de utilização desta planta aquática como biofertilizante, que teve lugar na Guiné-Bissau de 1989 a 1995.

A Azolla é um pequeno feto flutuante, que abriga, na cavidade do lobo dorsal das suas folhas, uma comunidade simbiótica composta por cianobactérias filamentosas da espécie Anabaena azollae e bactérias nomeadamente do género Arthrobacter, que com a planta hospedeira procedem a uma troca de metabolitos, designadamente compostos de azoto fixado pela acção das cianobactérias.

A utilização de Azolla como fonte de nitrogênio na cultura do arroz é praticada desde há séculos na China e no Vietname. Em África, o incremento do uso deste
biofertilizante, foi objeto de um projeto conjunto da ADRAO (Association pour le Développement de la Riziculture en Afrique de l’Ouest) e da FAO, sediado em St. Louis (Senegal), iniciado nos finais da década de 80, com a coordenação da Universidade Católica de Lovaina.O objetivo foi estudar o uso da Azolla como biofertilizante na cultura do arroz, com desenvolvimento de tecnologias e escolha de estirpes adequadas. Apesar das habituais dificuldades, o projeto registrou resultados não apenas quanto ao seu uso como biofertilizante, mas também como alimento para diversas espécies, designadamente suinos, patos e peixes.

O interesse da exploração das potencialidades da Azolla, liga-se mais uma vez aos problemas que afetam as comunidades camponesas que dispõem de limitados recursos financeiros para a adoção de técnicas de fertilização azotada dependentes da aquisição de fertilizantes químicos e que se encontram assim, na prática, impedidas de alcançar os acréscimos de produção de que carecem. Por outro lado, todos os países em vias de desenvolvimento terão à partida evidentes vantagens em que sejam utilizados recursos endógenos no incremento da produção. No caso vertente, a Azolla pinnata subsp. africana, desenvolve-se naturalmente na Guiné-Bissau, onde, na região em que se situa a estação do INPA de Contubel (Bafatá), onde o projeto foi desenvolvido, forma no rio Geba, durante a época seca, extensos tapetes de cor vermelha escura, cobrindo a superfície da água. A Azolla foi colhida no rio e objeto de preparação sob a forma de composto para a fertilização dos campos experimentais de arroz. Os ensaios confrontaram diversos níveis de fertilização nitrogenada, quer utilizando apenas ureia (87 kg N//ha), quer apenas composto de Azolla (7 e 14 ton/ha), quer estas quantidades de composto e um suplemento de ureia (43,5 kg N/ha), tomando como referência uma parcela não fertilizada. O gráfico registra as médias das produções obtidas nos ensaios, mostrando assim, nas condições locais, a contribuição de Azolla para os acréscimos de produção verificados. O passo seguinte consiste em estudar em detalhe os contornos do processo e a forma de

os resultados poderem ser objeto de utilização generalizada pelos camponeses. No artigo sob referência é indicado que «O uso da Azolla na forma de composto foi uma opção para impedir os problemas associados ao descontrolado crescimento desta planta e também escolhido pela fácil forma de ser utilizada pelos camponeses». Não cabe aqui a discussão deste caso concreto, mas apenas tomá-lo como ponto de partida para a consideração do interesse deste tema para a generalidade dos países a que nos dirigimos. Azolla existe não só na Guiné-Bissau, mas ainda em Angola e Moçambique, onde embora em alguns locais não forme tapetes espessos à superfície das águas que permitam a sua utilização direta, não deixa por isso de constituir localmente um adubo para a agricultura.

O artigo sob análise faz referência a alternativas, quer as que se designam de azolacultura, tais como no Egito, onde a Azolla é cultivada nos campos de arroz no período que antecede a cultura, quer para além da Azolla, na Índia, onde se pratica a exploração direta da atividade das próprias cianobactérias, que são inoculadas nos campos de cultura, por vezes mediante a utilização de substratos para a sua fixação (espumas de poliuretano). Trata-se de um campo em aberto, com largos horizontes, onde há ativa investigação em curso em diversos países. Importa pois estudar, perante os condicionalismos locais, as possíveis formas de utilização, prefigurando os benefícios expectáveis e eventuais riscos, com o objetivo de colocar de uma forma útil e segura, este potencial ao serviço das comunidades camponesas. É um trabalho que tem de ser desenvolvido in situ, com a colaboração ativa dos próprios agricultores, para que desde o início sejam apenas desenvolvidas vias que se revelem à partida aderentes às condições locais de produção. Que fascinante programa para os serviços de Investigação & Desenvolvimento dos países a que nos dirigimos, com objetivos que podem inclusivamente ultrapassar a problemática da fertilização azotada e incluir temas como a alimentação animal e a degradação terciária de efluentes domésticos e industriais! Que oportunidade para a captação de recursos financeiros junto dos parceiros de desenvolvimento em cada país!

Carrapiço, F., Teixeira, G. & Diniz, M. A., 2000 –«Azolla as biofertilizer in Africa. Challenge for the future». Revista de Ciências Agrárias, vol. 23 (3-4): 128-138.

Mais informações sobre azolla em:
http://kolamazolla.blogspot.com/

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Brasil registra aumento de transgênicos e agrotóxicos nas lavouras

Caros internautas, um feliz ano novo! Iniciamos 2011 buscando uma alimentação, mais saudável e sustentável! Este é o ideal deste blog, buscar e transmitir alternativas, ao pacote tecnológico!
Alexandre Panerai
Eng. Agrônomo





Brasil registra aumento de transgênicos e agrotóxicos nas lavouras


Dos quase 24 milhões de hectares de soja plantados, 75% são transgênicos. O milho fica em segundo lugar. Dos 5,30 milhões de hectares, pouco mais de 4 milhões são de produção transgênica.
Por De Danilo Augusto, da Radioagência NP (São Paulo)




De acordo com levantamento da consultoria Céleres, três variedades de sementes geneticamente modificadas – conhecidas como transgênicas – ocuparam mais de 25 milhões de hectares na safra brasileira 2010 /2011. Este número representa 67% da área plantada com soja, milho e algodão – únicas commodities do Brasil em que a modificação pode ser utilizada. No total, foram plantados mais de 37 milhões de hectares das três variedades.

A soja conta com a maior área plantada. Dos quase 24 milhões de hectares, 75% são transgênicos. O milho fica em segundo lugar. Dos 5,30 milhões de hectares, pouco mais de 4 milhões são de produção transgênica. Já o algodão ocupou 25,7% da área destinada a cultura.

O aumento das áreas cultivadas explica o crescimento no uso de agrotóxicos. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no primeiro semestre deste ano foram vendidas 8,6 milhões toneladas de fertilizantes. Um aumento de 5% se comparado ao mesmo período do último ano. De acordo com a integrante da organização Terra de Direitos, Larissa Packer, o uso de fertilizantes aumentou significativamente depois que os transgênicos entraram nas lavouras brasileiras.

“Os campos cultivados de soja e de milho, por exemplo, têm uma determinada semente que é viciada em determinado agrotóxico. Os agricultores não encontram outras sementes e agrotóxicos disponíveis e, com essa compra do pacote tecnológico, é a população quem sofre pela redução de seu padrão alimentar.”

De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 15% dos alimentos consumidos pelos brasileiros apresentam taxa de resíduos de veneno em um nível prejudicial à saúde. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil é o principal destino de agrotóxicos proibidos no exterior. Dez variedades vendidas livremente aos agricultores não circulam na União Europeia e Estados Unidos.



Radioagência NP - EcoAgência

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

UM ano Atrás, começava meu estágio no sítio dos Herdeiros

Dia 28 de dezembro de 2009, começava meu estágio curricular obrigatório do curso de Agronomia da UFRGS, no sítio dos Herdeiros, bairro Lami, Porto Alegre!
Obrigado a eng. Silvana, que orientou meu estágio e a tutora professora Magnólia. Aprendi muito com os proprietários Salvador (dodô) e vera, mas também acredito que contribuí para o crescimento do sítio.
Obrigado e Feliz Ano Novo!



Realizei meu estagio supervisionado de 28/12/2009 à 10/03/2010 no Sítio dos Herdeiros , localizado no extremo sul de Porto Alegre. Seus proprietários Salvador (Dodô) e Vera, desenvolvem a produção olerícula, bem como o preparo de geléias e pastas. Sua produção é comercializada na Feira Ecológica da av. José Bonifácio, aos sábados pela manhã. Desde 1989, esta Feira Ecológica é programação certa nas manhãs de sábado para quem deseja qualidade na alimentação.


Uma vida livre de pesticidas e outros produtos químicos, comuns na maioria dos alimentos consumidos pela população, é o que leva semanalmente milhares de pessoas a saírem de suas casas aos sábados pela manhã, em direção à Avenida José Bonifácio. Lá acontece uma reunião de cooperativados que proporcionam aos porto-alegrenses mais um item de grande importância na qualidade de vida da capital.




Os 130 expositores instalados em duas quadras da avenida oferecem produtos como frutas, legumes, verduras, mel e derivados, sucos queijos de cabra entre outros.

Hoje sob coordenação da Secretaria Municipal de Produção Indústria e Comércio - SMIC, através do projeto Feiras Ecológicas, a iniciativa partiu primeiramente de produtores reunidos com o movimento ecológico de Porto Alegre. Funcionando das 7h às 12h30min, a feira começou com intervalos de 15 dias, passando a ser semanal em 1992. Participei de várias manhãs de sábado na comercialização dos produtos, onde pude constatar a integração do produtor e consumidor, a troca de informações. Consumidores curiosos e buscando uma alimentação mais saudável , perguntam por determinados produtos, pois já são cativos de determinadas bancas.



No seu cultivo agroecologico, o principal problema é a erradicação das plantas daninhas, pois não utiliza nenhum produto químico no combate aos inços. Somente o arranquio manual e mais recentemente com a aquisição de uma roçadeira, projeta acelerar esta prática.

Sua produção olerícula é bem diversificada, chega a produzir oito variedades de alface, bem como moranguinho, batata doce, ervilha, tomate capote, tomate cereja (várias variedades), hibiscus, repolho, várias variedades de pimenta.


Cultiva também plantas "exóticas", incorporadas à produção do sítio pela interação com a Eng. Agrônoma Silvana. São mudas de bertalha e mizuna , utilizadas como salada; ora-pro-nóbis, conhecida como "carne de pobre" por ser rica em proteínas; taioba (ou taiá), que deve ser cozida para eliminar sua toxicidade. Estas plantas, além de serem uma alternativa saborosa, são também uma alternativa econômica, pois são plantas fáceis de cultivar e que exigem pouco espaço.

Participamos de reuniões com a Emater, MAPA e produtores agroecológicos da região sul de porto alegre, com vistas a certificação orgânica que o governo federal exigirá para comercialização em 2011.

Porto Alegre é a segunda capital brasileira com a maior área rural - cerca de 30% de seu território. Esse espaço de natureza viva, com áreas de preservação ambiental e biológica, foi decisivo para a Capital ser considerada, pela ONU, a metrópole com a melhor qualidade de vida do Brasil. Em uma cidade de quase 1,5 milhão de pessoas, há 15 m² de área verde por habitante - na medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde.

O Sítio dos Herdeiros tem como uma das fontes de renda , o turismo rural, onde recebe alunos de escolas e também participa do roteiro Caminhos Rurais.

Os Caminhos Rurais ampliam as opções de lazer na Zona Sul, em bairros onde a história está nos costumes, na arquitetura, nas ruas, nas figueiras seculares das praças, nas festas populares que comemoram as colheitas, nos produtos coloniais, no artesanato, nas cantinas e restaurantes. Esta região das estâncias do século XIX é hoje ocupada por pequenas propriedades de expressiva agricultura familiar e agroecológica. Pomares de ameixas, pêssegos e parreirais produzem 1,6 mil toneladas de frutas por safra.

Os Caminhos Rurais são uma ótima experiência de resgate das origens e de uma vivência de turismo sustentável.

CONCLUINDO

Sob a supervisão da Eng. Agrônoma Silvana Bohrer, busquei sempre a integração do conhecimento científico com a sabedoria popular, observei as maiores dificuldades deste pequeno produtor, sugerindo mudanças e entendendo as suas respostas. Vislumbrar o crescente mercado olericula de produtos sem contaminação química, cujos consumidores lotam a feira da José Bonifácio aos sábados.
Para mim foi uma experiência inesquecível, pela vivencia prática de uma extensão aos agricultores, sentir o seu dia-dia, suas preocupações, suas alegrias. Sentir como é útil, essencial , o conhecimento que recebemos na UFRGS, sendo transmitido para os agricultores

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Fruticultura Ecológica






A possibilidade de obter alimentos sadios, de alta qualidade, sem o emprego dos agroquímicos convencionais, com elevada produtividade em pequenas áreas, fazem da fruticultura orgânica uma das melhores opções agrícolas na atualidade. Essa tendência, que atende as necessidade de pequenos e médios produtores, já é verificada na Europa, na África do Sul e em Israel, começa a surgir no Brasil.





A produção de frutas dever ser feita de forma integrada, com cultivo de várias espécies frutícolas, de forma a proporcionar colheitas seqüenciais e o processamento de conservas e geléias, permitindo assim melhor utilização da mão de obra, equipamentos e instalações disponíveis.



Somente deverá estar autorizado a utilizar o selo de produto orgânico o produtor que tenha sua unidade produtora certificada por uma entidade orgânica credenciada oficialmente e esteja seguindo rigorosamente as Normas Técnicas da entidade. Por essa razão, deve ser obrigatório o uso do selo de produto orgânico nos produtos finais destinados ao consumidor.



As características que distinguem o sistema orgânico do convencional são as seguintes:



1) Produtos sem agrotóxicos nem adubos químicos solúveis, para a produção de alimentos sadios, sem resíduos contaminantes.



2) Planejamento de utilização do solo, com preservação dos recursos naturais; práticas de conservação do solo; preparo do solo mínimo; manejo das ervas pioneiras; adubação orgânica, com fertilizantes de lenta liberação de nutrientes, rotação de culturas, biodiversidade, etc



3) Compromisso produtor/consumidor quanto à produção de alimentos sadios e de qualidade.



4) Relação sócio-econômica adequada entre o produtor /empregado, garantindo os seus direitos sociais, médicos e trabalhistas.



Princípios da produção orgânica



Neste sistema é proibido o uso de sementes, mudas e animais transgênicos (organismos geneticamente modificados), assim como aditivos, coadjuvantes de fabricação e outros produtos geneticamente modificados ou transgênicos na fabricação de processados.



Manejo do solo



Adota a rotação e a consorciação de culturas, incluindo princípios alelopáticos. Trabalhar com espécies, variedades e raças adaptadas ao local. Implantar quebra-ventos, cortinas vegetais e área de refúgio para a fauna.



Biodiversidade



A biodiversidade é um objetivo a ser alcançado por todas as unidades certificadas. Em áreas em que esteja plantada uma só espécie vegetal, deverão ser plantadas outras espécies, de preferência árvores nativas, para evitar a monocultura e estimular a biodiversidade vegetal e animal.



Nutrição e adubação



O solo deve proporcionar os nutrientes para as plantas, através da regeneração da sua fertilidade, dando preferência aos adubos orgânicos e minerais de lenta liberação dos nutrientes. Utilizam a reciclagem total dos resíduos orgânicos. Procuram integrar a produção animal à produção vegetal, visando à reciclagem dos nutrientes.



Manejo das ervas nativas



As ervas nativas devem ser manejadas e não erradicadas.



Proteção de plantas



Quanto ao problema fitossanitário, o objetivo é prevenir pragas, doenças e parasitas, adotando medidas que venham a aumentar a saúde do solo e a resistência das plantas, sendo preferíveis à profilaxia.



Preservação do ambiente



O Código Florestal, a legislação sanitária e o Código do Consumidor devem ser especialmente observados e respeitados, além, naturalmente, de todas as legislações municipal, estadual e federal em vigor.



Armazenamento e transporte



Estar atento às condições de armazenamento, transporte e comercialização dos produtos, segundo os critérios da legislação em vigor.

Não poderá haver embalagens cheias, parcialmente cheias ou vazias de agrotóxicos ou adubos solúveis nas propriedades totalmente orgânicas. São exceções: rodenticidas, desde que haja manejo preventivo contra roedores e proteção da saúde de pessoas e animais, e iscas formicidas à base de sulfluramida, com os mesmos cuidados quanto à saúde.



Rastreabilidade



A unidade produtora deverá manter uma contabilidade, que registre a entrada e a saída de produtos, assim como todos os procedimentos efetuados no cultivo dos produtos orgânicos. Deve haver rastreabilidade de todos os procedimentos efetuados na produção, processamento e comercialização. As unidades certificadas devem possibilitar a visita de consumidores interessados em conhecer o processo e as condições da produção.




segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Agrônoma brasileira descobriu bactérias fixadoras de nitrogênio

 

A agrônoma Johanna Döbereiner é a sétima cientista brasileira mais citada pela comunidade científica mundial e a primeira entre as mulheres, segundo levantamento de 1995 da Folha de S. Paulo.

Suas pesquisas, fundamentais para que o Brasil desenvolvesse o Proalcool e se tornasse o segundo produtor mundial de soja, poupam ao país um gasto anual superior a 2 bilhões de dólares e tiveram impacto direto na economia nacional.

Seu trabalho com fixação biológica do nitrogênio permitiu que milhares de pessoas consumissem alimentos mais baratos e saudáveis, o que lhe valeu a indicação ao Nobel da paz em 1997. No entanto, a cientista é praticamente desconhecida no Brasil.



A brasileira naturalizada nasceu em 28 de novembro de 1924 na cidade de Aussig, na então Tchecoslováquia, e foi criada na capital Praga. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi forçada a deixar o país e emigrou para a Alemanha, onde fez trabalho braçal em fazendas até que o pai, fugido de um campo de concentração, pudesse encontrá-la. Ele conseguiu para ela um trabalho em uma fazenda próxima a Munique, onde ela selecionava trigo para melhorar a produção. Foi esse seu primeiro contato com agronomia.



*A agrônoma trabalha em seu laboratório (fotos de Johanna cedidas

pelo Projeto Memória da Academia Brasileira de Ciências)



Em seguida, também por influência do pai, o químico Paul Kubelka, ela ingressou no curso de agronomia na Universidade de Munique, concluído em 1950. No mesmo ano, Johanna casou-se com o estudante alemão Jürgen Döbereiner, e logo os dois emigraram para o Brasil. Kubelka, que já estava aqui, enviara as passagens. Johanna foi contratada pelo Serviço Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) e foi morar perto do trabalho, no quilômetro 47 da antiga estrada Rio-São Paulo.



*Johanna Döbereiner



Suas pesquisas na SNPA culminariam na descoberta de bactérias fixadoras de nitrogênio em gramíneas e leguminosas. Esses microorganismos capturam do ar o nitrogênio que estimula o crescimento das plantas. Seu uso no cultivo da cana-de-açúcar permitiu que o Brasil implementasse o Proalcool, programa que desenvolveu o álcool combustível a partir da planta e deu ao país fôlego para enfrentar os choques do petróleo dos anos 1970. As bactérias descobertas por Johanna também levaram o Brasil a incrementar a produção de diversas leguminosas e enriqueceram o prato dos brasileiros com alimentos mais saudáveis e menos poluentes - já que o cultivo de plantas com as bactérias dispensa o uso de agrotóxicos.



Johanna e o marido se naturalizaram em 1956 e tiveram no Brasil seus três filhos. A agrônoma se sentia em casa no país. Certa vez, uma repórter questionou-lhe durante uma entrevista: "Mas a senhora não é brasileira." Sem titubear, ela respondeu: "Minha filha, talvez mais do que você."

Por: Renata Ramalho


Fonte: UOL

Postado por: MA 04/05/09

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Agricultores usam arsenal orgânico para combater pragas

Aviso solicitando a não utilização de quaisquer tipos de venenos; devido a ser tratar de propriedade orgânica





Mark Van Horn, diretor da fazenda dos estudantes na Universidade da Califórnia, parece quase perdido enquanto caminha por uma nuvem amarela de girassóis selvagens à beira de um campo de tomate e milho.

Eles não estão aqui por sua beleza ou como um plantio de venda – eles são, na verdade, uma importante estratégia de controle de pragas nesta fazenda orgânica.

Pesquisas locais sobre os girassóis selvagens, segundo Mark, mostram que eles são o lar de joaninhas e vespas parasitas, insetos bons que matam insetos ruins.
“O girassol nos ajuda a proporcionar casa e comida a insetos benéficos, mantendo-os ativos durante o ano todo“, disse Mark.
“E os girassóis nativos são muito melhores para isso do que os domésticos.

Existe uma biodiversidade de insetos muito maior nos girassóis selvagens”.

Enquanto o agricultor convencional possui uma gama de armas químicas para combater a invasão de ervas daninhas e pragas, o agricultor orgânico tem um caminho mais duro.
Simplesmente não existem sprays orgânicos contra insetos que se comparem ao poder dos químicos sintéticos, e quase nada em desenvolvimento quanto a herbicidas orgânicos.

Em vez disso, há um entendimento cada vez maior, entre agricultores orgânicos, sobre maneiras de atrelar sistemas naturais como parte do que é chamado de gerenciamento integrado de pragas.
E há um pequeno brotar de novas pesquisas sobre técnicas de cultivo orgânico como resultado da lei de agricultura de 2008 nos EUA, que financia uma série de programas agrícolas num total de US$ 307 bilhões.

Durante anos, essas pesquisas foram financiadas com US$ 3 milhões ao ano, e embora os novos fundos ainda sejam minúsculos se comparados às pesquisas da agricultura convencional, hoje são US$ 20 milhões anuais pelos próximos anos, podendo aumentar ainda mais.
Em vez de cinco a sete bolsas de pesquisa por ano, agora são duas dúzias.

“Você não é mais considerado idiota por fazer este tipo de pesquisa, como ocorria na década de 1980″, disse Fred Kirschenmann, agricultor orgânico e membro distinto do Centro Leopold de Agricultura Sustentável em Iowa.
A pesquisa sobre ecossistemas de agricultura orgânica nos últimos anos obteve algumas descobertas importantes, e refinou as técnicas usadas pelos produtores orgânicos.
O artigo publicado este ano na revista “Nature” confirmou o que os agricultores orgânicos suspeitavam há algum tempo – que a agricultura convencional pode agravar o problema das pragas.



David Crowder, entomologista da Universidade Estadual de Washington e um autor do artigo, diz que se existem mais variedades de plantas ao redor do campo, e nenhum pesticida de amplo espectro, como ocorre na produção orgânica, isso promove o equilíbrio entre espécies de insetos – em vez de permitir que uma espécie domine a cena.

“Existem mais inimigos naturais e eles fazem um trabalho muito melhor em controlar pragas em campos orgânicos”, afirmou Crowder.

Inimigos naturais são essenciais à abordagem orgânica.



Eric Brennan é o único pesquisador orgânico em tempo integral do Departamento de Agricultura dos EUA, e ele trabalha em Salinas Valley, a chamada “tigela de salada da América”, de onde 80% do país recebe as folhas verdes de suas saladas.

Uma das pragas mais difíceis é o afídeo da alface.

O tratamento preferido para a alface orgânica comercial é plantar uma flor ornamental, chamada alyssum, em meio à alface, tomando cerca de 5 a 10% do total da plantação.


Moscas-de-flores vivem na alyssum, e precisam de uma fonte de afídeos para alimentar seus filhotes – e assim colocam seus ovos na alface.

Quando nascem, as larvas começam a atacar os afídeos.“Se você fosse um afídeo num pé de alface, uma larva de mosca-de-flor seria um pesadelo”, explicou Brennan.

“Elas são vorazes comedoras de afídeos.Uma larva por planta consegue controlar os afídeos”.

Brennan está estudando a configuração mais eficiente para a plantação dos campos de alfaces e alyssum.

Alguns produtores de morangos orgânicos usam “safras-armadilhas” para atrair insetos para fora de seu plantio comercial.


Insetos do gênero lygus causam a deformação dos frutos.Mas eles gostam mais de alfafa do que de morangos, então alguns produtores plantam uma fileira de alfafa para cada 50 fileiras de morangos.

Conforme esses insetos se acumulam na alfafa, um grande aspirador de pó montado em um trator passa e puxa todos eles.Outros produtores simplesmente aspiram os insetos diretamente dos morangueiros.

Aumentar a vegetação nativa em campos de plantio pelo bem da biodiversidade não é algo livre de controvérsias.

Após uma epidemia de E.coli em plantações de espinafre em 2006, alguns compradores de safras disseram aos agricultores que não comprariam de produtores cujos campos não estivessem limpos, pois as plantas poderiam abrigar roedores ou outros animais trazendo a doença.

Apesar de uma falta de evidências científicas, segundo Brennan, alguns produtores desmataram a vegetação.


Nem todos os predadores são outros insetos.Rachel Long estudou morcegos e seu papel no gerenciamento de pragas no Vale Central da Califórnia por 15 anos.

Produtores de peras, nozes e maçãs estavam combatendo uma espécie de mariposa.

Estudando o DNA em partes não digeridas de fezes de morcego, ela descobriu que eles se alimentavam das mariposas e de outros insetos – o equivalente ao seu peso, todas as noites.

A fase seguinte, que levou oito anos, foi descobrir como atrair morcegos a casas de morcegos.

“Os filhotes nascem sem pelos”, disse Long.

“Então precisamos colocá-los onde eles recebam o sol matutino, ficando quentes de manhã, e sombra à tarde, de forma que não fique quente demais”.


“Há uma enorme demanda por morcegos no mundo agrícola”, explicou ela.

“Eles comem toneladas de insetos. Eles também comem besouros de pepino e percevejos, que atacam tomates”.Uma casa de morcegos precisa ser presa a uma estrutura como um celeiro ou uma ponte, segundo ela, e não montada sobre um poste.Falcões ficam esperando que os jovens morcegos saiam de uma casa, e se ela não for protegida, Long diz que os filhotes são capturados um a um.

Pesquisadores orgânicos também estão estudando o papel da fertilidade do solo no controle de pragas.

Alguns estudos mostram que solos ricos em nutrientes podem aprimorar o sistema imunológico das plantas, e elevar sua resistência natural a insetos e pragas – ou proporcionar um lar para inimigos naturais.

O solo orgânico em plantações de batatas estudadas por Crowder, por exemplo, possui níveis mais altos de um fungo que mata a larva do besouro da batata.

O uso de plantações intermediárias – plantar gramas e legumes que recuperam o nitrogênio entre as safras comerciais – pode fazer uma enorme diferença para o solo, segundo estudos de Brennan.

“Se conseguirmos fazer os produtores plantarem uma safra intermediária a cada três anos, em vez de a cada 10, estaríamos bem mais avançados” em fertilidade de solo, disse ele.“É uma diferença gigantesca”.


Produtores orgânicos não são contrários à utilização de certos tipos de sprays químicos.

Alguns deles – os chamados “aromas assassinos” – são feitos de óleos e águas essenciais de plantas de cheiro forte, como cravo-da-índia, menta e tomilho.

Uma década de estudos no Canadá mostra que eles podem ser bastante eficientes em repelir e matar pragas – e são seguros, embora não fiquem ativos no ambiente por muito tempo e precisem de diversas aplicações.

Quanto às ervas daninhas em campos orgânicos, a maior ajuda também pode ser a plantação intermediária, com o centeio ou os feijões em favas.

Muitas plantações intermediárias não são semeadas em intervalos curtos o bastante, afirmou Brennan.

“Em vegetais onde a plantação intermediária é realizada no intervalo aceito, temos cinco vezes mais ervas daninhas”, disse ele.

“Se aumentarmos o intervalo de plantio em três vezes, ficaremos praticamente livres dessa praga. Isso é extremamente importante, pois os produtores orgânicos não têm herbicidas“.

E prossegue a busca científica por uma mistura de sistemas que produza alimentos naturalmente e seja boa para a natureza além do campo de plantio.

“Esse é o nosso cálice sagrado”, disse Van Horn.

“Um sistema agrícola que imite um sistema natural”.


Fonte: Yahoo Notícias obtido em The New York Times

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sementes: O monopólio global








2010/10/07 - Segundo investigação desenvolvida por um professor da universidade americana do Michigan e divulgada hoje pelo The Ecologist, mostra de forma visual como o comércio mundial de sementes foi objecto de monopolização em pouco mais de dez anos. A figura acima (clicar na imagem para ver uma ampliação) mostra todas as empresas que têm sido compradas ou são controladas por apenas oito mega-multinacionais, sendo Monsanto de longe a maior das maiores. O mercado global é efectivamente dominado por apenas três empresas: Monsanto, DuPont e Syngenta.



Tamanha consolidação e, em particular, tamanha aceleração nas últimas décadas, não podia deixar de acarretar consequências. As principais, segundo o artigo de Philip Howard, são: menor diversidade de sementes disponíveis (nomeadamente menos variedades de sementes não transgénicas), menos agricultores a guardar as suas próprias sementes, e redução do investimento em sementes livres (a pesquisa deslocou-se das universidades para as empresas, que se concentram nas sementes com "direitos de autor").



As tendências futuras não são optimistas. Na ausência de uma grande intervenção estatal, as aquisições de empresas vão continuar e o oligopólio vai acentuar-se. O que é que vai sobrar do nosso direito a semear é algo que continuará em aberto.


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JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO?

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO ORGÂNICO DOMÉSTICO?   ...