A criação
de caprinos e ovinos deve ser estimulada, procurando como objetivos principais
o planejamento do aumento dos rebanhos, obtenção de melhores níveis produtivos
e melhor qualidade dos produtos.
Nesse
ponto, o esterco caprino e ovino é um produto valioso e a sua utilização prevê
tanto a possibilidade de recuperação de terrenos degradados, como é uma
importante alternativa de fonte de renda dos produtores.
Alguns
estudos examinaram o potencial de utilização do esterco de caprinos e ovinos e
todos ressaltam o seu valor, tendo em vista as comparações feitas com o
esterco de bovinos, entretanto, poucos dados existem na literatura quanto ao
seu uso. Como exemplos, podemos citar: produção de húmus; fonte de energia
através de biodigestores; alimentação de outras espécies animais; etc. O
esterco caprino é valioso na adubação dos terrenos argilosos, duros e frios,
nos areias do litoral, para lavouras de cana-de-açúcar e hortaliças, sendo
também recomendado como excelente para as plantas oleaginosas, fumo e,
especialmente o linho. É desaconselhável apenas para as plantas cerealíferas
como o milho, porque faz desenvolver demasiadamente a parte foliácea da
planta.
Os
efeitos indiretos da ação do esterco se dão em vista do seu alto teor em
matéria orgânica. O esterco leva húmus para o terreno e reintegra ao solo esse
constituinte que, dado os processos oxidativos, vão se consumindo.
Um método
para calcular a quantidade de esterco disponível, baseia-se na consideração do
alimento consumido e no peso da cama. Devido à destruição parcial da matéria
orgânica no tubo digestivo, o material seco (MS) do alimento nunca é
inteiramente recuperado no esterco. Da ração balanceada média, mais ou menos
2/3 são digeridos e 1/3 vai então para o esterco. Têm-se por isso que dividir
o peso da MS no alimento por três, para se obter o peso da MS nos excrementos.
A esse número, deve-se adicionar o peso seco da cama. Finalmente, para
calcular a quantidade de esterco produzido, temos que multiplicar o peso total
da matéria seca por quatro, uma vez que 3/4 desse produto é constituído por
água. A seguinte fórmula engloba todas as considerações citadas anteriormente.
Quantidade de esterco (kg) = kg de MS no alimento + kg de MS nas camas
x 4
3
Conhecer
a quantidade de esterco produzido, nos permite prever não só a receita oriunda
da venda do produto, como a disponibilidade para utilização em lavouras
próprias do estabelecimento. Atualmente (10/11/2002), o preço da venda de um
saco de trinta quilos de esterco de caprinos e ovinos é de R$ 1,00 (Hum real).
A
produção de esterco de reprodutores caprinos, com idades compreendidas entre 6
e 11 meses, de diferentes grupos genéticos, criados em sistema intensivo de
confinamento sobre piso de terra batido, foi de 500,4 kg/m3.
O esterco
de cabra conceitua-se como um dos adubos mais ativos e concentrados,
demonstrando em suas experiências, que 250 kg de esterco de cabra, deixados em
terrenos frios, produzem o mesmo efeito que 500 kg de esterco de vaca.
Uma cabra
adulta produz por ano, em média, 600 kg de esterco. Este esterco contém um
valor fertilizante equivalente a 36 kg de nitrato de sódio, 22 kg de
superfosfato e 10 kg de cloreto de potássio, além do aporte de nitrogênio,
fósforo e potássio (N-P-K) oriundos da urina. As ovelhas podem chegar a
produzir até 1.500 kg de esterco/ano.
No quadro
1, está apresentada a quantidade percentual de N-P-K no esterco de várias
espécies domésticas. Vale ressaltar que o esterco caprino e ovino apresenta
concentrações de N-P-K superiores ao esterco de bovinos significando um
percentual viável na estruturação e recuperação da fertilidade do solo e
ativação da biologia do solo.
As
necessidades de produção de esterco em larga escala e do aproveitamento de
todos os benefícios deste, torna necessária a utilização de uma estrutura
(esterqueira) para o aproveitamento racional do esterco e da urina, assim como
das águas de limpeza. A retirada do esterco e a conservação em esterqueira
contribuirá para minimizar as condições ambientais adversas, permitindo a
saúde do animal e/ou rebanho, pela não ocorrência de doenças, bem como
viabilizar a exploração.
Quadro 1:
Composição em nitrogênio, fósforo e potássio, no esterco de diferentes
espécies domésticas.
Espécie animal
|
% Nitrogênio
|
% Fósforo
|
% Potássio
|
Coelho
|
2.48
|
2.50
|
1.33
|
Cabra
|
0.97
|
0.48
|
0.65
|
Carneiro
|
1.00
|
0.25
|
0.60
|
Galinha
|
1.75
|
1.25
|
0.85
|
Porco
|
1.00
|
0.40
|
0.30
|
Cavalo
|
0.60
|
0.25
|
0.50
|
Vaca
|
0.50
|
0.30
|
0.45
|
Francisco
Selmo Fernandes Alves
Raymundo Rizaldo Pinheiro
Fonte:
Vieira, 1984.
Fonte:
Emprapa